segunda-feira, 6 de junho de 2016

RAZÕES ÍMPIAS PARA NÃO HONRAR A DEUS

É provável que você não desejasse estar aqui hoje. Talvez você quisesse ver outra coisa. Talvez preferisse ouvir outra coisa. Talvez sua vontade fosse estar fazendo outra coisa. Talvez seu coração desejasse ouvir algum discurso mais rápido – ou uma pessoa mais eloquente, mais agradável. Mas me permita lembrar o que a bíblia diz sobre o nosso, o meu e o seu, coração: ele é enganoso. Ele quer muito o que geralmente não é sua mais real e profunda necessidade.
Mas há uma coisa que eu preciso que você saiba: Deus não quer que você saia daqui sem antes falar ao seu coração (Is 55:11). Deus quer falar com você para transformar sua mente, sua vontade, suas emoções, enfim, Deus quer falar com você para tratar com seu coração. E ele designou este momento, este pregador, para instruir seu coração pela verdade da Escritura, para repreender sua consciência pela santidade da Escritura, para nutrir seu Espírito pela admoestação da Escritura, para restaurar sua alma pelo poder restaurador da verdade da Escritura.
Nosso tema desta noite trata das razões do coração, razões ocultas que muitos têm para não honrar a Deus. E quero falar daqueles que não temem serem amaldiçoados por Deus.
Porque as pessoas não temem a Deus? Porque não acreditam em seu caráter – porque não acreditam no que ele fala de si próprio ou porque não conhecem nada sobre seu caráter porque não conhecem ou não querem conhecer nada de sua revelação. A acusação feita por Deus aos sacerdotes daqueles dias pelo profeta Oséias (Os 4:6) pode ser dirigida aos novos sacerdotes da era cristã – os discípulos de Jesus do sec. XXI (I Pe 2:9).
Uma das mais cruéis mentiras ditas a respeito de Deus é que ele é um Deus tão amoroso que não lançará ninguém no inferno. Segundo os mentirosos que se autoproclamam mensageiros de Deus ele não condenaria ninguém, nenhuma de suas criaturas, e, no fim, até o próprio satanás poderia ser salvo. Lamentavelmente muitos tem falado estas coisas e muitos, muitos mesmo, tem acreditado nestas mentiras que são repetidas, repetidas, e repetidas até que para os ouvintes isso pareça verdade. 
É uma mentira comum nos meios não cristãos e muito constante nos meios pseudo cristãos que, de tanto descaso e descrença na justiça de Deus consideram apenas a provação como o máximo de punição que Deus poderia dar a alguém, numa espécie de purgatório na terra – e consequentemente a doutrina da cruz acaba esquecida, a doutrina da redenção deixa de ser anunciada e os pecadores não consideram importante arrependerem-se de seus pecados, se converterem a Deus e terem, deste modo, seus pecados perdoados (At 3:19). Mas isto não é novo, como já dizia o sábio Salomão (Ec 1:9), e já era absurdamente comum nos dias de Malaquias:
7 Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?
8 Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.
9 Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda.
Ml 3.7-9

UM POVO ENDURECIDO E NÉSCIO QUE NÃO APRENDE COM SUA PRÓPRIA HISTÓRIA

7 Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?
É bem conhecido o adágio que diz que “um povo que não aprende com a sua história tende a repetir os mesmos erros”. Este ditado é particularmente aplicável à história de Israel – murmuradores e desobedientes na saída do Egito, desobedientes e apóstatas durante o período dos juízes, afundando em idolatria e paganismo durante os dias dos reis. Avisados por Moisés, reiteradamente avisados pelos juízes, insistentemente advertidos pelos profetas (II Rs 17:13), especialmente por Isaías (Is 1.18-20) eles não aprenderam nem mesmo tendo passado pelo duro período de exílio babilônico voltaram à sua terra por causa da fidelidade de Deus e não da fidelidade de Deus e apesar de sua própria infidelidade (porque eu o Senhor não mudo). A maneira como eles haviam sido identificados por Deus, como um povo de dura cerviz, os descrevia perfeitamente (II Rs 17:14).
Geralmente somos muito rápidos para condenar um povo assim. Também somos rápidos para condenar quem não aprende com os próprios erros, como, por exemplo, o jovem que é preso roubando e, quando sai da prisão, comente novos crimes e é preso novamente. Condenamos também a jovem que, cedendo às inclinações pecaminosas da carne, engravida sem querer de um jovem qualquer, pouco tempo depois engravida novamente… ou de um usuário de drogas ou alcoólatra que passa por tratamentos de desintoxicação e logo tem uma recaída. E estamos certos – eles estão errados e deveriam aprender com seus erros.
Nós sempre dizemos – “eles não querem aprender”. Mas não era assim com Israel? Deus lhes diz: voltem, voltem! Corrijam seus próprios erros. Consertem seus maus caminhos, mudem seus maus hábitos, façam a coisa certa (Is 1.16-17). O problema de Israel não era que eles não soubessem o que fazer – eles não queriam fazer o que sabiam ser seu dever (Tg 4:17). Israel era um povo difícil.
Mas… mas… sempre tem um “mas”… parece que as coisas não mudaram muito – o povo que se chama pelo nome de Deus continua sendo um povo de dura cerviz. Não apenas o povo de antes de Cristo, mas também foi de dura cerviz nos dias de Cristo e continuaram a ser depois da descida do Espírito Santo (At 7:51).
Assim como Israel não aprendia com seu erros, o novo Israel também não tem aprendido. Havia descompromissados nos dias passados (Jr 48:10) e certamente há iguais nos nossos dias. Havia desobedientes nos dias de Malaquias – como os há atualmente. Certamente havia aqueles que não aprendiam com seus erros e tampouco com os erros de seus pais, como hoje existe os que não aprendem com os erros do antigo Israel e nem com os seus próprios erros – sim, ainda temos, no meio do povo de Deus, um povo endurecido e néscio que não aprende com sua própria história – e talvez pior que Israel, porque Israel ao menos conhecia a sua história.

UM POVO ENDURECIDO E CEGO QUE NÃO ACEITA SER ADVERTIDO DE SEUS ERROS

8 Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.
“É o meu trabalho”. Com esta frase um jovem, muito jovem, definiu a sua opção pelo mundo do crime. “É um trabalho como qualquer outro”, muitos defendem, por exemplo, a prostituição. Lamentavelmente estas frases não evidenciam uma resposta hipócrita ou zombeteira – elas são expressão de uma visão de mundo que acredita ser natural a transgressão dos mandamentos do Senhor, pois, em alguns casos, já deixou de ser transgressão de leis civis porque estas são uma construção social e já se tornaram normativas (Os 4:2) a ponto de sobre elas até impostos serem cobrados (Ml 2:17).
Ageu, contemporâneo de Malaquias, faz uma contundente descrição do descaso com que Israel tratava as coisas de Deus (Ag 1:4) e uma das expressões desde descaso era a infidelidade ao mandamento de contribuírem para a manutenção do templo (Dt 14:22). Sua infidelidade de contribuição era apenas uma inescapável consequência de sua infidelidade de coração (Mt 15:8). Que outra explicação há para investir o (não tão) excedente em painéis (que era a mais moderna moda, assimilada da babilônia onde haviam passado algumas décadas como escravos) e não contribuírem para a casa do Senhor?
Tudo não passava de uma questão de prioridade – e honrar a Deus não era sua prioridade porque não acreditavam na fidelidade, não criam na justiça nem na bondade de Deus. Infelizmente podemos facilmente constatar que muitos cristão são piores que os fariseus – aqueles eram criteriosos mantenedores da sua religião, ainda que sem atentarem para a reta justiça, destituídos de misericórdia e incrédulos, enquanto estes preferem serem considerados roubadores e desobedientes (Mt 23:23). Reflita comigo: um roubador pode ser considerado uma pessoa justa, uma pessoa bem aventurada (Mt 5:6)? Um roubador pode ser considerado uma pessoa que ama a misericórdia e confia em Deus para sua provisão (Ml 3:10).
O chamado do Senhor é para que Israel “torne”, isto é, restitua o que foi roubado. Diferente de Zaqueu, que deu metade do que possuía aos pobres e ainda prometeu devolver quatro vezes mais se, porventura, tivesse defraudado alguém, Israel faz pouco caso e zomba do chamado de Deus para devolver o que havia retido injustamente.
É, não nos devemos deixar iludir com uma consciência cauterizada: um roubador é e será sempre um transgressor, um rebelde desobediente, exatamente igual aos fariseus, porque, assim como Deus não se agradava de suas ofertas porque não se agradava deles, também não se agrada dos roubadores porque não se agrada deles (Os 7:1) devido a sua desobediência e vã cobiça (Mt 6:19).
Porque muitos membros da Igreja se negam a honrar a Deus com as primícias e os dízimos de suas rendas? O pior problema é que, como o antigo Israel, o novo Israel não quer que seus pecados sejam denunciados, que suas más práticas sejam expostas diante de si mesmos – mas a boa notícia que o convite feito ao antigo Israel permanece vigente. O Senhor ainda diz: “vinde, pois, e arrazoemos”. É como se Deus dissesse: “Venha até mim, e me diga o que te leva a ficar com o que me pertence. Me exponha suas razões”. E talvez você diga que ganha pouco, que não ganha o suficiente, que tem que realizar determinados projetos. Talvez você ame mais os seus cosméticos… o seu carro… sua casa… sua aparência com seus calçados e roupas… seus gatos… seu cachorro… seu celular e seus joguinhos… e afinal Deus vai desnudar seu coração e você vai ver que a razão é que você não o tem como prioridade, que você não confia que ele seja capaz de te manter se você devolver apenas a décima parte e ficar com a maioria dos seus ganhos. No fundo, no fundo, você não o ama o suficiente e tampouco ama a sua obra.

UM POVO ENDURECIDO E REBELDE QUE NÃO TEME TER SEUS PECADOS PUNIDOS

9 Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda.
Uma regra básica de cuidado de filhos é não prometa o que você não pode ou não pretende cumprir. Provavelmente eu e você falhemos nisso mais do que gostaríamos – especialmente quando prometemos coisas boas. Também falhamos quando prometemos disciplinar e não o fazemos. Israel achava que Deus não o julgaria – mesmo já tendo feito isso inúmeras vezes ao longo da história e curiosamente achava que suas restaurações eram tudo menos indicativos do julgamento de Deus sobre suas más ações (Is 26:10).
Israel cometia a tolice de pensar que suas más obras poderiam passar desapercebidas aos olhos do Senhor (Sl 94:7) esquecendo-se que o Senhor está absolutamente atento ao que fazem os filhos dos homens (Sl 113.5-6) e que retribuirá a cada um segundo as suas obras (Ap 22:12) pois conhece cada detalhe do que fazem suas criaturas (Jó 31:4).
O problema é que Israel não queria contribuir com seus dízimos e suas ofertas para sua própria edificação espiritual – ou que outros o fizessem ou, pior ainda, que ninguém o fizesse porque não desejava ser edificado. Israel não queria que ninguém lhe dissesse sobre o Deus vivo e verdadeiro porque isto significava que este Deus vivo e verdadeiro exigiria plena obediência, submissão da vontade entrega total de si mesmo (Mt 22:37). No fundo eles não queriam investir numa religião que lhes denunciava seus pecados, que lhes exortasse ao arrependimento, à conversão e a uma vida digna diante do Senhor seu Deus (Mq 6:8).
Só que, ao fazer isso, eles estavam desobedecendo a Deus e à aliança que fora estabelecida por Deus com eles. E é curioso que o estatuto do dízimo é colocado numa sequencia imediata do abandono da idolatria e do autogerenciamento (vd. Dt 12.1-9), mas, antes disso, Deus lembra que a obediência seria recompensada com muitas bênçãos, todavia, a desobediência seria recompensada com maldições (Dt 11:26-28).
Deus não deixou de ver. Deus não é menos justo nem menos poderoso. Ele ainda abençoa e ainda disciplina. Esta é a mensagem dos profetas Ageu, Oséias e Malaquias. Esta é a mensagem da Palavra de Deus para o povo de Deus, em todas as épocas e em todos os lugares. Por acaso o seu Deus só lhe serve para ser fonte de bênçãos? Então, não é o Deus das Escrituras, assim como um Deus somente exigente e punitivo também não é o Deus revelado nas sagradas páginas. Mas não se deixe enganar – o braço do Senhor ainda pode te alcançar mesmo nos confins da terra, aqui em Xinguara (Sl 139.7-9), tanto para derramar bênçãos sem medida como para disciplinar e corrigir aqueles a quem ama (Ap 3:19).
O que você precisa entender neste momento é que Deus não mudou – ele é o mesmo sempre (Ml 3:6). O antigo Israel acreditava que Deus não os puniria e colheu frutos amargos. O novo Israel que provavelmente crê na mesma mentira satânica repetida inúmeras vezes ainda tem tempo de arrependimento, ainda pode atentar para a voz de Deus que afirma categoricamente que não deixará os pecados impunes (Sl 94:10). Não faça parte de um povo que, voluntariamente, se faz réu e se afasta do caminho da bênção para se colocar sob a maldição do Todo Poderoso.

O NOVO ISRAEL AINDA PODE CORRIGIR SEUS CAMINHOS

O que para o antigo Israel é apenas história para o novo Israel é oportunidade de arrependimento e mudança. O que foi uma história de constantes disciplinas por causa da maldição divina sobre um povo rebelde é, para nós, exemplos a serem evitados. A história de Israel é a história do povo de Deus – é a história do coração do homem. É a minha história, é a sua história. É a história da Igreja de Deus, é a história da Igreja Presbiteriana. É, com certeza, a história da Igreja Presbiteriana em Xinguara.
É muito comum acusar Israel de dureza, necedade, cegueira e rebeldia. Quão habilidosos são os crentes do presente em ver os argueiros nos olhos daqueles que já passaram. Somos até capazes de ver como erramos em escolhas feitas no passado – mas ainda estamos engatinhando na arte de reconhecer os erros do presente. Israel errou. Errou por ser um povo endurecido e néscio, que não aprendeu com sua própria história – afastando-se constantemente de Deus e sofrendo por isso (Os 4:6). Israel errou, errou por se deixar tornar um povo endurecido e cego, que não aceitou ser advertido por seus erros, nem com amor, nem com juízo (Is 1:3). Israel errou, errou por permitir que seu coração se endurecesse e se rebelasse contra o Senhor sem temer que seus pecados fossem punidos, mesmo sabendo que para Deus a rebelião e a obstinação mereciam o mesmo julgamento que a feitiçaria e a idolatria e traz como consequência a rejeição por parte de Deus (I Sm 15:23).
Mais uma vez, Deus não mudou. E ele ainda te convida a ir a ele e corrigir seus maus caminhos. A primeira coisa que precisa ser corrigida é a dureza de coração. Você precisa olhar para você mesmo e ver o quão pecaminoso você é – e se arrepender de seus pecados. Arrependimento é mudança de mentalidade, é uma nova percepção a respeito do que se é e do que se faz. É perceber que em você não habita bem intrínseco algum (Rm 7:18) e que sem a graça de Deus só lhe resta, realmente, o desespero (Rm 7:24). A segunda coisa que precisa ser corrigida é a direção de sua vida. Desde Adão e Eva o homem quer dirigir os próprios destinos – e sempre encontra a morte no fim da jornada (Pv 16:25). Você pode tentar e tentar, mas ao cabo sempre será caminho de morte. Tudo o que você fizer resultará em caminho de morte – a alternativa é que alguém morra por você – por isso você precisa se converter de seus maus caminhos e fazer dele, aquele que morreu por você, seu caminho (Jo 14:6). A terceira coisa que precisa ser corrigida é aquilo que você faz. É praticar aquilo que demonstre que você realmente entendeu o que significa confessar a Cristo como Senhor e salvador. Ele não é somente salvador – ele não é só aquele que salva o homem de seus pecado. Deus o fez Senhor e Cristo (At 2:36), e, sendo Senhor, ele tem direito de exigir de você, que se diz seu servo, obediência absoluta especialmente com a quantidade de conhecimento que você tem agora (Lc 12:48).
Alguém poderia dizer – mas, tudo isso por causa do dízimo. É claro que não. Não seja tolo. Deus não precisa de seu suado dinheirinho. Se não é com alegria, então Deus não tem prazer em receber (II Co 9:7) e melhor seria que as portas da Igreja estivessem fechadas (Ml 1.10). Se você não fizer, Deus continuará sustentando sua obra. Jerusalém foi reedificada nos dias de Neemias com dinheiro de Artaxerxes (Ne 2:8). Paulo foi para Roma e ali evangelizou a casa de César com transporte providenciado pelo próprio império romano. É por causa do seu coração. É por causa da sua alma. É porque, se você não se arrepender e não se converter, você nunca terá a motivação correta para praticar o que o Senhor requer de ti. Você pode até dizimar, pode até ofertar, como Caim e Saul – mas sua oferta será inútil e ofensiva (Gn 4:5) e seu dízimo reprovável como o dos ricos contrastados com a viúva pobre (Mc 12:44).
Sabe, você pode sair daqui hoje dizendo: nada a ver. Não vou mudar. Deus tenha misericórdia de sua alma. Ou pode sair daqui como o publicano no templo, e exclamar: Senhor, sê propício a mim, pecador (Lc 18:13). Há coisas que você decide, você é responsável – como nos dias de Josué, quando o antigo Israel é chamado para escolher a quem servir. Como vai ser? A quem vai servir?

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