segunda-feira, 6 de novembro de 2017

COMO CONHECER A SI MESMO: OUVINDO O QUE DEUS TEM A DIZER SOBRE VOCÊ - I Ts 5.4-11

COMO CONHECER A SI MESMO: OUVINDO O QUE DEUS TEM A DIZER SOBRE VOCÊ
4 Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa;
5 porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas.
6 Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios.
7 Ora, os que dormem dormem de noite, e os que se embriagam é de noite que se embriagam.
8 Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação;
9 porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo,
10 que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele.
11 Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.
1Ts 5.4-11
INTRODUÇÃO
Creio que muitos aqui presentes assistiram algum dos filmes da série Bourne. Ela começa com a história de um homem que, Jason Bourne, que não sabia quem ele era. Dotado de capacidades militares, armamentista, raciocínio e espionagem extraordinárias, ele só sabia que sabia, mas não sabia como sabia e muito menos sabia quem ele era.
Mesmo quando descobre documentos pessoais isso só complica a sua vida porque no cofre de um banco estava uma série de documentos que lhe pertenciam: de diversas nacionalidades, com nomes diferentes.
Quem ele era? Bandido ou mocinho? Perseguido por bandidos, perseguido por agencias de espionagem de vários países. À medida que a historia avança vamos observando que ele era um personagem que fazia o que era necessário para atingir um bem específico: a sua própria sobrevivência.
E assim, até mesmo aqueles que deveriam ser os guardiões da justiça são vistos como casuístas, fazendo o mal que acharem necessário para atingirem o que consideram o bem - mesmo que os espectadores, torcendo pelo herói desmemoriado, achem que eles estão errados. Isto é uma característica do nossos tempo: o bem e o mal são apenas conceitos relativos, dependendo de quem faz e de qual o objetivo que se almeja alcançar.
Mas, aos olhos de Deus, não existe isto de mau que é bonzinho, ou de bonzinho que faz o mal para atingir um objetivo melhor. Vamos ver como a bíblia trata deste assunto na carta que Paulo escreve aos tessalonicenses.
AUTOCONHECIMENTO REVELADO POR DEUS
Durante muito tempo as coisas eram, ou ao menos pareciam ser, um pouco mais claras. Dizia-se que polícia era polícia e bandido era bandido. E essa filosofia permeava até mesmo a bandidagem. Era a visão expressa no filme “O bandido da luz Vermelha”. Nos filmes o bandido era mau, e o mocinho era bom. Não havia nuances, não havia meio termo, não havia zona cinzenta. Até quando fazia alguma coisa “boa” era só um disfarce.
Mas talvez você se lembre de um desenho relativamente antigo, “Os Apuros de Penélope Pitstop”, no Brasil conhecida como Penélope Charmosa. Ele começa a marcar uma nova característica destes novos tempos: os bandidos bonzinhos, que salvam a mocinha Penélope do vigarista Silvester Soluço, tutor de Penélope que queria matá-la para ficar com a fortuna da qual ela era herdeira, e para isso se disfarçava como o bandido Tião Gavião.
Atualmente tudo é uma questão de olhar - ou de quem mostra. Polícia bandida não é mais uma contradição de termos. Bandido bonzinho e patrono da comunidade, opressor visto como benemérito, temido e adorado ao mesmo tempo, numa moderna concepção de Robin Hood, como eu ouvi certa vez uma pessoa falando de um senador cassado no início do séc. XXI: “É ladrão, mas rouba para nosso estado, é dos nossos”. Hoje o senador é deputado e seu filho é ministro - e ambos estão envolvidos nos escândalos investigados pela operação Lava Jato.
Quer mais uma prova de que nada é mais o que deveria ser? Alguns dias atrás eu tomei conhecimento de um flamenguista que é sócio, com direito a voto, um dos 300 eleitores que definem o presidente daqueles que se consideram os maiores rivais do Flamengo - o Vasco da Gama. Para tornar a coisa ainda mais inacreditável o flamenguista estava sendo defendendo por ninguém menos que pelo polêmico presidente Eurico Miranda, aquele para quem ganhar do Flamengo é mais importante até mesmo do que permanecer na principal divisão do campeonato brasileiro ou ser campeão.
A religiosidade dos dias do apóstolo Paulo apresentava um quadro também pouco definido. Podia-se crer em Júpiter e ao mesmo tempo em Mitra. Podia-se adorar a uma multidão de deuses e ainda assim adorar ao homem, no caso, o imperador. Podia-se afirmar filho de uma divindade qualquer e ao mesmo tempo advogar o agnosticismo ou o ateísmo. Tempos esquisitos nos quais até mesmo o tempo, “Cronos”, podia ser morto por seus filhos e mesmo assim continuar existindo e a consumir seus filhos que eram imortais mais podiam morrer.
Neste quadro o cristianismo aparece para dividir tudo em certo e errado, entre céu e inferno, entre mundano e celeste, entre carnal e espiritual, entre efêmero e eterno. E justamente sobre esta dualidade que Paulo se manifesta nesta passagem.
Paulo não tinha crise de identidade, embora vivendo espiritualmente na carne, embora santificado e chamado para ser santo enquanto travava uma luta ferrenha, esmurrando o próprio corpo para vencer o pecado com a ajuda do Espírito de Cristo. Para a bíblia só existem os filhos de Deus e os filhos do diabo, os filhos da luz e os filhos das trevas.
IDENTIFICANDO SUA FILIAÇÃO
4 Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa; 5 porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas.
1Ts 5.4-5
Enquanto afirma que o dia do Senhor virá, de maneira repentina mas não surpreendente para os cristãos, será, entretanto, um evento inevitável e terrível para os incrédulos (I Ts 5:3). Seja como for, Paulo chama os irmãos para refletirem sobre a sua nova natureza; Paulo afirma que os cristãos não estão em trevas, eles não podem ser encontrados desapercebidos (Rm 13:11) porque não são filhos das trevas, o que significa que não vivem praticando as obras das trevas.
O cristão é um discipulo de Cristo, um discipulo obediente que faz o que seu mestre e Senhor manda (Jo 15:14), que tem em si a nova vida, o privilégio de estar em Cristo (II Co 5:17) e poder viver nele, que é a luz do mundo, sendo, ele próprio, um reflexo desta luz como cidade edificada sobre o monte e que pode ser vista à distância (Mt 5:14).
Os filhos da luz, filhos do dia, são diferentes, não são das trevas, não são da noite, não escondem o que fazem porque o que fazem é para ser visto (I Pe 2:12), como embaixadores, como arautos, fazendo tudo para glorificar publicamente ao Senhor Jesus mesmo que isto implique em negar publicamente a si mesmo e, mais ainda, confessar-se publicamente um pecador.
Os filhos da luz não apenas tem uma nova natureza mas fazem questão de serem encontrados fazendo a obra do seu mestre, glorificando ao seu Senhor em todos os seus caminhos.
Pergunte-se a si mesmo se esta é a descrição de você mesmo, se esta é a sua carteira de identidade espiritual.
IDENTIFICANDO SUA CIDADANIA
6 Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios.
7 Ora, os que dormem dormem de noite, e os que se embriagam é de noite que se embriagam.
1Ts 5.6-7
Você já sabe que só existem dois tipos de filiação e que não há zonas cinzentas. Ou você é um filho da luz ou é um filho das trevas, ou você pertence a Jesus ou pertence ao diabo, ou você o ama ou o desobedece, aborrecendo-se e não fazendo a sua vontade (Mt 6:24).
Para Jesus, ou você é por ele ou é contra ele (Lc 11:23). Não há meio termo, não há muro, não há alternativa intermediária.
Agora que você já foi lembrado disso, pergunte se o seu modo de viver é o que Ele espera de você. O cristão é chamado para ser um praticante das obras que se devem fazer durante o dia e à vista de todos. Os cristãos são chamados para ser, para fazer, para cumprir uma missão.
Não há meio termo, não dá para simplesmente não trabalhar enquanto é dia (Jo 9:4). Não trabalhar é negligência, é desobediência, é pecado.
O “dia” não foi feito para dormir. O dia foi feito para trabalhar. Quem dorme de dia, na metáfora de Paulo (obviamente Paulo sabia que havia pessoas que realmente trabalhavam de noite, mas ele está utilizando-se de uma metáfora) é porque tem feito algo à noite, tem algo para fazer nas sombras, algo que quer fazer sem que os outros vejam mas que jamais escapará aos olhos daquele diante de quem a luz e as trevas são a mesma coisa (Sl 139:12).
Paulo afirma que as obras da carne são o equivalente do que ele chama de obras feitas nas trevas. Para o cristão ainda é dia, ainda é tempo de trabalhar - até que chegue o momento de dormir no Senhor e aguardar o novo e glorioso dia. Até que chegue o momento do descanso o cristão deve estar sóbrio e vigilante (I Pe 1:13), revestido das três coisas que caracterizam o cristão e caracterizam a vida dos cristãos tessalonicenses, sempre a mesma tríade: a fé como uma couraça protetora, o amor como um capacete e a esperança firme e inabalável na salvação por meio de Jesus Cristo.
DESCOBRINDO SEU DESTINO
8 Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação; 9 porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo, 10 que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele.
11 Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.
1Ts 5.8-11
A primeira questão que levantamos com base neste texto foi: de quem você é filho? E chegamos à conclusão que só podem existir duas filiações: da luz ou das trevas, de Deus ou do diabo. A segunda pergunta foi: Como você vive? Como filho da luz praticando as obras da luz à vista de todos como Jesus fazia ou como um filho das trevas, como fizeram ilegalmente os religiosos que condenaram o Senhor Jesus Cristo. Com base nisto, chegamos à nossa terceira e igualmente importante pergunta: qual o seu destino? Não apenas para onde você vai ao sair daqui, ou amanhã, ou o ano que vem, mas principalmente qual o seu destino eterno?
Eu quero lhe apresentar o melhor destino possível: a salvação mediante Jesus Cristo (Jo 5:24). Para os filhos da luz a promessa daquele que não mente e também não pode deixar de cumprir as promessas que faz é que os filhos da luz herdarão a vida eterna, entrarão na posse do reino que o Senhor lhes destinou desde antes da fundação do mundo (Mt 25:34).
Para os filhos da luz, que não dormem de dia, isto é, que sabem o bem que devem fazer e fazem, não pecando por omissão, não retraindo a mão na hora de fazer o bem, praticando as obras da luz, em pleno dia para que os demais homens vejam as suas obras e glorifiquem o Senhor no dia da visitação a promessa de Deus é nada menos que a vida eterna em Cristo Jesus (Jo 10:28).
Esta certeza impacta a vida, na prática, no dia-a-dia, de todos aqueles que creem porque receberam a garantia da vida eterna daquele que morreu por eles e é o que garante a ressurreição e a vida eterna de todos aqueles que nele crerem. Para o crente viver significa servir ao Senhor Jesus como embaixador da luz em meio às trevas (Ef 6:20) e morrer significa ouvir o chamado do Senhor para entrar na posse do seu reino eterno, significa receber o galardão da fidelidade porque viveu unido a Ele, como ramos ligados à videira (Jo 15:5) e produzindo frutos permanentes e abundantemente (Jo 15:8).
Eu poderia dizer-te que não ser filho da luz, de uma maneira eufemística, ou ser filho das trevas, de uma maneira mais clara e direta, é ficar sem a salvação, sem a presença benfazeja e eterna do Senhor Jesus. E isto já seria algo muito ruim. Mas, ainda seria bom demais para o ímpio, para o pecador. Mais que ficar sem a graça de Deus ser filho das trevas e viver na prática das obras infrutíferas das trevas equivale a ser filho ou herdeiro da ira de Deus, significa ser lançado eternamente em lugar de tormento constante e inextinguível, sofrendo a ira do Cordeiro (Ap 6:16).
CONCLUSÃO
Eu quero que você saiba, que você guarde em seu coração, em sua mente, estas três verdades: A primeira é que ou você é um filho da luz ou um filho das trevas; A segunda é que você vive de acordo com a sua natureza, fazendo as obras da luz ou as das trevas; A terceira é que cada um receberá, no dia do juízo, o destino correspondente à sua natureza.
Estas são verdades inquestionáveis, cristalinas, facilmente perceptíveis nas páginas das Escrituras. Quero caminhar um pouco mais e lhe dizer que o único jeito de receber a salvação é crendo no Senhor Jesus Cristo como o seu salvador pessoal, reconhecendo-o como Filho de Deus e confessando-o publicamente como seu Senhor (Rm 10:10).
Preciso te dizer mais. Confessar Jesus publicamente é mais do que usar os lábios ou usar uma camiseta ou até mesmo ter o seu nome escrito em alguma lista de membros de alguma Igreja, por mais tradicional e fiel que ela seja, inclusive a Igreja Presbiteriana. Confessar a Jesus como Senhor é abandonando e reprovando as obras da carne (Ef 5:11), tais como Paulo as menciona.
É deixar de roubar e trabalhar e ajudar o necessitado para que ele também não venha a roubar (Ef 4:28). É não dar falso testemunho ou falar falsamente (Cl 3:9), falando a verdade em amor mesmo que isto lhe traga prejuízos imediatos mas alcança a aprovação e recompensa celeste; é não usar a língua para maldizer e usá-la apenas para edificação (Tg 3:9-10). Enfim, é ter a sua vida mudada à partir de uma mudança em sua natureza.
Me permita lhe dizer mais uma coisa essencial: não é possível fazer isto que acabamos de mencionar e agradar a Deus sem fé (Hb 11:6), sem ter sido tornado um Filho de Deus, sem ser feito filho da luz, porque somente os filhos da luz desejarão fazer estas coisas para glorificar ao seu Deus. Somente um filho da luz confessa publicamente que era um feiticeiro, um ladrão, um assassino quando fazer isto não lhe traz nenhum beneficio imediato (diferente do que temos visto com os delatores, que só confessam e acusam seus parceiros de crime porque querem auferir benefícios).
Somente um filho da luz é capaz de acusar a si mesmo considerando-se um miserável pecador (Rm 7:24) e pedir a Deus que ele próprio venha a ser diminuído para que o nome do Senhor seja engrandecido (Jo 3:30).
Se em sua carteira de identidade, ao lado do nome do seu pai e de sua mãe houvesse mais um espaço para colocar sua filiação espiritual, o que estaria escrito? Não é o que você gostaria que estivesse escrito, mas o que realmente estaria escrito agora? Se ao lado do local de nascimento, de sua naturalidade, também houvesse um espaço para colocar seu destino eterno, o que estaria escrito?
Como fazer para mudar, como fazer para mudar de filho das trevas para filho da luz? Como fazer para mudar o destino, de condenado ao inferno sob a ira de Deus a ser tornado filho da luz, filho de Deus e destinado a assentar-se nos lugares celestiais com Cristo Jesus? Simples, e ao mesmo tempo maravilhoso e impossível aos homens: ser chamado por Deus através da pregação de sua Palavra e ação do seu Espírito arrepender-se de seus pecados, converter-se a Deus, confessar a Cristo como Senhor e viver para glorificá-lo.
Saia daqui nascido de novo. Saia daqui confessando a Cristo como seu Senhor, saia daqui sendo considerado, como os tessalonicenses foram, filhos de Deus, membros da família dos crentes, sendo meu irmão, irmão de Paulo e de Jesus Cristo, o primogênito de muitos irmãos.

Esta certeza traz consolo ao coração de quem crê e deve ser anunciada como exortação a todos os demais homens, porque esta é uma alegria que deve ser compartilhada com todos os homens, em todos os lugares, de todas as tribos, línguas, povos e raças.

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