O mundo inteiro se maravilhou com a maior festa popular do mundo. Muito telecoteco, muito balacobaco, muito ziriguidum... De norte a sul a folia tomou conta das ruas, das praças, dos clubes, das avenidas e dos sambódromos... Milhares de foliões se acotovelavam buscando curtir o melhor do carnaval. Foram 4 dias de liberdade, de alegria, muita intimidade, de muitos flashes... Dias de conhecer novos lugares, novas pessoas, de fazer amigos...
Assisti entrevistas de pessoas que diziam que estar no sambódromo (o do Rio de Janeiro - perdoem os outros, mas na mente dos foliões é o que realmente importa) era a realização de um sonho de muitos anos... Gente que economizou durante meses e até anos para ver as escolas de samba - alguns para poderem comprar a fantasia e desfilar na avenida... Também vi entrevistas do outro lado da festa, de gente que trabalhou durante meses a fio para confeccionar fantasias, carros alegóricos... Pelos jornais vi a alegria dos vencedores, a ira dos derrotados e o choro dos vencidos. Sim, há diferença entre os que foram derrotados (queriam ganhar, até mesmo no tapa se fosse possível) o os que foram vencidos, reconheceram o mérito dos vencedores.
Mas... Antes mesmo que a festa acabasse ela já demonstrava que nem tudo era alegria. No Rio de Janeiro e em São Paulo as cenas de ira, as ameaças, a violência não tardaram a aparecer... O que antes parecia fantasia e alegria se mostrou como realmente é: competição, arrogância, incompreensão... E logo não restavam nada além das cinzas...
Não apenas na passarela, mas por todo lado, pelo Brasil inteiro era hora de juntar os cacos, de encontrar-se nas suas próprias cinzas e recomeçar... Lamentavelmente nem todos poderiam recomeçar de onde estavam pois muitos sonhos foram destruídos, muitas fantasias se tornaram cinzas nestes dias de alegria fácil e movida a música, suor, álcool e drogas.
Quantos sonhadores com a faculdade, com o início de uma carreira, com uma família estabilizada terão que lidar com a culpa de terem se envolvido com estranhos e estrangeiros? Quantas não terão que lidar com a dura escolha de serem mães ainda adolescentes ou se tornarem assassinas do próprio filho numa clínica que faz abortos clandestinos? Quantas terão que abrir mão da faculdade, de uma carreira que podia ser promissora para se dedicarem precocemente à maternidade - isso se não deixarem as crianças aos cuidados de terceiros...
Quantos terão que lidar com os efeitos do álcool, dos acidentes que ele pode causar, ou das drogas, dos vícios daí decorrentes e das doenças que elas quase sempre trazem, sejam emocionais ou físicas?
E agora que só restam as cinzas? Alguns se desesperam, fazem besteiras ainda maiores como se um grande erro fosse a melhor coisa para corrigir erros anteriores. Alguns caem em profundo desânimo e depressão, como se a apatia pudesse corrigir as bobagens cometidas.
Mas, e agora que só restam as cinzas? A resposta para esta angustiante indagação é parar de olhar para si mesmo e para as besteiras que fez e olhar para aquele que pode socorrer (Hb 4.16 - Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna) porque ele, por sua graça imensa, pode pegar quem não tem nada a oferecer e transformar o nada em tudo, pode e tem erguido do pó o desvalido e do monturo o necessitado (Sl 113.7).
Como sair das cinzas e experimentar plenitude de alegria? A resposta é buscando ao Senhor que vivifica os mortos, que habita num alto e santo lugar, mas que, também, habita com o abatido e contrito de espírito, e é poderoso para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.
Sim, as cinzas são inescapáveis para aqueles que construíram seus sonhos baseados na alegria passageira da folia. Sim, o amargor das cinzas é real para aqueles que buscaram alegria onde tudo é efêmero, é mera vaidade e fantasia.
Mas é das cinzas que o Senhor levanta os mortos, que o Senhor dá vida àqueles que estão mortos por causa de seus delitos e pecados, e os faz assentar nos lugares celestiais com Cristo Jesus. Saia das cinzas - olhe para o Senhor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário