Certamente você já teve
de mudar de opinião alguma vez na vida. Isso é normal porque, à medida que
obtemos novas e maiores informações sobre alguma coisa somos levados a julgar
segundo o melhor critério disponível. Quero apresentar dois exemplos de
alimentos que são do conhecimento de todos aqui e que já foram, em algum
momento, alçados à condição de vilões e depois resgatados do abismo.
O primeiro deles é o ovo. Durante séculos o ovo
foi uma rica fonte de proteína para milhões de pessoas. O ovo fez parte da
dieta da humanidade, fez parte da dieta de nossos pais e avós, e fez parte, sem
problemas, da dieta de muito de nós como fonte de calorias barata e abundante.
Mas, de repente, o ovo foi ameaçado em seu posto, foi considerado um vilão para
o coração. O mundo inteiro passou a achar que o ovo fazia mal ao coração de
gerações que, curiosamente, não morriam de problemas cardíacos.
O segundo destes alimentos é o café. Estimulante,
cheiroso, gostoso. Também entrou na categoria de vilão, cancerígeno e causador
de problemas cardíacos, entre outros. Mais de uma vez foi resgatado,
defenestrado e resgatado novamente.
Não sei se a mais perfeita pesquisa da última
semana considera estes alimentos vilões ou bandidos – nem pretendo me dar ao
trabalho porque os cientistas, sempre cheios de saber, sempre inerrantes, logo
mudarão de opinião. Mas não é só a ciência que lida com este problema de ter
que mudar de ideia de tempos em tempos. A filosofia, a ética, a cultura. O
certo que era certo hoje é tido como errado [veja o exemplo de pais que ousam
disciplinar seus filhos] e o que era errado hoje é considerado certo, como o
homossexualismo ou o relacionamento sexual pré-conjugal [embora continue sendo
errado].
E os religiosos, são diferentes? Deixe-me citar
apenas um exemplo: há algum tempo atrás, quando um deputado “religioso”, tão
religioso que era membro de duas igrejas ao mesmo tempo, foi alçado à condição
de presidente da Câmara dos Deputados Federais recebeu rasgados elogios como
“homem de Deus” de um pseudopastor psicólogo que fala, fala, fala... De
repente... escândalos e mais escândalos... e o mesmo pseudopastor psicólogo
vendedor de bíblias de R$ 1.000,00 [isso mesmo, mil reais] se apressava em
dizer que nunca apoiou tal pessoa. E a rede não perdoa... logo surgiram
desmentidos...
Há igrejas que defendiam que os negros eram
descendentes de Caim, e, por isso, jamais entrariam na conta dos 144.000
eleitos e proibia o casamento de negros com não negros, mas logo que começaram
a crescer no sul dos Estados Unidos, entre os negros, trataram de mudar
rapidamente suas opiniões.
Como escapar deste mar de dúvidas – como ter, de
alguma forma, alguma certeza na vida? Como não ficar sendo, como folha ao
vento, levado de um lado para o outro? Como não ser como menino arrastado por
ventos de doutrina, não apenas diferentes doutrinas, mas doutrinas perniciosas
[Ef 4:14]?
A resposta está na Palavra reta, fiel, imutável –
a Palavra de Deus. Vamos considerar o que o Senhor nos diz através de sua
Palavra e porque ela é confiável mais do que qualquer estudo científico ou
opinião de especialista:
1
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de
Cristo Jesus, nossa esperança, 2 a Timóteo,
verdadeiro filho na fé, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de
Cristo Jesus, nosso Senhor.
3 Quando eu
estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso
para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina, 4 nem se ocupem
com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o
serviço de Deus, na fé.
5 Ora, o
intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de
consciência boa, e de fé sem hipocrisia.
6
Desviando-se algumas pessoas destas coisas, perderam-se em loquacidade frívola,
7 pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia,
nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações.
8 Sabemos,
porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, 9 tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para
transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos,
parricidas e matricidas, homicidas, 10 impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para
tudo quanto se opõe à sã doutrina, 11 segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui
encarregado.
12
Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me
considerou fiel, designando-me para o ministério, 13
a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive
misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. 14 Transbordou,
porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus.
15
Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para
salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 16
Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o
principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse
eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.
17 Assim, ao Rei
eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos
séculos. Amém! 18 Este é o
dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as profecias de que
antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate, 19 mantendo fé e
boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a
naufragar na fé.
20 E dentre
esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem
castigados, a fim de não mais blasfemarem.
I
Tm 1.1-20
1 Paulo,
apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo
Jesus, nossa esperança, 2
a Timóteo, verdadeiro filho na fé, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus
Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.
3 Quando eu
estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso
para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina, 4 nem se ocupem com fábulas
e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o serviço de
Deus, na fé.
5 Ora, o intuito
da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de
consciência boa, e de fé sem hipocrisia.
I
Tm 1.1-5
É virtualmente impossível confiar em alguém que
não mantém um mínimo de coerência em suas decisões. Ninguém confiaria em uma
empesa de transporte que tivesse apenas local de saída e não de chegada, isto
é, cujo destino da viagem dependesse do humor, da vontade do motorista. Imagine
que confuso seria tomar um ônibus com o propósito de ir para um determinado
local mas sem a certeza de que o motorista o conduziria até lá, podendo ir para
qualquer outro ao seu bel prazer... certamente você evitaria uma empresa assim.
Imagine você ter que fazer uma viagem que nunca
fez confiado em um mapa feito aleatoriamente por alguém que nunca fez a viagem.
De vez em quando temos este problema ao dirigir nos grandes centros,
especialmente Goiânia, onde as ruas mudam de direção de fluxo constantemente.
Volta e meia encontramos um meio fio ou uma contramão onde antes havia um
retorno. E, no caso específico de Goiânia, não adianta você atualizar o iGo todo ano – o DMTU é mais rápido em
criar obstáculos e complicações para os motoristas.
Queremos direcionamento em nossas viagens,
queremos direcionamento em nossos estudos, queremos ter uma direção segura em
todas as áreas da nossa vida. Há quem queira fazer tal direcionamento até mesmo
em suas escolhas sentimentais – fazem uma verdadeira “lista de compras” antes
de saber se um[a] eventual pretendente pode se tornar algo mais do que isso.
Mas há uma area na nossa vida na qual o direcionamento correto é fundamental e
essencial – dela não se pode abrir mão porquê de nada adianta ir bem em todas
as outras áreas e fracassar nela: estou falando da sua espiritualidade [Lc 9:25].
Para que não andássemos às cegas, tateando [At 17:27]
e impedidos de conhecer o que é certo por causa da inutilidade de nossos
próprios pensamentos [Ef 4:17] o Senhor nos deu
sua Palavra para funcionar como lâmpada que clareia onde pomos os pés, e
ilumina o caminho para que não nos desviemos dele [Sl 119:105]. Porque podemos confiar nesta Palavra?
1 Paulo,
apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo
Jesus, nossa esperança, 2
a Timóteo, verdadeiro filho na fé, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus
Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.
À pergunta: “De onde vem a bíblia”, respondida por
muitos incrédulos com a acusação de ser ela o “papel que tudo aceita”
perguntamos: pode um livro, escrito por mais de 40 autores, durante mais de 16
séculos, em culturas e situações bastante diversas, ser uniforme em seu
conteúdo, totalmente preservado de erros e que, quando há algum problema
textual este está mais relacionado à transmissão do que ao conteúdo? Apesar de
inúmeros ataques à confiabilidade das Escrituras ela permanece de pé pois esta
foi a promessa do seu autor [Lc 21:33passarão] pois nada que
nela está registrado é expressão da vontade de homens [II Pe 1:21], mas foi determinado que fosse escrito para nossa
instrução [Rm 15:4].
O autor desta carta, outrora conhecido como Saulo
de Tarso, agora simplesmente Paulo, o apóstolo, afirma que o que temos em mãos
foi produzido pela vontade de Deus.
Paulo escreveu a Timóteo, a quem chama de seu
filho na fé, nos últimos meses de seu apostolado. Ele encontrava-se na
Macedônia, provavelmente entre o primeiro e o segundo encarceramento em Roma [At 28.16-31]. Neste periodo ele e
Timóteo se depararam com problemas doutrinários em Éfeso, e o mestre deixou seu
pupilo ali com o propósito de corrigir as distorções que poderiam ameaçar a
saúde espiritual da Igreja, como, aliás, ele havia advertido os presbíteros
locais quando se reuniu com eles no porto de Mileto [At 20.17-31].
Mas o que isso tem a ver com a origem divina das
Escrituras? O que isso prova sobre a origem sobrenatural das Escrituras? Tudo
está relacionado com a origem do chamado de Paulo e sua identidade. Não foi por
vontade pessoal, por voluntariado, que Paulo se fez apóstolo. Ele não podia ser contado entre os muitos que a si
mesmo se declaram apóstolos mas não passam de mentirosos [Ap 2:2].
Seu apostolado lhe foi concedido pela vontade de
Deus e não era uma busca por riqueza ou reconhecimento, pelo contrário, foi,
desde o começo, um envio para sofrer por amor do nome de Cristo [At 9:16].
Paulo foi chamado por Cristo, foi separado e
enviado pelo Espírito de Cristo [At 13:2-4] e
comissionado para anunciar o evangelho aos gentios [At 9.1-20] e colhia os frutos por causa da atuação do Espírito.
Tanto Paulo quanto o destinatário da carta,
Timóteo, eram expressão da graça de Deus. Timóteo não era filho segundo a
carne, não fora chamado à comunhão por força de argumentos humanos [I Co 1:17] mas filho na fé e, juntos, usufruíam da
graça de Deus, foram libertos do império das trevas [Cl 1:13] pela misericórdia de Deus e podiam usufruir
de paz com Deus porque Ele próprio lhes concedeu da sua paz [Ef 2:14] por intermédio de Cristo [Cl 1:20].
Outro dos “filhos espirituais” de Paulo, Tito,
também puderam compartilhar deste testemunho quanto à origem divina das
Escrituras [Tt 1:3-4]. Paulo tinha convicção
– e não apenas estava disposto a morrer, como efetivamente morreu, por causa
desta certeza: seu evangelho era de Cristo e ele não podia fazer outra coisa
senão anuncia-lo [I Co 9:16].
3 Quando eu
estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso
para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina, 4 nem se ocupem com fábulas
e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o serviço de
Deus, na fé.
Porque eu e você podemos confiar na bíblia? Porque
nós podemos confiar nela e chama-la de Palavra de Deus? Paulo afirma em várias
de suas cartas que seu apostolado é de origem divina – assim como o apostolado
de pedro, de João, de Mateus e dos demais apóstolos, pois todos foram chamados
e designados para o apostolado [Ef 4:11], embora cada um a seu tempo e
por modos diferentes [I Co 15:8tempo].
Paulo compreendia que seu apostolado tinha algumas
características bastante específicas [At
9:15] embora não exclusivas uma vez que aos demais apóstolos também
foi confiada a pregação do evangelho a todas as nações [Lc 24:45-48] expresso de maneira indubitável quando lhes
ordenou que pregassem a todas as nações [Mt
28:19].
É no cumprimento desta missão que ele faz as suas
famosas viagens missionárias [ver o percurso de cada uma delas e inserir aqui].
Ao fim da terceira viagem ele sabe que Deus usaria de uma nova estratégia para
levar o evangelho ao centro do mundo político-econômico do séc. I: Roma – e o
próprio império romano, sem saber, financiaria a sua viagem e lhe proveria a
segurança necessária contra inimigos que juraram matá-lo conspirando junto com
os líderes religiosos do Sinédrio [At
23:12-14],
perigo que ele tinha plena consciência que corria [II Co 11:26].
Depois da prisão, aparentemente Paulo fez mais uma
viagem [no que aparentemente foi acompanhado por Timóteo e Tito, deixando o
primeiro em Éfeso [de modo que esta e II Tm formam um grupo de 4 cartas
reveladoras do interesse de Paulo por uma mesma Igreja] e Tito em Creta, com o
mesmo objetivo: fortalecer e organizar as Igrejas, mas com estratégias
diferentes. Em Creta, embora o perigo dos falsos mestres já se manifestasse, o
objetivo precípuo era doutrinar a Igreja e formar uma liderança capaz de
conduzir o povo no correto ensino. Já em Éfeso o problema parece semelhante ao
que ameaçava a Igreja colossenses: a busca de um conhecimento esotérico [Cl 2:8]
e alguma forma de interesse cúltico em entidades espirituais [Cl 2:18] que era sinal de um caminho de abandono de Cristo
[Cl 2:19].
A influência dos cultos pagãos também estava se
fazendo sentir na Igreja – e Timóteo precisava coibir os mestres de falsidade que,
copiando a idéia pagã de que famílias e cidades eram descendentes dos próprios
deuses criaram históricas míticas apoiadas nas genealogias do Antigo
Testamento, enredando a Igreja em disputas e controvérsias de modo que a Igreja
já não se dedicava ao estudo da verdade e ia sendo desviada do que realmente
importava: Jesus Cristo, o cabeça da Igreja, seu salvador.
Para deter a influência dos ensinadores de
mentiras e o ensino pagão que tentava penetrar [ou já havia penetrado] na
Igreja Paulo recomenda apenas um antídoto – a admoestação aos mestres da
mentira de que a única coisa que deveria ser ensinada na Igreja era a
verdadeira doutrina. Não havia espaço, na Igreja, para outra doutrina, por mais
evoluída e racional que parecesse. A verdadeira doutrina promove união e
serviço a Deus pela fé. As falsas doutrinas são fúteis, inúteis e ineficazes,
mas, ao mesmo tempo, dividem a Igreja e tiram o seu vigor para, pela fé, servir
a Deus. Paulo confiava no poder da Palavra da verdade contra o erro, nós
confiamos no poder da Palavra da verdade contra todas as falsas doutrinas que
os homens conseguem inventar, por mais bem elaboradas ou esdrúxulas que possam
parecer.
5 Ora, o intuito
da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de
consciência boa, e de fé sem hipocrisia.
Aparentemente a carta, embora endereçada a
Timóteo, não era uma carta “para Timóteo” no mesmo sentido que enviamos uma
correspondência hoje, como um e-mail ou uma mensagem no WhatsApp para alguém.
Era uma carta para a Igreja de Éfeso, pra ser conhecida de toda a Igreja pois,
após a identificação do autor e a saudação, bem como do estabelecimento do
propósito [calar os mestres de falsidade] Paulo afirma que aquela carta era uma
admoestação – e certamente ele não estava admoestando a Timóteo pois ele
conhecia a fé que havia no coração de seu filho [II Tm 1:5].
Timóteo foi designado para resolver o problema,
não era ele o problema. Certamente Paulo já havia dito a Timóteo como trabalhar
para resolver aqueles problemas: manejando bem a Palavra da verdade [II Tm 2:15]. Era com esta poderosa arma do Espírito que Timóteo deveria
contar, era com ela nas mãos que ele deveria lutar [II Co 10:4-5] e era com esta ferramenta que Timóteo deveria fazer calar os falsos
mestres como Paulo diz a Tito em carta da mesma época e com propósito parecido
[Tt 1:11].
Aparentemente todos os três propósitos imediatos e
urgentes mencionados por Paulo tinham mais a ver com Deus do que com os homens,
a correção inicial era para o relacionamento vertical, homem-Deus, e, corrigido
este problema, os demais relacionamentos horizontais [entre os homens e com o
restante da criação] também seriam encaminhados para uma solução.
Com a Palavra nas mãos Timóteo deveria conduzir a
Igreja a amar, não de maneira torpe ou gananciosa como estava acontecendo com
alguns, mas a amar verdadeiramente, de coração puro. Não há dúvidas sobre que
tipo de amor era e é esperado dos crentes: um amor sem hipocrisia [Rm 12:9] e intenso, total, íntegro [Mc 12:33]. Este amor só é possível
porque Deus amou a Igreja antes de a Igreja ser formada e poder amá-lo [I Jo 4:19].
Com a Palavra nas mãos Timóteo deveria conduzir a
Igreja a uma boa consciência, isto é, uma consciência tranquila de servir ao
Senhor com integridade [At 24:16] embora sabendo que, por mais reto que seja o proceder, por mais
tranquila que esteja a consciência ainda há que se submeter ao julgamento de
Deus [I Co 4:4] que conhece até mesmo aquilo que nós não conhecemos de nós
mesmos [Sl 19:12]. Como ter,
então, uma boa consciência? Confiando na justiça de Cristo e com confissão
constante de pecados [I Jo 1:9] e, assim, poder viver tranquilamente diante
de Deus e da criação [Tt 1:15].
Com a Palavra nas mãos Timóteo deveria conduzir a
Igreja a uma fé sem hipocrisia. Até parece um contrassenso falar de fé com
hipocrisia, porque fé significa considerar Cristo como Senhor, e ter sua
vontade como normativa, obedecendo-lhe em tudo por amor [Jo 14:15, 21]. Entendemos que
Paulo está se referindo à profissão de fé, isto é, a falar que crê mas, de fato
e de verdade, apenas ter aderido a uma forma de religião – até que venha a
inevitável pressão do mundo e seus cuidados [Mc 4.3-20] e, finalmente, haja o abandono da comunidade porque, na
verdade, os tais nunca foram crentes de fato – eram, apenas, membros de Igreja,
simpatizantes do ambiente e da doutrina e que nela permanecem apenas quando tem
algum interesse pessoal satisfeito ou, também, quando percebem que seus
interesses não serão satisfeitos ali [I
Jo 2:19].
Estes resultados só podem ser obtidos pela Palavra
– e é com esta ferramenta que Paulo e Timóteo trabalhavam porque sabiam ser ela
de origem divina e capaz de alcançar os mais nobres resultados.
Nenhum de nós se
satisfaz com meras probabilidades. Ninguém marca a data de um casamento quando
a noiva responde com um “talvez” ao pedido de casamento. Ninguém sensato começa
a fazer gastos à partir da possibilidade de ganhar na mega sena [e existe esta
possibilidade, desde que se faça uma aposta mínima de 6 números é 1 em
50.000.000. Se o apostador tiver uns R$ 12.000,00 para apostar 15 números suas
chances sobem para 1 em 10.000]. Talvez um insensato comprasse um carro, uma
casa e uma fazenda contando com o prêmio. Mas você venderia uma fazenda nestas
condições: “Te pago quando ganhar na loteria”?
Você investiria todos
os seus recursos na compra de um mapa de um tesouro escondido se o vendedor lhe
dissesse que o mapa talvez seja verdadeiro e que, mesmo que o mapa seja
verdadeiro, talvez o tesouro exista? Agora, me deixe te fazer uma pergunta:
você arriscaria o que você tem de mais importante, de mais valioso, isto é, o
destino de sua alma por toda a eternidade? Você acreditaria em mim, e mudaria
sua vida baseado no que eu lhe dissesse se eu começasse assim: “Eu não tenho
certeza do que vou lhe dizer, não posso te dar certeza de que Deus existe e que
este livro que vou ler é mesmo verdadeiro ou de origem divina, mas eu quero que
você se comprometa, que mude sua vida, que invista seus recursos e tempo, e que
se torne alguém sem certezas como eu”.
Mas não é assim – eu estou
afirmando que Deus não apenas existe, mas se comunica, se revela através da
Palavra fiel e, uma vez que ele tomou a inciativa de se revelar, você não pode
mais dizer: “eu não sabia” [Rm 1:20]. E o que isto tem a ver com a sua vida? Esta mesma
Palavra fala que ela é digna de aceitação – e sua mensagem fundamental é que
Cristo veio ao mundo para salvar pecadores. E você ainda pode perguntar: o que
eu tenho a ver com isso? Nada, além do fato de que és pecador [Ec 7:20].
Este livro fala do Deus
que estabeleceu leis e vê suas criaturas desobedecendo-as constante e
sistematicamente. Este livro fala do Deus justo que não pode deixar de
disciplinar suas criaturas – e a recompensa pela desobediência, pelo pecado, já
está anunciada [Rm 6:23]. Este livro fala do Deus amoroso que resolveu pagar
um preço para resgatar pecadores da condenação a que merecem [Mc 10:45]. Para concluir, este livro fala do Deus que dá a salvação, a vida
eterna, de maneira gratuita estabelecendo uma única exigência: que creiam em
seu Filho, Jesus Cristo [Jo 3:36].
Se você não crê, posso afirmar que isso não muda nada em sua vida. Só vai haver
mudança verdadeira em seu estado espiritual, no destino de sua alma e no seu
estilo de vida se você crer – e obedecer [II
Co 5:7].
Creia para receber a vida
eterna. Viva, para dar testemunho daquele em quem você crê. Quero concluir com
uma exortação da Palavra de Deus para aqueles que creem, que foram tornados
povo de Deus [I Pe 2:10] zelosos de boas
obras por causa da salvação que receberam:
15 ...antes,
santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados
para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, 16 fazendo-o,
todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que
falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom
procedimento em Cristo.
I Pe 3.15-16