domingo, 22 de dezembro de 2013

II: PESSOAS SÁBIAS PROCURAM A DEUS COM PERSEVERANÇA

...e insistentemente lhe suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá.
Mc 5.23 
É possível alegar que, no caso dos pastores, não há como demonstrar perseverança, e eu admito esta possibilidade, entretanto, não deve ter sido muito fácil convencer outros colegas a cuidarem de seus rebanhos enquanto eles saíram para atender a uma alegada visão celeste. Aquele momento era a sua vigília, sua responsabilidade. Os demais queriam e tinham o direito de  dormir. Porque só eles, e não todos os que estavam nas cercanias, tiveram o privilégio de ver tão brilhante luz, visto anjos cantando tão maviosamente como eles descreviam?
Entretanto, o mesmo não se pode dizer de Simeão e de Ana. A história dos dois é uma história de perseverança e fé.  Em primeiro lugar, vejamos o que o evangelista Lucas fala de Simeão. São poucas palavras, mas profundamente reveladoras [Lc 2.25-35]:
Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei ordenava, Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo:
Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel.
E estavam o pai e a mãe do menino admirados do que dele se dizia. Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino:
Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição (também uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
Não nos é revelado há quanto tempo Simeão aguardava, mas o fato é que ele aguardava e não desistiu de aguardar a chegada do messias. E quando, movido pelo Espírito Santo, foi ao templo, viu o menino, sabia que não havia mais nada a esperar, mais nada a aguardar. Seus anseios, seus maiores desejos, estavam, finalmente realizados [Sl 23.1: O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará).
O que podemos dizer de uma fé que afirma ter Cristo mas se deixa seduzir facilmente pelos oferecimentos do mundo? Que, dizendo ter Cristo, fica facilmente insatisfeita e revoltada quando não obtém determinados favores ou realizações no mundo? Será que tal fé é fé genuína (I Jo 2:15: Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele)?
O outro modelo de perseverança que pretendo colocar diante de nossas considerações é o de Ana. Ela também estava no templo, e ouviu as palavras de Simeão sobre o menino Jesus (Lc 2.36-38).
Havia uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, avançada em dias, que vivera com seu marido sete anos desde que se casara e que era viúva de oitenta e quatro anos. Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações. E, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
Uma simples consideração matemática nos leva a admitir que Ana aguardara, no mínimo, 60 anos pela chegada do messias. Por que tal inferência? Ora, uma jovem judia casava-se ainda jovem, com aproximadamente 16, 17 anos. Contando mais 7 de casamento, restavam, ainda, 60 anos até a atual idade dela, 84 anos.
Lucas afirma que Ana estava constantemente no templo, adorando dia e noite em jejuns e orações. Durante 60 anos aquela mulher aguardou a chegada do messias. Durante 60 anos ela orou e jejuou por ver aquele momento. Ela perseverou em sua adoração durante seis décadas até que compreendeu que suas orações haviam sido respondidas.
Mesmo depois disso, Ana entendeu que sua missão ainda não havia sido totalmente cumprida - cumpria-lhe testemunhar da chegada do messias, e todos os que aguardavam a realização da esperança de Israel puderam ouvir que o messias havia, finalmente, chegado (embora, provavelmente, poucos tenham dado crédito à voz de uma velha profetisa).
Isto ainda não é tudo. Ainda há mais um relato de tenaz perseverança. Três homens, de nomes desconhecidos, morando muito distante da Palestina, entenderam que em Israel havia nascido um rei muito especial. Se prepararam para uma longa viagem - centenas de quilômetros, atravessando desertos e correndo perigo de salteadores.
Muniram-se de ricos presentes pois, afinal, iam visitar não um rei qualquer, mas o rei que havia sido prometido pelo próprio Deus aos judeus, sem dúvida, um rei especial. Provavelmente ouviram alguma coisa sobre um rei que faria de Jerusalém o centro do mundo, para onde as nações afluiriam com presentes (Sl 72:10: Paguem-lhe tributos os reis de Társis e das ilhas; os reis de Sabá e de Sebá lhe ofereçam presentes).
Queriam ser os primeiros - e foram, realmente. Tal caravana não deixaria de atrair a atenção de salteadores, por isso, provavelmente, devem ter providenciado alguma forma de escolta - atraindo, assim, ainda mais atenção. Mas nada disso foi visto como trabalhoso ou impeditivo - e eles se colocaram a caminho de Jerusalém.
Sem aviões, limusines, carros ou qualquer outro meio de transporte rápido, mas em lombos de camelos e outros animais de cargas enfrentaram semanas de sol causticante até que finalmente avistaram os montes de Jerusalém. Mas ainda não era o fim, pois quando ali chegaram souberam que nenhuma criança havia nascido no palácio.
Todavia, não podiam desistir - não estavam enganados, e, enquanto não obtém a informação dada pelos escribas  não se movem(Mq 5:2: E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade). Sua perseverança é confirmada quando a estrela que haviam visto no oriente novamente é vista, agora sobre Belém, não mais sobre uma manjedoura, mas sobre uma casa (Mt 2:9: Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino).
O que estes exemplos nos ensinam é que devemos buscar ao Senhor perseverantemente (Mc 12:30: Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força) - o que não é a mesma coisa que aguardar os presentes ou as festividades natalinas ansiosamente. São coisas diferentes, e cabe aqui uma advertência para cada um de nós fazermos uma sondagem em nossos corações para sabermos se estamos procurando realmente o Senhor com perseverança, ou nos deixamos desanimar aos primeiros e mais simples obstáculos?
Os pastores podiam perder os seus empregos - mas Cristo era prioridade. Ana e Simeão aguardavam, ambos, talvez, por décadas - especialmente Ana, que nada mais fazia senão orar, jejuar e aguardar. Quantas semanas tem durado a sua esperança em Deus? Os magos podiam até morrer na travessia do deserto - mas tinham um rei divino a adorar.
A palavra final nesta seção é do profeta Oséias que nos exorta com sábias palavras para pessoas sábias:
Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.
Os 6:3


Nenhum comentário:

FAÇA DESTE BLOG SUA PÁGINA INICIAL