sexta-feira, 17 de junho de 2016

O QUE HÁ DE ERRADO COM A IGREJA [IV]


Não quero que você esqueça o que há de errado com a Igreja quando ela:
i) sente prazer em criticar pecados e falhas dos irmãos e se tornam insensíveis aos seus próprios pecados;
ii) olha com maior simpatia e tolerância para o mundo e não mostra amor para com os da família da fé;
iii) tem cada vez menos laços fraternos e cada vez mais amizades mundanas.

Mas isso não é tudo. Há algo de errado quando os crentes se cansam de tanto trabalhar a ponto de se sentirem exauridos e fracos para se envolverem na obra de Deus [adoração, evangelização, discipulado e comunhão).

É óbvio que concordo com o ensino das Escrituras que “quem não trabalha não deve comer”. Antes de continuar, é preciso deixar claro que o texto está se referindo a pessoas que tem condições de realizar algum trabalho e assim conseguir o seu próprio sustento. Ninguém tem obrigação de sustentar vagabundo, especialmente vagabundos profissionais. Estes realmente não devem ser sustentados pelo suor de quem trabalha - e a Igreja que os sustenta está errada.

Mas a Igreja tem errado quando os crentes correm de um lado para o outro, desesperados por obterem tesouros deste mundo (Mt 6.19) num flagrante ato de descaso para com a Palavra do Senhor. Trabalhar honesta e duramente é justo, e é um dever de todo homem, e não temos a menor dúvida de que o Senhor certamente abençoa aquele que trabalha (Sl 128.2). Não há nada de errado em trabalhar e enriquecer.

O que o Senhor condena são as riquezas mal adquiridas e o mau uso das riquezas, confiando nelas a ponto de esquecer-se de dar ao Senhor a devida glória.

Há algo de errado na Igreja quando o trabalho se torna apenas um meio de adquirir bens e não uma maneira de glorificar ao Senhor, como cumprimento do mandato cultural e obtenção do sustento da família. Antes que alguém pergunte “quando é que temos o suficiente para nossa satisfação” a resposta é nunca, por isso a oração é por suprimento das necessidades (Pv 30.8-9), de acordo com o ensino do Senhor Jesus (Mt 6.11). Se o trabalho é um meio de acumular tesouros (e alguém pode ser rico, abençoado por Deus e uma bênção no reino de Deus).

Há algo de errado na Igreja quando o trabalho acaba enfraquecendo ou acabando com a comunhão entre os irmãos, pois a frenética busca por mais, mais e mais (e esta busca por mais gera mais compromissos, que geram mais frenesi) faz com que as reuniões de intercessão e edificação se tornem um fardo, sendo logo substituídas na agenda por mais trabalho, cursos e compromissos com um futuro que é “aqui e agora”. É impossível ir à Escola da Bíblia porque precisa descansar, e não dá para ficar pro chazinho após o culto porque precisa acordar cedo no dia seguinte. Coisas como devoção e misericórdia acabam sendo desprezadas como “mais um trabalho” a ser feito.

Há algo de errado na Igreja quando o muito trabalhar torna quase impossível a dedicação ao Senhor e à sua obra, e a frequência aos cultos se torna esporádica, os encontros e congressos promovidos são colocados na categoria “se der” (e em 101% das vezes não dá - esse 1% a mais fica pela falta de vontade mesmo) e a participação ativa nos trabalhos, como servo, dá lugar à religião “fast food market”... Tem que ser rápido, e qualquer coisa que agrade meu paladar pouco exigente serve.

Há algo de erado na Igreja quando a correria do dia-a-dia sufoca a alegre recepção da Palavra do Senhor que convida os cansados e sobrecarregados a irem a ele e encontrarem descanso. Confiar? Descansar? Confiar num Deus que não se vê e num Senhor que não se pode assistir na TV? É... há algo de muito errado mesmo!

Psiu! Atenção! Não estou falando de instituição religiosa, mas da Igreja do Senhor, isto é, dos que creem (I Co 15.9)!

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