No século XIV o mundo viu surgir um fenômeno cultural que ficou historicamente conhecido como renascimento. Ele foi, basicamente, um olhar para o passado em busca de encontrar um sentido para o presente e o desejo de ter uma orientação para o futuro. O renascimento impactou a vida da sociedade europeia medieval em diversos aspectos. A cultura, as artes, a economia e a política foram elementos que sofreram grande impacto em suas estruturas.
Este abalo nas estruturas sociais se faria sentir, de modo transformador e poderoso, também na espiritualidade medieval, e o mundo conheceu aqueles que ficaram conhecidos como precursores da Reforma e, depois deles, os reformadores protestantes.
Eram crentes que olhavam não para o passado, mas para a revelação de Deus em sua Palavra para se orientarem sobre como agradar a Deus no presente sem, no entanto, se esquecerem de que sua pátria e recompensa não eram terrenas, mas estavam guardadas no celeste porvir, onde, então, depositavam o seu tesouro e o seu coração, como fez Lutero ao rejeitar o “barrete” (isto é, o cargo de cardeal romano) para não abrir mão de suas convicções evangélicas recém-descobertas, especialmente a de que as indulgências eram um mal e o justo vive pela fé, e não pela obediência cega a uma instituição que escravizava os seus fiéis, negando-lhe Cristo como o seu cabeça e colocando em seu lugar um tirano construído pelas mãos humanas, o papado.
Alguns séculos depois a espiritualidade foi sendo sufocada pela religiosidade e pelo racionalismo, pelo tradicionalismo que busca nos costumes normas para ditar a forma de se relacionar com Deus, repetindo os mesmos erros do farisaísmo outrora denunciado de forma dura e veemente por Jesus e pelos apóstolos. A obediência a Deus em espírito e em verdade cedeu o lugar para a obediência a mandamentos humanos maquiavelicamente ensinados, maquinalmente aprendidos e cegamente obedecidos, tornando-se nada mais do que sinos a fazer barulho sem amor, sem nenhuma vitalidade.
E não é esta a Igreja que agrada ao Senhor, não foi para ajuntar hipócritas e ritualistas que Jesus deu sua vida no Calvário. Ele a deu para que sua Igreja, seu povo, pudesse ter vida em abundancia, pudesse ser um povo que andasse em novidade de vida, porque foram feitos novas criaturas.
É isto que o Senhor Jesus quer, uma Igreja cheia de gente cheia de nova vida, que não dá mais lugar ao velho homem e se refaz para o pleno conhecimento de Deus, por meio de Jesus Cristo.
Creio que agora podemos responder, nesta era de tantas novidades, à pergunta: uma nova igreja é necessária? A resposta é: o Senhor não quer uma nova igreja, uma nova denominação, um novo nome.
O que o Senhor quer é que a sua Igreja seja fiel, comprometida com o seu reino, adorando-o alegremente e servindo-o com inteireza de coração, abandonando as más obras, deixando as obras da carne e praticando aquelas que Deus preparou de antemão para que sua Igreja andasse nelas.
Não, ele não quer novas denominações, nem novas igrejas, mas uma só Igreja, a sua Igreja, que ande diante dele em novidade de vida.
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