sexta-feira, 1 de julho de 2016

O QUE HÁ DE ERRADO COM A CONTRIBUIÇÃO NA IGREJA


Para lembrar os textos anteriores: há algo errado com a Igreja quando ela: i) sente prazer em criticar pecados e falhas dos irmãos e se tornam insensíveis aos seus próprios pecados; ii) olha com maior simpatia e tolerância para o mundo e não mostra amor para com os da família da fé; iii) tem cada vez menos laços fraternos e cada vez mais amizades mundanas; iv) está cada vez mais cansada de tanto trabalhar que não tem mais forças para se envolver na obra de Deus.

Gostaria de parar por aqui, mas há mais coisas que evidenciam que há algo errado com a Igreja. Há algo de errado quando membros da Igreja começam a afirmar que o dízimo é uma instituição legal do Antigo Testamento. Há crentes que fazem uma enorme confusão com ofertas, esmolas e dízimo e não percebem que com isso violam o ensino da própria Palavra que dizem amar. Deixe-me definir rapidamente o que é cada um deles.

Dízimo é a décima parte da renda de alguém que é entregue na Igreja. Encontramos o dízimo em Abraão, que retirou o dízimo não apenas de tudo, mas dos melhores despojos e não das sobras (Hb 7.2-4), Jacó promete dar o dízimo em seu primeiro encontro com Deus (Gn 28.22) e somente depois disso ele vai figurar na lei (Lv 27.32; Dt 12.17) sendo instituído como resultado da bênção continuada de Deus na vida do seu povo (Dt 14.22-23) embora a fidelidade evite a maldição sobre infiéis roubadores (Ml 3.9).

Oferta é aquilo que voluntariamente é entregue na Igreja, sem especificação de quantidade ou porcentagem, mas de acordo com a disposição do coração (II Co 9.7). As ofertas aparecem em abundantes textos do Antigo e do Novo Testamento - e jamais substituem os dízimos. São instituições, isto é, ordenanças (Ex 35.5), diferentes, e as ofertas são marcadas pela voluntariedade e liberalidade (I Cr 29.9) com alegria no coração reconhecendo que tudo vem de Deus (I Cr 29.14).

Esmola é aquilo que é dado voluntariamente se dá, sem, entretanto, passar pelo caixa da Igreja a menos que uma campanha esteja sendo realizada em favor de alguma forma de necessidade específica. Não se trata de uma contribuição para a manutenção da casa de adoração, mas é, também, uma forma de adoração ao Senhor já que leva benefícios aos pobres e necessitados, sempre presentes no nosso entorno (Mt 26.11).

Dito isto, constatamos que há algo de errado na Igreja porque há alguns que julgam que basta apenas ofertar, e não precisam dizimar, e ainda há outros que dizem que as esmolas são suficientes através de obras de ação social, defendendo que os dízimos sejam usados para programas sociais. É óbvio que a Igreja pode fazer tudo isto - os dízimos e ofertas podem ser usados para manutenção do culto e também para atender os menos favorecidos. Mas há algo errado quando aqueles que prometeram contribuir para a manutenção da Igreja com sua presença, bens, dons e talentos contribui ridícula e hipocritamente, sendo visto pelos homens mas, também, sendo vistos por Deus (ai!).

É muito bom receber todos os benefícios na Igreja - frequentando uma Igreja onde todos os recursos estão à disposição dos adoradores (pregadores, músicos, instrumentos, assentos, ar condicionado - tudo muito limpo, organizado e em perfeito estado) sem se dar conta que tudo isto tem um custo. Para não dizimarem (tornando-se ofertantes - e oferta é sempre do que sobra) muitos tem levantado a discussão de que o dízimo é uma instituição do Antigo Testamento, um compromisso do povo da antiga aliança. Assim como no Antigo Testamento, os dízimos eram direcionados para a manutenção das famílias que se dedicavam ao cuidado do templo, ao sacrifício, ao louvor. Era gente que trabalhava para o bem de toda a nação - todo israelita que chegasse a Jerusalém tinha direito a ser servido pelos sacerdotes e ainda tinha o direito de usufruir não apenas do serviço, mas, em muitos casos, de parte da sua oferta.

 Nada mudou em relação ao propósito - nada mudou em relação ao coração dos homens. Continuam buscando razões para não contribuírem ou contribuírem ridicularmente. Vejo não dizimistas reclamando da água, da qualidade do som, dos banheiros... Com que direito? Com o direito de serem membros da Igreja, é verdade, mas, ao mesmo tempo, com a desfaçatez da hipocrisia de nada fazerem (às vezes a água está a 1m, bastando apenas colocar no bebedouro) e não contribuírem com absolutamente nada além de sua murmuração pecaminosa. Porque é tão difícil para alguém calcular a sua vida com 90% dos seus rendimentos e entregar a décima parte para a manutenção da casa do Senhor como um compromisso de amor a Deus, de gratidão às suas bênçãos e de demonstração de interesse pela manutenção e expansão do seu reino. É bem verdade que muitos podem dar muito mais do que 10% e ainda assim terem um padrão de vida muito elevado. A isto chamamos ofertar liberalmente. Mas ninguém pode ser ofertante sem ser, primeiro dizimista regular, uma vez que as despesas da Igreja são regulares. É através da sua contribuição regular, dizimal, que a Igreja paga a conta de energia elétrica, mantém o pastor, contrata zeladoria, compra produtos de limpeza e educação cristã, cuida do patrimônio, contribui com missionários e tantas outras causas. Algo está errado quando alguém questiona o dízimo porque, na verdade, não está questionando se é uma instituição do Antigo ou do Novo Testamento: quem assim age não verdade não quer contribuir para a glória de Deus na Igreja.

Por fim, em Mt 23.23 Jesus diz aos cristãos que eles devem ser melhores que os escribas e fariseus. E o que eles faziam? Davam o dízimo minunciosamente - mas omitiam a justiça, a misericórdia e a fé. Aos cristãos Jesus diz para praticarem a fé, a misericórdia e a justiça, sem, entretanto, serem piores que eles omitindo, também, o dízimo. Pense nisso.


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