A NECESSIDADE DA CONVERSÃO
Sem a conversão é
absolutamente impossível a qualquer homem entrar no reino dos céus (Mt 18.3). Qualquer tentativa de entrar
no reino dos céus por outro modo é indigna, como indigno é entrar na casa de
alguém por outro lugar que não a porta (Jo
10.1) e a porta é Jesus (Jo 10.7).
Como a conversão se dá?
Desde o início temos insistido que a ordo salutis deve ser entendida como um processo didático para entender a ação
de Deus para salvação dos pecadores. Assim, o processo da conversão também será
abordado sob o mesmo prisma – dentro de um conceito lógico/cronológico,
lembrando que é Deus quem opera a conversão (Lm 5.21; Jr 31.18) no e
com o homem tomaremos como base a parábola do filho pródigo (Lc 15.11-32).
CONHECIMENTO DE SUA PRÓPRIA MISÉRIA
Apesar dos judeus serem o
"povo de Deus" é fato mais que pacífico que eles "não receberam
Jesus" (Jo 1.11), de modo que
podemos usar o exemplo de um "filho de Israel" que não era, na
verdade, filho de Abraão (Lc 3.8).
Do ponto de vista legal aquele já não era. Em terra estranha,
desonrado e faminto, em absoluta penúria e solidão a ponto de ser julgado menor
que os animais, desperto pela dor, o filho faz uma comparação entre o que há na
casa do pai e o que ele não tinha e
reconsidera sua maldade de coração (Sl
119.59) e seus caminhos tortuosos (Sl
64.9). Observe que este conhecimento de si mesmo é motivado por um fator
externo – não parte de si mesmo. De si mesmo só partiu a maldade e o desprezo
para com o pai (Lc 15.11-13). Este
conhecimento só pode leva-lo à fase seguinte: o arrependimento.
UMA DISPOSIÇÃO EMOCIONAL
Após a percepção de quem é
segue-se o arrependimento, isto é, uma percepção de que está aquém do que
poderia estar, de que se tem menos do que lhe é não mais de direito, mas que ainda tem na casa do pai. Por causa do
sentimento de perda, de tristeza, surge a disposição para voltar à casa do pai,
mas para isso há uma condição: arrependimento, expresso pela visão de que não pode entrar na casa do pai sem,
primeiro, confessar seu pecado e pedir perdão. Lembremos que é o Espírito quem
convence o pecador de que ele é um pecador (Jo 16.7-11). Os pensamentos se voltam da realidade miserável à sua
volta para a casa do pai, tipo de uma realidade espiritual (I Co 2.14) e então vai produzir uma
nova volição (Lm 3.40).
UMA DISPOSIÇÃO VOLITIVA
Um coração impactado pela
compreensão de sua miséria e atento ao chamado restaurador do Espírito vai
sentir-se irresistivelmente chamado para retornar à casa do pai (Jo 6.37). A primeira tem a ver com a
percepção, com o Senhor abrir os olhos e o coração para que se compreenda a
grandeza da graça de Deus (At 16.14)
em contraste com a desgraça do homem pecador, que, então, arrependido pelo que
fez para merecer tal estado, e tendo o seu coração irresistivelmente inclinado
pelo Senhor para as coisas celestes (Fp
2.13) e tendo recebido uma nova capacidade de querer, passa, efetivamente,
a querer as coisas celestes. Como o personagem da parábola, abandona os
prazeres transitórios do pecado e resolve ir ao Pai para pedir perdão (Lc 15.18-20). É uma excelente figura
para a conversão: virar as costas para o rumo escolhido e ir para o único lugar
onde há real satisfação – a casa do pai. Pensamento e reflexão transformados em
ação.
UM RESULTADO SURPREENDENTE
Ainda aqui, mesmo com a
efetiva participação do pecador, que tomou a decisão e a atitude de ir, temos a
surpreendente participação do pai que vai
ao encontro do filho perdido (buscar
e salvar), prepara-lhe a pureza necessária (Tg 4.8) oferece-lhe uma festa de recepção como a um convidado de
honra, e efetivamente ele o era (festa no
céu por um pecador) e o estado do filho é o que sempre foi, e jamais
deveria ter deixado de ser: o de filho amado (estava morto e reviveu).
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