domingo, 21 de abril de 2013

O EXERCÍCIO DOS DONS NO CAMINHO DO AMOR

marthon31 Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons. E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente. 1 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. 2 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. 3 E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

I Co 12.31-13.1-3

O Senhor capacitou a igreja com numerosos dons. Alguns são chamados de ordinários e outros de extraordinários porque uns chamam mais a atenção do que outros. Considero esta classificação imprópria porque todos os dons de Deus são extraordinários por serem Deus e origem extraordinária, espiritual. Classificar os dons desta maneira pode gerar um desprezo por aqueles que chamam menos a atenção em determinados contextos.

Outra classificação proposta é a de dons espetaculares, de um lado, e para edificação, de outro. Novamente é uma classificação que atende mais às manifestações do que à essência dos dons, especialmente porque nenhum dom foi dado para ser observado, para que o seu possuidor se sobressaísse no meio do corpo. O crescimento anormal de um membro em determinado dos demais é uma anomalia, uma hipertrofia danosa ao equilíbrio de todo o restante do corpo. Tal classificação é inadequada ainda, porque, uma vez que nenhum dom foi dado para causar espetáculo, todos foram dados com um único objetivo: para a edificação do corpo, para que ele efetue o seu próprio crescimento [Ef 4.16: ...de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor].

É natural que a igreja se volte para esta questão uma vez que os dons espirituais, todos eles, evidenciam a presença do Espírito no seio da igreja. Na igreja de Corinto, dentre tantas dificuldades, também havia “disputas espirituais”- uma triste ironia na verdade, já que porfias são obras da carne [II Co 12.20: Temo, pois, que, indo ter convosco, não vos encontre na forma em que vos quero, e que também vós me acheis diferente do que esperáveis, e que haja entre vós contendas, invejas, iras, porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumultos], e jamais um fruto do Espírito. Mas a verdade é que uns queriam ser mais espirituais que os outros, e quanto mais espetaculares, maior reconhecimento social, maior o status desfrutado por esta espiritualidade distorcida e doentia. Paulo não questiona a veracidade ou a realidade destes dons. Sua questão é muito mais relevante para a vida da igreja. A nossa atenção, e a da igreja como um todo, é chamada para um fato: os dons que eles tanto prezavam estavam dando quais frutos no meio da igreja? Paulo descreve uma igreja com dons em profusão. Milagres, línguas, revelações, curas, sabedoria, conhecimento, profecia, fé... E segue numa extensa lista para no final afirmar que cada dom deve servir tão somente para que toda a igreja seja igualmente abençoada. Funções diferentes, um só proposito. Paulo não se furta a lembrar uma certa hierarquia funcional de determinados dons: apóstolos, profetas, mestres e só depois aparecem os chamados dons espetaculares, porque a igreja só existe por causa da evangelização, da pregação e do ensino da Palavra.

Para não entrar numa discussão infrutífera sobre os dons, como uma ocorrida na cidade de Jequié, interior da Bahia, quando dois missionários estavam se preparando para sair às ruas para falar de jesus e um terceiro, adepto da teoria pentecostista dos dons, interpelou-os sobre a sua espiritualidade, se estavam adequadamente revestidos de poder espiritual, e se já tinham sido batizados pelo dom glossolálico, quase dando origem a uma discussão de todo infrutífera. Debate evitado, trabalho de evangelização iniciado. Deus glorificado naquela ocasião. Era de debate que os coríntios gostavam. Era de edificação que Paulo pretendia falar, não duvidando do poder, nem se preocupando com a proeminência, mas orientando quanto a algo muito mais importante: a maneira de se utilizar os dons, ordeira e adequadamente [Cl 2.5: Pois, embora ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, alegrando-me e verificando a vossa boa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo]. Um bisturi é uma ferramenta de grande utilidade nas mãos de um cirurgião, mas absolutamente danoso nas mãos de um serial killer. Um avião pode transportar centenas de pessoas ou matar milhares... A questão é: como os instrumentos são usados? Como a igreja deve usar os dons?

I. A IGREJA DEVE RECONHECER QUE ALGUNS DONS ORIGINAM A COMUNIDADE DA FÉ

A igreja só existe por causa da pregação da Palavra. Os dons só são dados a crentes, e só existem crentes por causa da Palavra de Deus, que creem em Jesus Cristo por ação do Espírito Santo [Rm 10.17: E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo], de modo que os possuidores de dons precisam ser pessoas absolutamente submissas ao Espírito do Senhor. Antes que alguém afirme que Deus está falando diretamente aos homens quero lembrar que Deus não se contradiz, mesmo que ele fale vai, ainda hoje, falar segundo a sua Palavra. Desta maneira, o uso dos dons devem dar, sempre, a primazia a Palavra de Deus, por isso o apostolado, a predica profética e o ensino devem ter prioridade sobre quaisquer outros dons. É pela Palavra que o exercício dos dons é regulado. É pela Palavra que pode-se verificar se o que chama a atenção em eventos extraordinários e espetaculares é mesmo de origem divina [I Jo 4.1: Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora] ou trata-se da operação do erro, do poder de satanás [II Ts 2.11: É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira]. É pela Palavra e não revelações extra bíblicas e até grosseiramente antibíblicas que a pureza espiritual da igreja se sustenta ou cai. O mesmo Deus que ordena não dar falso testemunho e dar a César o que lhe pertence jamais autenticaria um sonegador, por exemplo, que se autoproclamasse apóstolo e ultimamente quer ser chamado de “pai” mas mente ao entrar num país estrangeiro escondendo dinheiros dentro de capas de bíblias - sem texto, apenas dólares, uma vergonha.

Sem a Palavra não teríamos uma igreja cristã que merecesse tal nome. Pode-se construir impérios religiosos, até usando a bíblia contra a própria bíblia, pode-se criar inúmeras denominações, mas é somente pela Palavra que a verdadeira fé surge no coração de mortos espirituais. Sem a Palavra política, persuasão emocional, moralidade e idolatria travestida de evangelicalismo podem iludir muitos incautos [Rm 16.18: ...porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos], ofuscando mesmo os olhos de alguns eleitos [Mc 13.22: ...pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos]. Mas é só com o exercício dos dons mais intimamente ligados à Palavra que a verdadeira igreja de Deus vai ser erigida e se manter de pé. O inimigo consegue falsear línguas, consegue falsear curas, consegue iludir pessoas como fazia Simão, o mago [At 8.9-11: Ora, havia certo homem, chamado Simão, que ali praticava a mágica, iludindo o povo de Samaria, insinuando ser ele grande vulto; ao qual todos davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande Poder. Aderiam a ele porque havia muito os iludira com mágicas]. Satanás consegue enganar muitos até com adivinhações de coisas que lhe são conhecidas mas ocultas aos olhos humanos.  Mas há uma coisa que ele não consegue: transformar a verdade em mentira. Ele até consegue esconder a verdade como fez durante toda a idade média usando a própria igreja. Como tenta fazer atualmente usando a cultura e pregadores descompromissados com a verdade e interessados apenas em agradar aos seus senhores, a multidão. Mas o que ele jamais vai poder é falsear a verdade [Jo 8.44: Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira]. Ele até pode fazer a mentira parecer verdade, repete-e astuciosamente tantas vezes que a multidão ignorante acaba aceitando como verdade até por não conhecer a verdade que a mentira tenta ocultar. Mas a verdade continua firme, e sempre haverá um remanescente anunciando a verdade frente à mentira, ao mundanismo, à cegueira espiritual que toma conta do presente século.

É por seu apego à Palavra, e só pela fiel pregação da Palavra que uma igreja permanece de pé Abandonar a Palavra faz dela outra coisa, torna-a uma sinagoga de satanás [Ap 3.9: Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei], cheia de pessoas mas sem verdadeiros adoradores, pois os filhos de Deus ouviram sua voz e dali fugiram [Ap 18.4: Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos]. Pode até ser uma assembleia cerimonialmente alegre, mas só será igreja de Deus caso se mantenha fiel à Palavra. E isto só se dará pelo exercício dos dons mais intimamente relacionados à pregação da Palavra. Sem eles todas as demais manifestações atribuídas ao Espírito não produzem nenhuma fé, pois podemos perguntar: fé em que? Fé no milagre? Fé no milagreiro? É por isso que existem tantos homens e mulheres poderosos, grande servos, todos semelhantes a Simão, mago, charlatão, enganador - e vamos encontrá-los com espantosa facilidade onde a Palavra não é valorizada. Mas a fé deve ser sempre em Jesus [At 3.16: Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo nome fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós], o autor e consumador da fé [Hb 12.2: ...olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus]. A bíblia diz que a fé não vem pelo milagre, mas pelo ouvir a pregação da Palavra.

I. A IGREJA DEVE EXERCER OS DONS NO CAMINHO DO AMOR

Alicerçado, orientado e balizado pela Palavra, os dons devem ser exercidos dentro da direção determinada por Deus. Paulo usa a palavra “rodós”, caminho, de onde origina-se nossas palavras rodovia, caminho de rodagem. Ninguém, em sã consciência, deixa uma boa estrada, reta, pavimentada e perfeitamente sinalizada, para trocá-la por caminhos tortuosos, escuros, e com sinalização enganosa. Paulo diz que o caminho que ele mostrará é excelente, isto é, foi testado e aprovado. Não é apenas um bom caminho, mas é o caminho do bem, é o caminho excelente, ou, de maneira superlativa, um caminho sobremodo excelente, isto é, incomparável e insuperável, o caminho do amor a Deus e ao próximo. Paulo coloca o amor como algo maior que os dons que os coríntios tanto buscavam e supervalorizavam. O amor é parte da essência dos dons. Nenhum dom deveria ser exercido a não ser que a sua motivação fosse o amor de Deus que tem sido derramado nos corações [Rm 5.5: Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado] daqueles que foram alvo daquele grande amor demonstrado e provado [Rm 5.8: Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores] na cruz para com suas criaturas rebeldes e decaídas.

AS LÍNGUAS: Para exemplificar o apostolo usa diversos exemplos, partindo do humanamente impossível e atingido os conceitos espirituais defendidos pelos belicosos coríntios. Lembremos que Paulo está dizendo que entre os coríntios não havia ninguém que houvesse atingindo ou nem mesmo tivesse a pretensão de alcançar tal nível de espiritualidade. Paulo começa do mais visível, mais barulhento e mais requisitado dos dons espetaculares, e o mais difícil entre eles de ser contraditado, as línguas estranhas. Havia gente que falava em línguas em Corinto? Sim, havia, do contrário Paulo os chamaria de mentirosos. Talvez até houvesse disputas para ver quem falava em mais línguas nos moldes de atos, onde as línguas nacionais são identificadas, línguas maternas e não línguas estranhas, ininteligíveis. De que adiantava falar tantas ou mais línguas e não ser instrumento de Deus para transmitir a mensagem salvadora do amor de Deus não apenas através de palavras, mas através de ações verdadeiras [I Jo 3:.18: Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade]. Provavelmente alguém, no calor da disputa, ou num frenético estado de busca, tenha intencionalmente ou não dado origem às línguas estáticas no meio da igreja, pois já as havia nos cultos pagãos daquela época. As línguas estranhas já eram um costume entre os idólatras. Para explicar tais línguas ininteligíveis explicaram-nas como línguas angelicais. O problema é que anjos nunca foram relatados como falando línguas desconhecidas dos homens; a mensagem evangélica é para homens, e não para anjos, e, acima de tudo, tais êxtases estavam produzindo soberba, dissensão e escândalos, porque exercidas sem amor, e, por isso, Paulo as compara ao barulho do sino que retine [uma associação com os cultos pagãos, que usavam os sinos em suas cerimonias e rituais]. É apenas barulho, não edifica e, pior, divide a comunidade e ainda escandaliza ao indouto.

O CONHECIMENTO: Outra área conturbada no séc. I, época em que as religiões dividiam os homens em leigos e iniciados, ou profanos e iluminados, era a questão do conhecimento. A uns teria sido dado um conhecimento especial, mais avançado, tornando–os uma espécie de casta espiritualmente superior. E este mal havia adentrado na igreja, com irmãos se autoproclamando fortes e desprezando a outros, aos quais classificavam de fracos. Paulo diz-lhes que não havia proveito algum em suas profecias e de nada adiantava seu conhecimento porque mesmo que eles conseguissem a proeza de conhecer todos os mistérios [impossível] e dominar toda a ciência [também impossível] isto não seria de utilidade alguma se eles não tivessem o amor como forma de expressar esta ciência e conhecimento. A busca por conhecimento, o amor à filosofia comum entre os gregos levava-os a disputarem entre si, e nestas disputas teológicas os vencedores se ensoberbeciam humilhando o restante da igreja. E o que dizer, então, dos neófitos, visitantes e pessoas intelectualmente mais simples?

A FÉ: que dizer, então, da fé? Podemos observar que a palavra fé, a fé genuína, tem pelo menos duas acepções no Novo Testamento. Ela pode referir-se à confiança em Deus e na realização de coisas tidas por impossíveis, ou a certeza de algo que já foi prometido certamente será cumprido por Deus; a segunda acepção é a fé como um conjunto de doutrinas que diferenciam a igreja de Cristo das demais instituições religiosas, por mais bem intencionadas que estas sejam. O problema é que estas duas concepções não são excludentes, e é o fato de sabermos quem Deus é, o que faz e como age que nos leva a esperar determinadas coisas e outras não. A fé jamais é apenas um instrumento para conquistar coisas. Ela é muito mais que isto, mas os coríntios estavam reduzindo-a a mero instrumento de ostentação de espiritualidade. Ideias como “fulano tem mais fé que beltrano” eram extremamente perniciosas, pois na verdade não é quanto de fé que se possui, mas em quais os frutos que esta fé está produzindo. Se esta confiança em Deus se expressa em alegre comunhão e convicta proclamação da graça de Deus ela é, ainda que menor que um grão de mostarda, toda a fé que necessitamos para a jornada ate a Jerusalém celestial.

ALTRUISMO: há numerosos preceitos quanto ao amor ao próximo, a consideração e honras fraternas. Num ambiente como o do séc. I não eram raras as oportunidades de martírio. Na cultura grega o heroísmo, a honra de um herói se dava não somente em seu modo de viver, mas no seu modo de morrer. Porém na igreja de Corinto o que nós percebemos, com tantas disputas, não era nada parecido com o que se esperava de um cristão em relação aos demais irmãos e até para com as autoridades da igreja. Era impossível esperar altruísmo de gente assim. Mas Paulo lhes diz que, mesmo que eles fizessem o impossível, ainda assim era necessário que a motivação fosse o amor. Ao citar os bens Paulo leva-os a se lembrarem do jovem rico, mas ao dizer-lhes do auto sacrifício ele remete à mais perfeita demonstração de amor jamais repetida: a morte de Cristo, o justo em lugar dos injustos, o Senhor em lugar dos servos, o rei em lugar dos súditos, Deus em lugar dos homens. E isto por amor, só por amor.

Espetaculares ou não, extraordinários ou não, o fato é que o Senhor, ao vencer o inimigo, deu dons à igreja, cada membro foi agraciado com alguma forma de contribuir espiritualmente para o crescimento do corpo. Você não foi chamado para ser, apenas, um número. Você não é uma cabeça a ser contada, uma ficha em relatórios. Você foi chamado para ser vitalmente unido à videira verdadeira, para dar frutos a 30, 60, a 100 por um. Mas para isto precisamos experimentar o amor de Deus sendo derramado em nossos coracoes, porque só podemos amar por causa do amor com que ele nos amou primeiro. Não tentemos cair na tentação de achar que não precisamos do amor ao próximo. Amar ao próximo é não apenas um mandamento mas também uma evidencia do amor de Deus, pois quem não ama não conheceu a Deus ainda. Deus já nos amou, já nos capacitou a amar. Não há maior amor que o de Deus. Ele entregou seu único filho por nós naquela cruz. Jesus é a maior expressão de amor ao amar-nos ate o fim, até a morte de cruz. O que ele fez não foi para encher nossos bolsos, mas nosso coração de genuíno amor por Deus e pelo próximo. Reflita por um pouco, o que você tem no seu coração é amor? O amor de Deus? Amados, amemos, não de palavras, mas de fato e de verdade. Vivamos no amor e pelo amor de Deus.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

EM MEIO A LOBOS

13Falta de sabedoria, oportunismo e vitimismo.

Na tentativa de evangelizar, uma jovem acabou dando uma grande oportunidade para os inimigos da fé cristã. Ao falar para um praticante de candomblé que “Jesus te ama e quer salvar sua alma de satanás” o umbandista respondeu provocativamente que estava feliz, e que sua alma não estava com satanás. À partir daí houve um bate boca, e um registro de ocorrência por intolerância religiosa. O umbandista quer que a evangélica seja punida por crime de intolerância religiosa, que pode render de 1 a 3 anos de prisão. O alegado pai de santo [reluto no uso do termo, uma vez que os santos só tem por pai a Deus, que adota pecadores, faz deles seus filhos e os santifica] afirma ter sido ofendido em sua crença religiosa. Na delegacia foram apresentadas duas versões, uma corroborada por duas seguidoras do umbandista, e outra, por parte da evangélica e outros presentes ao local. As duas versões apresentadas demonstram, de um lado, total falta de sabedoria, e, do outro, um absurdo oportunismo.

Quero tratar especificamente do “meu quintal”, isto é, o ambiente da igreja, e deixar o terreiro e suas trevas para outros especialistas, com maior interesse em apologética.

Como reação ao evangelicalismo morno de fins do séc. XIX o mundo viu surgir uma outra posição, uma outra atitude, esta mais beligerante, mais ativista, mais “guerreira”. A ideia cruzadista de partir para cima, amarrar o diabo, retomar territórios, resgatar prisioneiros cativos do diabo tomou conta do ambiente evangélico. Eis aí surgindo a famosa tolologia da batalha espiritual, assunto muito bem abordado pelo Rev. Nicodemus Lopes. Como substrato e cadinho destas ideias encontramos no dia-a-dia muita gente engajada nesta batalha, muitas delas intelectual e espiritualmente despreparadas, muitas emocionalmente desequilibradas.

O problema é que soldado despreparado mais atrapalha que ajuda. E este é um caso. As esquerdas, majoritariamente anticristãs, estão desde o início do séc. XX numa batalha diária pelas mentes das pessoas. Panfletos, manifestos, jornais, folhetins novelescos, conseguiram acabar com a antipatia natural às suas ideias totalitárias disfarçadas de igualitarismo [ou alguém ainda acredita no discurso de uma sociedade de iguais após os sucessos da antiga URSS, ou Cuba, Coréia do Norte e China, só para citar alguns exemplos?]. Conseguiram dominar as pautas dos jornais, mandam nas redações, são senhores das universidades. A batalha agora é por corações, por mentes, por imposição de uma cosmovisão própria. Como o filho de Davi, Absalão [I Rs 15] almejam ganhar a simpatia das pessoas, fazendo armadilhas à porta da cidade. E os cristãos, muitas vezes despreparados, por sua simplicidade e afobação, têm caído nestas armadilhas diabólicas. Este caso é um bom exemplo. Os inimigos da fé cristã, capitaneados por satanás, perceberam que é mais fácil o papel de vítima do que de perseguidor, pois, enquanto perseguiam a igreja esta se mantinha pura e crescia dia a dia. O que mais querem agora é passar por vítimas dos cristãos. Os homossexuais, por exemplo, querem posar como vítimas dos heterossexuais, ainda que a maioria das pessoas vitimadas pela violência sejam heterossexuais, e, outro dado relevante, a maioria das vitimas homossexuais são vitimadas por outros homossexuais, ou bissexuais - mas ainda assim trata-se de um problema homoafetivo.

Voltando ao tema da suposta intolerância religiosa, é obvio que os cristãos creem que são os únicos portadores da mensagem de salvação [At 4.12], e, mais ainda, são impelidos por sua fé a proclamarem com veemência esta mensagem [I Co 9.16].

Mas veemência não deve ser confundida com imprudência [Is 42.1-3]. Veemência não dispensa sabedoria. Evangelho é boa nova de salvação. Evangelho é comunicação da mensagem bíblica da redenção pelo sangue de Cristo. Evangelho é dizer ao pecador que Deus cancela seus pecados tão somente - e exclusivamente - se ele crer em Cristo. Ainda que a mensagem do evangelho seja afrontosa ao mundo, ela não precisa ser, necessariamente, ofensiva, especialmente quando se sabe que há um ambiente de total hostilidade, como se estivéssemos em um quarto cheio de pólvora esperando apenas uma fagulha, e é assim mesmo, todos os inimigos do cristianismo estão prontos a gritar contra os cristãos: “intolerantes, retrógrados” ou outras coisas semelhantes, como acabamos de ver.

Mas sejamos francos, tais inimigos não vão levantar suas hostes contra qualquer forma de cristianismo, mas, apenas, contra o genuíno evangelho - e só farão diferente se, ao atacar o outro evangelho, consiga, por tabela, atingir o seu alvo, que é minar o verdadeiro. Sejamos simples, sejamos astutos. O umbandista fez exatamente o que seu “programa” mandava. O escândalo o favorece. O escândalo sempre favorece o errado, o maldoso, o inconsequente. O escândalo sempre é ruim para a reputação do evangelho, mesmo que coberto de razão.

A cristã fez o que devia [pregou], embora de maneira, no mínimo, indelicada - mas acho até que indevida. Não foi sábia, pregou condenação a um rebelde condenado e naturalmente irado. Pregou morte a um morto. Não poderia ter obtido resultado diferente do que obteve. Lamentavelmente o umbandista estava preparado para um debate em seus termos [Pv 26.4]. E a apresentação de um evangelho acusador só o favorecia, pois assim poderia posar de vítima.

A Escritura nos apresenta outro modelo, o de Jesus. Os fariseus eram hipócritas. Os judeus acusavam a mulher adultera com o intuito de criar embaraços para Jesus, mas eram tão pecadores quanto ela [Jo 8.7]. Com paciência e sabedoria Jesus fez com que eles se enxergassem pecadores. Amorosamente fez com que a mulher se reconhecesse pecadora. Orienta-a a não pecar mais. E a faz voltar para casa, perdoada - mas ainda tendo que lidar com as consequências de seu pecado. Jesus fez o mesmo com a mulher samaritana, o que evidencia um método. Paulo segue o seu exemplo e faz o mesmo com os atenienses. A palavra chave para os nossos dias é sabedoria.

Porque os inimigos da fé cristã são absolutamente oportunistas e estão prontos a aproveitar as oportunidades - e quando elas lhes forem negadas, criarão armadilhas, criarão leis, criarão costumes, pressionarão para que haja um debate, porque, quanto mais acalorado o debate, maior visibilidade obterão. O que é pior é que, mesmo que percam o debate, ganharão porque farão barulho, e uma vez mais poderão acusar os cristãos de transtornadores do mundo [At 17.6].

Se for pelo transtorno que o evangelho causa, vale a pena. Se for para ver conversões, abandono dos ídolos mudos, vale a pena. Mas se for por bate boca, escândalo, é melhor ficar em silêncio [Cl 4.5]. Tudo o que o mundo aguarda são os deslizes dos cristãos para cobrar muito mais o fato de ser cristão do que o erro cometido. Lembremos que temos grande nuvem de testemunhas a nos observar [Hb 12.1]. Se anjos ou homens, pouco importa - o que realmente importa é que não sejamos motivo de escândalo [Sl 69.6] sofrendo como transgressores [I Pe 4.15-16].

Não devemos parar de pregar, mas devemos pregar com mansidão, com amor, com sabedoria. Não estou falando de técnicas, de linguagem de sabedoria [I Co 2.4], mas de sabedoria fruto da ação do Espírito Santo. O evangelho é instrumento de salvação que os pecadores não tem e não podem alcançar por si próprios, pois estão mortos em seus delitos e pecados [Ef 2.1]. Não precisamos utilizar o evangelho como mensagem de condenação, pois isto os pecadores já tem demais em seus terreiros. Eles tem seus próprios e abundantes pecados, especialmente sua impenitência, sua negação em receber a Jesus como Senhor e único salvador.

domingo, 7 de abril de 2013

A BÊNÇÃO DE PERTENCER AO CORPO DE CRISTO

marthon12 Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. 13 Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. 14 Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. 15 Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. 16 Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. 17 Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato? 18 Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. 19 Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo? 20 O certo é que há muitos membros, mas um só corpo. 21 Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós. 22 Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; 23 e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra; também os que em nós não são decorosos revestimos de especial honra. 24 Mas os nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha, 25 para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. 26 De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.

Todos nós conhecemos uma expressão muito popular que diz: “Na hora do aperto, cada um por si e Deus por todos”. É uma frase muito comum, muito conhecida e muito repetida. Parece que, por mencionar o nome de Deus, ela é até bem aceita no meio cristão. Mas qual a origem dela? Ela expressa uma verdade que deve fazer parte da vida do cristão ou tem muito mais a ver com as mentiras que o diabo conta, e conta repetidas vezes, até ao ponto de, tão repetida, tornar-se aceita como se fosse uma verdade inquestionável, e aceita como uma prática normal até mesmo pelo povo de Deus? Afirmo que esta frase é de origem satânica - somente o diabo tem real interesse em destruir a unidade, em destruir a comunhão, em implantar o desamor e a desarmonia. É verdade que nosso país se declara o país com maior número de cristãos no mundo, mas ele é, também, o país onde o número de seitas não cristãs e até anticristãs está entre os mais elevados do mundo. Mas mesmo assim impera em nosso meio esta danosa forma de comportamento que é uma grosseira e perniciosa afronta a tudo o que Cristo ensinou e pelo qual deu a sua vida. O nome deste comportamento é individualismo. Apesar de não parecer o individualismo é uma infame ofensa a tudo o que Cristo ensinou, e pelo qual deu a sua vida, como Paulo lembra ao escrever para Tito [Tt 2.14: ...o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras].

Uma das figuras mais caras ao pensamento cristão a respeito de si mesmo é a de que todos, juntos, unidos em uma só fé e um só Espírito [Ef 4.4-5: ...há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação, há um só Senhor, uma só fé, um só batismo], formamos um só corpo nutrido por uma mesma esperança, sustentados por uma mesma raiz [Cl 2.7 ...nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças], Cristo, a videira verdadeira [Jo 15.5: Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer]. Cada um de nós conhece pessoas individualistas, e é bem provável que nos encontremos diante da pessoa mais individualista do mundo ao menos uma vez por dia [com raras exceções]: quando nos olhamos no espelho. O inimigo sabe disso e usa este conhecimento para nos acusar diante do pai celeste, como fez com Jó [Jó 2.4: Então, Satanás respondeu ao SENHOR: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida]. Quando os cristãos vivem sua fé abnegada e sincera o inimigo é obrigado a confessar seu erro diante de Deus, mas continua insistindo em enganar os incautos, e, nesta área, tem enganado até os eleitos que vivem se devorando e se mordendo [Gl 5.15: Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos] embora possam até apresentar uma relativa firmeza teórica e doutrinária. Já houve quem afirmasse que professar uma fé ortodoxa e não vivê-la é como querer matar a fome lendo o cardápio de um restaurante. Não custa nada, mas também não resolve nada.

clip_image002O texto que escolhemos para nossa meditação nos apresenta algumas verdades que precisam ser lembradas constantemente aos cristãos, para que eles não incorram no erro do individualismo. A primeira verdade é que

I. HÁ UM SÓ CORPO ESPIRITUAL

A Palavra de Deus afirma que há algumas verdades a respeito da natureza comunitária do cristianismo bíblico que nós e também os coríntios precisavam ter bem claro em suas mentes e corações. A primeira delas é a respeito da unidade do corpo de Cristo. Paulo afirma haver um só corpo. Isto é difícil de compreender numa época de cristianismo esfacelado, de centenas e até milhares de grupos de cristãos professando uma fé particular, e ao contrário do Espírito cristão do I século, exclusivista e não inclusivista. Isto se torna ainda mais difícil de compreender quando há disputas dentro de uma mesma denominação [cargos, salários, status, visibilidade, benefícios] com disputas por algo que, para muitos, é uma antecipação das delícias do céu, e é, lamentavelmente, mais ansiado do que o próprio reino celeste [I Jo 2.15: Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele]. Talvez o quadro se complique ainda um pouco mais se pensarmos nas disputas e feridas dentro das nossas próprias paróquias, dentro das igrejas locais. Mas uma triste realidade é incapaz de apagar uma verdade de origem divina. Sabemos que tudo o que construirmos passará. Estas coisas passarão, mas a verdade de Deus permanecerá eternamente inabalável [Mt 5.18: Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra]. E o que a Palavra de Deus nos assegura como verdade inquestionável é que Cristo deu a sua vida para criar um povo para si, para que fossemos unidos a ele em um só corpo [Cl 3.15: Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos]. A igreja em Corinto era composta de diferentes pessoas, de diferentes costumes. Tinha enormes diferenças entre seus membros, e, ainda assim, era uma única igreja. É reconfortante saber que, se um dia, o mundo nos tirar tudo, se não tivermos mais dinheiro, se estivermos longe de nossa casa, de nossos familiares, ainda assim teremos o privilegio de estar em meio àqueles que fazem parte de um mesmo corpo, de uma mesma comunhão espiritual que nada pode quebrar, nem mesmo nós com os nossos erros.  Esta unidade indissolúvel foi criada no Espírito, foi selada na cruz, foi estabelecida na eternidade e para a eternidade.

Isto é a igreja. Este é o propósito de Deus na igreja e para a igreja. Muitos membros, muitas historias, mas uma única igreja. Ao chamar a igreja de corpo Paulo enfatiza uma unidade orgânica, verdadeira, real, e não apenas discursiva. Somos chamados para fazer parte de um corpo e, desta maneira, ter um relacionamento interpessoal onde uns e outros tem o mesmo sentimento não em questões secundárias, é possível que os cristãos não concordem entre si sobre muitas coisas, mas eles devem compartilhar os mesmos sentimentos em relação Cristo e em relação às coisas de Cristo. Quando um sorri, este corpo todo se alegra, todos se alegram. Quando um chora, todos se movem para consolar, exatamente como quando uma parte do corpo físico se machuca - o resto do corpo imediatamente age para diminuir ou acabar com o incômodo. Os cristãos são um só corpo porque tem o mesmo Espírito, estão enxertados na mesma videira, estão todos sob uma só cabeça.  Judá fez assim uma vez e foi bem sucedido [Os 1:11: Os filhos de Judá e os filhos de Israel se congregarão, e constituirão sobre si uma só cabeça, e subirão da terra, porque grande será o dia de Jezreel], mas esta é uma realidade ainda mais importante do ponto de vista espiritual [Cl 1.18: Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia] e é somente sob este cabeça que a igreja é edificada [Cl 2.19: ...e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus]. Esta é a primeira verdade de Deus neste texto que Paulo queria que a igreja de corinto soubesse, e que, certamente, Deus mandou que fosse registrado para que nós soubéssemos. Todos os cristãos são e devem viver como um só corpo, pois Cristo não está dividido. Mesmo que alguns queriam, Cristo não está e não pode ser dividido.

Além desta verdade, há uma segunda verdade que o Senhor quer que saibamos:

II. NESTE CORPO ESPIRITUAL HÁ DIVERSIDADE

Ao converter o coração dos homens Deus faz deles novas criaturas, ao mesmo tempo em que permite que ele seja a mesma pessoa. Suas atitudes certamente mudarão por causa das novas e poderosas influencias do Espírito e da comunidade da fé sobre as suas vidas - mas ainda terá as mesmas memórias, ainda terá que lutar contra as mesmas tentações que antes eram atendidas de pronto. Seus gostos musicais, culturais, esportivos e sociais poderão não sofrer qualquer alteração de imediato e passara a conviver com outras pessoas, de maneira bem mais próxima, que vem de outro tipo de formação. A igreja é, como um corpo, formada por diferentes membros, e isto é ao mesmo tempo uma benção e um problema. Se por um lado estas diferenças sou um problema e podem até gerar algum tipo de rejeição, ou de atritos, dando origem a desentendimentos e cicatrizes, por outro podemos ver os diferentes como complementares. Olhemos para o nosso corpo. Ao usar a esta figura Paulo punha diante dos coríntios um exemplo que cada um deles conhecia muito bem. Ele não usa a historia, a ciência, a filosofia ou a lógica. Ele usa o exemplo que é o mesmo em todos os cantos do planeta: o próprio corpo do ser humano. Os atritos em corinto podem ter levado uns a se proclamarem como superiores aos demais, e talvez, levado uns a se considerarem realmente inferiores, aceitando esta presumida superioridade como um fato. Talvez alguns tenham pensado até em abandonar a igreja, tão inferiorizados tenham se sentido. Talvez olhassem para os mestres, profetas, apóstolos e evangelistas e se apequenassem como se não tivessem valor, esquecendo-se que o próprio Cristo foi o preço pago por eles [I Co 6.20: Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo].

Para refutar Paulo lhes lembra que eles foram postos por Deus na igreja, o que por si já evidencia que eles possuem alguma importância. Se em relação a uma atividade um membro não é requisitado ou é funcionalmente menos útil, isto não muda em nada a sua essência. Ele continua sendo alvo do amor imenso de Deus, e certamente há outras áreas onde possuem muito maior importância. Mesmo membros “fracos” e “doentes” não devem ser desprezados ou descartados. Paulo diz que eles são necessários, do contrario não teriam sido chamados a fazer parte do corpo de Cristo. Cada parte do corpo é diferente, e cada parte tem função de maior ou menor importância em determinado momento, mas todos são membros do corpo de Cristo, comprados por sua morte na cruz, lavados por seu sangue. E foi por causa deste amor, demostrado a cada um [Rm 5.8: Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores], que Deus deu o seu filho unigênito [Jo 3.16: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna]. Foi por sentir por cada um de seus eleitos tão grande amor que Cristo se entregou [Jo 15.13: Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos]. Como desprezar alguém, por mais humilde que seja, que foi alvo de tão grande amor? Pode o olho desprezar o pé? Pode a boca desprezar o ouvido? O olho é incapaz de sustentar o corpo, e a boca incapaz de ouvir. Há, decerto, diversidade na utilidade e nas realizações, mas cada parte do corpo foi colocada com um só proposito: glorificar o Senhor [I Co 6.20: 20  Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo]. Deus não iria cometer erros, afinal, ele teve a eternidade inteira para planejar cada um de seus atos redentivos, para escolher cada um de seus eleitos. Ou ousaríamos pensar que Deus errou?

Então, já aprendemos aqui duas verdades: há um só corpo de Cristo, e neste corpo há muitos membros. Resta aprendermos uma terceira e maravilhosa verdade ensinada pela Palavra de Deus: embora constituído de partes, o corpo de Cristo é um produto da ação de Deus.

III. FRUTO DA AÇÃO DE DEUS

Ninguém, nenhum membro, é ligado ao corpo por obra do acaso, mas pela direta e sabia ordenação de Deus. O Senhor coordena, determina, estabelece o lugar e a função de cada membro no corpo, como oleiro ao forjar o vaso [Rm 9:.21: Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?]. Há algum tempo cientistas descobriram a proteína do músculo, um composto que desenvolve rapidamente os músculos. O problema é que, uma vez na corrente sanguínea, não importando onde seja injetado, a proteína não tem lugar certo para agir - e experimentos em roedores fizeram surgir músculos nos lugares mais inusitados. O que falta? Falta sabedoria aos homens, mas isto não é uma verdade quanto a Deus. Ele é infinitamente sábio. Desta coordenação feita por Deus concluímos que os desajustes não são essenciais, nenhum conflito existe “porque tem que ser assim mesmo”. Eles são acidentais, são desajustes causados pelo fato de que as pecas, as partes do corpo, se recusam a cumprir o seu exato papel e outras, ou querem ou acabam cumprindo um papel para o qual não foram designadas. A estes desajustes, como os que havia em corinto, Paulo chama de divisões, de dissensões, de falta de ajuste entre as partes do corpo. Um corpo só cresce, só se desenvolve como deve se estiver bem ajustado e cada parte cooperando mutuamente [Ef 4.16: ...de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor]. Paulo afirma que o plano de Deus estabelece, ao contrário da divisão, a justa cooperação dos membros do corpo. Uns cuidando dos outros os tidos por mais fortes cuidando dos mais fracos, mas todos agindo uns em favor dos outros com o cuidado equivalente à necessidade de cada um.

Nenhum membro do corpo é digno de qualquer tipo de cuidado que o torne ou faça parecer mais digno que os demais. Trata-se de um único corpo, não há ninguém, na verdade, digno de fazer parte dele [Ef 2.3: ...entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais].  Cada parte do corpo está ali somente pela graça de Deus. Se há algo que iguala os homens é a sua indignidade diante de Deus [I Rs 8.46: Quando pecarem contra ti (pois não há homem que não peque), e tu te indignares contra eles, e os entregares às mãos do inimigo, a fim de que os leve cativos à terra inimiga, longe ou perto esteja]. E o método para chamar os pecadores ao arrependimento é o mesmo, independente da sua cultura, classe social, econômica, nacionalidade ou qualquer outra forma de discriminação humana. O método de Deus para todos dos homens é um só: que ouçam o evangelho [Rm 10.17: E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo], que creiam em Jesus Cristo, que se arrependam de seus pecados que sejam salvos e que passem a viver de maneira digna deste salvador [At 26.20: ...mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento]. Não há uma segunda opção. As dores do corpo ou são fruto de agentes externos, e isto requer que todo o corpo coopere imediatamente para resolver o problema, ou é fruto de problemas internos. Mas lembremos, é um só corpo. Se uma parte dele sofre, todo o corpo sofre.

Há alguns anos soube de um episodio de autofagia. Um cachorro, numa propriedade rural, foi ferido na pata e não recebeu o tratamento adequado, pois os proprietários não estavam na fazenda. Ele se escondeu e ia mordendo a parte que ia necrosando. Encontrado dias depois, tinha corroído parte de sua pata, e logo foi tratado, mas o estrago era irremediável. O sofrimento de parte do corpo é o sofrimento de todo o corpo. É impossível uma parte do corpo entrar em aflição e o restante permanece em paz sem se incomodar. Mas, da mesma maneira, quando uma parte do corpo é honrada, todo o corpo se regozija, se enche de alegria.  Lembremos, nem todo o corpo será honrado [ou estimulado] da mesma maneira. A luz é tudo para o olho, mas não tem nenhuma utilidade para o estomago. Aquilo que alegra o paladar pode ser terrível para o olho [condimentos, como pimenta e sal, por exemplo]. Mas o que o olho vê pode ser conduzido à boca causando prazer, que, depois, será trabalhado pelo estômago e assim produzir energia para movimentar todo o corpo. É a unidade, e não a desunião, é a harmonia, e não a dissensão, que produz a edificação e o crescimento do corpo. Deus sabe o que faz, e nos deu o manual de funcionamento do corpo de Cristo, a sua Palavra, a bíblia sagrada. Fazendo parte deste corpo, se houver situações em que tenha que tomar decisões que afetem seus relacionamentos, lembre-se que tais decisões são apenas circunstanciais. Não deixe a tensão dominar seu coração. Ore a Deus pedindo sabedoria, pois os irmãos estão do seu lado por um propósito divino. Seja paciente e espere no Senhor. Tenha fé e ele te dará uma saída para as agruras que venham a surgir.

Quero concluir com uma lembrança: fora deste corpo não há vida. Somente no corpo espiritual de Cristo o homem estará vivo espiritualmente. Somente no corpo de Cristo somos nutridos por Cristo. Fora de Cristo não há esperança de melhora, não há vida. Deus é infinitamente sábio e bondoso, e te chama para fazer parte deste corpo, onde tem um lugar preciso e precioso preparado especialmente para ti.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

A IGREJA “QUE EU GOSTO” PODE NÃO SER A IGREJA DE CRISTO

arrancarraizesUma série de episódios vivenciados ao longo destes anos, em diversas igrejas, algumas pastoreadas por mim, outras nas quais eu estive como visitante, além de diversos comentários de colegas, também pastores, a respeito do assunto, me levaram a desejar escrever este artigo. Minha pretensão é que seja simples e, tenho certeza, é bem mais provável que acenda questionamentos do que forneça respostas. Repito, não é meu propósito fechar esta questão, pelo contrário. Às vezes, nossas certezas todas precisam ser derrubadas, para que possamos aprender a fazer as perguntas certas.

A questão que pretendo levantar é, colocada de uma forma contemporânea, se de fato a igreja que eu gosto é mesmo a igreja que Cristo gosta. Colocando em termos mais confessionais, qual deve ser o padrão para eu julgar se uma igreja [especialmente a minha, que eu gosto] está certa naquilo que pensa, fala e faz?

A Igreja Presbiteriana do Brasil nos oferece alguns caminhos para este julgamento, aos quais chamamos padrões de fé. São eles: a confissão de fé e catecismos maior e breve, documentos já seculares com a exposição da doutrina cristã reformada consideradas pelos presbiterianos uma adequada exposição das doutrinas bíblicas e a regra de fé, a bíblia sagrada, de onde emanam todos os ensinos e sob a qual todas as discussões devem ser resolvidas.

Entretanto, tenho observado – e vou me ater ao “meu quintal”, isto é, às igrejas por mim conhecidas. Me parece ser um mal relativamente generalizado no seio da Igreja Presbiteriana do Brasil [espero que o estado ainda não seja septicêmico] é que o padrão de julgamento tem sido mudado ao sabor das circunstâncias. Não que isto seja novidade, como podemos constatar na história de Uzá, homem cheio de boas intenções mas que acabou morrendo por que Davi não seguiu os preceitos de Deus para o transporte da arca da aliança, levando-a em um novíssimo carro de boi [II Sm 6.1-7] ao invés dos “desconfortáveis” ombros dos levitas [I Cr 15.15].

Em estudos bíblicos, reuniões cúlticas ou administrativas, tenho percebido que para o “povo que se chama” pelo nome de Deus é o costume [ou a novidade, dependendo da conveniência] que vai determinar os procedimentos a serem adotados. Em determinado momento a tradição é de suma importância [“sempre fizemos assim”], mas, em outros, a proposta é “fazer algo novo” [porque todos estão fazendo]. Algumas vezes a Palavra de Deus é mencionada, por pretexto, brandida como uma espada não do espírito, mas absolutamente carnal, não sendo manejada corretamente.

Eu poderia citar diversos exemplos, mas vou preferir evita-los porque quero tratar de um princípio, um conceito, e não de casos. É preferível que seja assim porque casos novos sempre surgirão, e os princípios poderão ser aplicados a todas as áreas relacionais [namoro, noivado, casamento, negócios, lazer, carreira] e cúlticas [doutrina, liturgia, cerimonial] da vida da igreja. Por pensar “por princípios” o sábio Salomão afirma que não há nada novo debaixo do sol [Ec 1.9]. O que Salomão nos ensina é que é tolice querer fazer as coisas de um jeito novo – simplesmente porque alguém já fez, e, na melhor das hipóteses, o novo é a mera junção de coisas velhas.

Tendo aprendido cedo esta verdade, entendo que todo julgamento a ser feito deve ter como base o que diz a Palavra de Deus. E eis um dos problemas, uma das crises [porque há outras] da igreja moderna. Ela desconhece a Palavra de Deus. Antes que alguém se levante e diga ser esta uma acusação muito séria, peço um pouco de paciência e incentivo a dar uma olhada criteriosa ao redor. Mesmo na Igreja Presbiteriana do Brasil, a coisa não é muito diferente. Sei que muitos concordarão comigo, não há conhecimento da bíblia, isto é uma constatação, apesar dela ser lida dia após dia [ou não] por muitos.

Vagarosamente o povo de Deus vai tendo as suas bases solapadas [Os 4.6], num mal que atinge não apenas o povo, mas também a liderança. Muitos evitam confrontar os “tradicionais donos das igrejas” para poderem ter um ministério estável? Estável? Sem a aprovação do Senhor da igreja? Estável? Sendo condenado como os sacerdotes mencionados por Oséias. Isto não é estabilidade, é apenas preparação para uma ruina repentina [Pv 1.24-27].

Em diversas ocasiões, em igrejas diferentes, ao ensinar sobre assuntos diferentes [e também ouvindo estudos ministrados por outros pastores] pude perceber que, quando confrontados com o ensino da eterna Palavra de Deus, membros das igrejas defendiam-se. Observo que se defendiam não de um ataque, mas de um ensino da Palavra, geralmente usando expressões como “eu penso”, “eu acho”, “sempre fizemos”, “é legal”, “nada a ver” ou “isso nunca”, e semelhantes.

Mesmo que a instrução da Palavra fosse clara, inquestionável, ainda assim tentam manter de pé uma cosmovisão sustentada em opiniões e circunstâncias passageiras. Quantas práticas a igreja não está aceitando como naturais – ou tolerando sem questionamentos – porque desprezam o conhecimento da Palavra de Deus?

Para os reformadores, muitos dos quais cultuados como super-heróis, supercrentes, e eram apenas homens, como todos nós, toda discussão deveria ser resolvida apelando para o maior de todos os juízes, Deus, que fala aos homens por intermédio de sua Palavra. Mas é muito comum crentes, que prometeram fidelidade a Deus e obediência à sua Palavra, rejeitarem o ensino da Palavra. Em troca de que? Em troca de si mesmos, em troca do autogoverno. Esta é a grande verdade. O juízo pelo qual o homem pretende julgar todas as coisas não é outro que não ele próprio. O primeiro que fez isso levou a humanidade à total desgraça. E outros que continuaram fazendo causaram dores, como no caso de Davi e a morte de Uzá.

Crente, escuta!!! Crente, se crente é, presta atenção e dá ouvidos à voz de Deus! Infelizmente isto não tem acontecido. Deus continua falando, pois sua palavra é viva e eficaz – e pode dar vida até a mortos, levantando um exército poderoso à partir de um devastado vale de ossos secos. Mas para isso precisa alguém que fale. Os profetas precisam ouvir e transmitir a voz de Deus, como Micaías fez [I Rs 22.14], precisam estar dispostos a falar, não importando o custo, precisam ter a intrepidez do Espírito e não se calarem [At 18.19] para que aqueles que porventura sejam de Deus ouçam e atendam.

A igreja que você gosta pode não ser a igreja que agrada a Deus. A igreja que você gosta pode ser, apenas, a igreja que você enche do que você mais gosta – é o seu depósito de tranqueira, de quinquilharias, de souvenires, por mais bonitos e aparentemente sagrados – mas não é a igreja de Deus. A verdadeira igreja precisa ser lavada no sangue do cordeiro, suas vestes precisam ser puras. Pecadores jamais conseguirão fazer uma igreja que agrade a Deus com aquilo que agrada a sua carne [Rm 7.19]. Uma igreja que existe para agradar a homens carnais será uma igreja carnal – e uma igreja carnal jamais conseguirá andar no Espírito porque a carne milita contra o Espírito [Gl 5.17].

Se um crente pensa que está sendo edificado por Deus ao mesmo tempo em que satisfaz as concupiscências de sua carne [Gl 5.16], está muito enganado [I Tm 6.19], e seu resultado final será ouvir do Senhor – não do seu senhor, mas do Senhor, a quem não conhece verdadeiramente – uma frase dura de reprimenda e condenação: “nunca vos conheci” [Mt 7.23]. Mas para os crentes, mesmo os que laboram em erro, ainda há tempo para perceber que estão lutando contra os aguilhões do Senhor [At 26.14], e ainda podem ouvir o clamor do Senhor para abandonarem o espírito deste mundo [Rm 12.2] e abandonarem a mãe de todas as meretrizes antes que a ira do Senhor se derrame definitivamente sobre ela [Ap 18.4].

O Senhor não criou uma igreja para você se sentir bem. Lugar de sentir-se bem é o sofá de sua casa, é sua cama ou uma rede sob uma sombra na beira de um rio. A igreja foi criada para mudar você, para transformar sua vida e para que você pare de pensar-se como senhor de si mesmo, dobrando seu orgulhoso coração e sua cerviz dura debaixo da Palavra de Deus [II Co 10.5]. A igreja que pretende criar em seu coração é outra, pois a de Cristo já foi criada lá no calvário – e Ele não vai reconhecer outra.

CORINTHIANOS ESTÃO SEQUESTRADOS

Piadas a parte com os corintianos – e brinco com palmeirenses, botafoguenses, são paulinos e até vascaínos [só mais uma brincadeira], o fato é que o condicionamento, por parte da promotoria boliviana, de só libertar os corintianos detidos por causa do morteiro que matou o jovem Kevin Espada é, na prática, um pedido de resgate, configurando, assim, um “sequestro legal”. Legal, digo, dentro do esquema jurídico boliviano, o mesmo que incentiva a plantação de coca, que toma empresas brasileiras e legaliza lá veículos roubados aqui. O Corinthians não pagarará a conta, isto é, o resgate. A CBF ia pagar com o amistoso, mas a federação boliviana decidiu por a mão grande na renda. Então, quem será? A Gaviões da Fiel? Os familiares? Quem pagará o resgate?

Isto sim, é uma vergonha internacional – vergonha maior que a que o Brasil passou quando o índio ladrão e mascador de coca, Evo Morales, tomou as refinarias da Petrobrás e o Luladrão [líder e beneficiário da quadrilha de estelionatários conhecida como mensaleiros] não fez nada. Na época, era só dinheiro. Agora, são brasileiros sequestrados pelos bolivianos.

NOTA: Não acho que o caso está solucionado, nem que o rapaz que admitiu ter soltado o morteiro seja o culpado. Quando muito, um dos participantes da tragédia.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

DESARRAIGADOS DO MUNDO PERVERSO, GLORIFIQUEMOS A DEUS

env1 Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos, 2 e todos os irmãos meus companheiros, às igrejas da Galácia, 3 graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo, 4 o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, 5 a quem seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!

Às vezes ouço perguntas que tem como pano de fundo a seguinte indagação: “até que ponto a igreja pode se parecer com o mundo”. O que a Palavra de Deus tem a nos dizer a respeito disso? Analisemos o texto da carta de Paulo aos Gálatas para compreender a mente do apóstolo, e, por conseguinte, entender o que Deus queria que ele transmitisse aos gálatas e a nós.

O AUTOR: QUEM ELE É

O autor da carta é o apóstolo Paulo, conhecido dos gálatas, o apóstolo especialmente separado para levar a mensagem de salvação aos gentios. Sabemos que seu nome original era Saulo, mas, após sua conversão, passa a ser chamado pelo epíteto grego de Paulo, e é assim que ele entra para a história da igreja cristã. O autor não é um homem qualquer, um mero desconhecido, mas um homem transformado após um encontro com o Senhor Jesus num momento em que respirava ameaças de morte contra a igreja. Ele já havia concordado com a morte de Estêvão [At 8.1: E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria] e parece que gostou da sua atuação, a ponto de solicitar recomendações aos religiosos de Damasco para continuar perseguindo os cristãos. E é nesta jornada de perseguição que ele tem o famoso encontro com Cristo [At 9.1-6: Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém. Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer]. Paulo era um homem profundamente religioso e provavelmente a igreja do século XXI pedisse apenas a sua adesão ao seu rol de membros.

Religioso, sem dúvida, mas espiritualmente cego pela sua religião. Era cego para as coisas de Deus, e precisava ser convertido, nascido de novo, como jesus diz a Nicodemus [Jo 3.7: Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo]. Embora fosse muito mais escrupuloso em sua religião que a maioria de seus compatriotas [Gl 1.14: E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais], ainda assim era um morto espiritual, profundamente apegado às coisas carnais, às coisas inúteis e sem valor de uma religião vã [Fp 3.4-7: Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo], aos mandamentos de homens e aos rudimentos do mundo [Gl 4.3: Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo] que de nada valiam contra o pecado que constantemente assedia a cada um de nós.

O autor conhecia a ineficácia da justiça própria e o que significava a sujeição à lei, que servia de duro aviso de condenação do homem por causa de suas transgressões [Tg 2.10: Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos]. Apenas depois de ser liberto de tal escravidão Paulo pode exclamar e pregar a liberdade espiritual que lhe foi dada após seu encontro com jesus no caminho de Damasco, quando as escamas caíram de seus olhos e ele passou, verdadeiramente, a ver. Resumindo: Paulo, o autor, é um homem genuinamente transformado pelo poder da graça de Deus em cristo, e não mais conduzido pelas peias da escravidão à lei ou a uma religiosidade formal e vazia.

O AUTOR: O QUE ELE É

Cidadão romano, nascido em Tarsis, educado aos pés de um grande mestre religioso judaico [Gamaliel], apresenta a sua qualificação. Porque ele escreve aos gálatas? Porque ele escreve uma carta de profundo conteúdo exortativo? Porque ele é um apóstolo, um verdadeiro apóstolo, um homem verdadeiramente comissionado pelo Senhor, ainda que tenha sido chamado num tempo diferente dos demais apóstolos [I Co 15.8: ...e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo]. Seu título não foi autoproclamado. Foi o próprio Senhor quem o escolheu [At 9.16: ...pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome] e o escolheu para o sofrimento entre os gentios. Um apóstolo muito diferente dos pseudoapóstolos auto comissionados, não para o evangelho e o sofrimento, mas para a fortuna.

A ORIGEM DO COMISSIONAMENTO

1. NÃO ERA POR INTERMÉDIO OU VONTADE DE HOMENS

Paulo faz questão de frisar que é diferente dos falsos apóstolos que se levantavam e ainda continuam se levantando. O Espírito teve o cuidado de inspirar Paulo a apresentar as suas credenciais. Seu apostolado não era decorrente da vontade de homem algum, nem mesmo de outros apóstolos ou dele próprio. Ele não queria ser apóstolo. Queria, sim, ser fariseu. Queria perseguir, prender e matar cristãos em seu tempo de ignorância espiritual [I Tm 1.13: ...a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade].  Seu chamado não foi feito por Pedro ou por Barnabé, mas pelo próprio se, que lhe entregou o seu evangelho [Gl 1.11-12: Faço -vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo]. Pedro e os demais apóstolos apenas reconheceram seu chamado e apostolado, e lhe estenderam a destra da comunhão [Gl 2.9: ...e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para a circuncisão]. A igreja apenas ouve a palavra de seu Senhor e os separa como missionários [At 13.2: E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado]. Paulo não precisava, após a sua conversão, dos mesmos instrumentos de antes. Não precisava de cartas de apresentação como a que pedira aos sacerdotes de Jerusalém quando era apenas um agente religioso. Naquela época precisava de cartas de apresentação assinadas por homens. Ele e seu ministério, e os frutos deste ministério, eram as únicas evidências doas quais ele agora precisava [II Co 3.1-3: Começamos, porventura, outra vez a recomendar-nos a nós mesmos? Ou temos necessidade, como alguns, de cartas de recomendação para vós outros ou de vós? Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens, estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações].

2. ERA PELA VONTADE DO PRÓPRIO DEUS, PAI E FILHO

Após mencionar que não era apóstolo pela vontade de Deus, Paulo usa uma conjunção adversativa forte, “alla”, para indicar que o que realmente acontecia era o contrário absoluto, ou, preferencialmente, algo essencialmente diferente. Era impossível comparar o apostolado paulino com os comissionamentos humanos. Paulo anunciava, por mandato de Deus, reconciliação do homem com seu criador por intermédio de Jesus Cristo [II Co 5.20: De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus] - enquanto que os falsos mestres que infestavam a Galácia e surgem em profusão em nossas casas através da TV proclamam escravidão religiosa, legalismo, mercantilismo, simonia, morte espiritual, sincretismo com práticas idólatras e pagãs com uma capa de cristianismo que não resiste à mais simples comparação à luz da Palavra. Bradam cada vez mais alto, em contraste com a verdadeira sabedoria de Deus em Cristo Jesus [Mt 12.18-20: Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios. Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo]. O que temos visto é que, quanto mais eloquentes, menos conteúdo, quanto mais teatralidade, menos espiritualidade, tentando enredar os incautos [Cl 2.8: Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo] e, se possível fosse, enganando até mesmo os eleitos de Deus [Mc 13.22: ...pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos]. Não é assim com Paulo. É “em Cristo” que ele se vê. Para ele sua vida está em Cristo e tudo o que ele quer é ser encontrado em Cristo, repetindo esta expressão 90 vezes em suas cartas, mas seu pensamento chega ao clímax quando ele afirma que já não é mais ele quem vive, mas Cristo vive nele [Gl 2.20: ...logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim].

Na mesma adversativa Paulo inclui também a vontade de Deus Pai, aquele que escolhe o pecador para a salvação desde antes da fundação do mundo [Ef 1.4-6: ...assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado] e também que preordenou Cristo como o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo e que dá cada redimido às mãos do salvador [Jo 6.37: Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora]. A este Deus onipotente aprouve separá-lo, e separá-lo ainda mais para um ministério distante de seu próprio povo [Gl 1.15: Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue], inclusive tendo a oposição de muitos deles, mas sem deixar de amá-los e desejar a sua salvação [Rm 9.3: ...porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne]. Paulo lembra que o autor de seu chamado é o mesmo que deu o filho, e é também o mesmo que o ressuscitou de entre os mortos, e só esta ressurreição torna eficaz a sua pregação [I Co 15.14: E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé], do contrário, sem a ressurreição, não haveria esperança de vida eterna para nenhum homem.

DEUS NOS FEZ UM COMISSIONAMENTO COMUNITÁRIO

Assolada por legalistas, por grupelhos de judaizantes, por sabatistas, por perseguidores romanos, parecia que a situação da igreja gálata era insustentável. Eram poucos, estavam sozinhos. Não! Não estavam sozinhos. Paulo faz questão de lembrar-lhes algo de suma importância: eles não estavam sozinhos, de maneira alguma. Eles eram parte de uma santa assembleia, de um corpo muito maior de cristãos espalhados por todos os cantos da terra. Não precisavam julgar-se um povo pequeno e oprimido - mesmo se fossem poucos e estivessem sofrendo perseguição. Eram parte de uma família muito, muito maior, e ainda que perseguida, eram mais que vencedores, eram capazes de vencer o mundo sem armas [II Co 10.4-5: Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo], mas com a maior e mais poderosa de todas as armas disponíveis, a sua fé, o que efetivamente aconteceu [I Jo 5.4: ...porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé]. Em certos momentos é difícil se animar diante de comparações numéricas ou quaisquer outras, a princípio, desvantajosas. Os judaizantes podiam afirmar serem muito mais numerosos que os cristãos. Podiam alegar maior antiguidade e mais tradições. Podiam apontar a grandiosidade de seu templo. Mas nada disso tornava menor a verdade que os cristãos carregavam em seu coração. Eles, e so os crentes em Cristo, eram portadores da salvação em Cristo Jesus, pois só em seu nome, e em nenhum outro, há salvação [At 4.12: E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos]. É preferível estar com a minoria que se salva num naufrágio do que com a grande maioria que perece.

Mas Paulo lembra aos gálatas que, a despeito da aparente minoria, eles não estavam sozinhos e eram parte de uma grande família. Possuíam irmãos de fé, companheiros de jornada. O Senhor se entregou para criar um povo para si [Tt 2.14: ... o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras]. E é como povo de Deus que esta igreja deve andar, é como povo que deve seguir adiante, edificando-se mutuamente [Ef 4.16: ...de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor] e recebendo de Deus a benção do aumento, dia a dia, no número dos que vão sendo salvos [At 2.47: ...louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos]. De onze no cenáculo para milhares de convertidos em poucas pregações. Dois viajantes, Paulo e barnabé, e depois mais alguns, como Joao Marcos, Silas, Timóteo, transtornando o [organizadíssimo] mundo romano [At 15.24: Visto sabermos que alguns que saíram de entre nós, sem nenhuma autorização, vos têm perturbado com palavras, transtornando a vossa alma], anunciando uma paz verdadeira, interior, em contraste com a paz artificialmente construída pelas botas dos soldados romanos, e logo multidões iam deixando o paganismo e suas práticas idólatras, suas feitiçarias, suas libertinagens e licenciosidade para uma vida digna de uma vocação santa em Cristo Jesus [Ef 4.1: Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados]. Definitivamente, não estamos sozinhos se somos parte da igreja de Cristo e, na verdade, estamos em muito mais excelente companhia [Hb 12.22-24: Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel].

DEUS TEM UM CUIDADO PERSONALIZADO

A carta é endereçada às igrejas da Galácia - destinatários específicos naquele momento crucial da historia da igreja. O Senhor quer falar com sua igreja, como fez com outras igrejas, como a de Corinto, Tessalônica. Hoje ele já não fala mais para os gálatas - mas sua palavra, viva e eficaz, continua falando ao seu povo, individual, coletiva mas especificamente, atendendo cada uma das suas necessidades. A Palavra de Deus foi endereçada àqueles irmãos para atender uma necessidade específica deles. Sua fé estava sendo atacada. A razão da sua esperança estava sendo colocada em dúvida. Sua certeza de salvação pela fé somente era questionada por novas exigências, que, em última análise, tornavam a salvação dependente dos mutáveis humores e vontades humanas e sua fraqueza em perseverar no que é certo, justo e bom [Rm 7.19: Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço]. A palavra de Deus é pessoal, Deus fala individualmente ao coração de seus servos [Sl 27.8: Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, SENHOR, a tua presença], Deus está interessado em sua vida, em suas atitudes, suas ações, suas escolhas e as consequências delas [Sl 135.5-6: Quem há semelhante ao SENHOR, nosso Deus, cujo trono está nas alturas, que se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a terra?]. Ele vê suas dúvidas, suas agonias e diz: “Não temas” [Is 41.13: Porque eu, o SENHOR, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: Não temas, que eu te ajudo]. O Deus que Paulo conheceu, e que mudou a sua vida, é o mesmo Deus que é possível conhecer hoje, e que continua sendo poderoso para mudar vidas. As necessidades dos gálatas, coríntios, romanos, gregos e judeus ou quaisquer outros homens não mudaram - e Deus continua sendo capaz de atende-las, uma a uma, chamando-nos pelo nome, tomando-nos pela mão e conduzindo-nos a um lugar alto e seguro, como nos diz o homem que passou por um tremendo sofrimento e ainda assim confiava no seu cuidado salvador [Jó 5.11: ...para pôr os abatidos num lugar alto e para que os enlutados se alegrem da maior ventura].

DEUS SATISFAZ AS NOSSAS NECESSIDADES

As igrejas da Galácia precisavam de cuidados espirituais, precisavam de instrução, precisavam até e principalmente de correção, mas antes de qualquer outra coisa, eles precisavam da graça de Deus em Cristo Jesus. Nenhuma outra ação seria eficaz se a graça de Deus não estivesse presente e atuante na vida daquela igreja. E a graça que se manifestou salvadora, educando os homens, levando-os a abandonar as paixões infames que caracterizam os homens sem Deus [Tt 2.11-14: Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras]. Só poderia haver uma igreja em Corinto, ou na Galácia, ou em outro lugar qualquer como fruto da graça de Deus, pois é somente pela graça que somos salvos. Não há outro caminho, e sabemos bem disso pela nossa própria experiência [Dn 9.18: Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias]. O padrão de Deus é perfeito, como ele expressa na sua aliança com Abraão [Gn 17.1: Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito]. Sabemos bem que não conseguimos alcançar este padrão por nem um dia sequer. É por isto que o legalismo precisa de compensações, é por isso que seitas exigem horas de dedicação, de trabalho, de devoção e exigem provas de fé; é por isso que se exige guarda de dias ou abstenção de com alimentos ou práticas naturais aos homens, como casamento [I Tm 4.1-5: Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado]; é por isso que o romanismo precisa do purgatório e o espiritismo de um número infinito de vidas numa teoria nunca comprovável e contraditória, ensinos que são de demônios e ofendem ao Criador [Hb 9.27: E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo].

Mas, mesmo que todas estas provas não existissem, bastaria para nós o atestado da veracidade da Palavra de Deus, do Verbo vivo que diz que ninguém vai ao Pai a não ser por ele [Jo 14.6: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim], renunciando aos seus feitos e recebendo de graça a salvação, um dom de Deus recebido pela fé [Fp 3.9: ...e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé]. A experiência da graça de Deus transforma o homem a ponto de ele parar de agir como inimigo de Deus e, ao mesmo tempo, ele descansa do conflito que impera em seu coração. Mesmo nas adversidades, e vencido num pecado, mais uma vez clama pela ajuda do agora amigo Jesus [Rm 7.24: Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?], clama pelo socorro do seu pai amoroso. Cristo veio para evangelizar, isto é, trazer boas notícias, estabelecer e anunciar a paz entre os homens e o pai celeste. Sem estar em paz com Deus mesmo as melhores atitudes estarão infectadas pelo veneno das más motivações [Is 59.3: Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos, de iniqüidade; os vossos lábios falam mentiras, e a vossa língua profere maldade], tornando-se, assim, inaceitáveis diante daquele perante o qual todas as coisas tem que ser perfeitas [Is 64.6: Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam]. A graça de Deus e a paz de Deus são mencionadas por Paulo como a graça de cristo e a paz de Cristo porque é impossível receber a graça e a paz de Deus sem cristo, e é impossível ter cristo sem a graça de Deus. Não se trata nem mesmo de dois lados de uma mesma moeda, mas de uma única e indissolúvel realidade.

A OBRA DO FILHO FOI UMA OBRA PERFEITA: DOAÇÃO DE SI MESMO

Para que conhecêssemos sua graça cristo voluntariamente se deu, entregou-se por nós [Mc 10.45: Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos]. Até mesmo seu mais angustiante momento da cruz, sua oração no Getsêmani, foi de entrega, apesar de saber o que viria em seguida. Ninguém poderia tirar sua vida, mas sua entrega foi espontânea [Jo 10.17-18 Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai]. Nesta entrega o santo experimentaria, para manifestar a sua graça, os horrores que eram reservados aos inimigos de si mesmo. O doador da vida iria experimentar o horror da morte. Ninguém, nem mesmo todo o poder do império romano, poderia obriga-lo a se entregar, como ele lembra de maneira aos apóstolos [Mt 26.53: Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?] e até mesmo ao procurador romano, Pôncio Pilatos [Jo 19.11; Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem]. Nem Pilatos, nem Herodes, nem qualquer outro rei da terra poderia levar o Senhor à cruz se este não fosse o desígnio do pai, se ele, Cristo, ele não quisesse estar lá - mas ele queria, por mim e por ti [Is 53.10: Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos]. A bíblia é categórica ao afirmar que ele se doou, se entregou, ele se deu como uma oferta voluntária ainda que fosse um trabalho penoso, mas foi voluntario. Naquilo que o mundo greco-romano, e os judeus, viam como fracasso e maldição, Cristo via a sua vitória e o cumprimento do objetivo de sua vinda porque ele alcançava, ali, um objetivo triplo.

ELE MORREU PELOS NOSSOS PECADOS

Ao dar a sua vida na cruz, Cristo efetuou uma compensação, isto é, não um pagamento ao diabo como alguns querem, porque não fora ele o ofendido, mas uma propiciação a Deus, isto é, uma oferta santa e amorosa que cobre os nossos pecados, na verdade, uma multidão deles, de maneira que Deus já não nos vê como filhos da ira e dignos de maldição, mas nos vê lavados pelo sangue do cordeiro [I Jo 4.10: Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados]. Cobertos pelo seu sangue propiciador, Deus passa por sobre os nossos pecados, não os cobra, não manifesta o seu desprazer mas derrama da sua graça porque vê aquele que crê como estando “em Cristo”, e vê Cristo neles. A justiça de Deus é satisfeita em Cristo a ponto de Paulo afirmar que, embora destituídos de justiça própria, ele, Cristo, é a nossa justiça. Esta é uma verdade que o verdadeiro cristianismo jamais deixará ser esquecido, jamais negociará: não há outro meio de se ver livre do pagamento que o pecado exige, a morte [Rm 6.23: ...porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor]. Este pagamento foi feito pelo sacrifício de Jesus Cristo, e um único sacrifício, irrepetível [Hb 10.10: Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas]. Ali o justo morreu pelos injustos, ali vemos a morte de quem não merecia morrer, o Senhor da vida, em lugar dos que já estavam mortos em seus delitos e pecados.

MORREU PARA NOS DESARRAIGAR DESTE MUNDO PERVERSO

Por mais que tentássemos, e a verdade é que nem tentávamos, pelo contrário, estávamos não apenas satisfeitos mas totalmente desprovidos de sensibilidade, como lagostas sendo cozidas. Jamais conseguiremos nos livrar dos nossos pecados porque, mortos, estávamos completamente ligado a um mundo que jaz no maligno: mortos ligados a um mundo putrefato. Escravos do pecado pecando cada vez mais e apenas aumentando uma conta de natureza já, por si mesma, impagável. O pecado, qualquer que seja ele, só é universalmente praticado porque é agradável ou desejável por algum motivo. Cristo vem e, com sua graça, rompe este laço de morte. É paradoxal que, para nos livrar do domínio da morte ele tenha que morrer. Para tirar as raízes que nos mantinham presos a este mundo ele próprio teve que ser levantado em uma cruz e assim, nos atrair a si mesmo [Jo 12.32: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo]. Paulo afirma que Cristo se entregou para nos desarraigar, isto é, para tirar as nossas raízes, aquilo que nos prende, a religiosidade vazia, as tradições familiares e sociais estranhas às Escrituras, os prazeres carnais, a sensualidade, a lascívia, o pecado não apenas latente mas também atuante. O grande problema é que, apesar do chamado de Cristo, raízes são coisas difíceis de arrancar, e trazem consigo ainda muita sujeira, e, muitas vezes, estamos de tal maneira acostumados com esta situação que ocorre uma dura rejeição às mudanças, mesmo sabendo que elas são para melhor [Cl 1.13: Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor]. A isto costumo dar o nome de mundanismo, querer continuar a ser do mundo, ou igual ao mundo, quando o sentimento deveria ser de repulsa, de rejeição das coisas velhas, e não de interesse mórbido por elas [II Pe 2.21 Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado], à semelhança da mulher de Ló, de triste lembrança, aliás. Ainda que alguma aparência de mundanismo funcione para atrair pessoas para a igreja, apenas atrairá pessoas mundanas e o resultado será uma igreja mundana, cada vez mais impura, e, estas pessoas estarão cada vez mais distantes de lavarem suas vestes no sangue do cordeiro [Apocalipse 22:14 Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas] porque estarão satisfeitas com uma reluzente, por fora, e imunda, por dentro, capa de religiosidade. Jesus Cristo não veio a este mundo para fazer maquiagem em pecadores, para fazê-los parecer melhores. Ele veio para trazer transformação. Ele não veio para que fazer pessoas menos piores, mas para fazer pessoas diferentes. Ele não veio para criar uma aparência de santidade, mas para que, vivendo sua vida, desarraigados deste mundo, seus discípulos fizessem real diferença.

Desarraigar significa tirar as raízes e tem o sentido duplo de fazer morrer ou retirar para transplante. Ambos os sentidos cabem em relação à vida cristã. A bíblia nos exorta a fazer morrer a nossa natureza terrena [Cl 3.5: Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria], e isto só é possível se os vínculos com as práticas mundanas forem cortadas, se toda a aparência de mal for abandonada [I Ts 5.22: ...abstende-vos de toda forma de mal]. A morte para o mundo implica em morrer também para suas concupiscências, embora ainda tendo que lutar contra sua influência perniciosa e, portanto, necessitando de vigilância constante para dar um testemunho eficiente do poder libertador e santificador do Espírito Santo. A questão a ser colocada não é quão perto ou parecido do mundo a igreja pode ser para não se contaminar, pelo contrário, é quão longe até mesmo de toda aparência de mal ela consegue ficar. O segundo sentido de desarraigar, decorrente do primeiro, quer dizer que, sem raízes no mundo, o cristão pode ser, finalmente, enxertado na videira verdadeira, capacitado a dar frutos abundantes e permanentes [Jo 15.16: Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda]. Sem estar em Cristo não há a possibilidade de fazer absolutamente nada [Jo 15.5: Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer].  Cristo é não apenas a força, mas também a motivação para o crente verdadeiro. E é neste ponto que reside a diferença entre cristãos verdadeiros, praticantes, e meros ouvintes da palavra. Pergunto a homens e mulheres, jovens e velhos, será que cristo é a motivação das conversas que tem sido entabuladas? É ele a razão de suas atitudes e decisões? Ele se vestiria com as suas roupas? Ele aprovaria seus relacionamentos? Leria as mesmas leituras com você com satisfação? Assistiria os mesmos programas e filmes? Acharia que não faz nenhum mal fazer aquilo que você chama de diversão ou de mera distração? Veria com bons olhos o que você diz “nada a ver”?

Quando me faço estas perguntas, quando busco as minhas próprias respostas à luz da Palavra, com a honestidade que tem que existir diante daquele que sonda os pensamentos, chego a conclusão que ainda há muito a fazer, que ainda há muitas raízes sujas que precisam ser cortadas para que eu pare de dar frutos podres ou de baixa qualidade, o que dá na mesma pois não passa pelo controle de qualidade divino. Quando me perguntam o que acho do casamento gay, das investidas contra a família, da roubalheira dos nossos políticos, do fato de ladrões e corruptos, alguns já condenados pela justiça, estarem à frente da condução do nosso país, digo que o que está acontecendo é natural numa nação que não tem Deus como seu Senhor, e seus líderes [com o apoio maciço dos que se dizem cristãos] estão fazendo o que é da sua natureza, com cada vez menos restrições da própria sociedade, paradoxalmente, dita cada vez mais evangélica. A degradação do mundo não me assusta, não me surpreende. Mas o que é terrível é a mundanização da igreja, da igreja cristã, da igreja cristã em todo canto.

ELE MORREU PARA QUE NÓS PUDÉSSEMOS GLORIFICAR A DEUS

Quero concluir dizendo que o propósito de Deus em te fazer conhecer todas estas coisas, que o proposito de Deus na vida e na morte de Jesus Cristo, de sua obra em desarraigar pecadores deste mundo perverso é cumprir a vontade do Pai. E para que possamos, em Cristo, finalmente dizer como Cristo pôde dizer que sentia prazer em fazer a vontade do Pai [Sl 40.8: ...agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei]. Fazendo a vontade de Deus, e isto só é possível fazendo o que ele quer, da maneira que ele quer, seu nome será glorificado. Cristo veio para glorificar o Pai [Jo 17.4: Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer]. Ele foi enviado para isto. E da mesma maneira que ele foi enviado, ele também nos enviou [Jo 20.21: Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio]. Podemos glorificar ao Deus eterno, vivendo sem vergonha do evangelho, vivendo sem envergonhar o evangelho [Rm 1.16: Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego]. Podemos e devemos orar ao Deus altíssimo pedindo-lhe que nos conceda da sua graça para que nem nós, nem os demais crentes, sejam envergonhados por nossa causa [Sl 69.6: Não sejam envergonhados por minha causa os que esperam em ti, ó SENHOR, Deus dos Exércitos; nem por minha causa sofram vexame os que te buscam, ó Deus de Israel].

Por favor, não faça como um jovem rebelde certa vez fez. Não diga “nada a ver”, porque o Senhor vê tudo, inclusive os intentos do coração. Ele se inclina do céu para ver o que fazem os filhos dos homens, e a cada um retribuir segundo as suas obras. Não me surpreenderia se o jovem rebelde logo estivesse envolvido com problemas com a lei... O que o homem semeia, ele, inevitavelmente, colhe. Por favor, também não diga que está tentado, que está fazendo as coisas mais ou menos, tentando equilibrar-se na balança. Ninguém faz nada mais ou menos e entrega para aquele que espera a perfeição. O mais ou menos não satisfaz. Ninguém faz uma omelete com 3 ovos bons e 1 podre e depois a come. Por favor, também não desista. Não se desespere. Prossiga, olhe para Cristo, pois ele é não apenas o autor mas também o consumador da fé [Hb 12.2: ...olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus]. Prossiga para o alvo da soberana vocação em Cristo Jesus [Fp 3.14: ...prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus]. Vale a pena, a recompensa é a vida eterna. A decisão é individual, a caminhada é comunitária, é coletiva. Vamos juntos, como igreja, como corpo do Senhor, ajudando-nos uns aos outros a carregar as nossas cargas [Gl 6.2: Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo].

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