46 Diariamente
perseveravam unânimes no templo,
partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza
de coração, 47 louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo.
Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos (At 2.46-47).
Estamos muito distantes da Igreja descrita em At 2.
são 20 séculos. Isto é muito tempo. A geografia também não nos ajuda. Mas temos
uma ajuda importante, que aquela Igreja também tinha: o paracletos de Deus, o
Espírito de Cristo que atuava naquela Igreja é o mesmo que atua na Igreja ainda
hoje. Mas não é nada difícil constatar que temos colhido resultados um tanto
quanto diferentes. E a culpa não é do Espírito. Ele não perdeu o jeito nem se
tornou ultrapassado. Mesmo 2000 anos depois o Espírito Santo não é um velhinho
caquético e incapaz.
Mas a Igreja não tem muito do que aquela Igreja
tinha. Não tem unidade. Não se vê perseverança na doutrina, no partir do pão,
nas orações. Não há alegria na comunhão. Não há singeleza de coração. A
submissão que a Igreja tinha aos apóstolos não é mais vista nem em relação às
autoridades nem quanto à doutrina. A Igreja mudou. E mudou para pior.
Provavelmente por isso os resultados também tenham mudado e não colhe com a
mesma profusão os frutos que a Igreja colhia naqueles dias memoráveis.
Mas ela ainda pode almejar os frutos que aquela
Igreja colhia. Lucas descreve dois frutos que ela experimentava abundantemente.
A Igreja, apesar da antipatia das autoridades, gozava da simpatia do povo. A
Igreja, apesar de odiada pelos donos do poder, era bem vista por causa da
fidelidade, comunhão, amor e alegria que podiam ser encontrados nela. Hoje
acontece o inverso. A Igreja é bajulada pelas autoridades, afinal, isto rende
votos. A Igreja se esforça por ter representantes nos órgãos de poder, afinal,
isto rende influência. A Igreja não é perseguida - mas ela não conta com a
simpatia do povo por que não apresenta as mesmas características da Igreja
primitiva.
A Igreja também não experimenta mais o fenômeno do
crescimento constante. Dia a dia o Senhor ia acrescentando à Igreja os que iam
sendo salvos. Não creio que o número dos eleitos de Deus diminuiu nesta
geração. A escolha de Deus não raleou... Provavelmente eles estão se reunindo
em outros lugares porque, escandalizados com o que os próprios crentes fazem
questão de espalhar, não se parece com aquela comunidade amorosa onde “ninguém
tinha necessidade”. A dura realidade da Igreja é a de crescimento esporádico,
chegando ao ponto de existirem Igrejas que comemoram 40, 50 anos de existência
de uma congregação que nunca conseguiu organizar-se por não ter membros,
recursos e liderança suficientes. Isto é motivo de tristeza e não de
comemoração.
Rogo ao Senhor que nos lembremos de como deve ser a
verdadeira Igreja de Cristo, e que não apenas desejemos mas tenhamos a firme resolução
de ser esta Igreja: uma comunhão de crentes no Senhor Jesus, que o amam, que
obedecem sua palavra, que se sujeitam às suas ordenações, que perseveram na
prática dos deveres cristãos e que experimente a alegria da comunhão e do
crescimento espiritual e numérico.
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