domingo, 16 de novembro de 2014

COMO IDENTIFICAR A VERDADEIRA IGREJA E SUA ADORAÇÃO AO VERDADEIRO JESUS

Mensagem na IP em Xinguara, 2013, Novembro, 16.
O texto apresenta, basicamente, ser um relato sobre grandezas – grande perseguição, grandes realizações, grandes enganos e um grande julgamento com uma grande humilhação pública. Grandeza é uma das palavras centrais desta perícope (megaj), ao lado de poder (dunamij) e acontecimentos (ginomai). O antagonismo é ilustrado de maneira quase simbólica através de dois homens chamados Simão: Pedro, e o mágico samaritano. Na verdade, diante de uma grandeza apenas aparente sobressai a verdadeira grandeza.

….. 1-3 …..

I. CARACTERÍSTICA DA FÉ EM CRISTO: GRANDE FIDELIDADE, MESMO DIANTE DE GRANDE PERSEGUIÇÃO E GRANDE DOR

1 E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria. 2 Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele. 3 Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere. 4 Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.
O crescimento do número dos convertidos não passou despercebido pelas forças religiosas judaicas. A demonstração da convicção de Pedro em obedecer a Deus mesmo que isto significasse desobedecer às autoridades (At 5:29), o crescimento da Igreja logo fez com que o sábio conselho de Gamaliel fosse esquecido (At 5.38-39) e a pregação de Estêvão, denunciando a liderança religiosa como assassina do Messias, agora ressurreto, fez irromper a ira popular, culminando na morte de Estevão.
A primeira parte da grande comissão, do testemunho cristão estava cumprida. Eles já haviam sido testemunhas do Senhor em Jerusalém. Era hora de passar à segunda parte: o alvo do Senhor era a Judéia e a Samaria, não um após o outro, mas os dois ao mesmo tempo.
Em meio à obediência de Estêvão surge Saulo, judeu natural de Társis, que se sentia satisfeito em estar de acordo (suneudokew) com a morte violenta perpetrada contra o pregador. Com isto surge a primeira grande (megaj) perseguição contra aqueles que se expunham publicamente atendendo ao chamado de Cristo (ekklhsia). Da concentração em Jerusalém a Igreja é obrigada a ir por toda parte, para o sul, o antigo reino de Judá (Judéia) e para o norte, o antigo reino de Israel (Samaria).
A perseguição à Igreja não resultou em fidelidade, mas a fidelidade da Igreja, a proclamação do genuíno evangelho de Cristo foi que resultou em perseguição. Se a Igreja moderna esperar, em seus bancos acolchoados, o levante de uma perseguição para ser fiel, vai simplesmente se mundanizar, amar e ser amada pelo mundo.
A Igreja sentiu grande (megaj) dor pela morte de Estêvão, mas esta dor não os impediu de prosseguirem sendo piedosos, sendo reverentes a Deus e alguns homens recolheram seu corpo para sepultá-lo. Paulo, entretanto, não se contentou com o prazer sentido com a morte de Estêvão, e marcava para destruir, estigmatizava, assolava (lumoinomai) aqueles que se proclamavam crentes em Jesus Cristo – invadia casas, destruía famílias, usava de estratagemas para prender homes e mulheres (anhr kai gunh=) sem distinção de idade.
Em consequência desta perseguição os cristãos, espalhados (diaspeirw) por toda a Judéia e Samaria iam em todas as direções evangelizando (euaggelizw), anunciando as boas novas de salvação em Cristo Jesus, anunciando a Palavra de Deus finalmente encarnada (logoj – Jo 1.1).

….. 5-8 …..

II. CARACTERÍSTICA DA FÉ EM CRISTO: ANÚNCIO DO GRANDE SALVADOR PRODUZINDO GRANDE SALVAÇÃO

5 Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a Cristo. 6 As multidões atendiam, unânimes, às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava. 7 Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados. 8 E houve grande alegria naquela cidade.
Mesmo com a permanência dos apóstolos em Jerusalém a Igreja não ficou limitada àqueles que se dedicariam mais amiúde à Palavra (At 6:4). A multidão de testemunhas ia por toda a parte, e Filipe, também diácono como Estêvão, desce à cidade de Samaria e anuncia publicamente, como um arauto de um rei que está às portas, que Cristo é o Messias, o filho de Deus (Jo 20.31). É provável que o nome de Cristo não fosse estranho aos samaritanos, especialmente depois do encontro com a mulher samaritana e outras pessoas (Jo 4.41-42). Só poderia haver salvos em Samaria com a pregação do evangelho – e era isto o que Filipe estava disposto a fazer.
Com a pregação os resultados começam a aparecer. Filipe não escolhia auditório, como um arauto não escolhe público – ele anuncia indistintamente a todos. E foi assim em Samaria – as multidões, um amontado de pessoas não previamente selecionadas prestaram atenção (prosexw), dedicaram todos a sua mente (omoqumadon) ao que Filipe dizia, ouvindo, entenderam (akouw) a mensagem, que era comprovada pelos sinais extraordinários que eles (blepw). Os samaritanos não tinham outra opção a não ser acreditar nos fatos incomuns que ocorriam diante de seus olhos.
Os samaritanos creram por causa do poder de Deus sendo derramado em seu meio. Como duvidar a existência de um poder a impulsionar Filipe se eles podiam constatar que até mesmo os espíritos imundos se submetiam, enfurecidos, gritando (boaw fwnh) e desorientados (ezerxomai) abandonavam àqueles a quem vinham mantendo escravizados; paralíticos (paraluw) eram curados e muitos mutilados foram curados completamente. É por isso que a segunda palavra chave para entender este texto é acontecimento, feitos, fatos (ginomai).
Era inevitável que como resultado da libertação de possessos, com a cura de paralíticos e coxos houvesse grande (megaj) alegria naquela cidade. Eles tinham parentes, tinham amigos, e certamente muitos se alegravam no coração e expressavam esta alegria (xara) ao verem seus familiares curados. A cidade rejubila por ver que Deus está agindo em seu meio, que eles não seriam mais rejeitados e poderiam adorar ao Deus vivo e verdadeiro com liberdade e espiritualidade.

….. 9-13 …..

III. CARACTERÍSTICA DA FÉ EM CRISTO: A VERDADE PRODUZ GRANDES EFEITOS

ABANDONO DO ERRO

9 Ora, havia certo homem, chamado Simão, que ali praticava a mágica, iludindo o povo de Samaria, insinuando ser ele grande vulto; 10 ao qual todos davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande Poder. 11 Aderiam a ele porque havia muito os iludira com mágicas. 12 Quando, porém, deram crédito a Filipe, que os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, iam sendo batizados, assim homens como mulheres. 13 O próprio Simão abraçou a fé; e, tendo sido batizado, acompanhava a Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados.
Em contraste com os fatos reais (ginomai) que ocorriam no ministério evangelístico de Filipe havia na região um homem chamado Simão, tido como alguém digno de grande (megaj) consideração mas que, apenas, enganava (ecisthmi) o povo com magia e exaltava a si mesmo. Enquanto Filipe anunciava a palavra (logoj) ele falava de sua pretensa grandeza (legw).
Como as pessoas que seguiram a Teudas (At 5:36) e a outros líderes, também o povo de Samaria se prestava atenção e seguia (prosexw), não importando a idade ou posição social (mikroj kai megaj), acreditando nos embustes de Simão e pensando que ele, realmente, possuía algum poder divino (dunamij qeou) ou, de fato, um grande (megaj) poder.
Os samaritanos seguiam a Simão porque só tinham o engodo, a ilusão (mageia), e ele era muito eficiente (ikanoj) em iludi-los (ecisthmi). Mas era apenas ilusionismo, não era verdadeiro poder. Simão apenas se atribuía poder (dunamij), mas não o possuía verdadeiramente.
Porém, ao conhecerem o evangelho, eles foram persuadidos a crer (pisteuw) que o que Filipe lhes oferecia era verdadeiro, eram boas novas de verdade (euaggelizw) a respeito do tão aguardado reino de Deus (basileia tou qeow). Deixaram de seguir às ilusões de Simão para seguir a verdadeira autoridade do filho de Deus, Jesus Cristo, sendo batizados, simbolizando compromisso de vida com o Senhor da vida. Lucas não faz distinção etária, social ou civil entre os batizados, eram simplesmente homens e mulheres (aner kai gunh).
Diante da veracidade e da superioridade do evangelho o próprio Simão foi persuadido e também foi batizado. A Escritura diz que tanto os samaritanos quanto Simão creram (pisteuw) e foram batizados (baptizw). Simão acompanhava Filipe com grande curiosidade, observando e considerando como fora de si os sinais (shmeion e não mageia) e as demonstrações de grande poder (megaj dunamij) que realmente aconteciam. Ele, Simão, sabia que o que conseguia fazer para enganar o povo era mera ilusão.

….. 14-17 …..

FIRMEZA NA DOUTRINA APOSTÓLICA

14 Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João; 15 os quais, descendo para lá, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo; 16 porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles, mas somente haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus. 17 Então, lhes impunham as mãos, e recebiam estes o Espírito Santo.
As boas novas logo chegam a Jerusalém – embora os judeus não se relacionassem com os samaritanos (Jo 4:9) e até o falar com um samaritano era motivo de estranhamento (Jo 4.27) o fato de eles aceitarem a Palavra de Deus e esperarem a redenção em Jesus Cristo fazia-os membros de um novo povo (Tt 2.13-14), e, como tais, deveriam conhecer a base sobre a qual este povo se organizaria para agradar a seu novo Senhor – a doutrina dos apóstolos, por isso Pedro e João descem à Samaria com um propósito: romper as barreiras de nacionalidade, integrá-los ao povo santo, fazê-los plenamente aceitos neste novo povo através da oração de maneira que eles recebessem (lambanw - passivo) o dom de Deus, o selo da promessa: o Espírito Santo (At 2.38). É um maravilhoso contrate porque antes eles possuíam, ou melhor, eram possuídos por espíritos imundos, e agora, recebem o Espírito Santo.
Até aquele momento o Espírito não havia descido – muitos haviam crido, mas o Espírito ainda não fora enviado de cima (epipiptw). Eles viram os sinais prometidos por Jesus (Mc 16.17-18) e foram batizados tendo Cristo como o seu Senhor (Mc 16.16), era ele o grande poder a quem deveriam obediência daí para a frente (Mt 28.18). A presença dos apóstolos autenticaria, perante toda a Igreja, que, de fato, também os samaritanos foram chamados para esta nova comunidade.
No instante em que os apóstolos colocavam as mãos sobre eles com poder, com autoridade (xeir – um hebraísmo) eles recebiam (lambanw) o Espírito Santo que, anteriormente, havia sido derramado sobre os apóstolos (At 2.4) e sobre a multidão em Jerusalém e, como, também, mais tarde, aconteceria com os gentios (At 10:45).

….. 18-21 …..

REJEIÇÃO DE ALTERNATIVAS HUMANAS

18 Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito Santo, ofereceu-lhes dinheiro, 19 propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo. 20 Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus. 21 Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
Simão continuava observando (qoaomai). Primeiro observara os feitos de Filipe, e agora observava cuidadosamente buscando explicações mentais (qewrew) o que acontecia com as pessoas quando os apóstolos lhes impunham as mãos (epiqesij xeir): eles recebiam o Espírito Santo. Os magos e ensinadores itinerantes trocavam experiências, trocavam habilidades ou vendiam-nas a pessoas de regiões onde não teriam competição – e um judeu podia perfeitamente ser visto como um não competidor em Samaria, e Simão acho que os apóstolos podiam ser encaixados nesta categoria, por isso fez uma proposta (prosferw) que, pelo seu arcabouço mental, era perfeitamente natural: dar dinheiro (xrhma) aos apóstolos em troca da sua habilidade.
O que queria Simão? Porque ele queria o mesmo poder dos apóstolos? Continuar a ser grande poder? Talvez. Ser instrumento de bênçãos como Filipe e os apóstolos? É provável. Mas o fato é que ele cometeu um grave erro porque julgou errado, suas premissas eram erradas, suas bases estavam erradas – as suas bases anteriores, as bases da carne, as bases mentais que havia estabelecido "antes" de abraçar a fé.
Simão apresenta uma proposta que seria tentadora, e na qual a Igreja caiu terrivelmente durante a idade média, e é provável que, em muitas situações, às vezes sutis, continua caindo: deem a mim, da mesma forma (kagw) que vocês possuem este mesmo privilégio, este mesmo encargo (ezousia) para que eu também tenha a autoridade de impor (epitiqhmi) as mãos e as pessoas receberem o Espírito Santo. Simão acreditava que o poder estava nos apóstolos, que eram eles quem davam o Espírito Santo para as pessoas. Ele não entendia que o encargo dado aos apóstolos era um ministério, um serviço – eles eram instrumentos da manifestação do poder de Deus, e não portadores, eles mesmos, do poder.
Pedro responde a Simão que suas moedas de prata (argurion) – as mesmas recebidas por Judas, não eram capazes de lhe dar o que era só podia ser recebida como uma dadiva de Deus. Ademais, Pedro e João foram escolhidos pelo Senhor (Mc 3.13-14 – compare com Lc 6:13). Simão não podia comprar isso, e, acreditando que o dinheiro podia comprar tal poder, como comprava truques de mágica, ele poderia encaminhar-se para a perdição, seu coração poderia continuar amando as coisas deste mundo e não usufruir do amor do pai (I Jo 2:15). O dinheiro tão amado (I Tm 6:10) poderia se tornar um instrumento para a sua própria destruição ele poderia caminhar para a destruição (apwoleia), tanto nesta vida quanto eterna. O problema de Simão, devo insistir, foi agir segundo os costumes que tinha antes de conhecer o evangelho, de acreditar (nomizw) que as mesmas leis que regiam suas relações com outros magos poderiam leva-lo a adquirir para si (ktaomai) o que só poderia ser dado (dwrea) por Deus, era uma prerrogativa absolutamente divina.
Pedro fora chamado para o apostolado. João também foi. Paulo o seria, mais tarde, como Barnabé e Silas. Mas Simão não. Ele não foi chamado para o ministério apostólico. É salutar observar que para o apostolado não há voluntariado – há chamado do Senhor. A Simão não foi atribuída esta porção (merij). Ele não fora chamado (klhroj) para ser ministro da Palavra (logoj). Sua atitude revelava o seu coração e como andava o seu coração, sua espiritualidade (kardia): ele não era reto (euquj), sua atitude era reprovável na presença (enwpion) de Deus – e isto não pode ser escondido de Deus (Pv 20.27) como não foi, por exemplo, o caso de Ananias e Safira (At 5:3).

….. 22-25 …..

IV. CARACTERÍSTICA DA FÉ EM CRISTO: É SEMPRE UM CHAMADO AO ARREPENDIMENTO PELA EVANGELIZAÇÃO

22 Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração; 23 pois vejo que estás em fel de amargura e laço de iniqüidade. 24 Respondendo, porém, Simão lhes pediu: Rogai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes sobrevenha a mim. 25 Eles, porém, havendo testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e evangelizavam muitas aldeias dos samaritanos.
Da mesma maneira que Pedro denuncia a maldade do coração de Simão ele havia denunciado os atos dos judeus em Jerusalém (At 2.36) – judeus e samaritanos eram igualmente merecedores da ira divina, mas, também, judeus e samaritanos eram conclamados ao arrependimento (At 2.38). A mensagem paulina também centralizava o arrependimento como necessário (At 26:20).
Apesar de ficar conhecido como alguém que cometeu um terrível pecado, dando origem até a um termo técnico (simonia - nome que designa a obtenção de benefícios eclesiásticos em decorrência de pagamentos ou recompensas (como alianças políticas) imediatas ou futuras), Simão não parece ter cometido o pecado imperdoável, porque Pedro o exorta a arrepender-se, isto é, mudar a intenção do seu coração (metanoew) que havia agido mal (kakia) e então passasse a desejar ardentemente (deomai) outra coisa que ele não podia obter por si mesmo, nem com dinheiro (Ef 2.8) nem com esforços (Rm 4.4-8).
Pedro exorta Simão a se arrepender e buscar ao Senhor, não cometendo o mesmo erro de Judas de encher-se de remorso mas não de arrependimento (Mt 27.3-5). Simão errou, seu coração o levou numa direção (epinoia) errada mas havia, ainda, oportunidade de arrependimento se ele fosse diferente de Caim (Gn 4:7). Pedro percebeu (oraw) a amargura como de fel derramado (kolh) que tomava conta do coração, não uma simples contrariedade, mas um profundo amargor que o prendia (sundesmoj) a uma perceptível iniquidade (adikia). Seu coração ainda não estava de acordo com o que Deus desejava – embora batizado, naquele momento ele não podia adorar ao Senhor em Espírito e em verdade, como Jesus havia dito a uma sua conterrânea (Jo 4:23).
Simão sabia a gravidade do que havia feito. Ofender a homens era algo extremamente sério, mas ele propusera comprar algo que Deus havia reservado para seu exclusivo beneplácito, para demonstrar a sua bondade. Achava-se indigno de apresentar-se diante de Deus e por isso pede que os apóstolos intercedam por ele (deomai umeij). Ele não queria sofrer a destruição eterna, não queria sofrer esta calamidade (erew), acreditava ser tão pecador que Deus não o ouviria (Jo 9:31).
Simão não parece impenitente, nem aparenta ter cometido o pecado imperdoável, pois não atribuía a satanás a atuação do Espírito Santo. Ele sabia que era o Espírito Santo – só não havia sido, ainda, purificado de seus antigos costumes, cometeu o erro de acreditar que podia comprar o poder que ele via ser real em Filipe e, especialmente, nos apóstolos.
Após a descida do Espírito Santo em Samaria, restava ainda uma porção da missão a ser cumprida. Jerusalém já conhecia o evangelho. A Judéia já conhecia o evangelho. Samaria já havia sido alcançada pelo evangelho. Restava "apenas" os confins da terra. Após terem dado testemunho solene (diamarturomai) daquilo que viram e ouviram (I Jo 4:14) também aos samaritanos, pois para Deus não há distinção alguma entre os homens (Rm 10:12) já que todos são igualmente pecadores que só podem ser salvos pela graça de Deus em Cristo Jesus (Rm 3:22) mediante a pregação do evangelho (euaggelizw) como fizeram em muitas pequenas vilas (kwmh) samaritanas.
Os apóstolos não estavam fazendo nada diferente do que deveriam realmente fazer. Foram chamados por Jesus para pregar (Mc 3:14), foram preparados e receberem o Espírito Santo para exercerem este ministério (At 1:8) e o anunciariam a qualquer custo (At 5:41).

CONCLUSÃO

A pergunta que se nos impõe é: se somos cristãos, se somos discípulos do Senhor Jesus, e se o mandato do Senhor permanece o mesmo, como ele permanece o mesmo, e se o evangelho já tem chegado a praticamente todos os lugares do mundo, porque evangelizar? Evangelizar é necessário porque devemos anunciar a verdadeira fé em Cristo, a fé em Cristo segundo as Escrituras, aquele em quem devemos crer para sermos salvos.
As respostas são muitas: porque ainda há enfermos, tanto física quanto espirituais. Porque ainda há milhares de cativos do diabo, possuídos pelos demônios e carentes de libertação. Porque ainda há pessoas que estão cheias de conceitos errôneos a respeito de Deus e somente a verdade como pregada pelos apóstolos pode mudar estes enganos. Porque ainda há muitos que precisam de conversão, precisam se arrepender de seus pecados.
A pregação ainda é necessária porque há muitos que ainda precisam invocar a Jesus como seu salvador.
A pregação ainda é necessária porque há muitos que ainda precisam crer em Jesus como seu Senhor e salvador.
A pregação ainda é necessária porque há muitos que ainda precisam ouvir que Jesus é o filho de Deus, Senhor e salvador de todos os que nele creem.

A pregação é necessária porque ainda queremos ver a cidade tomada de grande alegria, e, mesmo que a cidade não seja, queremos que sua vida seja tomada de grande alegria, e que haja grande júbilo no céu (Lc 15:10).

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O JARDINEIRO QUE SE ACHAVA DONO DO CONDOMÍNIO

Uma maneira de dizer porque NÃO aceito a mão estendida do PT pedindo trégua, porque tal pedido é falso, é uma armadilha. Em outro momento, em outro contexto, escrevi algo que remete às idéias que vão expressas abaixo no texto "Quando um escorpião te pedir carona".
Há muito tempo um jardineiro que não cuidava de jardim nenhum passava ao lado de um jardim de um condomínio e observava. Tudo estava destruído, havia mato por todo lado, muitos buracos, as poucas plantas que havia cresciam desordenadamente, umas sufocando as outras. Ele pensava: se eu fosse o jardineiro deste lugar, tudo seria diferente. Eu faria deste jardim um jardim fantástico, como nunca antes se viu.
Algum tempo depois, alguém começou a arrumar o jardim. Havia muito trabalho, muito mato, muito entulho… e o trabalho era vagaroso, era lento… não havia recursos, os moradores do condomínio contribuíam pouco, e o jardineiro ainda ficava do lado de fora falando contra as pessoas que estavam trabalhando. Havia ferramentas por todo lado, muito material espalhado. E o jardineiro sem jardim ali, junto com outros ajudantes que não ajudavam em lugar nenhum, ficava apontando problemas que, evidentemente, havia e outras que só ele via, e criticava até o que estava sendo feito e estava dando certo. Dizia que faria tudo diferente, que transformaria aquele jardim que achava mal cuidado numa maravilha do mundo.
Depois de algum tempo, e de tanto falar, e falar, e falar, e gritar, e às vezes impedir os trabalhadores de fazerem seu serviço o jardineiro foi contratado. Sua primeira ação foi pedir ao mestre das obras que permanecesse – enquanto falava que estava tudo errado continuou fazendo do mesmo jeito, mudando apenas o nome dos jardins e a posição das flores.
Na sequência, foi ganhando confiança e achou que não teria nenhum problema tirar uma flor para levar pra casa. Seus ajudantes viram, e também acharam que poderiam levar. Um levou um pouco de pesticida… outro um pouco de adubo… depois foi um buquê para um casamento… e assim foi… enquanto isto pediam cada vez mais dinheiro pros condôminos para manter o jardim funcionando. E ele e os ajudantes continuaram levando um pouquinho cada vez maior de pesticida… de adubo… de flores… tão preocupados em levar insumos para casa, cada uma delas com jardins cada vez mais vistosos, tomando cada vez mais do seu tempo e algumas primaveras depois o jardim começou a dar sinais de que algo estava muito errado.
Mas nada abalava o jardineiro. Continuava dizendo que nunca antes aquele jardim estivera tão bonito, e nunca antes tanta gente tinha ficado feliz por receber algumas flores tiradas do jardim – e nunca antes os condôminos contribuíam tanto, a ponto de ele levar uma porção bem generoso para seus amigos, seus vizinhos. O jardineiro começou a querer ensinar para todo mundo como ser bem sucedido cuidando do jardim dos outros.
De repente, inexplicavelmente, algumas árvores começaram a dar sinais de estarem infestadas de cupins, o solo endurecido cheio de formigueiros… as ervas daninhas tomavam conta de todo o jardim. E o jardineiro, que jardineiro não era, diz não ter responsabilidade e coloca a culpa nos trabalhadores anteriores. Houve quem acreditasse, a assembleia dos condôminos ficou dividida, engalfinhando-se uns contra os outros e o jardineiro apoiando a confusão. Logo o jardineiro colocou um substituto que, também, jardineiro não era, mas se vestia de jardineiro, dizia ser jardineiro mas nunca havia sido bem sucedido cuidando nem de uma planta em um vaso.
Agora, as flores são menos numerosas, os trabalhadores ainda querem levar flores para casa e alguns condôminos já sabem disso. Mas o jardineiro se fez amigo do síndico… do porteiro… não há para quem reclamar…. Alguns moradores questionam, reclamam, até pensam em mudar de condomínio. E o jardineiro e seus amigos pedem união – desde que seja ele a dizer como esta união deve ser. Se alguém discordar, que se cale e pague a conta, pedem mais contribuição, pedem olhos fechados para os desvios, para as prestações de contas mentirosas e maquiadas, pedem até que a forma de prestar contas seja mudada. De tanto dar flores para os editores o boletim do condomínio publicava cada vez mais fotos de flores – muitas repetidas e de outros jardins, mas arvores caídas e podres eram esquecidas, os carros com marcas de vandalismo eram esquecidos… as paredes riscadas nem eram noticiadas. Máquinas quebradas e enferrujadas pelos cantos nem eram notadas. De vez em quando alguém aparecia machucado e tudo ficava por isso mesmo.
Espere um pouco. União? Silêncio? Pagar esta conta absurda e abusiva?
Desculpem-me meus amigos que pensam diferente, e, ainda podemos pensar diferente (ainda, mas, sinceramente, não sei por quanto tempo), não acredito que seja a hora de calar. Não acredito que seja a hora de unidade, de pacto com o erro, pois não é justo nem prudente estabelecer laços de cooperação com quem quer, apenas, nos espoliar. Eles querem os poucos anéis que restam. E quando não tiver mais anéis, vão querer os dedos, as mãos, os braços, sempre com gritos como o da rainha louca para que a cabeça dos dissidentes seja cortada. Tem sido assim, basta observamos os exemplos da União Soviética, de Cuba, da Venezuela. Já ouvimos os gritos de todos os lados. Mãos já são enfiadas desavergonhadamente em nossos bolsos para tirar as poucas moedas que ainda restam.
Não, não é hora de unidade para pensar no Brasil, porque este que nos é apresentado num reino de fantasia e maquiagem marqueteira mitômana não é o Brasil que queremos. Pensar no Brasil significa manter os olhos abertos, pensar no Brasil significa permanecer vigilante, atento e atuante. Significa continuar resistindo a esta avalancha de ladroagem, de escândalos, de desfaçatez que, nunca antes neste país, se viu semelhante. Não é hora de dar trégua a uma serpente insidiosa e venenosa. Não é hora de parar. É o momento, e na verdade já de há muito atrasado, de arrancar a casca da árvore podre para chegar à fonte dos cupins, e, quando chegar lá, fazer o que for necessário para pôr fim à sua proliferação corruptora.
O caminho é o do combate na forma da lei, o caminho é o da vigilância, da denúncia firme. Enquanto isto, continuemos construindo o Brasil. Ainda há um Brasil que trabalha – um Brasil de brasileiros que não desistem. Enquanto os roubos são perpetrados, o Brasil continua e deve continuar a construir, a trabalhar, mas de olhos abertos e mãos na espada, como Neemias e seus trabalhadores. Não deixaremos a cidade em ruínas, mas, também, não deixaremos de vigiar em nossa luta contra os espoliadores.
Unidade, sim. Mas unidade pelo bem do Brasil.
E o PT não é o Brasil. PT é Foro de São Paulo. PT é bolivarianismo. PT é comunismo. PT é Cuba, é Irã, é Venezuela, é Argentina.
Unidade com o PT? Dar cópia das chaves do cofre aos espoliadores?
Nunca. Jamais, em hipótese alguma.
É suicídio.

ENTÃO... COMO FOI O NATAL?

Não, não estou publicando um texto anacrônico, isto é, fora do seu contexto temporal. Estou mesmo perguntando sobre como foi o seu natal - o de 2013, claro. Provavelmente você se lembra de onde estava, com quem estava, qual a comida - lembre-se de coisas boas e é bem possível de coisas menos boas.
Provavelmente você ouviu as mesmas músicas, viu as mesmas decorações coloridas (com abundância de vermelho e branco) e descontextualizadas (alguém com barbas brancas, imitando um velho de gorro e roupas de frio próprias para neve nos tórridos trópicos) e tonitruando uma risada absurdamente esquisita (rôu, rôu, rôu).
Logo, bem logo mesmo, vamos ouvir novamente a canção que diz: “e vem chegando o natal”. Desde a última vez que você ouviu esta canção a vinda de Jesus fez quanto de diferença em sua vida? Após tantos votos de “feliz natal”, “que Jesus nasça em sua vida” e semelhantes será mesmo que é preciso lembrar que:
I.                   Jesus, o Messias, nasceu de uma vez por todas em Belém da Judéia há aproximadamente 2.000 anos atrás. Ele não vai nascer de novo, em lugar algum, muito menos no coração de quem quer que seja. O convite das Escrituras não é para “deixar Jesus nascer em seu coração” mas para ir a ele reconhecendo-o como Senhor por direito de criação e Senhor por direito de redenção.
II.               Jesus, o Messias, não está nem um pouco interessado nas ornamentações pagãs adotadas nas festas juninas, todas remetendo aos festejos celtas - provavelmente não está interessado nem mesmo em saber se eles são usados ou não, mas certamente tem profundo interesse em saber porque tanta religiosidade no fim de ano e tanta hipocrisia durante a maior parte do ano.
III.            Jesus, o Messias, não está nem um pouco interessado se no cardápio vai ter chester ou peru. Ele não quer saber a marca do seu vinho nem se vai tomar coca-cola, guaraná Jesus ou suco de uva. O interesse dele, certamente, é no que está dentro do seu coração e não da sua taça.
IV.             Jesus, o Messias, não está esperando que você lhe dê algum presente, ou que presenteie uma ou mais pessoas. No fundo sabemos que tudo isto é comércio. O comerciante não está interessado em louvar a Deus - quer vender, quanto mais, melhor. É da natureza das coisas. É impossível lutar contra isto.
Então, o jeito é jogar a toalha? É desistir? Penso que não. Penso que não precisamos nos deixar formatar pelo mundo, não devemos tomar como nossos os valores deste século. Dito de outra maneira, não devemos permitir que a nossa devoção ao Senhor, que a nossa adoração a o Deus vivo, que nosso serviço ao Messias seja secularizado.
É uma oportunidade para falar de Jesus? É. É uma oportunidade para a evangelização? É. Mas algo tem que estar terrivelmente errado quando percebemos que já está chegando o natal e ouvimos tanta gente dizendo que Jesus precisa nascer de novo. Como nascer de novo aquele em quem habita corporalmente a plenitude da divindade? Alguém pode dizer que este nascer de novo é metafórico. E eu digo: é também inocentemente (?) tolo porque é fruto do desconhecimento das Escrituras. É um erro porque abandona as Escrituras para caminhar pelo pantanoso terreno dos sentimentos e do mercantilismo. Não, não quero que Jesus nasça novamente, em lugar nenhum. Quero que você leia este texto pelo que ele diz, não pelo que você sente . Minha proposta é que você, eu, e todos precisamos conhecer a Jesus segundo as Escrituras - e segundo as Escrituras ele está à destra de Deus, de onde virá, não para nascer de novo, mas para julgar o mundo e reinar com mão poderosa. E então, como é o seu natal?

sábado, 8 de novembro de 2014

SÉRIE PERSONAGENS - ACABE E JEZABEL

OS MAUS FRUTOS DAS SEMENTES PLANTADAS POR SALOMÃO
I Rs 16.30-33
30 Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau perante o SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele. 31 Como se fora coisa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou. 32 Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria. 33 Também Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações para irritar ao SENHOR, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele.
É obvio que não devemos culpar Salomão pela maldade de Acabe e Jezabel, provavelmente a pior dupla de governantes que Israel teve.
Saul foi o primeiro – começou bem mas terminou de maneira trágica. Davi, após Salomão, foi considerado o melhor por causa de sua devoção a Deus, mesmo após cometer erros estratégicos, morais e familiares. Salomão foi um excelente administrador, mas deixou-se corromper justamente no desejo de administrar as alianças estabelecidas com os povos vizinhos.
Durante o reinado de Salomão a idolatria se espalhou tão espantosamente que Deus decidiu tirar o reino de seus descendentes, guardando, porém, a promessa que fora feita a Davi, dividindo a terra de Israel em dois reinos: Norte e Sul dando o pequeno território do sul à descendência de Davi. Isso ocorreu no reinado de Reoboão, um tolo impetuoso, que não tinha nem a juventude como desculpa para afastar de si a grande maioria do povo. O reino de Reoboão, ao sul, foi chamado de Judá e tolerou a idolatria, mas foi no reino de Jeroboão, ao norte, que ela foi promovida a política de estado ao fazer os dois bezerros de ouro para que o povo não fosse até Jerusalém adorar ao Deus eterno.

ACABE, FORTE POLITICAMENTE, MORALMENTE INÚTIL

Dentre os muitos reis que os seguiram, o ponto espiritual mais baixo a que o trono foi levado foi durante o governo de Acabe, filho de Onri, o sétimo rei do norte, que casou-se com uma fenícia chamada Jezabel, filha de Etbaal, de Sidom. Acabe seguia os passos de Salomão, fazendo casamentos políticos. Teve muitas esposas, 70 filhos (II Rs 10.7-8), mas o trono foi dado a Jezabel.
Acabe fortaleceu o reino do norte, fazendo alianças com a Síria, Judá e Fenícia. E foi nesta aliança com a Fenícia que ele permitiu que sua esposa e rainha, Jezabel, estranha às alianças e ao culto do Deus vivo, mulher muito mais maligna do que ele próprio, promovesse e patrocinasse a idolatria em larga escala em Israel, recorrendo ao dinheiro do Estado para pagar 400 profetas de Aserá (deusa da fertilidade fenícia) e mais 4500 de Baal, o deus da terra e da fertilidade canaanita. Muitos sacerdotes foram mortos, outros fugiram para o sul ou se esconderam no interior do país com medo de Jezabel.
Seguindo a linha proposta por Jeroboão (nos dias de Jeroboão o nome do deus de Israel continuava sendo cultuado, embora em um sincretismo com os baalins a ponto de haver culto ao Senhor como marido de Aserá) mas indo muito além dele, Jezabel dedicou-se a combater o culto ao Senhor que ainda sobrevivia em Israel (I Rs 19:18).

A INTRODUÇÃO DO ABSOLUTISMO PAGÃO


A bíblia relaciona a idolatria de Acabe de maneira muito direta à influência de Jezabel. Jezabel era uma mulher de qualidades: determinada, inteligente, persuasiva, independente, decidida, mas usava tudo isto para o mal, era totalmente inescrupulosa. A religiosidade de seus dias era um culto à fertilidade que promovia uniões sexuais entre os sacerdotes e as "virgens" do templo. Esta prática era contrária às leis de Deus assim como o era o casamento de Acabe com uma pagã (Dt 7.1-5).
Jezabel conseguiu que Acabe se casasse com ela diante de Baal (I Rs 16.31) e logo construísse um altar em Israel (I Rs 16.32).
O próximo passo foi exterminar o culto ao Senhor (I Rs 18.3-4) e sustentar os sacerdotes e profetas pagãos no palácio real (I Rs 18.19). Jezabel consegui até mesmo influenciar o reino de Judá, casando sua filha Atalia com Jeorão, rei de Judá, contaminando ambos os reinos com a idolatria fenícia (II Rs 8.17-18).
Jezabel levou o povo a adorar a Aserá (hr#) – também conhecida como Ishtar, Astarte, Astorete, Asterote, Asterath, Astorate e Baalat) era representada por uma árvore frondosa e pelo planeta vênus, sempre indicando fertilidade e era tida por esposa (em alguns casos, mãe) de Baal, por isso o culto de ambos caminhava junto em Israel. Por seu lascivo culto da fertilidade ser sempre feito à sombra de árvores Deus proibiu postes-ídolos e árvores próximas ao altar do Senhor (Dt 16.21-22).

Este culto tinha duas características básicas: a sexualidade e o sacrifício humano, especialmente crianças, através do fogo. Ofertas de produção, dinheiro e fornicação com as prostitutas cultuais eram consideradas formas de culto, e esta idolatria seria o motivo que acabaria levando Acabe à queda e morte em 853 a.C.

IMPIEDADE RELIGIOSA, IMPIEDADE SOCIAL

A impiedade religiosa reinante em Israel levaria, consequentemente, a atos de injustiça social. Quando Deus chama seu povo para um concerto espiritual (Is 1.16) ele, inevitavelmente, passa pelo conserto das relações sociais (Is 1.17).
Não podia ser diferente com esta dupla maléfica, Acabe e Jezabel. Quando Acabe se interessou por um terreno ao lado do seu palácio em Jezreel, pediu a Nabote que lhe vendesse a sua vinha (I Rs 21:1-2) – mas Nabote se recusou porque aquela era a única herança que cabia a sua família (I Rs 21.3) – as terras passavam de pai para filho e não podiam ser vendidas definitivamente, apenas o direito de posse podia ser dado e por, no máximo, 49 anos.
Desacostumado a ser contrariado, Acabe vai para seu palácio profundamente abatido, agindo como uma criança mimada (I Rs 21.4). Mesmo sendo um rei ímpio, Acabe conhecia as leis de seu povo e sabia que não podia obrigar Nabote a vender-lhe a propriedade.
Ao saber do ocorrido, Jezabel chama-o de fraco e afirma que resolveria a situação, conseguindo a vinha de Nabote (I Rs 21.7). Seu estratagema era muito simples: levantaria falso testemunho contra Nabote, ele seria morto e ela poderia, então, tranquilamente, tomar as terras para si. Jezabel cometeu três crimes de uma só vez: falsidade ideológica (I Rs 21.8), falso testemunho e incitação ao assassinato (I Rs 21.9-10).
Jezabel se apressou a incentivar Acabe a tomar a propriedade para si, antes que alguém a reclamasse – e evidentemente ninguém teria coragem de querer reclamar uma propriedade que estava sob o controle do rei (I Rs 21.16).

DEUS NÃO ESTÁ MORTO

Era chegada a hora do Senhor começar a julgar tamanha impiedade, e, por isso, envia Elias ao seu encontro – e o repreende duramente, anunciando sua condenação. Elias chama-o de assassino, ladrão e lhe diz que teria morte violenta, como foi a morte de Nabote (I Rs 21.19). Mas isto ainda não era suficiente. Haveria julgamento sobre a sua casa (I Rs 21.20-21) e também sobre a incentivadora de Acabe que era Jezabel (I Rs 21.25): para ela também haveria julgamento (I Rs 21.23-24).

O CUMPRIMENTO DO JULGAMENTO DEUS

Apesar da humilhação de Acabe (I Rs 21.27) Deus não mudaria a punição – apenas estabeleceu um prazo além dos dias de Acabe – ele não veria a morte de Jezabel nem de seus 70 filhos. Entretanto, 03 anos depois Acabe entra em guerra contra os sírios com a ajuda de Josafá – episódio em que chama seus muitos profetas para bajularem-no (I Rs 22.11-12), tenta "encomendar' uma profecia de um genuíno profeta do Senhor (I Rs 22.13) recebendo a mais célebre frase que deve ser guardado coração de um pregador (I Rs 22.14) sem se importar com as consequências (I Rs 22.26-28).

A MORTE DE ACABE

Desta batalha resultam a morte de Acabe (I Rs 22.37-38), e, também, mais tarde, sobre Jezabel e os filhos de Acabe.

O FIM DA CASA DE ACABE

Deus escolheu Jeú para exterminar a casa de Omri do trono. Quando Jorão vai a Jeú propor paz este responde que é impossível haver paz com uma família tão idólatra (II Rs 9.22) e o mata (II Rs 9.24) lançando seu corpo na antiga vinha de Nabote (II Rs 9. 25-26)

A MORTE DE JEZABEL

A sentença ainda não estava totalmente cumprida, mesmo após 14 anos da sentença feita por Elias. Faltava Jezabel que se encontrava no palácio e ainda tentou uma última cartada, talvez confiando em algum resquício de sua antiga beleza, maquiou-se e colocou-se à janela, tentando impressionar Jeú (II Rs 9.30). Jeú conclamou os insatisfeitos com Jezabel a se libertarem, e alguns eunucos a lançaram da janela e Jeú a atropelou (II Rs 9.32-33).
Num ato de consideração mais tarde Jeú manda enterrá-la, mas só encontram partes do seu corpo (II Rs 9.35 - Foram para a sepultar; porém não acharam dela senão a caveira, os pés e as palmas das mãos) porque os cachorros a haviam comido (II Rs 9.36) e seu corpo jamais seria sepultado, se tornaria em esterco de cachorro (II Rs 9.37).

UMA MORTE TERRÍVEL, MAS JUSTA

Assim termina a triste história de Jezabel e Acabe, e sua casa.
Este casal é um exemplo de homem insensato e de uma mulher ímpia. A morte de Jezabel não foi uma morte digna, como digna não foi a sua vida. Ele recebeu a punição por sua vida de crimes contra os homens e blasfêmias contra o Senhor Deus. Deus não deixou impune seu pecado, como, evidentemente, não deixará impunes nenhum pecado (Ec 12.13-14), e, para isso, ele não precisa ficar analisando a vida de ninguém. Ele tem a sentença pronta, diferente do que pensam os adventistas em seu juízo investigativo (Jó 34:23) e seu juízo é inexorável e inescapável (Jó 11:10).

Jezabel, a poderosa, tornou-se em esterco canino. Jezabel, a vaidosa, tornou-se em alimento de cães. Jezabel, a ímpia, não se arrependeu. Vaidade, futilidade, aparência exterior são as características desta mulher poderosa, decidida, mas, lamentavelmente, impenitente. Arrumou seus olhos e seu cabelo, mas não estava com a vida arrumada para encontrar-se com o criador. Ainda que bem sucedida por um longo tempo, o dia do julgamento chegou e sua impiedade foi a causa de sua ruína. Semeou na carne, colheu corrupção (Gl 6.7-8).

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

DEUS DE VIVOS E NÃO DE MORTOS

A PROPÓSITO DO DIA DE FINADOS
Recentemente vi alguns anúncios a respeito de preparativos de algumas cidades para o dia de finados. Limpeza de algumas ruas, cuidados como limpeza das ruelas dos cemitérios, restauração de jazigos, vendas de flores, ornamentos e velas.
De certa maneira sinto que, para muitos, é como se estivessem se desculpando por não terem dito a seus familiares e amigos o quanto eles eram importantes em vida - por outro lado, o desprezo permanece porque normalmente trata-se de uma visita em um ano inteiro.
A adoração aos mortos surgiu na antiguidade - e a forma como ela é feita agora, com peregrinações a lugares “santos” (lembre-se que cemitérios são conhecidos eufemisticamente como “campo santo”) foi desenvolvida entre os gregos e romanos em seus “lares” (palavra que designava um pequeno altar, local onde o morto era cultuado, não a casa inteira), passando para cultura ocidental através da igreja absorvida pelo império romano e depois se misturando com ele até que ela o absorveu sem os expurgos necessários. Entretanto, não é de mortos que pretendo falar, e isto por um motivo muito simples: nosso Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos (Lc 20:38).
Diferente do que temos visto nestas ocasiões “festivas”, nossa preocupação deve ser em favor dos mortos que andam próximos de nós - são mortos que andam, porque mortos em seus delitos e pecados. Mortos que não podem fazer nada, não podem sentir nada, não podem glorificar a Deus porque, embora ainda não enterrados, seu túmulo em vida lhes impede cantar louvores ao Senhor.
As Escrituras nos falam de uma multidão que não tem vida em si mesma, que não ama a vida, que não sabe sequer que exista vida além da mera existência biológica. A estes, a Escritura chama de criaturas de Deus, que andam em rebelião contra ele e que não querem ir a ele para terem vida.
Entretanto, alguns dentre esta multidão de criatura receberam o poder de serem feitos filhos de Deus, de crerem no Senhor e salvador Jesus Cristo e, assim, terem vida eterna e abundante. Sabem o que é estar vivos, terem vitória sobre a morte, saber que, mesmo que morram, viverão eternamente, possuidores de uma esperança que não se limita a esta vida, mas que entesoura nos céus para a vida eterna.
E estes, que tem vida, que receberam a nova vida em Cristo Jesus, são  por ele comissionados a saírem pelas ruas, pelas praças, pelas vielas e por todos os cantos anunciando a vida em Cristo, a vitória sobre a morte e a graça da vida eterna. Eles tem diante de si um campo vastíssimo, auditório sempre numeroso, assistência especializada do Espírito Santo e muitos cumprem o seu papel com impressionante obediência.
Ou será que impressionante não seria a desobediência? O comodismo? Como diz a letra de um cântico muito antigo: “muitos estão, por aí a sofrer, e eu aqui, sem nada fazer”... Quantos homens e mulheres, jovens e crianças, especialmente talentosos, capacitados por Deus com dádivas maravilhosas e simplesmente nada fazem, ou, na verdade, fazem pois acabam se tornando especialistas em ver o que não está sendo feito, em mostrar como não deveria ser feito, em sugerir como deve ser feito mas, mais que tudo, são especialmente capacitados na arte de nada fazer.

A antiga canção continua: “quero trabalhar, e contribuir, quero ser um vaso usado por ti, Oh! Pai, abre o meu coração”. Você quer trabalhar? Quer contribuir (e não estou falando de dinheiro, estou falando de contribuir com sua vida)? Quer ser um vaso usado por Deus para abençoar vidas? Cuidado para que sua vida não seja apenas aparente.

FAÇA DESTE BLOG SUA PÁGINA INICIAL