sábado, 22 de janeiro de 2011

A MUTABILIDADE DO HOMEM – BENÇÃO OU MALDIÇÃO

Ao longo dos meus breves anos de vida já tive a ventura de mudar de residência por nada menos que 25 vezes. Pelo menos duas delas foram feitas absolutamente contra a minha vontade. Outras foram fruto da necessidade, para fugir a inconvenientes ocasionais, como uma enchente. Outras apenas aconteceram. Não merecem qualificativos. Mas todas elas ocasionaram alguns ganhos e algumas perdas. Tudo o que nós conhecemos – exceto o ser divino – sofre mudanças. Podemos dizer que elas são não apenas inevitáveis, mas, também, sob certos aspectos, desejáveis. Há mudanças que são planejadas e executadas, e, há, também, as que são planejadas e abandonadas no meio do caminho ou antes mesmo de serem iniciadas. Há aquelas que sofremos ao longo da vida, ou aquelas que são necessárias. Há algumas que gostamos, outras que gostaríamos de nunca ter experimentado. Mas, no fim, a experiência de passar por mudanças é comum a todos nos, porque somos, todos, mutáveis. Não há como fugir a isto. Fomos criados assim, esta e a um só tempo a nossa alegria e a desgraça da humanidade.

A bíblia nos conta a história da primeira mudança ocorrida no homem após Deus ter criado tudo muito bom, como nos atesta Gn 1.31 [e a única vez que esta expressão aparece na bíblia, mostrando a total aprovação de Deus para com sua criaçã]. Em nenhum outro momento e dito nas escrituras de algo que seja muito bom. Isso só aconteceu uma vez, após a criação do homem. Mas a história da criação do homem também é a historia da sua queda, da primeira mudança sofrida pela e na criação divina. O relato bíblico é bastante conhecido, e vamos encontrá-lo em Gn 3. De acordo com o relato bíblico da conversa da mulher com a serpente podemos perceber algumas mudanças ocorridas na nossa mãe primeva, e nosso primeiro pai, Adão.

A primeira mudança que percebemos é UMA MUDANCA DE FOCO

Ao invés de olhar para tudo o mais que Deus criou, e jubilar num canto de alegria a atenção da criatura voltou-se para a única coisa que lhe era vedada. Os olhos deixaram de olhar para a dádiva para deterem-se no proibido. O que não deveria ser toma a atenção do que era pra ser. Deus poderia ter criado o mundo sem aquela árvore. Deus poderia ter criado o mundo, também, com um único tipo de alimento para o homem [inúmeras outras criaturas tem esta limitação]. Deus poderia ter criado o mundo em escala de cinza – muitas criaturas tem esta limitação visual. Mas Deus preferiu, graciosamente, dar ao homem uma imensidão de cores, sons, sabores, sensações. Era nisto que deveria estar o foco da criatura – e ela preferiu voltar-se para o que era proibido. Não apenas para o que era proibido, mas para a única coisa que lhe era proibida.

A segunda mudança percebida é UMA MUDANÇA DE PERSPECTIVA

E fácil perceber que nossa atenção se prende facilmente ao que foge ao padrão, como um risco num carro [proporcionalmente o risco é muito menor que o carro], ou uma mancha de tinta numa roupa, ou ainda uma sujeira de mosca num lençol branco. Deus tinha orientado ao homem e a mulher sobre a ordem da criação. Eles tinham a perspectiva correta, a perspectiva de Deus. A cosmovisão que lhe fora oferecida era a daquele que criara o cosmo. Não poderia haver uma ruptura entre o que Deus fez e o que Deus dizia para o homem ser o melhor. Esta era a única perspectiva correta. Mas nossa mãe Eva preferiu trocá-la por uma outra forma de ver as coisas e o mundo, a cosmovisão de satanás. E esta mudança de perspectiva lhes foi fatal. Como hoje tem sido fatal para o homem [pai ou mãe, esposo ou esposa, filho ou filha], para a família, para a igreja e para a sociedade o fato de que definitivamente trocaram a verdade de Deus por suas próprias mentiras.

A terceira mudança ocorrida é UMA MUDANÇA NA INCLINAÇÃO DO CORAÇÃO

Deus criou o homem com a capacidade de deliciar-se com as coisas majestosas que Ele fizera. Deu-lhe poder sobre a criação – e deu-lhe acesso a sua presença de uma maneira que nenhum de nós tem atualmente. Mas, as mudanças anteriormente sofridas [de foco e de perspectiva] produziram uma nova mudança – esta agora mais interior, pois afetou os desejos da mulher. O que lhe fora proibido agora torna-se desejável. O que para ela, alem de não poder ser comido não deveria ser sequer tocado, agora torna-se ‘desejável para se comer’. Enquanto o foco estava no que Deus havia dito, enquanto a percepção que a mulher tinha das coisas era orientada pela vontade revelada de Deus a humanidade estava a salvo dos problemas – e do pecado. Mas as mudanças de foco e de perspectiva já haviam acontecido. Novos desejos surgem.

A quarta mudança é UMA MUDANÇA NAS ATITUDES PESSOAIS

A escritura afirma categoricamente que o pecado é fruto tão somente da conjugação de dois fatores: oportunidade e vontade. Sem oportunidade não há pecado, sem vontade – seja qual for o custo – também não há pecado. Por mais que queiramos justificar algum pecado que porventura tenhamos cometido – e geralmente tentamos fazer isto mudando o foco e a perspectiva que temos das coisas, com frases como “não é bem assim” a verdade é que o desejo, quando nos é oportuno, ao ser consumado, gera o pecado. Caim só se tornou assassino após matar seu irmão, Abel. Ele fora advertido, mas não poderia ser condenado – o pecado estava ali, seminalmente, mas cabia a Caim dominá-lo. Ele preferiu consumá-lo. Davi só se tornou adúltero após trazer Bath Seba aos seus aposentos. E só se tornou mandante de assassinato após despachar Urias com a fatídica carta. As oportunidades para pecar são numerosas – temos sempre a possibilidade de resistir – se quisermos. Mas só resistiremos se quisermos.

A quinta mudança, além de outras que se sucederiam, e que não vamos abordar neste texto, é UMA MUDANÇA NAS ATITUDES INTERPESSOAIS

Num mundo onde só havia duas pessoas, deveria ser absolutamente natural que um desejasse a companhia do outro. Logo após a desobediência de Eva percebemos duas atitudes que são muito comuns na humanidade atual: a primeira é o desejo de ter alguém mais com quem dividir as conseqüências das nossas atitudes. O governo, os pais, as estradas, o carro, etc. Mas é tão difícil ouvir alguém dizer espontaneamente: “a culpa é minha, o erro foi meu”. Eva rapidamente instiga seu esposo a cometer o mesmo erro dela: ambos acabam desobedecendo. Mas eu quero chamar a atenção para Adão, que “aceita” a desobediência de sua esposa como algo natural, como um caminho pelo qual ele também devesse andar. Não houve censura, não houve disciplina. Apenas aceitação do mal como natural, normal.

Todas estas atitudes anormais tomadas pelos nossos primeiros pais ainda podem ser encontradas – com todas as suas danosas conseqüências, nos nossos dias. A questão com a qual nos deparamos não é sobre a inevitabilidade destas mudanças – nem da inescapabilidade de suas consequências. A questão com a qual a igreja se depara é: já que elas estão presentes, já que não podemos escapar delas, que atitude devemos tomar diante de cada uma delas. Ora, a resposta é simples, a mudança difícil, mas não é, absolutamente, impossível, afinal, a escritura nos exorta a “não nos conformarmos com este mundo, mas transformá-lo pela renovação da nossa mente”. Quero resumir o que fazer numa frase: Quando tudo vai mal, volte ao começo.

Para um foco distorcido, a única alternativa que temos e retornarmos à configuração original. Os programas mais recentes de computador oferecem na sua configuração a opção “retornar a configuração anterior”. Para uma perspectiva inadequada, como quando vamos colocar um carro em uma garagem, a única alternativa que temos é fazer uma manobra, e tantas outras quantas forem necessárias, até atingirmos a perspectiva correta. Quando você não consegue conectar um plug ou tomada, a única maneira de fazê-lo e colocando-o na perspectiva correta. Mas as coisas se complicam quando a vontade está corrompida. Para fazer o mal todos somos inclinados, faz parte da nossa natureza herdada em Adão. Para dar vazão ao pecado só precisamos de oportunidade. Para resistir a ele precisamos de uma mudança de vontade que passa pelo sincero desejo de fazer a vontade de Deus, sujeitando a carne ao espírito. Para adquirir o vício basta a prática. Para fugir dele e preciso adquirir o hábito, e isto só se consegue com disciplina. A vontade precisa ser dominada, o corpo precisa ser esmurrado e reduzido à escravidão. A vontade do homem precisa ser sujeita a vontade de Deus. Só assim as atitudes serão modificadas. É uma luta difícil, onde as recaídas serão mais comuns e constantes do que qualquer cristão verdadeiro deseja, mas é uma luta que não pode ser abandonada. E não pode ser abandonada por dois motivos: só retrocedem os que não são de Deus – pois para os que são de Deus a vitória é mais que certa.

Uma vez que tivermos adquirido autoridade moral sobre nossos próprios atos, poderemos deixar de sermos escravos do politicamente correto, que nada mais é do que o medo de ter os próprios pecados expostos. O politicamente correto é uma praga que, infelizmente, esta tomando conta da sociedade e da igreja, e o resultado é que em nome do politicamente correto a igreja esta aderindo ao moral e espiritualmente incorreto. Porque passa a dar ouvidos a voz de Satanás e não a de Deus. Se Deus disse para não comer – então comer é não somente indesejável como abominável, e, ainda, repreensível. Precisamos ter nossa mente moldada pela mente de Deus. Precisamos ter o foco correto, olhar para onde Deus nos manda olhar. Precisamos ter a perspectiva correta e única, que é a expressa na palavra de Deus, sem buscar atalhos, subterfúgios ou justificativas. Precisamos, como igreja, assumir uma atitude firme contra o pecado e dizer não, ainda que haja um preço a ser pago se assim o fizermos. E, finalmente, precisamos dizer ao mundo que pecado ainda é pecado, que Deus ainda abomina o pecado. E, mesmo que nos digam que todas as religiões são boas, que cada um tem o direito de fazer o que bem entender precisamos lembrar que apenas em Cristo Jesus há salvação e, que cada um receberá a retribuição segundo as suas obras.

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