sexta-feira, 5 de julho de 2019

A IGREJA SOB HOLOFOTES (V)

46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, 47 louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos (At 2.46-47).
Continuemos pensando no que a Igreja é. Uma comunidade de crentes, que vivem em comunhão e perseveram na prática do bem orientados pela doutrina dos apóstolos sem carregarem pedras de tropeço, prejudiciais à comunhão de toda a Igreja, em seu coração.
Olhando com cuidado para o exame que Lucas faz da Igreja cristã em Jerusalém logo encontramos mais uma característica interessante. Era uma Igreja que louvava a Deus. Lucas rapidamente detecta que o propósito da Igreja era louvar ao Senhor sem qualquer impedimento no coração. Era uma Igreja que não incorria nos erros do antigo Israel, que entoava os cânticos de Sião mas tinha o coração longe de Deus (Is 29.13) em uma teimosia que continuava mesmo nos dias de Jesus (Mt 15.8).
O que a Igreja do sec. XXI, tão sábia, tão sabida, tão recheada de mestres e doutores, com tanta oportunidade de aprender nas redes sociais da vida, pode aprender com uma Igreja tão primitiva, sem nenhum teólogo famoso, nenhum influencer...
Quando Pedro, Tiago, João, Maria, Maria e Maria saiam de casa sob risco de serem presos, açoitados e até mortos por causa da fé em Jesus Cristo eles iam para o templo e para as casas com um só propósito em seu coração: prestar culto a Deus. Quando os apóstolos pregavam eles sorviam o ensino da Palavra como verbo Dei, palavra de Deus aos seus corações para ensiná-los como agirem em todas as áreas de suas vidas.
Quando eles tomavam a ceia (partiam o pão) recebiam-nas das mãos de um irmão considerando-o verdadeiro irmão em Cristo, como membro de um mesmo corpo, considerando que o próprio Cristo lhes servia através da instrumentalidade do irmão.
Quando eles entoavam cânticos de louvor não era apenas dos lábios para fora, mas o seu louvor era fruto de uma confissão do senhorio de Jesus em suas vidas, que lhes dizia para amarem-se como Ele os havia amado (Jo 15.12) e servirem uns aos outros conforme o modelo que Ele lhes dera (Lc 22.26) considerando-se uns aos outros em primazia (Fp 2.3) e não em acepção de pessoas.
Quando nós, tão cultos, tão instruídos, tão informados, tão influentes e autossuficientes começarmos a cultuar a Deus com alegria e singeleza de coração então finalmente começaremos a experimentar o que a Igreja em Jerusalém experimentava, gozar da felicidade de servir ao Senhor proclamando sua vontade como aqueles irmãos faziam e continuaram fazendo mesmo com oposição e perseguição (At 8.4).
Na Igreja não havia divisões. Não havia fortes ou fracos, novos ou antigos. Havia crentes. Na Igreja não havia rebelião nem murmuradores nem facciosos como houve em Corinto (1Co 3.4), havia crentes ávidos por ouvir a Palavra da boca de seus pastores e obedecer ao ensino apostólico adorando a Deus.

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