At 27 - Sala de Missões - IPVM
O livro de Atos dos Apóstolos é um relato da
realização da obra missionária para a primeira geração de cristãos: de
Jerusalém, passando pela Judéia e Samaria, chegando a Roma (os confins da
terra).
Atos apresenta como a Igreja cumpriu a ordenança de
Jesus (ide por todo o mundo…) e nele estudiosos tem encontrado muitas variações
de como fazer a obra missionária: reuniões de oração constantes, reuniões nos
lares, discursos em aglomerações, discursos em praças, mercados, pregação em
ambientes religiosos (Igrejas - sinagogas), abordagens filosóficas. Tudo isto é
possível ver neste espetacular livro escrito por Lucas.
FÉLIX DESEJA OBTER VANTAGENS COM A PRISÃO DE PAULO
Paulo foi detido por Félix em Cesaréia por 2 anos,
mesmo que o governador soubesse de sua inocência, fazia isso por dois motivos:
queria ficar bem com os sempre inflamáveis judeus, e, também, esperava obter
alguma espécie de compensação financeira por parte de Paulo – algo não incomum
entre os nobres romanos.
MUDANÇA DE GOVERNO
O capítulo 27 é o relato de uma viagem que cumpre um
objetivo: fazer o evangelho chegar aos "confins da terra", ao centro
do paganismo mundial, Roma, em resposta a um apelo de Paulo no uso dos seus
direitos como cidadão romano (At 25.11-12).
Notemos que Paulo não faz uso deste direito como se
fora uma 'regalia', mas um meio de não ser mais detido pela esperança de Félix
em receber alguma forma de suborno por parte dos cristãos (At 24.25-26). Com a
mudança de preposto – Félix dá lugar a Festo, e a presença de Agripa, um rei
títere dos romanos, Paulo finalmente entende ser chegado o momento de deixar
Cesaréia rumo a Roma.
Herodes Agripa II dá prosseguimento à cegueira espiritual
de sua família. Seu avô intentou matar Jesus, seu pai não reconheceu Jesus como
o messias e agora ele próprio rejeita crer no que Paulo falava.
Agripa escutou a mensagem mas considerou-a apenas um
agradável entretenimento. Achou graça no que pensou ser uma "tentativa de
Paulo de fazê-lo se tornar cristão" – e nisto condenou-se a si mesmo – e,
pensando não dar nenhuma resposta, negou-se a receber a Cristo. Como ele muitos
também não acreditarão, embora o evangelho seja suficientemente convincente:
eles simplesmente decidem não responder positivamente, o que já é uma resposta negativa.
APELO PARA CÉSAR
Paulo, como cidadão romano, tinha o direito de ser
julgado pelo próprio imperador. Era um privilégio e um risco, pois não haveria
mais a quem apelar de um eventual julgamento contrário.
UMA VIAGEM PERIGOSA
Entregue aos cuidados de um centurião chamado Júlio,
e em companhia de Lucas (sua presença é indicada pelo uso do pronome nós) e Aristarco
(que aparece pela primeira vez nas Escrituras durante o tumulto na cidade de
Éfeso - At 19.29; 20.4; Cl 4.10; Fm 24) eles empreendem uma viagem fora de
época e com as condições de navegações contrárias.
UM AVISO DIVINO
Era obrigação do centurião não se apartar de Paulo em
momento algum, e, devido ao convívio (At 27.3) passa a confiar nele, e o
apóstolo teve liberdade para falar-lhe a respeito do que Deus lhe dizia, e
assim avisa o centurião dos perigos.
O centurião, porém, prefere não dar ouvidos a Paulo,
talvez acreditando que Paulo temia o que poderia lhe acontecer no julgamento e
estivesse tentando retardá-lo, e confia mais nos marinheiros que no aviso de
Deus. Mesmo com a advertência de Paulo (At 27.10) prosseguem a sua viagem
temerária e acabam naufragando.
Era uma data perigosa para navegar – meados de
outubro (At 27.9 – o dia de jejum era o dia da expiação, caia ordinariamente
entre o fim de setembro e meados de outubro), com muitas nuvens e com mudanças
climáticas muito rápidas, suscetível de tempestades (não havia GPS, bússola e
os marinheiros guiavam-se pelas estrelas que ficavam invisíveis em noites
nubladas).
PLANOS DOS HOMENS PODEM SER FRUSTRADOS
Tudo o que era humanamente possível fazer para
evitar o desastre foi tentado quando o navio se encontrava sem rumo – na
verdade, já tinha perdido o rumo quando desobedeceu às advertências de Paulo
sobre os perigos daquela viagem.
A VONTADE DE DEUS É PROCLAMADA EM SITUAÇÕES ADVERSAS
Mesmo em meio ao perigo Paulo continua a exercer o
seu papel de arauto de Deus, e, como ele já os havia prevenido antes, dão-lhe
finalmente atenção (At 27.30-32) e anuncia-lhes que Deus ainda teria
misericórdia das vidas deles, embora o desejo de lucro que possuíam fosse
desfeito (se chegassem a algum centro comercial com suas mercadorias numa época
impropria teriam grande lucro devido à falta de concorrência).
DEUS SEMPRE CUMPRE SUA PALAVRA
Deus cumpre sua palavra e nenhuma vida se perde –
embora o navio e a carga tenham sido perdidos no naufrágio. Os interesses dos
homens são frustrados, mas o plano de Deus de levar Paulo para Roma (At 9:15:
Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido
para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de
Israel).
O fato de Paulo ter conseguido a confiança do
centurião foi essencial para que tanto a sua vida como a dos demais
prisioneiros fosse poupada (o soldado que deixasse um prisioneiro fugir pagava
a fuga com a própria vida).
Assim, o testemunho de Paulo perante Júlio foi
importante até mesmo para que o evangelho fosse, posteriormente, pregado sem
qualquer impedimento em Roma. Os assuntos jurídicos de Paulo fizeram com que
ele tivesse relativa simpatia ao chegar a Roma, apresentando o evangelho no
palácio imperial (a casa de César) através da guarda pretoriana (com
testemunhas oculares do que Deus havia feito na viagem).
Às vezes os planos que temos são frustrados para que
os de Deus, sempre melhores, sejam estabelecidos. E é à partir desta constatação
que quero propor algumas considerações sobre o trabalho missionário da Igreja.
A OBRA MISSIONÁRIA DA IGREJA DEVE TER UM ALVO
DETERMINADO
O alvo da Igreja cristã primitiva era simplesmente
cumprir o mandato do Senhor, proclamando o evangelho a todas as nações, desde
Jerusalém até os confins da terra. Não havia meio termo. Eles queriam ver o fim
chegar (Mt 24.14).
O
ALVO DA IGREJA EM SUA OBRA MISSIONÁRIA DEVE SER EXEQUÍVEL
O alvo adotado pela Igreja primitiva era o de levar
o evangelho até os confins da terra – e isto significava fazê-lo chegar
poderosamente na capital do paganismo mundial, isto é, Roma. E isto foi feito
no decurso de apenas uma geração.
Entretanto, eles tinham diante de suas vistas o
mundo que eles conheciam – era-lhes impossível pregar, em sua geração, a todas
as nações.
A IGREJA NECESSITA DISPOR DE PESSOAS QUALIFICADAS
Quando a Igreja de Antioquia foi iniciar seu
"programa missionário" ela não procurou pastores e missionários
encostados em seu presbitério, nem aqueles que não estavam dando certo ou
inexperientes. Ela separou Barnabé (o mais experiente, por isso seu nome é
citado primeiro) e Saulo (mais tarde chamado de Paulo, o apóstolo aos gentios).
Mais tarde, ao término da primeira viagem, eles se sentiram capacitados e
despertados para treinar outros missionários, dentre os quais João Marcos,
Aristarco, Timóteo.
DEUS PROVIDENCIA MEIOS PARA QUE OS ENVIADOS CUMPRAM SUA MISSÃO
Paulo tinha interesse em ir a Roma e, de lá, ser
encaminhado como missionário até a Espanha. Sua carta aos romanos é uma espécie
de apresentação de sua teologia aos irmãos romanos. Mas Deus providenciou para
que o império romano arcasse com as despesas de uma viagem missionária,
proporcionou um ambiente relativamente acessível para o missionário-prisioneiro
devido ao seu convívio com o centurião Júlio, e muitos santos surgiram na
"casa de Cesar".
Mas houve ocasião em que Deus usou a Igreja com esta
finalidade, como Paulo menciona a respeito dos filipenses (Fp 4.15). Todavia,
lembremos que:
I.
DEUS
ESTABELECE O PROJETO
II.
DEUS
PROVIDENCIA OS MEIOS
III.
DEUS
CAPACITA OS AGENTES
IV.
DEUS
GARANTE OS RESULTADOS
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