Não é incomum ouvirmos expressões como “ir à Igreja”,
“estar na Igreja”, “frequentar a Igreja”. Também falamos de “minha Igreja”,
“Igreja de fulano”, etc. Elas são normalmente usadas por nós para nos
referirmos a frequentar um determinado lugar designado para reuniões de cunho
religioso ou ainda como referência denominacional.
Todos nós usamos esta expressão mesmo com os
diferentes graus de conhecimento teológico. Como a linguagem é algo
praticamente impossível de formatar dentro de determinados padrões teológicos,
até porque existem diferentes ênfases teológicas nas muitas (demais até)
denominações religiosas existentes, quero chamar a atenção para um aspecto que
muitas vezes é menosprezado: mais do que ir a uma Igreja, mais do que
frequentar uma Igreja, mais do que ser membro de uma Igreja o que
definitivamente importa é ser Igreja. Veja o que o apóstolo Paulo diz a este
respeito:
Ora, vós
sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo (1Co 12.27).
Apesar da profusão de denominações o Senhor Jesus
afirma que seu propósito nunca foi criar mais de uma Igreja. Ele entregou-se
por edificar uma Igreja, a sua Igreja, uma vez que pode existir unicamente um
corpo de Cristo. Certamente podemos afirmar que a existência de muitas
denominações acontece por causa dos efeitos do pecado na mente humana (efeitos
noéticos) que gera interpretações e aplicações diferentes das Escrituras.
A este
respeito o Senhor afirma: ele edificaria a sua Igreja, uma
única Igreja.
Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18).
O pecado, as preferências pessoais, o interesse
financeiro, a busca de referência social e poder, a impenitência, insubmissão,
a rebelião e a apostasia são as causas mais frequentes de surgimento de novas
denominações. Um exemplo clássico é o surgimento das denominações reformadas no
séc. XVI. A apostasia da Igreja romana levou
os reformadores a romperem com o tronco carcomido e lutarem para estabelecer um
modelo mais bíblico de Igreja.
Só que deste renovo surgiram vertentes tão
diferentes quanto as Igrejas reformadas (dentre elas a presbiteriana) e as
Igrejas luteranas ou ainda anabatistas. Ênfases teológicas deram origem a
interpretações para a ceia tão irreconciliáveis que vão desde a
consubstanciação, a presença espiritual de Cristo ou o simples memorial.
Não é o propósito deste texto definir quem está com a
razão, embora eu tenha convicção de que a visão reformada de Igreja e
sacramentos é a que melhor expressa o ensino das Escrituras. O propósito é
lembrar que Cristo deu a sua vida no calvário para que sejamos uma só Igreja.
E não podemos nos afastar deste propósito, mesmo que
a custo de fazer morrer o velho homem interior - que Paulo chama de corpo de
pecado ou corpo de morte, e que podemos chamar simplesmente de ego (2Co 4:16) e
passar a considerar um mandamento bem simples do Senhor Jesus, que evidencia se
somos ou não seus discípulos (Jo 13.35). Pensar e sentir diferente disto é
carnalidade denunciada por Paulo como pecado (Gl 5.15) e agir diferente disto é labutar para
espalhar ao invés de ajuntar com o Senhor Jesus (Lc 11.23).
Embora a Igreja de Cristo ainda não tenha chegado à
maturidade plena ela não pode, também, ser como criança que se recusa a
crescer. É da natureza do corpo desenvolver-se, e é da natureza da Igreja
crescer em mútua edificação. Concluo com um desafio para você nesta semana: a
quem, no corpo de Cristo, você vai ajudar a crescer?
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