segunda-feira, 17 de outubro de 2016

FIDES REFORMATA - A FÉ REFORMADA PELA PALAVRA


Um dos lemas que marcaram a Igreja reformada foi "Fides Reformata, Ecclesia Reformanda". Ao cunharem esta expressão em latim [era a língua literária universal do sec. XVI] eles queriam, de maneira sucinta e direta,  dizer duas coisas extremamente importantes para a profissão da sua fé em contraponto a Igreja católico-romana.

Em primeiro lugar, a expressão fides reformata traduzia o pensamento de todos os reformadores: a fé cristã precisava de uma reforma urgente, voltando aos seus fundamentos. Não propunham uma mudança pelo simples fato de acharem que seria bom mudar porque isso seria, simplesmente, trabalhoso e inútil - propunham uma mudança de um lugar errado, a idolatria institucionalizada, para a rocha perene, a Palavra de Deus [Mt 7.24].

Os reformadores julgavam necessário que a Igreja se despojasse de todos os acréscimos que havia recebido ao longo um processo de paganização que durara mais de um milênio  e retornasse à simplicidade do evangelho [por isso a expressão sola scriptura acrescida do complemento posterior tota scriptura].

Fides reformata, significa, então, o abandono do paganismo e da idolatria institucionalizada e o retorno aos padrões escriturísticos, onde toda afirmação tem que ser provada pelas Escrituras ou então ser rejeitada como indigna de credo. Isto explica a frase de Lutero em Worms, afirmando que se não fosse convencido pelas Escrituras e pela lógica de algum erro, era-lhe impossível ir contra a sua consciência.

Há alguns anos houve uma tentativa de, mediante um jogo de palavras, fazer que a Igreja assumisse como lema "fides reformanda" e não "reformata", curiosamente esta proposta foi feita utilizando-se a revista de teologia da nossa Igreja, Fides Reformata. Sua defesa era de que a fé precisa ser revista de acordo com os tempos no qual a Igreja está inserida, como se o ensino das Escrituras precisasse ser adaptado ao presente século. Entretanto, continuamos com o termo reformata porque cremos que, embora a maneira de viver em cada era possa ser revista para se adequar à cultura, entretanto, os princípios das Escrituras devem prevalecer sobre os costumes locais.

Exemplificando hipoteticamente: em uma sociedade que proibisse os homens de usar as cores verde, vermelho e amarelo, reservando-a para uso exclusivo das mulheres, nenhum cristão ousaria usar uma camiseta arco-íris. Em países onde o uso da cruz é tido como ofensivo as casas onde os crentes se reúnem trazem relevos de ramos de trigo ou uvas para que os cristãos identifiquem o seu lugar de culto.

Mas nenhuma doutrina fundamental deve ser comprometida. Mesmo onde se crê que Jesus Cristo é apenas um dos muitos profetas antigos, no caso do islamismo, os cristãos continuam anunciando a Cristo como o Filho de Deus, o único salvador dos crentes [At 4.12].

Em culturas onde Maria é colocada como co-redentora e mediadora os cristãos continuam anunciando Cristo como único redentor e mediador [I Tm 2.5].

Em culturas onde o secularismo afirma ousadamente que Deus está morto os cristãos continuam proclamando: Ele ressurgiu dos mortos e vivo está.

Em culturas que se prostram diante de pedaços de paus, ou de metais e pedras [sejam preciosos ou não], ou até de animais o cristão verdadeiro continua lembrando que o Senhor abomina tal prática [Ex 20.4] e que é grande tolice a confecção de imagens para adoração [Is 41.6-7] e não leva a nada [Os 4.12].

Os tempos podem até mudar - mas a fé genuína é perene [Jd 1.3]. 

Continua...

2 comentários:

Dr. Iron Gonçalves Pereira Hn.D disse...

Rev. Marthon, excelente artigo! Grato por compartilhar conosco um pouco de sua sabedoria!!!

Dr. Iron Gonçalves Pereira Hn.D disse...

Rev. Marthon, excelente artigo! Grato por compartilhar conosco um pouco de sua sabedoria!!!

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