segunda-feira, 7 de abril de 2014

QUANDO O QUE JESUS FAZ NÃO PARECE FAZER SENTIDO ALGUM APENAS CREIA

11 Em dia subsequente, dirigia-se Jesus a uma cidade chamada Naim, e iam com ele os seus discípulos e numerosa multidão.
12 Como se aproximasse da porta da cidade, eis que saía o enterro do filho único de uma viúva; e grande multidão da cidade ia com ela.
13 Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores!
14 Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, eu te mando: levanta-te!
15 Sentou-se o que estivera morto e passou a falar; e Jesus o restituiu a sua mãe.
16 Todos ficaram possuídos de temor e glorificavam a Deus, dizendo: Grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo.
17 Esta notícia a respeito dele divulgou-se por toda a Judéia e por toda a circunvizinhança.
Lc 7.11-16

Nas suas pesquisas a respeito do ministério de Jesus Lucas ouviu os relatos de dois milagres extraordinários de Jesus. A primeira foi uma 'quase ressurreição', no caso, do servo do centurião quando vemos uma impressionante demonstração de fé do centurião e seu respeito pelos costumes hebraicos.
Ele não pede que Jesus entre em sua casa – porque um judeu não se relacionava com gentios, não entrava na casa de gentios… mas, mesmo sendo um gentio, não deixa de confiar na autoridade do Senhor.
Enquanto os líderes judeus rejeitavam ostensivamente ao Senhor Jesus (Jo 1.11) e, não apenas não o receberam como desejavam matá-lo (Jo 8.40).
Saindo de Cafarnaum, Jesus dirige-se para Naim, uma cidade que ficava a cerca de 40km de distância e era perto, também, de Nazaré, região que Jesus conhecia muito bem. A cidade fora construída em um oásis, e seu nome significa "agradável", "graciosa", e era ainda mais privilegiada por estar nas proximidades do famoso monte Hermom, de onde descia uma neblina todas as manhãs, formando um orvalho que regava as plantações da região.
Uma caminhada de 40km pode ser feita em um dia por pessoas acostumadas, e isto efetivamente era comum aos homens daqueles dias, habituados a percorrerem grandes distâncias a pé. Se Jesus saiu de Cafarnaum pela manhã não seria de estranhar que, apesar de acompanhados por mais pessoas (o que diminuiria o ritmo da caminhada) chegassem a Naim por volta do entardecer – horário em que, tradicionalmente, eram feitos os enterros, evitando, assim, o calor do inclemente sol palestino.
Provavelmente iniciando a caminhada de subida para Naim dá-se o encontro de Jesus com o cortejo fúnebre. Jesus estava acompanhado de pessoas maravilhadas pelos seus feitos, alegres por verem a glória de Deus sendo manifesta em seu meio, e encontra outro grupo, em direção contrária, dirigindo-se para o cemitério. Tristes, lamentavam a dor de uma viúva. O cemitério ficava fora da cidade, mas relativamente próximo, encravados nas rochas a cerca de 10 minutos de distância.
Neste contraste vivo de sentimentos, entro os que se alegravam e os que choravam, podemos perceber a compaixão de Jesus diante dos que sofrem.
A dor daquela mulher não era uma dor comum. Era a dor de uma mãe que perdera seu filho. Era a dor de uma mulher que perdera a esperança de amparo, pois aquele era seu único filho. Era a dor de alguém que sabia que deveria contar com a ajuda de parentes, pois ela mesma não poderia ter qualquer propriedade devido à organização patriarcal judaica. Ela era, nas palavras de Paulo, verdadeiramente viúva (I Tm 5.5).
Lucas relata que Jesus se compadeceu daquela mulher, e resolveu intervir, ainda que de uma maneira que possamos considerar estranha.
NÃO CHORES
A primeira fala de Jesus naquele momento de dor é: "não chores". Ao manifestar sua compaixão de uma maneira diferente não quer dizer que Jesus foi insensível à dor daquela mulher. Podemos afirmar, então, que não há insensibilidade no Senhor Jesus.
Como não?! Pode perguntar alguém mais apressadamente. Como não há insensibilidade ao dizer para uma viúva, que já havia chorado a morte de seu marido, e agora chorava a morte do único filho, para não chorar? Não era o último direito que lhe pertencia? Chorar! Ela não podia mais nada. Os médicos não puderam fazer nada. Como não chorar?
Ao dizer para aquela mulher não chorar Jesus se apresentava como o consolo que ela precisava. Com Jesus ao lado não havia necessidade de choro. Com o bom pastor que ele era Jesus conhecia a dor daquela ovelha da casa de Israel (Jo 10.14). Jesus lhe conhecia o coração. Ele conhece o coração dos homens, tanto para o bem como para o mal (I Cr 28.9) e certamente conhecia o coração daquela mulher. Como bom pastor ele sabia a sua necessidade e, tendo-o como pastor, ela poderia ter a certeza de não ter mais nenhuma necessidade (Sl 23.1).
Jesus não é insensível porque oferece consolo àquele coração machucado. Jesus não é insensível porque oferece consolo àquele coração amargurado. Jesus não é insensível porque chama a atenção daquela mulher da sua dor para o consolo que ele tem para lhe dar.
Jesus demonstra a sua compaixão fazendo algo que um judeu não faria – algo que um mestre religioso não faria. Ele faz algo que um sacerdote não faria, que um profeta não faria, que um levita não faria – ele mostra a sua compaixão tocando no esquife (Lv 21.11).
Isto quer dizer que Jesus mostra a sua compaixão envolvendo-se ativamente com a dor daquela mulher.
O amor de Jesus não era de palavras, mas de fato e de verdade (I Jo 3.18).
Certamente o rabino da cidade de Naim não havia tocado naquele esquife. Provavelmente muitos dos parentes daquela mulher também não tocaram no esquife para não serem considerados cerimonialmente impuros (Nm 9.6-7).
Mas o santo não poderia ser considerado impuro sob qualquer hipótese. Mas, segundo a lei, ele havia tocado em algo onde jazia um morto. E aqui temos a segunda fala de Jesus, aparentemente desconexa com a realidade. Jesus fala para um morto levantar.
LEVANTA-TE
É provável que seus discípulos tenham achado aquilo o cúmulo. Ainda que eles fossem testemunhas de que Jesus falara aos elementos e eles se aquietaram (Mt 8.26-27) pode ter lhes parecido demais ele, agora, falar com um morto.
Como poderia um morto ouvir? Como poderia um morto atender? Como poderia um morto, certamente desde várias horas, levantar-se? Imaginemos por um instante o olhar estupefato daquelas pessoas. Como olharia para Jesus aquela mãe chorosa? Como olhariam para Jesus os parentes e conhecidos do menino morto? Como olhariam para Jesus os seus amigos e discípulos – ainda mais sabendo que havia muitos que queriam apanhá-lo em alguma falha para condená-lo à morte? Como olhariam para Jesus os seus inimigos, talvez pensando entre si: "chegou a hora, pegamos ele"!
Acontece que diante dele não estava um homem qualquer. Era um homem, sim, um homem e verdade, semelhante a nós em quase tudo, exceto pelo fato de ser sem pecado (Hb 4.15) mas era também o Filho do homem, com poder para fazer aquilo que só Deus pode fazer (Mt 9.6) e o único que tem vida em si mesmo (Jo 5.26) dando-a a quem bem entender.
Jesus fala com a autoridade de quem sabe ter o poder para ver sua ordem ser obedecida. Não se trata ade uma oração – é uma ordem dada a um morto para que ele recobre vida e ande, independente de quanto tempo a morte tenha chegado, não há obstáculos para o poder vivificador de Deus (Ez 37.5-6).
Da mesma maneira que Jesus determinou àquele morto que revivesse – e ele reviveu, ele também tem poder, ainda hoje, para vivificar todo tipo de mortos – mortos espirituais, mortos que andam em delitos e pecados, mortos como nós éramos, mortos como muitos dos que andam conosco são.
Ninguém esperava que aquele jovem se levantasse. Talvez ninguém espere que sua vida seja mudada, que seu coração seja restaurado, que sua família seja reedificada.
Talvez nem você espere mais qualquer coisa, como aquele jovem morto também não esperava mais. Mas nem mesmo assim nem isso era impedimento para seu poder.
RESULTADOS DOS ATOS DE JESUS
A ação de Jesus, naquele lugar, produz alguns resultados que merecem ser anotados por nós nesta ocasião:
Glorificação ao Senhor Deus.
Todos – discípulos, curiosos, seguidores, familiares, religiosos ficaram possuídos de grande temor. Por causa do milagre feito por Jesus o nome do Senhor foi glorificado, o povo temeu ao Senhor. Em Naim, lugar agradável, onde a tristeza havia penetrado sem Jesus, volta a reinar a alegria desde o momento em que o Senhor se faz presente.
Reconhecimento de Jesus como profeta.
De tempos em tempos alguém aparecia na Palestina proclamando-se profeta, mas, desde Malaquias, Deus não enviava nenhum. Os que se levantavam eram enviados de si mesmos, falavam daquilo que produziam em seu próprio ventre (interior) eram falsos – mas não aquele, nenhum havia feito o que ele fazia. E o povo reconheceu a visitação de Deus.
Divulgação da chegada do reino de Deus.
Mateus registra que o Senhor Jesus disse aos seus ouvintes que o reino de Deus havia chegado (Mt 12.28). Não poderia haver mais dúvidas: cegos enxergando, surdos ouvindo, paralíticos andando e mortos ressuscitando. Sim, não havia dúvidas, o reino era chegado (Lc 7.22).
CONSIDERAÇÕES PESSOAIS
Aprendemos com o relato de Lucas que, apesar das palavras e atos do Senhor Jesus aparentemente não fazerem sentido, precisamos entender que Jesus sabe o que está fazendo, e que nada foge ao seu domínio sobre os elementos e sobre a vida. Uma vez que temos um Deus assim, que se compadece das nossas fraquezas, podemos confiar-lhe absolutamente todos os momentos de nossa vida. Tanto no barco quanto no deserto, na festa ou no túmulo, na família ou no trabalho.
Se você tem alguma área na sua vida que você ache que não precisa de Jesus, ou que ele não pode fazer nada para te ajudar, o problema não está no tamanho do problema, nem mesmo em Jesus – o problema está no entendimento que você tem de Jesus.
As pessoas entendiam que Jesus não podia ter dito "Não chores"… mas ele consolou àquela mulher de uma maneira demasiada simples, mas objetiva.
A tradição mandava que nenhum religioso deveria tocar no esquife – mas ele tocou porque se importava com o motivo da dor daquela mulher – ali estava o seu tesouro.
Ninguém considerava normal falar com um morto, mas ele não apenas falou como ordenou-lhe que se levantasse – e foi atendido porque ele é o Senhor da morte e da vida.
Não há nada que esteja além do poder do Senhor Jesus. Mesmo a angústia mais íntima, a dor mais lancinante, o desespero mais absoluto, o desamparo mais insuportável está aquém do poder de Jesus em solucioná-lo com sua presença e sua palavra. Ele não pede nada em troca. Ele não obriga ninguém a fazer nada. Apenas diz: "se creres, verás a glória de Deus" (Jo 11.40).
Aquelas pessoas, em Naim, viram, e no lugar agradável onde sofriam tudo voltou a ser alegria e prazer – graças a Deus!

Não estou chamando você para trazer sua angústia – estou chamando você para confiar em Jesus de maneira absoluta, para confiar a ele toda a sua vida, todas as suas aspirações, todas as suas motivações – e, faça o que fizer, ande onde tiver que andar, ande como se ele estivesse do seu lado (e efetivamente está) dizendo: “não temas, não chores, não desista. Eu estou aqui“ (Mt 28.20).

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