sábado, 29 de setembro de 2018

PORTAS SEMPRE ABERTAS


Há alguns anos, conversando com um jovem que hoje já não é tão jovem assim, e é também ele pastor evangélico, fiquei surpreso quando ele me disse que havia um dia de culto em sua igreja que quem não fosse membro não poderia entrar - um ancião ficava na porta da Igreja e só permitia a entrada dos membros comungantes e seus filhos. Indaguei o porque daquilo e ele me informou que era porque era dia de Ceia, e, neste dia, somente os discípulos tinham acesso ao culto. Dizendo de outra maneira, naquele dia a Igreja estava de portas fechadas. Algum tempo depois, deparei-me, agora na Igreja Presbiteriana, com uma programação dentro da Igreja que era exclusiva de quem tivesse participado de um evento para eclesiástico chamado ECC, surgido na Igreja católica. Nem mesmo o pastor da Igreja poderia estar presente se não fizesse o ECC, mas casais não cristãos, idólatras, tinham acesso e podiam até ministrar alguma forma de ensino - e, mais uma vez, a portas fechadas.
A pergunta é: a Igreja de Cristo pode fechar as portas para alguém que esteja interessado em ouvir o evangelho, seja com que ‘roupagem’ ele se apresente? A Igreja pode fechar as portas ao pecador? Ao fazer esta indagação, lembro-me da parábola do filho pródigo, a historia de um pai e seus dois filhos, cada um à sua maneira, portador de um coração endurecido.
O primeiro é o mais famoso, o mais falado, o gastador. De fato, ele fez muita coisa errada, desprezou o pai, desprezou a família e desprezou seu próprio povo em sua busca por prazeres mundanos. E teve o resultado que merecia, embora não o buscasse. Passou a ser ridicularizado como estrangeiro, passou fome, foi desprezado no meio de um povo estranho e sofreu a mais odienta das humilhações que um judeu podia imaginar sofrer: cuidar de porcos.
Enquanto isto seu irmão vivia na casa do pai, comia da mesa do pai, era o único herdeiro da fortuna que sobrara do seu pai, e, ainda, herdaria o que havia de mais importante: o direito de ser o senhor de sua própria casa - agora exclusivamente sua. Em seu coração o seu irmão não tinha direito a mais nada, não tinha direito a comer da mesa do pai, não tinha direito a vestir-se com as vestimentas providenciadas pelo pai. Tudo era dele, tudo era para ele - em sua fidelidade filial, tornara-se um egoísta sem sentimentos fraternais. E, para ele, em seu coração endurecido as portas da casa do pai estariam definitivamente fechadas para o irmão que partiu.
Mas, para o pai, sempre haveria lugar para o filho rebelde e arrependido, e, embora o texto não fale de condições impostas pelo pai, aquele filho, em terras distantes, cumpriu exatamente a exigência de Deus ao seu povo em 2Cr 7: ele se humilhou, primeiro diante de Deus, e depois se dispôs a, arrependido, voltar para a casa do pai e pedir-lhe o necessário perdão. As portas do coração do pai não estavam nem jamais estarão fechadas aos que partirem em busca de outras experiencias, mesmo que isto signifique lançar fora aquilo que ajuntaram em toda uma vida, como, por exemplo, no caso de rebatismos de crentes. As portas da Igreja permanecem e permanecerão abertas para todo aquele que, arrependido, buscar a casa do Pai Celestial.
Pr. Marthon Mendes

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