46 Diariamente perseveravam unânimes no templo,
partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza
de coração, 47 louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o
povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo
salvos (At 2.46-47).
Continuemos pensando no que a Igreja é. Uma
comunidade de crentes, que vivem em comunhão e perseveram na prática do bem
orientados pela doutrina dos apóstolos sem carregarem pedras de tropeço,
prejudiciais à comunhão de toda a Igreja, em seu coração.
Olhando com cuidado para o exame que Lucas faz da
Igreja cristã em Jerusalém logo encontramos mais uma característica
interessante. Era uma Igreja que louvava a Deus. Lucas rapidamente detecta que
o propósito da Igreja era louvar ao Senhor sem qualquer impedimento no coração.
Era uma Igreja que não incorria nos erros do antigo Israel, que entoava os
cânticos de Sião mas tinha o coração longe de Deus (Is 29.13) em uma
teimosia que continuava mesmo nos dias de Jesus (Mt 15.8).
O que a Igreja do sec. XXI, tão sábia, tão sabida,
tão recheada de mestres e doutores, com tanta oportunidade de aprender nas
redes sociais da vida, pode aprender com uma Igreja tão primitiva, sem nenhum
teólogo famoso, nenhum influencer...
Quando Pedro, Tiago, João, Maria, Maria e Maria saiam de
casa sob risco de serem presos, açoitados e até mortos por causa da fé em Jesus
Cristo eles iam para o templo e para as casas com um só propósito em seu
coração: prestar culto a Deus. Quando os apóstolos pregavam eles sorviam o
ensino da Palavra como verbo Dei, palavra de Deus aos seus corações para
ensiná-los como agirem em todas as áreas de suas vidas.
Quando eles tomavam a ceia (partiam o pão) recebiam-nas das
mãos de um irmão considerando-o verdadeiro irmão em Cristo, como membro de um
mesmo corpo, considerando que o próprio Cristo lhes servia através da
instrumentalidade do irmão.
Quando eles entoavam cânticos de louvor não era apenas dos
lábios para fora, mas o seu louvor era fruto de uma confissão do senhorio de
Jesus em suas vidas, que lhes dizia para amarem-se como Ele os havia amado (Jo
15.12) e servirem uns aos outros conforme o modelo que Ele lhes dera (Lc
22.26) considerando-se uns aos outros em primazia (Fp 2.3) e não em
acepção de pessoas.
Quando nós, tão cultos, tão instruídos, tão informados, tão
influentes e autossuficientes começarmos a cultuar a Deus com alegria e
singeleza de coração então finalmente começaremos a experimentar o que a Igreja
em Jerusalém experimentava, gozar da felicidade de servir ao Senhor proclamando
sua vontade como aqueles irmãos faziam e continuaram fazendo mesmo com oposição
e perseguição (At 8.4).
Na Igreja não havia divisões. Não havia fortes ou fracos,
novos ou antigos. Havia crentes. Na Igreja não havia rebelião nem murmuradores
nem facciosos como houve em Corinto (1Co 3.4), havia crentes ávidos por
ouvir a Palavra da boca de seus pastores e obedecer ao ensino apostólico
adorando a Deus.
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