terça-feira, 8 de abril de 2014

DEUS, DEVOÇÃO, DESCANSO… SOBRE O DOMINGO E O HOMEM DE DEUS

DEUS, DEVOÇÃO, DESCANSO…
Texto publicado em 30.03.2014, Boletim da IP em Xinguara.

O coração do homem tem uma tendência muito forte a extremismos. Os filósofos da antiguidade afirmavam que a virtude está no equilíbrio - ainda que, muitas vezes, o meio entre duas posições não seja necessariamente o melhor. Exemplifico: qual o melhor meio de matar alguém: com um, três ou cinco tiros? O meio seria três, mas o erro permanece - é errado e pecaminoso matar alguém, seja com quantos tiros for. Em relação ao dia de descanso existem duas tendências extremistas que se mostraram sempre presentes na Igreja: o radicalismo legalista e o racionalismo relaxado.
O radicalismo legalista é uma tendência que pode ser encontrada nos evangelhos quando, por causa do seu legalismo hipócrita, os judeus se desentenderam com Jesus e passaram a odiá-lo, tramando a sua morte. Repreenderam os discípulos do mestre quando eles colheram grãos ao passarem por um campo de trigo e se indignaram com o próprio Jesus quando ele curou um homem da mão ressequida em dia de sábado - enquanto eles, muito provavelmente, socorreriam um animal caído num buraco neste dia. Este radicalismo se manteve presente nos dias do apóstolo Paulo e ainda está presente nos nossos dias, tanto fora [como encontrado nas Igrejas sabatistas que não guardam verdadeiramente o sábado, pois trabalham e fazem servos trabalharem] como nos adeptos do dominicalismo ascético.
O racionalismo relaxado é outro mal que também era encontrado nos dias de Jesus, contra o qual os próprios fariseus, justiça lhes seja feita, se insurgiam mas que é muito mais presente nos nossos dias. A grande maioria dos autodenominados cristãos não da qualquer importância à guarda do dia do Senhor, profanando-o com todo tipo de atividade, inclusive com trabalhos, provocando o Senhor à ira. É um erro lamentável o uso do dia do Senhor para satisfazer seus próprios interesses, afinal, o dia é do Senhor, e deve ser-lhe dedicado.
A virtude do equilíbrio. Onde, então, está o meio desta discussão? O que é certo, quem tem razão neste debate? Creio que a resposta a estas perguntas está em, após dispor todas as coisas durante a semana de maneira que no dia do Senhor nada mais haja de trabalho ordinário a ser realizado, ter todo o tempo para exercícios religiosos, devocionais e deveres necessários e de misericórdia. É obvio que não há nenhuma justificativa para não guardar o dia do Senhor e ocupá-lo com interesses materiais e financeiros, por mais que eles pareçam justificáveis.  Mas, e quanto aos deveres necessários? 
É justamente aqui que reside o foco da discussão. O que são deveres necessários e de misericórdia? Brincar com o filho é dever necessário (viver a vida comum do lar - I Pe 3.7) ou lazer profano? Separar um horário, durante o dia, para repouso do corpo e da mente não é, também, um dever necessário? Lembremos que o dia é do Senhor, é de Deus. E ele quer que o usemos em nosso benefício, e não como mais um peso sobre nossos já tão sobrecarregados e atarefados ombros. O dia é de Deus, mas ele no-lo deu para que tenhamos tempo para nossa devoção. E uma maneira de devotar-lhe obediência é, também, descansando da correria semanal, quando muitos se levantam antes das 6.00h e labutam até depois das 18.00h. Domingo, dia do Senhor, dia de devoção, dia de descanso. Use-o bem, e ele será uma benção - profane-o, com radicalismo legalista ou racionalismo libertino e ele se tornará uma maldição em sua vida.

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