terça-feira, 9 de julho de 2019

CRISTO FEZ TUDO POR MIM. O QUE DEVO FAZER POR ELE?

Há um hino com uma estrofe curiosa em nosso hinário, o de nº 270, que causava alguns debates teológicos no nosso seminário nos fins dos anos 1990. Ei-lo:
“Morri na cruz por ti, foi para te livrar
Meu sangue ali verti e posso te salvar
Morri, morri na cruz por ti,
Que fazes tu por mim?”
A discussão girava em torno da estrofe final, repetida verso a verso: “Que fazes tu por mim?” seminaristas e teólogos questionavam-se a respeito da inexistência de uma expectativa de Jesus a nosso respeito. Que podemos fazer por Jesus? Ele precisa realmente de algo de nós? Se considerarmos a possibilidade de haver uma necessidade essencial, então tenho que concordar com meus colegas e alguns professores: ela é inexistente. Todavia, se considerarmos como um imperativo, uma ordem de Jesus para que façamos algo como resultado do que Ele fez (e é óbvio que isto não deve jamais ser visto como uma retribuição ou complemento sinergista da obra de Cristo, mas apenas como um ato de obediência ao Senhor que nos deu vida) então há muito o que podemos e devemos fazer. Não fazê-lo é não ter frutos, e não ter frutos significa colocar-se à mercê do machado (Lc 3.9.
Jo 14:21 - Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.
Neste sentido a obediência aos mandamentos de Jesus, a prática das boas obras que foram de antemão preparadas para que andássemos nelas é, sim, um imperativo.
Esta obediência pode ser expressa de duas maneiras, e todas estão ao alcance de cada um de nós. A primeira é uma obediência passiva, isto é, uma obediência que leva a deixar de fazer determinadas coisas. Um exemplo é o da mulher surpreendida em adultério, talvez pelo próprio marido, talvez por curiosos. Ela não era inocente, mas seus acusadores não a levaram a Jesus por causa do pecado dela, mas por causa do pecado deles (eles queriam pegar Jesus em uma armadilha conceitual, de interpretação e aplicação da Lei mosaica). Resumindo, eles estavam sendo ardilosos e, eles próprios, estavam desobedecendo a Lei. E Jesus diz, após a retirada dos acusadores:
Jo 8:10-11 - Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? 11 Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.
Mas eu acredito que isto só não é suficiente. É preciso ir além, como já dissemos em outro texto (JESUS CRISTO MUDOU MEU VIVER - vide Ef 4.28) é preciso que aquele que teve um encontro transformador com Jesus vá além da simples abstenção da prática pecaminosa. Ele precisa estar pronto a ir e falar aos seus o bem que Jesus lhe fez. A isto chamo de obediência positiva.
Lc 8:39 - Volta para casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti. Então, foi ele anunciando por toda a cidade todas as coisas que Jesus lhe tinha feito.
Presbiterianos! Tão ciosos de nossa bela teologia! E tão desprezadores da nossa doutrina. Não há nenhum equivoco aqui. Teologia e doutrina podem parecer a mesma coisa sob muitos aspectos, mas os presbiterianos geralmente se gabam te ter a melhor teologia só que esta teologia lamentavelmente não se expressa em conhecimento das escrituras e sua aplicação na prática diária - isto é doutrina.
Recentemente, nas proximidades da Igreja, vi alguns adultos orientando adolescentes a propagarem sua crença. No dia seguinte, dirigindo-me para a Igreja, em plena terça-feira, vi uma família de outra orientação religiosa, batendo de porta em porta com o mesmo afinco. Não se vê presbiterianos fazendo isso. Me prove o contrário e diga-me quando foi a última vez que você fez algo parecido? A verdade é que ele fazem o que fazem em busca de algo como “pontuação para a salvação”, e nisto sua teologia está errada - mas sua prática não. Mas, e nós, que os criticamos tanto, será que não estamos nos esforçando demais para pensar, fazer e falar o que não edifica? Já não é mais que hora de começar a ser crente de verdade e fazer algo que testemunhe que, realmente, Jesus nos salvou?

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