segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

JESUS, O MANIFESTO FILHO DE DEUS - Mc 3 7 12


Após a cura da mão ressequida de um homem e a flagrante dureza de coração daqueles que se diziam seguidores da lei mas que, na verdade, usavam a lei como uma máscara para a dureza de seus próprios corações e, ao mesmo tempo, como um chicote para manter sob cadeias as consciências dos homens, Jesus resolve afastar-se da cidade.
Enquanto isto os religiosos começam a arrazoar entre si – com a ajuda de um grupo de inimigos costumeiros, os herodianos, isto é, aqueles que não se preocupavam com a lei mas aderiam preferiam os benefícios de se manterem próximos do rei Herodes - de que maneira poderiam tirar-lhe a vida. É óbvio que Jesus não tinha medo algum dos fariseus – nem dos herodianos.
A divisão que Jesus veio trazer já estava mais que clara (Mt 10:34). Não havia como não saber quem era com ele e quem era contra ele (Lc 11:23) – ele não deixava dúvidas nem os adversários também.
O relato de Marcos deixa bem claras algumas verdades sobre este momento do ministério de Jesus. Em primeiro lugar, sua popularidade estava crescendo, ele já era conhecido além das fronteiras da Galiléia. Vinha gente de diversos lugares. Além dos considerados ignorantes galileus (e já houve quem dissesse, e ainda há quem diga, que o cristianismo ortodoxo é para ignorantes revelando sua própria ignorância do que seja o verdadeiro cristianismo) vinha gente da Judéia e até da capital, Jerusalém. Também vinha gente da Iduméia, uma província próxima, da Transjordânia (onde tinham ficado duas tribos) e até dos arredores de Tiro e Sidom – provavelmente judeus da diáspora.
Todos formavam uma grande multidão, expressão usada por Marcos duas vezes. Marcos não se deu ao trabalho de nos relatar quantas pessoas eram, se centenas ou milhares, mas deixa claro que a fama de Jesus já corria por toda parte – e o ciúme (ao lado das repreensões públicas de jesus) já envenenava os corações das lideranças ciosas de suas prerrogativas mas cegas para reconhecerem o messias.
Em segundo lugar, o relato também deixa claro que tipos de seguidores eram aqueles. Marcos fala de dois tipos específicos, cada um deles com sua própria agenda, seus próprios interesses – ainda que nenhum deles fosse ilícito, com exceção dos indignados fariseus que queriam pô-lo à prova para poderem acusá-lo e matá-lo.
Em terceiro lugar o texto fala, além das motivações, das atitudes das pessoas que iam ao encontro de Jesus – atitudes comuns ainda hoje, como rejeição, curiosidade e até mesmo adoração. O que surpreende é que o reconhecimento de sua divindade não se dá por aqueles a quem ele tinha curado, mas por espíritos imundos que anunciam publicamente que ele é o Filho de Deus – e mesmo assim muitos continuam incrédulos e, pior ainda, muitos crentes não fazem o que até os demônios faziam: anunciar a Cristo.
7 Retirou-se Jesus com os seus discípulos para os lados do mar. Seguia-o da Galiléia uma grande multidão. Também da Judéia, 8 de Jerusalém, da Iduméia, dalém do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom uma grande multidão, sabendo quantas coisas Jesus fazia, veio ter com ele.
9 Então, recomendou a seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto um barquinho, por causa da multidão, a fim de não o comprimirem.
10 Pois curava a muitos, de modo que todos os que padeciam de qualquer enfermidade se arrojavam a ele para o tocar.
11 Também os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e exclamavam: Tu és o Filho de Deus!
12 Mas Jesus lhes advertia severamente que o não expusessem à publicidade.
Mc 3.7-12
Marcos nos mostra que, diante de tantas provas da messianidade de Jesus, a divisão que ele disse ter vindo fazer vai se aclarando, e, ao final, eis os resultados do seu ministério à medida que fica cada vez mais claro e manifesto que ele é o filho de Deus.

JESUS É O FILHO DE DEUS – VOCÊ O SEGUE OU O REJEITA?

A crescente popularidade de Jesus logo fez com que duas maneiras de reagir se manifestassem. De um lado, como pode ser visto no verso 6, alguns se mostraram francamente hostis, não apenas não o receberam (Jo 1:11) como, também, demonstraram que suas obras eram más (Jo 3:19) e passaram a planejar uma forma de matá-lo que fosse religiosamente aceitável (Mt 12:10) posando de santos zelosos da fé quando, na verdade, eram meros hipócritas.
Mas ninguém está querendo matar Jesus hoje, você diria… eu responderia: é verdade, não da mesma maneira que os fariseus queriam, não da mesma maneira que os herodianos queriam, mas o que aconteceria com os donos de pequenos e grandes impérios religiosos de nossos dias se Jesus de repente entrasse em seus templos suntuosos e em suas Igrejas e começasse a destruir seus ídolos? Se expulsasse os seus cambistas, destruísse suas máquinas de arrecadação? Se os contraditasse publicamente, expondo suas falácias e mentiras em rede nacional de televisão? São outros tempos, mas, talvez secretamente – e eu duvido que eles parassem apenas no secretamente – intentariam matar Jesus simplesmente por ele ser quem ele é (Jo 5:18).
Outra forma de reagir aos feitos e às falas de Jesus também pode ser encontrada neste texto – a multidão que se fazia seguidora dele. Diante da dureza de coração deles Jesus se dirige para perto do mar da Galiléia, com os seus discípulos e é seguido por uma multidão que resolve acompanha-lo como se fosse uma só. Era gente da Galileia, de Jerusalém e da Judéia, de Tiro, de Sidom e da Iduméia. Marcos afirma que todos estavam ali porque haviam ouvido falar do que Jesus era capaz de fazer.
Quaisquer que fossem os seus motivos – curiosidade, cura de enfermidade pessoal ou de algum familiar, eles tinham alguma disposição para andarem longas distâncias, sem conforto e muitos superando dificuldades de saúde porque souberam que havia alguém que, de alguma forma, poderia suprir suas carências – e eram carências reais, das quais ninguém poderá dizer que seu desejo de livrar-se delas não era um desejo justo.
O que acontecia naqueles dias não tinha nenhuma diferença do que acontece hoje – multidões de todos os lados, de todas as categorias de pessoas possíveis, letradas ou não, saudáveis ou não, jovens ou não, todos indo de um lado para outro porque ouviram sobre algo que Jesus é capaz de fazer – e muitos estão tão desesperados que são capazes de tudo para terem pelo menos a esperança de serem atendidos.

JESUS É O FILHO DE DEUS – COMO VOCÊ REAGE A ESTA VERDADE?

Aquilo que para uns era motivo de esperança, isto é, Jesus ser o filho de Deus (Jo 11:27), para outros era motivo de ira e desnuda os seus corações malignos, pois desejavam matar Jesus pelo que ele era, o legítimo filho de Deus (Fp 2:6). Mas estes, ao menos para planejarem como matariam a Jesus de modo que parecesse religiosamente justificável, se mantiveram afastados por algum tempo.
Talvez hoje fosse diferente? Será que os megaempresários religiosos, os donos de grandes ou pequenos impérios religiosos reagiriam diferente dos religiosos dos dias de Jesus ao serem acusados de serem usurpadores e assassinos (Mt 21.37-41), hipócritas, raça de víboras, sepulcros caiados e tantos outros apelidos verdadeiros e nada carinhosos? Será que aceitariam de bom grado que Jesus lhes entrasse nos templos e lhes derrubasse os seus ídolos, pedestais, arcas, máquinas de crédito e débito, lojinhas com bibelôs e coisas semelhantes?
As multidões iam a Jesus porque ouviam sobre o que ele fazia. Queriam conhecer ou experimentar, queriam tocá-lo, o apertavam, na expectativa de que um toque, um aceno, uma palavra ou um olhar lhes devolvesse a saúde e os livrasse de seus males e chagas.
Mas outros chegam até Jesus e são os únicos a lhe reconhecer a divindade. Não se trata de adoração. Endemoninhados não estavam ali para adorá-lo porque sua presença os atormentava e era sinal iminente de sua derrocada (Mt 8:29). Mas não podiam resistir à verdade e proclamavam em alto som que ele é o filho de Deus. Não um filho dentre muitos, mas o filho, aquele que tem origem em Deus e é de Deus (Mc 3:11), um testemunho que se repete na boca de gentios (Mc 15:39) mas que jamais saiu dos lábios daqueles que deveriam estar mais preparados para reconhecê-lo e glorificá-lo, pelo contrário, queriam usar este fato para condená-lo (Mt 26:63) baseado numa interpretação da lei que excluía, de imediato, o seu coração e atendia apenas a seus próprios interesses (Jo 19:7).

JESUS É O FILHO DE DEUS – E VOCÊ? SEGUIDOR OU DISCÍPULO?

Dentre aqueles que não se opuseram a Jesus havia dois grupos que o seguiam. Numa primeira olhada parece que era uma coisa só – a multidão formada pelas multidões que seguiam Jesus. Mas não é isso o que o inspirado Marcos nos conta.
Normalmente os olhos religiosos se satisfazem com ver as multidões seguindo seus mestres – e este era um dos motivos pelos quais Jesus era odiado pelos religiosos: ele atraia a si as multidões (Jo 12:19) que eles desejavam como seus próprios seguidores e admiradores (Mt 6:5). Ele era admirado pelo que ele era e fazia e eles estavam sendo desprezados (Mc 1:22) também pelo que eram e faziam – hipócritas, que diziam honrar a Deus mas tinham seus corações vazios e endurecidos (Rm 11:7).
Todavia, o evangelista Marcos nos fala de dois tipos de seguidores de Jesus a comporem aquela multidão. Em primeiro lugar ele diz que Jesus voltou a si mesmo e, com seus discípulos (matetes) dirigiu-se para perto do mar. E, após eles, ia uma grande multidão que logo se viu acrescida de outras multidões que os acompanhava como seguidores (ekoloutesen). Qual a diferença? A multidão de seguidores fora buscar algo, e logo retornaria para suas casas para continuarem suas vidas após receberem aquilo que desejavam (Jo 6:26).
Um exemplo é que a mesma multidão que clamava hosanas, aclamando-o como o messiânico rei salvador em sua entrada em Jerusalém (Mc 11:9) cinco dias depois também gritavam, mas agora palavras bem menos agradáveis, pedindo sua crucificação (Lc 23:21).
Marcos, inspirado pelo Espírito Santo, já nos mostra que havia uma diferença entre os seguidores, os quais Jesus, pouco tempo depois, ilustra com a parábola do semeador, na verdade a parábola é dos tipos de solo a serem semeados (Mc 4.16-19) e os discípulos. O que você é? O que você tem que ser? Já que está mais que explícito que Jesus é o filho de Deus, então, o que você vai ser? Seguidor ou discípulo. Ainda não sabe o que é ser discípulo? Então, eu vou te dizer.

JESUS É O FILHO DE DEUS – VOCÊ QUER MESMO SER SEU DISCÍPULO?

É relativamente fácil seguir junto com a multidão. Praticamente não há trabalho algum em seguir o curso de um rio rumo a sua foz – a corrente nos leva, basta que não tenhamos pressa. E era isso o que estava acontecendo, e ainda acontece, com as multidões que acompanham Jesus. Não importa onde ele vá, o que importa é o que ganham dele. Por um tempo até mesmo os discípulos de Jesus tinham esta mentalidade  (Mt 20.21-22) mas perceberam que, efetivamente, tinham que deixar tudo, e efetivamente deixaram (Mt 19:27) para poderem obter o que é muito mais importante e de muito maior valor (Mt 13:46). Discípulos abrem mão de tudo o que tem, seguidores não (Mc 10:22).
Seguidores seguem alguém até terem suas necessidades satisfeitas, ou insatisfeitas, o que vier primeiro. Seguidores são consumidores, estão até dispostos a dar muito do que tem para obterem o que desejam. Seguidores seguem alguém enquanto suas necessidades, sejam elas quais forem, estiverem sido satisfeitas ou ainda tiverem esperança de obter algum ganho, algum beneficio – mesmo que sejam desejos honestos, legítimos e irrepreensíveis. Uma vez satisfeitos, seguem seus próprios caminhos. Decepcionados, seguem seus próprios caminhos.
Discípulos são diferentes – discípulos seguem os passos do mestre, aprendem com ele e se tornam como ele a ponto de seus mais elevados anseios estarem inteiramente depositados nele (Cl 1:27) e enquanto a satisfação não chega já experimentam, mesmo assim, os benefícios de terem se tornado um com o mestre (Gl 2:20).
Do que um discípulo tem que abrir mão? Do que você já abriu mão por causa de Jesus? De seu namorado ou namorada que não creem em Jesus e te convidam para festinhas, mesmo familiares, onde há abundante bebida e comportamento anticristão – mas você se declara um crente esclarecido que não se escandaliza? Do seu emprego que exige que você minta, assine documentos que não são tão verdadeiros assim?
Talvez você tenha disposição para abrir mão de seus bens (Lc 14:26) mas e da própria vida? Sim, os verdadeiros discípulos estão prontos a abrir mão da própria vida por Cristo (Ap 12:11) porque sabem que a recompensa vale a pena. Não tem alternativa, as palavras de Jesus são uma exigência incontestável. E cabe a você se posicionar como seguidor ou como discípulo – ainda mais que você já sabe que ele é o manifesto filho de Deus (Lc 9:24).
Não tem a menor importância quanto tempo você já tem na Igreja. Não tem a menor importância quantas coisas e quanto você já contribuiu. O que importa é se você vive como discípulo ou é apenas um consumidor religioso, apenas um seguidor, que tem ganho algum conforto emocional, bons relacionamentos, estabilidade familiar e até mesmo uma certa tranquilidade espiritual pois, afinal, você está na Igreja. Mas isto é menos do que ser discípulo. Você é?

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