TIPOS DE CONVERSÃO DESCRITOS NA
BÍBLIA
A bíblia relata diferentes
tipos de conversões, e cada uma delas certamente tinha um propósito no
propósito educador da graça de Deus.
Antes de falarmos de
"tipos de conversões" precisamos afirmar que a conversão, a verdadeira
conversão, é uma mudança única, irrepetível, que muda o estado do homem,
iniciando nele um processo que podemos chamar de santificação.
I. CONVERSÕES COMUNITÁRIAS OU
NACIONAIS
A Escritura fala algumas
vezes de conversões comunitárias, especialmente a descrita em Jn 3.10 – reformas de natureza moral e
social motivada por uma recepção do ensino das Escrituras. A questão é: eram
conversões religiosas? É uma exemplificação de nacham e, geralmente,
influenciavam uma geração, como nos
dias dos juízes: ocorriam sob a liderança de um governante piedoso e só duravam
enquanto houvesse governantes piedosos no trono – quando um ímpio alcançava o
trono o povo todo se desviava em segui-lo.
II. CONVERSÕES TEMPORÁRIAS OU
CIRCUNSTANCIAIS
São conversões sem evidências
de mudanças essenciais no coração, embora apresente alguma característica
externa e circunstancial de relacionamento com o Senhor e sua Igreja. Ao contar
a parábola do semeador (Mt 13.18-23)
o Senhor Jesus fala de pessoas que ouvem a Palavra, recebem-na com alegria mas
não produzem frutos, não perseveram diante das tribulações, provas e
perseguições, se ofendem facilmente e abandonam a "fé" (vs. 20-21). A
parábola se personaliza em Himeneu, Alexandre e Demas que "naufragaram na
fé" amando o presente século (I Tm
1.19-20; II Tm 2.17-18; II Tm 4.10). Estes e outros personagens
são "dissecados" em Hb 6.4-6:
foram iluminados pela Palavra, experimentaram em algum nível a comunhão dos
santos e os poderes do Espírito mas não haviam, efetivamente, nascido novamente.
João explica as razões para que isto acontecesse: eles não eram convertidos no
sentido mais pleno da Palavra, embora possuíssem a aparência de convertidos (I Jo 2.19). Atentemos para o fato que
uma conversão circunstancial, baseada em algum fato a respeito de Jesus, pode
ser verdadeira, mas não é salvífica.
III. CONVERSÃO VERDADEIRA
A verdadeira conversão pode
acontecer em um momento específico (como no caso da mulher samaritana) ou no
decorrer de um processo mais demorado (como no caso de Nicodemos), resultando
em uma vida de devoção a Deus (II Co
7.10). A conversão tem suas raízes na regeneração e é o primeiro sinal da
nova vida do qual o pecador se torna consciente da presença do Espírito de
Deus. Seus pensamentos mudam, seus desejos mudam, sua vontade muda – o pecador
convertido olha para o passado e percebe a insensatez do curso de sua vida
anterior. A conversão é uma ação na qual
o homem é tanto passivo quanto ativo: é passivo porque o regenerado recebe a
ação de Deus, que muda-lhe o coração, e ativo porque, conscientemente, o
pecador experimenta mudanças no curso de sua vida, voltando-se para Deus em
arrependimento e fé, como nos exemplos de Naamã (II Rs 5.15), Manassés (II Cr
33.12-13), Zaqueu (Lc 19.8-9);
do eunuco (At 8.30), de Cornélio (At 10.44), de Paulo (At 9.5), de Lídia (At 16.14) e de outros.
IV. CONVERSÃO SÚBITA OU IMEDIATA
A bíblia, entretanto, relata
casos de conversão imediata, uma crise súbita e transformadora, à partir do
instante em que se ouve a mensagem e reconhece-se Jesus como salvador, podendo
tanto ser de uma multidão (At 2.37-41)
outros casos, individuais, como os do carcereiro de Filipos que, impactado com
a ação de Deus e a atitude de Paulo e Silas recebe a mensagem, testemunha e é
recebido como membro da Igreja (At 16.30-33)
ou de Lídia (At 16.14-15).
V. CONVERSÃO GRADATIVA
A conversão pode não ser uma
crise, com dia e hora definidos, mas um processo no qual o pecador vai,
paulatinamente, compreendendo não apenas quem ele é, mas, à luz do que vai
conhecendo de Jesus passa a confiar nele de uma maneira inquestionável, dando,
enfim, testemunho da sua nova fé. É o caso de Nicodemos. Em um primeiro momento
Nicodemos vai a Jesus às escondidas, e o chama de Rabi (mestre), reconhecendo
que ele, Jesus, possuía não apenas um tipo especial de conhecimento mas,
também, reconhecendo-o como enviado da parte de Deus (Jo 3.2); a segunda aparição de Nicodemos é ainda relutante, mas
indicando que ele desejava que não se praticasse injustiça contra Jesus (Jo 7.50-51), recuando quando exposto à
possibilidade de ser exposto ao ridículo como discípulo de Jesus (Jo 7.52). Somente na terceira menção a
seu nome é que Nicodemos aceita ser identificado como discípulo de Jesus (Jo
19.39).
VI. CONVERSÃO REPETIDA
Pode haver mais de uma
conversão? Uma pessoa pode converter-se mais de uma vez? Note que "converter-se"
não é uma impropriedade bíblica ou teológica (Is 31.6; Jr 3.14; Os 14.2; Is 55.7) resguardando as noções de ação de Deus e do homem como
agentes. Quando falamos de conversões repetidas não queremos incorrer no erro
arminiano do "cair da graça" ou da "perda da salvação", mas
em um corrigir de caminhos após uma decisão pessoal de afastar-se de Deus sob
qualquer que seja a circunstância. No sentido soteriológico, de salvação, a
conversão nunca se repete. Um
convertido pode cair nos laços do pecado, se atraído pelos seus encantos e
luzes, andar longe do lar e na lama mas cairá em si e retornará para o lar do
pai (filho pródigo). A primeira
conversão é uma mudança na disposição regente do coração, enquanto que as
conversões subsequentes podem ser definidas como um reavivar e evidenciar da
primeira (Jo 13.10). Assim, a
conversão repetida é, na verdade, um retorno à santidade e não uma segunda
conversão.
ASPECTOS DIVINOS DA CONVERSÃO DO
HOMEM
A conversão é fruto da ação
de Deus no homem. Apresentamos alguns destes aspectos:
a. O homem, naturalmente, não
pode mudar a disposição regente de seu coração e, por si mesmo, abandonar o
pecado (Jr 13.23);
b. O homem, naturalmente, não
pode fazer nada agradável a Deus (Rm 8.8),
nada de bom pode sair da natureza carnal (Rm
7.18);
c. O homem natural não aceita
abrir mão de sua autonomia ou "independência" (Rm 8.7) e, por si m esmo, receber ao rejeitado (Is 53.3) como seu Senhor, pois o homem
natural não pode "receber" as coisas espirituais (I Co 2.14);
d. A conversão envolve a fé que
opera pelo mesmo poder que levantou Jesus dentre os mortos (Ef 1.19-20), e esta é um dom de Deus (Ef 2.8);
e. A conversão é a doação de
uma nova vida – e é evidente que um morto não pode dar a si mesmo o que não
possui (Ef 2.4-6);
f. A conversão envolve o
"ir a Cristo" como um ato de doação do pai (Jo 6.37) e não como uma ação intrínseca do homem (Jo 6.35).
Somente pelo poder
vivificador de do os homens podem ser habilitados a virem a Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário