Lucas
fez vários relatos da maneira de viver da Igreja que ele conheceu – e a
característica que se destaca naquela Igreja é que era uma comunidade que
perseverava na doutrina apostólica – enfrentava dificuldades, teve que lidar
com falsos crentes e com enganadores, bateu-se contra heresias e legalistas.
Mas não abandonava a Palavra.
O
evangelista e historiador faz uma ressalva importante a respeito dos judeus
tessalonicenses – que não foram diferentes dos judeus dos demais lugares por
onde ele andou e até mesmo "andaram contra ele" contrastando-os com s
judeus que formaram a Igreja – somente os judeus de Beréia mostraram nobreza ao
conferir o que o pregador (Paulo) lhes dizia com o que a própria Escritura
havia dito (At 17.11).
Lucas
afirma que a Igreja que ele conhecia era uma Igreja biblicamente orientada, e
isto impactava a vida, a comunhão, a oração, a administração dos bens pessoais,
a adoração comunitária, a expressão de amor dos crentes uns pelos outros e o
seu louvor, e, por isso, a Igreja contava com a simpatia do povo e a aprovação
de Deus manifestada no crescimento numérico.
Como,
então, a Igreja cristã moderna, afastada quase 20 séculos da Igreja Primitiva,
pode, também, obter a aprovação de Deus e ser considerada uma Igreja
biblicamente orientada? Há outros textos bíblicos que podem nos enriquecer com
respostas para esta questão, mas vamos nos limitar à carta que Paulo escreveu
aos Filipenses.
27 Vivei,
acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos
ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só
espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica.
Pode
parecer redundância, mas não há nada desnecessário nas Escrituras. O Senhor
Jesus afirma que nem um i ou um mero sinal da lei passariam (Mt 5.18). Assim, se a pergunta é: como viver uma vida digna do
evangelho de Cristo, a resposta que Paulo nos oferece é: viva o evangelho,
porque o evangelho não é teoria, não é filosofia, não é acúmulo de
conhecimento.
O
evangelho não é costume, não é tradição, não é familiaridade com a verdade, não
é um laco social ou familiar. O evangelho é muito mais do que isso. Para ser
evangélico de verdade é preciso disposição para abrir mão de tudo o que se tem
para ganhar o que é mais importante, precioso e imperecível (Mt 13.45-46). O Senhor faz uma
comparação, um símile – e eu não ouso ir além disso.
Você
não precisa deixar de ter propriedades (I
Tm 6.17) – a Igreja de Jerusalém
as tinha e vendiam o que possuíam à medida que alguém tinha necessidade (At 2.45)
- você só precisa deixar de considerar estas coisas o alvo final de sua vida (Mt 6. 19-21) porque é impossível
amar a Deus e às coisas do mundo (I Jo
2.15). Como, então, viver de modo digno do
evangelho?
Há
numerosos exemplos no Novo Testamento de pessoas que abraçaram o evangelho e o
tiveram como prioridade em suas vidas. Não é o caso de Demas, que "amou o
presente século" (II Tm 4.10) e de
outros denunciados por João (I Jo 2.19). Mas certamente podemos
ver isso em homens como Mateus (Mt 9.9), Zaqueu, (Lc 19.8-10), Pedro (Mc 10.28).
Palavras
como família, lazer, carreira, trabalho, estudos, relacionamentos, saúde, dinheiro,
tecnologia, conforto, segurança formam diversos níveis de prioridades em nossa
vida. Tente colocá-las mentalmente numa ordem de importância. Qual delas você
substituiria alegremente pelo evangelho? Quais delas você não teria coragem de
substituir? Se a sua resposta for diferente de "eu abro mão de todas elas
pelo evangelho" você respondeu errado, pois viver de modo digno do
evangelho é ter a Cristo como absoluta prioridade (Lc 14.26).
É
possível viver o evangelho na família, no lazer, na carreira, no trabalho, com
saúde, nos estudos, nos relacionamentos, com dinheiro, com tecnologia, com
conforto e até com segurança – mas é preciso saber que estas coisas podem
faltar, mas o cristão permanece firme no evangelho (Fp 4.11).
Paulo
lembra aos filipenses que eles devem continuar agindo como crentes independente
das circunstancias, independente de quem está observando-os. Não é nada raro
Igrejas ficarem menos cheias nos dias em que o pastor da comunidade está
ausente. Ou o contrário também ocorre, em dias que pastores muito conhecidos
estão presentes as Igrejas ficam menos vazias. Porque este fenômeno ocorre? Ou
melhor, como evitar que este fenômeno pernicioso ocorra? A resposta de Paulo é:
a Igreja deve ter o evangelho como estilo de vida.
Na
presença ou na ausência de Paulo a Igreja em Filipos deveria continuar vivendo
de modo digno do evangelho. Mesmo que Paulo não pudesse vê-los e mesmo que
ninguém contasse a Paulo, como ocorreu através dos bem intencionados membros da
casa de Cloe no caso de Corinto (I Co
1.11).
Não
são os olhos do pastor, ou de Paulo, que são, realmente importantes. É diante
dos olhos do Senhor que estamos (Sl
33.18-20) e isso não deve ser um peso nem um
constrangimento, mas nossa fonte de segurança (Sl 33.20) e
alegria (Sl 33.21).
Devemos
nos lembrar que o Senhor considera, analisa, observa com cuidado cada um dos
nossos passos (Pv 5.21) e retribui a cada um segundo as suas ações (Ap 22.12).
Recentemente
tive que enfrentar alguns formigueiros. Ao cortar o gramado do nosso campo
particular de futebol (o Taturanão) me deparei com a ferocidade de uma
comunidade de formigas vermelhas, aqui conhecidas como paraenses. Minha filha,
observando-as de uma distância segura, e vendo o movimento delas sob o sol,
exclamava que elas chegavam a brilhar. Mas seu brilho não me atraia – por outro
lado, sua ferocidade era intimidadora. Elas saíram em quantidade impossível de
contar em busca da fonte de agressão para a sua colônia. Como um exército
furioso procuravam o agressor para defenderem a sua casa.
É
obvio que a comparação com a Igreja tem que parar aqui. Não precisamos de ódio
e fúria para defender o evangelho, pelo contrário, as armas da nossa luta não
são carnais (II Co 10.4-5) assim como os nossos
inimigos não são carnais.
Para
enfrentar o diabo a principal arma do cristão não é a batalha espiritual, mas a
sujeição a Deus e a resistência às suas armadilhas (Tg 4.7).
Para
enfrentar as instituições mundanas a obediência naquilo que é civil (I Pe 2.13-15) o cristão precisa saber o que é prerrogativa de Deus e o que é dos homens. Pagar impostos é dos homens, anunciar a Jesus é de Deus. Nenhum governante tem o direito de proibir isso.
Para
enfrentar injustiças somos orientados a ser mansos (I Pe 3. 14-16).
Jamais
um cristão será condenado por ser um bom cidadão, um bom funcionário, um bom
servo – contra humildade e mansidão não há lei em lugar algum do mundo (Gl 5.22-23).
28 e que em
nada estais intimidados pelos adversários. Pois o que é para eles prova
evidente de perdição é, para vós outros, de salvação, e isto da parte de Deus.
Quando
o crente vive de uma maneira que demonstre a sua fé, que não traga vergonha
para o evangelho então, ele viver em qualquer circunstância sem temer porque,
mesmo o sofrimento é glorioso (I Pe
4.16) e não há razão para fugir dele (II Tm 1.8).
O
crente que vive para glória de Deus não teme nada nem ninguém, pois sabe que
nada poderá separá-lo do amor de seu Deus que está em Jesus Cristo (Rm 8.38-39). É uma grande tolice temer quem pode matar o corpo e,
por causa disso, ofender àquele que pode fazer perecer o ser total no inferno (Mt 10.28).
Somente
verdadeiros crentes podem ter a coragem, a ousadia de homens como Daniel (Dn 1.8) e
pagar o preço que lhe fosse exigido, inclusive enfrentar uma cova cheia de
leões (Dn 6.16).
Somente
a transformação causada pela fé em Jesus Cristo pode transformar covardes (Mt 26.69-70) em homens firmes mesmo quando ameaçados por poderosos (At 4.18-20).
O
cristão não deve ser dado a confronto e contendas, mas isto não quer dizer que
ele deva se intimidar quando enfrentar os adversários do seu Senhor (Jo 15.20). Da mesma maneira que seu mestre não se intimidou diante de Herodes
os apóstolos não se intimidaram diante das autoridades (At 4.8-20), Estevão não se intimidou diante da multidão enfurecida
(At 7.59) e guardou firme a
confissão (Hb 10.23).
Viver
sem temer os adversários não quer dizer em contendas, pelo contrário (Tt 3.10), este não deve ser, nunca, o estilo de
vida de um crente, que deve ser pacífico e conciliador (I Co 11.16).
A
história dos crentes é de enfrentar muitas ameaças tanto entre os patrícios
judeus, no início, como entre gentios. A fé foi ameaçada em Jerusalém e no
exílio sempre sobreviveu porque Deus levantou homens que se mantiveram firmes,
confiando em Deus apesar de não haver mais razão alguma para qualquer esperança
(Hc 3.17-18),
mas tiveram sua fé provada, e ela foi aprovada por Deus (Tg 1.12).
Por
sua fé homens e mulheres de Deus enfrentaram e venceram impérios, principados,
potestades carnais ou espirituais – nem toda a força do império romano foi
suficiente para vencer crentes que tinham apenas uma arma, mas a mais poderosa
de todas as armas: a sua fé (I Jo 5.4). Como temer algo ou alguém se, segundo o Senhor,
somos mais que vencedores por meio de Cristo Jesus (Rm 8.37).
Ao
escrever para os filipenses Paulo sabia exatamente como era a vida da Igreja,
os dilemas e desafios que eles tinham que enfrentar. Como comunidade tinham que
resistir às perseguições por parte dos governantes, que estranhavam a maneira
de cultuar os cristãos, sem ídolos, sem templos, sem sacerdotes, sem cerimônias
elaboradas. Seu culto consistia de oração, cântico e leitura da palavra, com
batismos e comunhão na ceia. Nada além disso.
Os
gentios não entendiam um culto simples assim. Estavam acostumados a sacrifícios
– mesmo estranhando os judeus eles viam nos judeus algo mais parecido com suas
religiões. Mas não os cristãos. Eram estranhos, acreditavam num Deus que fora
crucificado, celebravam a sua morte, e não uma morte heroica, mas uma morte de
cruz, vergonhosa (Dt 21.23).
Os
gregos e romanos achavam natural cultuar um herói, um guerreiro, um homem
poderoso. Os judeus achavam uma ofensa os cristãos chamarem "o
crucificado" de o único caminho para Deus, deixando de lado a circuncisão
e os rituais do templo.
Para
alguém se tornar cristão a conversão tinha que ser real, verdadeira –
significava mesmo morrer para o mundo, em muitos casos passar de perseguidor a
perseguido, como foi o caso do apóstolo Paulo. Não havia ganho social, não se
ganhava respeitabilidade, pelo contrário, o cristão era motivo de chacota, de
desrespeito, sofria opressão e muitos eram mortos.
Quando
um gentio ia para o coliseu ver um cristão morrer achava que ia ver um
miserável sofrendo, mas, nas palavras de Tertuliano, o sangue dos mártires era
a semente de novos cristãos. Quem ia aos sangrentos espetáculos na expectativa
de ver os cristãos implorando por suas vidas encontrava-os louvando a Deus,
exaltando seu salvador e enfrentando corajosamente as feras e outras formas de
assassinato.
Tendo
chances de fugir ao martírio, adorando aos deuses pagãos ou através de ajuda de
amigos, muitos deles, como Inácio de Antioquia, preferiam a morte por Cristo a
um livramento que não fosse do Senhor (Carta
aos Romanos, IV)[1]. O
sofrimento para o cristão não era uma derrota (Fp 1.29). A própria Igreja de Filipos nasceu num
episódio que todos achavam que Paulo havia sido finalmente derrotado (At 16.25).
Quantos
cristãos podem dizer que o viver é Cristo, mas o morrer é lucro (Fp 1.21) e infinitamente melhor (Fp 1.23).
Mesmo
que todo o mundo julgue um cristão infeliz, se ele está em paz com Deus, crendo
alegremente na ressurreição, ele pode ser, efetivamente, considerado o mais
feliz de todos os homens (I Co 15.19). Estamos acostumados a ver atletas se
esforçando, fazendo condicionamento físico em busca de condições para vencerem
as suas provas, e eles o fazem por terem um alvo. Querem ser vencedores.
Nos
dias dos romanos eles também tinham as suas provas, suas competições, e os
vencedores ganhavam das mãos do imperador uma coroa de louros como símbolo de
sua vitória, um prêmio que horas depois começava a murchar. Pedro, entretanto,
fala de receber uma coroa não de um mero imperador, mas do supremo pastor. Não
uma coroa de louros, mas uma coroa de glória, que não murcha jamais (I Pe 5.4).
Os
gentios corriam por honrarias, os modernos correm por fama e fortuna – os
cristãos esperavam do Senhor a recompensa da fidelidade, corriam rumo ao alvo
da soberana vocação, a salvação no Senhor Jesus (Fp 3.14). Os vencedores ganham ouro e prata, fama e fortuna,
mas este não é o alvo dos cristãos. Os mais que vencedores sabem que, ganhando
o mundo inteiro, ainda podem perder a sua alma (Lc 9.25).
Quando
um gentio celebrava a morte de um cristão o céu celebrava a chegada de um santo
(At 7.59) – e ali estava a
semente que faria nascer espiritualmente o mais destacado evangelista dentre os
apóstolos, Saulo de Tarso, que consentia na morte de Estêvão (At 8.1) e não sabia ser instrumento escolhido para levar o nome
de Cristo perante os gentios (At 9.15).
Os
gentios lutavam e corriam por ouro, os cristãos testemunhavam por terem
recebido a salvação de Deus em Cristo Jesus. Para os gentios, o martírio dos
cristãos era escárnio e desprezo, para os cristãos era gozo e glória eternos.
29 Porque
vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes
nele,
30 pois
tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora, ouvis que é o meu.
Não
resta dúvida que o cristão vive pela graça. Paulo afirma que ela graça de Deus
somos o que somos (I Co 5.10). Para o cristão a graça de Deus é melhor que a vida
(Sl 63.3).
É
uma tolice considerar como razão para a vida apenas as coisas que vemos, porque
tais coisas, que estão diante de nós, serão desfeitas (II Pe 3.12). Não duvidamos que
é por causa da graça de Deus que ainda existimos (Ml 3.6).
Tem-se
confundido a graça de Deus com a mera conquista de vantagens, espirituais ou
materiais, isto quando não se junta as duas coisas gerando aberrações que nem
merecem o nome de teologia, levando incautos a acreditarem nas promessas de
enganadores (I Tm 4.1) deixando de acreditar na Palavra do
próprio Senhor Jesus que afirma que a vida dos seus discípulos não seria calma
como um passeio em lago de águas paradas, pelo contrário, seus discípulos
poderiam ter a plena convicção de que enfrentariam dificuldades (Mt 5.11) e o ódio do mundo (Jo
15.19) – isto não deveria ser, de maneira algum, motivo de surpresa (I Jo 3.13).
Embora
o texto mencione primeiro outra palavra, creio que a expressão "não apenas" nos autoriza a
tratar primeiro da graça de crer no Senhor, porque é esta graça que permite que
possamos experimentar todas as demais experiências da vida cristã. É por causa
da graça de crer no Senhor que somos salvos (Ef 2.8). Não haveria vida digna do evangelho se não houvesse a
graça salvadora de Deus para transformar filhos da ira em filhos de Deus (Ef 2.3).
Por
sua benevolência Deus manifestou a sua graça a nós, pecadores, enquanto ainda
éramos fracos e ímpios (Rm 5.6). A graça de Deus não é uma
hipótese, mas uma realidade, uma verdade provada, e é por causa dela que
vivemos.
A
Palavra de Deus afirma que a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os
homens para que estes pudessem viver, pela graça, uma vida digna da vocação a
que fossem chamados. Para que eles pudessem, educados por esta graça, renegar a
impiedade e as paixões mundanas, vivendo sensata e justamente (Tt 2.11-14).
Você,
eu ou qualquer outro não queríamos crer, não pretendíamos crer pois estávamos
mortos e sem capacidade de qualquer percepção espiritual (Ef 2.1), andávamos sem Deus no mundo (Ef
2.11)
e não nos preocupávamos com isso. Mas, por sua graça, ele nos chamou e inclinou
nossa vontade, fazendo com que desejássemos crer (Fp 2.13).
29 Porque
vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes
nele,
Provavelmente
o cristianismo dos últimos séculos gostaria de não ter algumas passagens em sua
bíblia. Considerar o padecimento uma graça parece um absurdo para os cristãos
atuais. Admitir que sofrer pode ser um fato da vida ou até mesmo o resultado da
ação dos inimigos da fé e pensar que isto é a expressão da vontade de Deus (I Pe 3.17).
Paulo
faz um vívido contraste e ao mesmo tempo chama a atenção dos cristãos: crer em
Jesus Cristo é uma graça, mas padecer por Cristo também o é e possui a mesma
importância. O cristão não deve imaginar que, por ter crido no Senhor do céu e
da terra não terá mais qualquer problema. Na verdade ele passa a ser alvo do
mundo e de satanás, e passa a enfrentar uma dura batalha espiritual – com armas
que não são carnais, mas uma verdadeira guerra (II Co 10.4).
Devemos
nos lembrar que, da mesma maneira que o Senhor foi enviado, ele também nos
enviou (Jo 20.21). Entendo que
Jesus está se referindo à autoridade de envio, mas não podemos nos esquecer que
este envio do Senhor tem um propósito (Mc
16.15), capacitação (At 1.8) e alvo (Mt 10.16).
Crer
no Senhor é uma benção, padecer é uma consequência, e é na provação que temos a
nossa fé aprovada (Tg 1.2-4).
30 pois
tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora, ouvis que é o meu.
Diante
da exortação de Paulo, o que era esperado dos filipenses? Ele sabiam que:
a) deveriam viver uma vida
digna do evangelho, tendo-o como prioridade, como seu estilo de vida,
testemunhando as transformações que haviam sofrido por causa do fato de terem
conhecido este evangelho da salvação em Cristo Jesus;
b) deveriam viver sem
temor dos homens, porque deveriam temer apenas a Deus, enfrentando os
adversários da fé que se levantassem, e, pela capacitação do Espírito de Deus,
alcançando vitorias surpreendentes e, ao final, recebendo o prêmio das mãos do
Senhor, a coroa da vida (Tg 1.12);
c) deveriam viver
confiando não em si mesmos ou em seus méritos ou métodos, mas na graça de,
revelada aos seus olhos de modo que puderam crer e ainda poderem suportar as
provações que se aproximariam.
Em
virtude destes fatos, de que maneira os filipenses poderiam responder ao ensino
da Palavra através do apóstolo Paulo? O próprio Paulo nos dá uma orientação
preciosa:
Se
a vida cristã é, efetivamente, uma vida de lutas por causa do evangelho, e se
esta luta tem que ser digna e sem temor dos adversários, compete aos cristãos
escolherem o combate que devem combater. As opções de combate são muitas, mas
somente uma é o bom combate, e este bom combate pode ser lutado em toda e
qualquer área da vida. Tem cristãos lutando por bens, por fama, por posses, por
reconhecimento, por conforto, por tantas coisas, mas é fundamental que
lembremos que a Escritura nos chama a combater o bom combate.
De
que adianta vencer uma luta que não vale a pena ser lutada? De que adianta ser
o grande vencedor de uma guerra que, ao final, oferece um prêmio efêmero e
inútil? Mas o cristão que luta segundo as normas, segundo as regras, receberá o
prêmio (II Tm 2.3-5).
Lutar
tendo alvo as coisas do mundo vai resultar em receber prêmios mundanos. Um
exemplo são os fariseus. Eles buscavam o reconhecimento dos homens – e tiveram
o reconhecimento dos homens, mas como rejeitaram a obediência ao Senhor tiveram
a reprovação do Senhor (Mt 6.2).
Não
temos escolhas, como soldados de Cristo. Ou combatemos, ou automaticamente
estamos desqualificados, ficamos de fora do combate, ficamos de fora da marcha
do evangelho. E não atingir o alvo é idêntico a não ter começado. Quem deixa de
marchar com um exército deixa de pertencer a este exército e se torna presa
fácil dos inimigos. Paulo combateu o bom combate, e o combateu até o fim, a
ponto de concluir seu período de lutas afirmando que conseguiu, ao combater o
bom combate, completar a carreira e guardar a fé (II Tm 4.7).
[1] Sou trigo de Deus e serei moído pelos dentes das feras. Tenho
escrito a todas as Igrejas e a todas elas faço saber que morro por Deus com
alegria, desde que vós não me impeçais. Suplico-vos: não demonstreis por mim uma
benevolência inoportuna.
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