sábado, 22 de dezembro de 2012

NATAL, ONDE A PÁSCOA COMEÇA

13Há muitas disputas sobre a celebração do natal. Cristãos evangélicos e sectários pretendem vê-la esquecida, tanto por causa da impossibilidade da data [25 de dezembro] quanto por associações feitas com festas pagãs antigas. É sem sombra de dúvida que não vale a pena entrar em debates fundamentalistas ou apologéticos com quem não tem interesse em aprender, mas em fazer sectários, dentro de sua denominação ou para dentro de seus grupos. Entretanto, muitos dos que se negam a celebrar o cumprimento da promessa de Deus de enviar o redentor que destruiria a cabeça da serpente celebram outros eventos, como a conquista de um título acadêmico. Neste breve e despretensioso texto pretendo elencar algumas razões que me fazem partidário, bíblica e liturgicamente, da celebração do nascimento do redentor - independente da data escolhida.

i. ALEGRIA PELO CUMPRIMENTO DE UMA PROMESSA HÁ MUITO AGUARDADA

O primeiro motivo para o qual eu quero chamar a atenção é que o nascimento do redentor foi prometido como um conforto aos nossos pais primevos quando eles estavam começando a sofrer as consequências do seu pecado edênico [Gn 3:15]. Adão e Eva perceberam que o diabo os havia enganado [Jo 8.44], diferente de Deus, que sempre fora verdadeiro com eles, nas bênçãos e, agora, ao lançar-lhes para fora do Éden [Gn 2.17], continuava sendo verdadeiro, e os expulsava por causa justamente desta mesma fidelidade [Sl 145.13]. É com esta esperança que Eva dá à luz seu primeiro filho [Gn 4.1], crendo que já este seria o redentor prometido [Jo 1.30]. Esta esperança da chegada do redentor foi o fio condutor de toda a história do povo de Israel, toda a religiosidade daquele povo chamava-os para o templo, para o sacrifício de um inocente animal em lugar de pecadores [Hb 10.1-4], funcionando como condutor, mestre e guia [Gl 3.24-25].

ii. ABRIGO SEGURO DIANTE DAS ANGÚSTIAS DA VIDA E DA MORTE

O segundo motivo para o qual eu quero chamar a atenção é que o nascimento do redentor foi prometido como um abrigo seguro para todo aquele que o buscasse [Is 55.6] de todo o coração [Jr 29.13] após este ter sido transformado [Ez 36.26], porque antes disso a religião é mera superstição e inutilidade, fruto de um coração enganoso e corrupto [Jr 17.9]. É por causa do natal que somos refeitos, passamos da morte para a vida [Jo 5.24]. O natal nos lembra que estávamos mortos em nossos delitos e pecados [Ef 2.1] - e o Senhor da vida teve que morrer em nosso lugar [Gl 3.13], o justo morrendo em lugar de injustos [I Pe 3.18] para que tivéssemos vida, e que nosso nenhum vigor fosse de tal maneira tocado pelo Senhor e transformado num poder extraordinário [Is 40.29]. O natal mostra que Deus nos deu seu filho [Jo 3.16] para que vivêssemos sua vida [Gl 2.20]. Em Cristo não somos mais tocados pela morte, não precisamos mais temê-la [Hb 2.15] - mas isto só foi possível porque ele foi dado por nós.

iii. CERTEZA DE VITÓRIA MESMO QUANDO TUDO PARECER PERDIDO

O terceiro motivo para o qual eu quero chamar a atenção é que o nascimento do redentor foi prometido como a garantia de uma vitória total sobre tudo o que se levantar contra a vontade do Senhor [Rm 8.37], pois seu braço não está encolhido para que não possa salvar [Is 50.2] aqueles que ele próprio determinou dar ao seu filho [Jo 10.29] como o fruto do penoso trabalho de sua alma [Is 53.11]. Quando inimigos se levantam, e até mesmo a vitória, aos olhos do mundo seja retumbante, o Senhor ainda assim concede vitória aos seus, como a Estevão [At 22.20] ou dos hebreus na babilônia [Dn 3.17-18]. Esta certeza vem do fato de que, anos depois do natal, houve uma páscoa especial, onde o Senhor da vida entregou-se e pagou alto preço pelos pecados do seu povo, clamando no madeiro: “tetelestai”, que significa, “está consumado, completamente pago” [Jo 19.30]. Nada mais resta, senão a fé e a gratidão àquele que seu sangue derramou por nós.

iv. MOMENTO DE LOUVOR ORQUESTRADO PELOS ANJOS DO SENHOR

Os relatos do nascimento de Jesus mostram que o próprio Deus preparou o momento e o ambiente para a festa do primeiro natal [Gl 4.4-5]. Ao nascer o redentor anjos louvaram [Lc 2.13-14], os trabalhadores louvaram [Lc 2.20], os anciãos louvaram [Lc 2.29-31; 38] e até estudiosos pagãos vieram render-lhe homenagens [Mt 2.1], ainda que tenham chegado atrasados. Só não se importaram com seu nascimento os religiosos profissionais, presos às suas estantes e mentes empoeiradas [Mt 2.3-5] que ficaram indiferentes à, ao menos, possível chegada do redentor, e os poderosos da terra [Mt 2.7-8; 13; 16] que, como satanás, desejaram matar o menino-Deus.

Mesmo os ferrenhos defensores da páscoa, em detrimento do natal, são obrigados a admitir: sem natal, não haveria páscoa. 25 de novembro é só uma data, indistinta de todas as demais em santidade [Rm 14.5] pois sabemos que foi o Senhor quem fez todos os dias, e em todos os dias devemos louvá-lo. Sem dúvida que temos que tomar cuidado com os problemas do moderno natal: mercantilismo, sincretismo, espiritismo, paganismo e feitiçaria.

Todavia, ainda que não haja registros de que a Igreja cristã tenha celebrado algum tipo de festividade relativa ao nascimento, é conveniente lembrar que a primeira celebração foi orquestrada pelo próprio Deus, com os convidados que ele próprio escolheu, no lugar que ele próprio determinou. Eu celebro o natal - porque sem natal não haveria páscoa. Eu continuarei celebrando o natal, porque ele não apenas não é antibíblicas mas conclama os crentes a se lembrarem da encarnação do verbo - e só por causa da encarnação houve a consumação da obra redentora.

Continuarei celebrando o natal como ministro [servo, não senhor] do Senhor na Igreja Presbiteriana do Brasil, que determina que seus ministros não se furtem a celebrar as datas litúrgicas. Louvemos ao Senhor, com singeleza de coração, levantando mãos puras, sem maculá-las com a desobediência.

Aos que clamam afirmando que a Igreja que celebra o natal se coloca como uma babilônia ao celebrar o natal, deveriam ser coerentes e atender ao que entendem, então, ser a ordenança do Senhor neste sentido [Ap 18.4]. Se a sua denominação é uma babilônia, então sejam coerentes.

Nenhum comentário:

FAÇA DESTE BLOG SUA PÁGINA INICIAL