Imagine que, de repente, você descubra uma pessoa que passou
a vida inteira num lugar deserto, sem contato com nenhum grupo social, alguém
que nunca teve nenhum contato com a Igreja de Cristo e que, seja por meio de
alguma literatura, ou por uma mensagem ouvida no rádio sentiu-se motivado a
procurar a igreja de Jesus Cristo, o Salvador.
Imagine que esta pessoa deixe sua morada, faça uma viagem
meio sem rumo e chegue até uma cidade qualquer, Xinguara, por exemplo, já serve
para o nosso propósito. Imagine que o nosso cidadão é um individuo esperto,
apesar de não ser tão civilizado. Ele começa a andar pela cidade e vai olhando
as inúmeras denominações existentes, com nomes que não lhe dizem muita coisa:
Igreja Presbiteriana, Igreja Batista, inúmeras Assembleias de Deus, Universal
do Reino de Deus, Internacional da Graça, Mundial, Adventista do Sétimo Dia,
Adventista da Promessa, Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová, Católica
Apostólica Romana, Igreja Congregacional, Cristã do Brasil, Brasil para Cristo,
Deus Forte, Igreja Pentecostal Ministério de Fogo e logo em frente a Ministério
Água Viva… eu poderia continuar aqui por mais alguns minutos até cansar você
com uma lista que parece quase interminável. Mas não pretendo chamar a atenção
para denominação alguma – nem mesmo para a minha Igreja, para a Igreja à qual
eu pertenço e na qual o Senhor me chamou para ser seu ministro – exigindo de
mim compromisso com a verdade e fidelidade a este chamado (I Tm 1.12-17).
Sem identificar qual o seu propósito ele pode começar a
perguntar às pessoas o que elas acham das Igrejas, como elas veem o que
acontece nelas, e qual o propósito delas. Sei que as respostas podem ser
abundantemente divergentes, mas imagino que este homem seja extremamente
criterioso e esteja buscando, com afã, encontrar o lugar certo para entregar-se
ao Salvador com o qual deseja encontrar-se com urgência e como a maior de suas
prioridades.
Depois de um tempo, vamos imaginar que ele finalmente chegou
à conclusão de ter encontrado a verdadeira Igreja – presumamos que seja a sua
Igreja. Como você acha que ele chegou a esta conclusão? Será que ele teria, de
sua Igreja, o mesmo julgamento que é possível ter da Igreja primitiva,
especialmente em seu nascedouro, há cerca de vinte séculos?
Vamos ver como aquela Igreja foi conhecida de maneira
imediata, segundo o relato da Palavra de Deus em At 2.1-21, embora nossa
atenção vá ficar restrita dos versos 14 a 21:
1 Ao
cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; 2 de repente, veio do céu
um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam
assentados. 3 E
apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre
cada um deles. 4 Todos
ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo
o Espírito lhes concedia que falassem.
5 Ora,
estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as
nações debaixo do céu. 6
Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de
perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua. 7 Estavam, pois, atônitos e
se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí
estão falando?
8 E
como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? 9 Somos partos, medos,
elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, 10 da Frígia, da Panfília,
do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui
residem, 11 tanto judeus
como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias
línguas as grandezas de Deus?12
Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer isto dizer? 13 Outros, porém, zombando,
diziam: Estão embriagados!
14
Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes
termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento
disto e atentai nas minhas palavras.
15
Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo esta a terceira
hora do dia.
16 Mas
o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: 17 E acontecerá nos últimos
dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos
filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão
vossos velhos; 18 até
sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito
naqueles dias, e profetizarão. 19
Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e
vapor de fumaça. 20 O sol
se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e
glorioso Dia do Senhor.
21 E
acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
At 2.14-21
O CONTEXTO HISTÓRICO CULTURAL ONDE A IGREJA NASCEU
Quando ocorreu o evento que historicamente ficou conhecido
como o Pentecostes (nome que nada tem a ver com o Espírito Santo, mas com a
festa das colheitas feita 50 dias após a páscoa) Pedro e os demais discípulos
estavam reunidos no cenáculo da casa de João Marcos quando foram cheios do
Espírito Santo e, em seguida, saíram pelas ruas anunciando a Jesus Cristo – a
multidão de ouvintes era composta por gentes de 14 regiões com seus respectivos
dialetos e cada um deles os ouviu proclamando as grandezas de Deus em sua
própria língua materna – com o agravante de que os discípulos eram, em sua
maioria, galileus, que falavam um dialeto aramaico específico e não o grego
koiné comum àqueles povos (e o koiné não era compartilhado pelos orientais da
Pártia, Média, Pérsia, Mesopotâmia e Síria). Alguns duvidaram de aquilo pudesse
ser algo espiritual e zombaram acusando-os de bebedice, mas acabaram provendo a
atenção necessária para que o evangelho fosse anunciado pela primeira vez em cumprimento
à ordem do Senhor revestida de uma promessa de capacitação do alto (At 1:8).
Pedro, como era comum entre os discípulos, toma a palavra e
a multidão passa a ouvi-lo atentamente. O público de Pedro e dos demais
apóstolos era composto de judeus da Dispersão – também chamados de piedosos (eulabhj) um termo só usado no Novo
Testamento para referir-se aos judeus. Era gente que tinha interesse religioso,
que queria saber o que estava acontecendo com sua fé mas que em sua maioria
nada sabia, de fato, sobre Jesus, a não ser, quem sabe, o que seus familiares
tivessem comentado. Embora piedosos eles não receberam a ação direta do
Espírito Santo porque ela havia sido prometida primariamente aos discípulos – o
que não nos permite esquecer o fato de que eles foram, também, abençoados pelos
eventos do pentecostes.
Com a atenção da multidão para um grupo de galileus que não
falavam o dialeto galileu mas se expressava com clareza sobre as grandezas de
Deus Pedro começa a sua pregação kerigmática: ele a) narra o ministério público
de Jesus; b) oferece provas de que em Jesus as profecias se cumpriram; c)
mostra o que o Antigo Testamento falava sobre Jesus; d) anuncia o senhorio de
Cristo e e) exorta os seus ouvintes a se posicionarem positivamente, mediante
arrependimento, fé em Jesus e comprometimento vital, ou conversão.
Nesta ocasião não vamos abordar a mensagem propriamente
dita, mas entender, à luz do relato lucano, como a bíblia descreve o primeiro
momento da Igreja, como ela se via e como ela era vista, ou em outras palavras,
como foi a estreia da Igreja cristã no mundo.
COMO A IGREJA ERA VISTA
14 Então, se levantou
Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus
e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas
minhas palavras. 15 Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo
esta a terceira hora do dia.
Quando os discípulos começaram a proclamar as grandezas de
Deus, e a multidão começou a afluir para ouvir, ficou simplesmente perplexa,
isto é, por algum tempo ficou incapacitada de fazer qualquer espécie de
julgamento pois o que viam era incompreensível: como pessoas tidas como
iletradas e ignorantes era capazes de expressar-se com clareza em mais de uma
dezena de dialetos diferentes e anunciar uma mensagem ao mesmo tempo estranha e
que era a resposta para todos os seus anseios, isto é, a vinda do messias, a
chegada do salvador. Que messias era esse? O que tinha acontecido? O que estava
acontecendo? Era, sem dúvida, uma mensagem estranha, sobre um salvador que se
deixou imolar… sobre um Deus que se deixou crucificar… tudo lhes parecia irreal
demais, louco demais, inacreditável demais (I Co 1:21).
Os judeus conheciam sua religiosidade formal, seus rituais e
seus sacrifícios. Tinham o templo, os sacerdotes, os levitas, os doutos
explicadores da lei. Isso já durava séculos e lhes parecia a única forma de
religião aceitável – nem mesmo abundantes sinais foram suficientes para
convencê-los e eles insistiam em pedir sinais (Jo 2:18),
e continuariam a fazê-lo simplesmente porque eram cegos que viam mas não criam
(Jo 9:41). Os gentios eram mais adeptos às
historias épicas, sobre heróis que conquistavam cidades e enfrentavam deuses e
monstros… ou adeptos de filosofias que não admitiam que nada material pudesse
possuir ou produzir algum bem espiritual. Nenhum dos dois era capaz de
discernir as coisas do Espírito (I Co 2:14).
Inaptos para discernirem as coisas do Espírito só lhes
restava comparar a Igreja com o que conheciam – e o desassombro, a ousadia, a
firmeza com que os discípulos anunciavam o reino de Deus mediante Jesus Cristo
só poderia, aos seus olhos, ser considerada algum tipo de embriaguez. Não
poderia ser algum tipo de loucura, pois eram muitos pregando a mesma coisa.
Então, tinha que ser outra coisa, algo que todos poderiam ter feito ao mesmo
tempo. Seu veredicto tolo e apressado é: embriaguez. Sim, tolo e apressado
porque, se eram galileus que julgavam ignorantes quando sóbrios, pior ainda
seriam se embriagados.
Isto não difere muito da forma como o mundo não cristão olha
para a Igreja que busca permanecer fiel ao Senhor e a sua Palavra: se não
entendem, então, a julgam, de modo que os cristãos são considerados tolos,
manipulados e manipuladores, retrógrados, bobos, quadrados,
descontextualizados, antiquados e um monte de adjetivos pejorativos. Quando a
Igreja é julgada desta forma, nada diferente do que diziam dos cristãos
primitivos (ébrios), cuja mensagem confrontava e afrontava a religião formal e
estéril (At 17:6). Mas ela só será julgada assim
se for um corpo estranho no mundo.
COMO A IGREJA SE VIA
15 Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo
esta a terceira hora do dia. 16 Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta
Joel: 17 E
acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre
toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão
visões, e sonharão vossos velhos; 18 até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do
meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. 19 Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra:
sangue, fogo e vapor de fumaça. 20 O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que
venha o grande e glorioso Dia do Senhor.
Recentemente um projeto de lei tentou mudar a nominação
legal das Igrejas, de entidades religiosas para sociedades religiosas. Parece
coisa de pouca importância, mas isto tornava cada membro da Igreja um sócio da
mesma, podendo ser responsabilizado civilmente como se fosse uma empresa
qualquer. Muitos cristãos não se incomodaram com a mudança, e muitos donos de
igreja consideraram a coisa natural – desde que continuassem isentos de
impostos.
Ao mesmo tempo, muitos consideram a Igreja como algo
semelhante a um clube, uma associação onde passam algumas horas por semana, e
onde podem usufruir de alguns benefícios pois sempre terá alguém prestando
algum tipo de serviço. Há muitas considerações sobre o que é a Igreja, e
inclusive considerações teológicas verdadeiras, como, por exemplo, considerá-la
o corpo de Cristo. Mas é como a Igreja do pentecostes (e não devemos
confundi-la com os grupos pentecostistas) se via que queremos identificar esta
Igreja: ela se via como o cumprimento da promessa redentiva de Deus. Ela não
era outra coisa senão o cumprimento da promessa de Deus de derramar do seu
Espírito sobre toda a carne (Jl 2:28). O que a
Igreja dizia era que o povo de Deus não precisava mais esperar o Messias. Ela
estava ali justamente para atestar o fim da esperança messiânica.
Os judeus estavam convictos (e com razão) de que eram o povo
escolhido por Deus (Am 3:2), mas ao mesmo tempo
lidavam com as enormes frustrações de dominações e exílio justamente por seus
desvios, frustrações que nem mesmo reis como Davi ou Salomão conseguiram
superar completamente – chegando a conclusão que homem algum poderia colocá-los
na posição de proeminência mundial que julgavam sua de direito: isso só Deus
poderia fazer, passando a aguardar, então, a chegada do Messias, que seria
marcada pelo grande e terrível dia do Senhor, o dia da intervenção de Deus na
história.
A mensagem da Igreja a respeito de Jesus substituía o
desânimo de uns e a frustração de outros pela certeza. Jesus era o fim, o qeloj, isto é, a realização, e
não a frustração da esperança messiânica. Nele as promessas se cumprem e o
reino é chegado (Lc 11:20). Jesus é apresentando
pela igreja primitiva como aquele que dá sentido a toda a história – sua vinda
representa a intervenção de Deus na história humana causando uma transformação
que somente os que obedecem ao Senhor já poderiam experimentar (At 5:32). A vinda de Jesus, sua vida, morte e
ressurreição tinham o desígnio de afetar todos os aspectos da história humana,
não sem razão esta história é dividida, apesar de um pequeno erro de cálculo,
em antes e depois de seu nascimento.
O que a Igreja está dizendo àqueles milhares de judeus é:
"Por muitas gerações sonhastes com o Dia do Senhor, o dia em que Deus
irromperia na história. Agora, em Jesus, esse dia chegou". Dezenas de
milhares deles podiam testemunhar que, de fato, viram os eventos que se
seguiram à morte de Jesus e foram registrados por Lucas (Lc
23.44-45) exatamente como fora previsto por Joel. Temos o impressionado
testemunho de um não judeu que reconhece ser Jesus Cristo o Filho de Deus (Mt 27:54), reconhecimento que só poderia ser feito
mediante o próprio Deus (Mt 16:17).
A Igreja não era outra coisa senão o efetivo cumprimento das
profecias a respeito do novo povo de Deus, o povo do messias, o povo que era,
de fato, sacerdócio real e nação santa (I Pe 2:9),
a nação formada por suas testemunhas (Is 43:10).
O QUE A IGREJA DEVIA SER
21 E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo.
O terceiro aspecto que queremos destacar neste texto é que a
Igreja tinha uma clara visão de sua missão: ela não era um clube religioso. Ela
não era uma associação de crentes que se limitariam a aguardar o retorno
prometido do Senhor Jesus. Ela era uma comunidade com uma mensagem. Melhor
ainda, ela era a comunidade com a mensagem. E a sua mensagem era a respeito de
Jesus.
A Igreja sabia que sua existência tinha um propósito: ela
existia para proclamar as virtudes daquele que a tirou das trevas para a sua maravilhosa
luz. Ela existe para proclamar as virtudes daquele que as tirou das trevas para
a sua maravilhosa luz. Ela continuará existindo e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela (Mt 16:18) porque ela existe
para anunciar em claro alto som que só há salvação em Jesus Cristo (At 4:12 - E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do
céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que
sejamos salvos), o único que pode fazer a mediação entre o Deus
infinitamente santo e os homens, infinitamente pecadores (I Tm 2:5) porque ele, o justo, morreu em favor desta
multidão de injustos (I Pe 3:18).
Foi em Cristo, e só em Cristo, que Deus estava com o
propósito de reconciliar o mundo consigo mesmo (II Co 5:19).
E esta mensagem é da Igreja (II Co 5:18). Nenhum
outro organismo sobre a terra tem a honra e a obrigação, e o dever, de cumprir esta
tarefa – ainda que a Igreja estabeleça ONGs, creches, asilos e coisas
semelhantes, esta tarefa é, foi e sempre será da Igreja.
Foi assim nos primeiros dias (At 5:29),
foi assim no ministério imediatamente posterior (I Co 9:16)
e deve ser sempre assim (At 18:9) e, caso ela se
cale obedecendo ao mundo terão contra si o clamor deste mesmo mundo (Lc 19:40 ).
É preciso insistir neste ponto: a Igreja era a comunidade
dos que creram (At 4:32) havia gentes de numerosas
nações, cumprindo tipificamente a profecia de Joel. Mas esta multidão não era
composta por crentes silenciosos, por agentes secretos do reino de Deus, como
acontece hoje – agentes tão secretos, mas tão secretos, que talvez nem Deus
tenha seus nome escritos na lista de seus embaixadores, no livro da vida. Assim
que são tornados Igrejas são tornados também testemunhas públicas (At 1:8) e deveriam falar a todos do que viram, ouviram e
experimentaram (I Jo 1.1-) porque não podiam
deixar de fazê-lo (At 4:20).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Imaginemos aquele nosso personagem chegando até sua Igreja.
Talvez falem muitas coisas dela - talvez até falem coisas ruins, e isto não é
problema desde que não seja verdade (Mt 5:11) como aconteceu com a Igreja no
dia do pentecostes.
A defesa de Pedro sobre o que esteava acontecendo na Igreja
foi simples - assim como um justo não precisa ficar buscando explicações ou
justificativas se não cometeu nenhum crime.
Imaginemos que aquele personagem chegue à conclusão que a
Igreja é realmente o corpo vivo de Cristo, o cumprimento das promessas e
profecias feitas pelo Senhor através dos séculos de revelação registrados nas
Escrituras. E você é parte desta Igreja. Agora, falta apenas uma coisa: você
precisa instruí-lo na verdade, você precisa dizer-lhe o que Jesus tem feito por
ti (Lc 8:39), precisa discipulá-lo como Filipe fez com o eunuco para fazer dele
um discípulo do Senhor (Mt 28:19) ensinando-lhe todas as coisas que o Senhor
tem ensinado (Mt 28:20).
Não importa o mundo diga da Igreja, não importa a maneira
como a julgue - seu julgamento sempre será contaminado pelo ódio que sente pelo
Senhor da Igreja (Jo 15:19). O mundo só não pode ter razões para falar contra a
Igreja, seu testemunho deve ser irrepreensível (I Pe 3:16).
Mas... Você, Igreja, precisa ir mais além. Precisa proclamar
as virtudes, isto é, aquilo que Jesus fez e falou... Precisa dizer ao mundo que
só há salvação em Jesus Cristo. Precisa dizer a todos que Jesus é o único
mediador. Precisa afirmar que ele é o Filho eterno de Deus e precisa saber
explicar isso com as Escrituras nas mãos. Enfim, precisa entregar a mensagem
que lhe foi confiada, se és, realmente, parte da Igreja do Senhor.
Não faz muito sentido alguém ser salvo e não saber dizer
nada sobre seu salvador. Nem o cego de nascença passou por isso - ele, ao
menos, sabia o que ele era (Jo 9:17) e o que lhe tinha sido feito (Jo 9:15), os
resultados de sua ação (Jo 9:25 Ele
retrucou: Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego e agora vejo) a
ponto de ensinar correta teologia aos doutores da lei (Jo 9.30-33) e depois
soube quem fez (Jo 9.35-38).
Cristão, Igreja, faça o mesmo: creia, adore, e anuncie o que Jesus lhe fez.
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