quinta-feira, 20 de março de 2014

SÉRIE PERSONAGENS: REBECA, MULHER DE FÉ, CORAJOSA, FALÍVEL, HUMANA

REBECA, 

MULHER DE FÉ, CORAJOSA, FALÍVEL, HUMANA

2 Disse Abraão ao seu mais antigo servo da casa, que governava tudo o que possuía: Põe a mão por baixo da minha coxa, 3 para que eu te faça jurar pelo SENHOR, Deus do céu e da terra, que não tomarás esposa para meu filho das filhas dos cananeus, entre os quais habito; 4 mas irás à minha parentela e daí tomarás esposa para Isaque, meu filho.
Gn 24.2-4

Rebeca entra na história bíblica quando Isaque já tem 40 anos - Abraão já atingira 140. O zelo de Abraão impediu Isaque de casar-se com uma canaanita (Gn 24.2-4: Disse Abraão ao seu mais antigo servo da casa, que governava tudo o que possuía: Põe a mão por baixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo SENHOR, Deus do céu e da terra, que não tomarás esposa para meu filho das filhas dos cananeus, entre os quais habito; mas irás à minha parentela e daí tomarás esposa para Isaque, meu filho).
O filho da promessa deveria ser exemplo para todos os descendentes (Dt 7.3-4: …nem contrairás matrimônio com os filhos dessas nações; não darás tuas filhas a seus filhos, nem tomarás suas filhas para teus filhos; pois elas fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do SENHOR se acenderia contra vós outros e depressa vos destruiria).
Abraão queria para Isaque uma jovem da sua família, da família de Sem, o filho abençoado. Não queria de maneira alguma misturar seu sangue com os filhos de Cam, o filho amaldiçoado por Noé, e, muito menos, com o mais amaldiçoado dos filhos dele, Canaã. Toma o damasceno Eliezer e o envia à terra de seus parentes com o juramento de trazer uma noiva para Isaque. Eliezer não queria trazer uma jovem qualquer. Para o filho da promessa nada menos que uma jovem indicada pelo próprio Deus. Eliezer é conduzido a uma jovem chamada Rebeca, a quem Deus revela ser a donzela designada para Isaque.
1. REBECA É RESPOSTA A ORAÇÕES DE ABRAÃO E DE ELIEZER
Eliezer orou para que Deus lhe revelasse quem era a donzela, e Deus atendeu a oração de Eliezer levando-o a Rebeca (Gn 24.12-14: E disse consigo: Ó SENHOR, Deus de meu senhor Abraão, rogo-te que me acudas hoje e uses de bondade para com o meu senhor Abraão! Eis que estou ao pé da fonte de água, e as filhas dos homens desta cidade saem para tirar água; dá-me, pois, que a moça a quem eu disser: inclina o cântaro para que eu beba; e ela me responder: Bebe, e darei ainda de beber aos teus camelos (200l cada), seja a que designaste para o teu servo Isaque; e nisso verei que usaste de bondade para com o meu senhor).
Uma das moças que vem tirar água no poço jovem atende ao pedido de fazer exatamente como Eliézer havia pedido ao Senhor, ele a identifica como sobrinha de Abraão (Gn 24.22-24: Tendo os camelos acabado de beber, tomou o homem um pendente de ouro de meio siclo (cerca de 13g) de peso e duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos de ouro; e lhe perguntou: De quem és filha? Peço-te que me digas. Haverá em casa de teu pai lugar em que eu fique, e a comitiva? Ela respondeu: Sou filha de Betuel, filho de Milca, o qual ela deu à luz a Naor).
A jovem toma conhecimento de quem é Isaque apenas pela descrição que Eliezer faz - solteiro, crente, de boa família e rico, como provam os presentes que Eliézer havia levado (Gn 24.34-40: Então, disse: Sou servo de Abraão. O SENHOR tem abençoado muito ao meu senhor, e ele se tornou grande; deu-lhe ovelhas e bois, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e jumentos. Sara, mulher do meu senhor, era já idosa quando lhe deu à luz um filho; a este deu ele tudo quanto tem. E meu senhor me fez jurar, dizendo: Não tomarás esposa para meu filho das mulheres dos cananeus, em cuja terra habito; porém irás à casa de meu pai e à minha família e tomarás esposa para meu filho. Respondi ao meu senhor: Talvez não queira a mulher seguir-me. Ele me disse: O SENHOR, em cuja presença eu ando, enviará contigo o seu Anjo e levará a bom termo a tua jornada, para que, da minha família e da casa de meu pai, tomes esposa para meu filho).
Por fim, Eliézer apresenta a proposta de casamento invocando o nome do Senhor (Gn 24.48-49: E, prostrando-me, adorei ao SENHOR e bendisse ao SENHOR, Deus do meu senhor Abraão, que me havia conduzido por um caminho direito, a fim de tomar para o filho do meu senhor uma filha do seu parente. Agora, pois, se haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; se não, declarai-mo, para que eu vá, ou para a direita ou para a esquerda).
2. REBECA É RESPONSÁVEL PELO SEU DESTINO
Na época os casamentos eram arranjados pelos familiares às vezes antes mesmo das crianças nascerem (Gn 24.50-51: Então, responderam Labão e Betuel: Isto procede do SENHOR, nada temos a dizer fora da sua verdade. Eis Rebeca na tua presença; toma-a e vai-te; seja ela a mulher do filho do teu senhor, segundo a palavra do SENHOR).
Mas Betuel, pai de Rebeca, e Labão, seu irmão, permitem-lhe que tome a decisão que vai mudar os rumos de toda a sua vida (Gn 24.57-59: Disseram: Chamemos a moça e ouçamo-la pessoalmente. Chamaram, pois, a Rebeca e lhe perguntaram: Queres ir com este homem? Ela respondeu: Irei. Então, despediram a Rebeca, sua irmã, e a sua ama, e ao servo de Abraão, e a seus homens).
Rebeca fez a decisão mais acertada: aceitou ir com Eliézer e ser a noiva de Isaque. Ela deixou sua família para sempre. Jamais viu seus familiares novamente. Foi para uma terra desconhecida, na presença de um desconhecido. Como Abraão, atendeu a um chamado para um lugar e para um esposo que ainda lhe seria apresentado (sem fotos, vídeos ou internet).
3. REBECA VAI AO ENCONTRO DO SEU CHAMADO
Rebeca vai ao encontro de seu noivo, chega na sua terra e aceita-o sem reservas, tornando-se sua esposa e, 20 anos depois, vê nascerem seus filhos, ambos pai de nações: Esaú e Jacó (Gn 24.60: Abençoaram a Rebeca e lhe disseram: És nossa irmã; sê tu a mãe de milhares de milhares, e que a tua descendência possua a porta dos seus inimigos).
4. REBECA FOI INSTRUMENTO PARA QUE JACÓ FOSSE ABENÇOADO
Rebeca se afeiçoou ao filho mais jovem porque ela sabia que ele seria o continuador da linhagem que traria ao mundo o messias (Gn 25.22-23: Os filhos lutavam no ventre dela; então, disse: Se é assim, por que vivo eu? E consultou ao SENHOR. Respondeu-lhe o SENHOR: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço), e, aparentemente, ela não comunicou ao seu esposo esta fala de Deus, guardando-a para si. Seu esposo, entretanto, se afeiçoou ao filho mais velho, até mesmo porque a tradição indicava que seria ele o continuador do nome da família.
A história de Rebeca nos mostra que mesmo um servo de Deus é capaz de ações indignas:
I. Ela compactuou com uma mentira de seu esposo (Gn 26.6-8: Isaque, pois, ficou em Gerar. Perguntando-lhe os homens daquele lugar a respeito de sua mulher, disse: É minha irmã; pois temia dizer: É minha mulher; para que, dizia ele consigo, os homens do lugar não me matem por amor de Rebeca, porque era formosa de aparência. Ora, tendo Isaque permanecido ali por muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhando da janela, viu que Isaque acariciava a Rebeca, sua mulher);
II. Ela escutou conversas alheias, que não lhe diziam respeito (Gn 26.5: Rebeca esteve escutando enquanto Isaque falava com Esaú, seu filho. E foi-se Esaú ao campo para apanhar a caça e trazê-la);
III. Ela enganou o esposo e um filho para favorecer outro (Gn 26.6-8: Então, disse Rebeca a Jacó, seu filho: Ouvi teu pai falar com Esaú, teu irmão, assim: Traze caça e faze-me uma comida saborosa, para que eu coma e te abençoe diante do SENHOR, antes que eu morra. Agora, pois, meu filho, atende às minhas palavras com que te ordeno), num lar dividido (Gn 25.28: Isaque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava a Jacó).
Entretanto, mesmo cumprindo os desígnios de Deus, Rebeca foi punida por sua ação:
I. Perdeu o respeito do filho mais velho (Gn 27.46: Disse Rebeca a Isaque: Aborrecida estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar esposa dentre as filhas de Hete, tais como estas, as filhas desta terra, de que me servirá a vida);
II. Decepcionou seu esposo (Gn 27.35: Respondeu-lhe o pai: Veio teu irmão astuciosamente e tomou a tua bênção) a quem certamente amava e era amada;
III. Recebeu como noras duas canaanitas e ainda uma filha de Ismael (numa tentativa de Esaú de ter como esposa uma parente de Abraão, como era a própria Rebeca e Jacó teria – Gn 28.8-9: …sabedor também de que Isaque, seu pai, não via com bons olhos as filhas de Canaã, foi Esaú à casa de Ismael e, além das mulheres que já possuía, tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão, e irmã de Nebaiote);
IV. Morreu sem rever o filho a quem amava.
A história de Rebeca nos ensina que Deus tem seus caminhos, e faz o que quer, usando um gentio (o damasceno Eliezer), ou familiares dos crentes (Betuel e Labão), os atos justos dos crentes (Abraão) e até seus atos maus (Rebeca).

Mas tudo isto tem consequências. O que ela fez de justo foi recompensada: foi esposa de um patriarca, mãe do homem que lutou com Deus e prevaleceu... Mas também errou, e sofreu por isso.

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