sexta-feira, 11 de abril de 2014

DE JACÓ A ISRAEL: A HISTÓRIA DE UMA MUDANÇA ESPIRITUAL

JACÓ

A história de Jacó, desde o seu nascimento, aponta para alguém cujo caráter era profundamente indigno de receber qualquer bênção de Deus. Ele nasceu segurando o pé do irmão (Gn 25.26), e por isso recebeu o nome de Jacó, que significa suplantador. Depois, num momento de carência irrefletida do irmão, comprou-lhe o direito de primogenitura por uma ninharia, mostrando-se um astuto aproveitador (Gn 25.30-33).
Insatisfeito com isto, ainda, com a ajuda da própria mãe, usurpou a bênção que pertencia a Esaú (Gn 27.1-23), mostrando seu caráter enganador - mas ao mesmo tempo seu interesse nas coisas espirituais, algo que não é perceptível em Esaú. Com a promessa de Esaú de tirar-lhe a vida assim que seu pai falecesse, Jacó foi obrigado a fugir de Canaã em direção a Padã-Arã, morar com Labão, seu tio (Gn 28.5) para conseguir uma esposa. De caminho, Deus renova as promessas feitas a Abraão (Gn 12.1-3) e a Isaque (Gn 26.2-4) apesar da indignidade do próprio Jacó (Gn 28.13-15).
Enquanto viajava, passou uma noite muito especial num lugar que mais tarde veio a ser chamado Betel (Beith El - a casa de Deus - Gn 28.17) e que viria a ter um papel muito importante em sua vida. Naquela noite, enquanto dormiu, teve um sonho, que na verdade era uma visão de uma escada que chegava ao céu, com anjos subindo e descendo, e o Senhor estava ao seu lado. Em reação a essa experiência, Jacó fez votos muito importantes (Gn 28:18-22). Nem sempre manteve esses votos, mas eles tiveram grande efeitos sobre ele.
Quando chegou na cidade de Labão, imediatamente encontrou Raquel e a amou à primeira vista. Mas encontrou, também, outro que lhe foi igual, Labão, seu tio, certamente o professor (ou podem ter aprendido da mesma fonte) de sua mãe, Rebeca). Jacó se apaixonou por Rebeca, e, como não tinha bens, negociou com o pai dela trabalhar 7 anos para obtê-la. Terminado esse prazo, Jacó é enganado por Labão (Gn 29.26-28) que deu-lhe Lia (a irmã mais velha de Raquel) em vez de Raquel. Será que Jacó estaria colhendo o que semeou? Depois disso, Jacó trabalhou outros 7 anos para obter Raquel (ainda que a esta ele tenha recebido imediatamente) e ainda outros 7 anos por muito gado e rebanho. No final das contas o dote, tendo como partida o salário médio de um gerente de fazenda - R$ 3.500,00, foi de aproximadamente R$ 500.000,00).
Para obter algum patrimônio Jacó teve que usar de astúcias contra seu sogro (Gn 31.3-9) até que o Senhor lhe ordenou, depois de 07 anos de serviço, que voltasse a Canaã (neste meio tempo seu pai e sua mãe faleceram - tanto fez para herdar o que pertencia a seu pai que, por estar ausente quando da morte deste, nada herdou de material). Até para levar suas esposas e filhos teve que sair escondido (Gn 31.20-21). Agora precisava provar sua fé, pois não poderia voltar para junto de Labão, e ainda ia ao encontro do homem que jurara matá-lo (Gn 27.41), com o agravante de possuir 11 filhos, duas esposas e duas concubinas (Bila - Gn 30.4 - e Zilpa - Gn 30.9) e muitas propriedades, mas não o que poderia ter sido se tivesse recebido a benção do jeito de Deus em vez de dar um jeitinho para agarrar a benção. Isaque foi um homem rico e Jacó era o principal herdeiro de sua riqueza.
Enquanto Jacó chegava mais próxima a sua terra natal, seu coração encheu-se de temor do seu irmão (Gn 32:11). Enquanto planejava e esquematizava certa noite, um homem (anjo) de Deus veio e contendeu com Jacó. Em sua teimosia Jacó combatia com força, mas, assim que chegou a noite, o anjo fez que Jacó ficasse sem ação e dependente. Enquanto Jacó agarrava-o humilde e dependentemente, foi abençoado por Deus e seu nome foi alterado. Andou mancado, mas, agora, havia se tornado um homem dependente de Deus, e não é mais Jacó o enganador, mas Israel "príncipe de Deus" (Gn 32:24-28). No vau do Jaboque Deus definitivamente lhe muda o caráter – e com isto o nome. O anjo do Senhor abençoou Jacó após humilhá-lo.
Para sua surpresa o irmão, ao invés de agir com ele com dureza como ele temia (Gn 32.6) trata-o com brandura, e ambos choram pelos erros cometidos (Gn 33.4) e Esaú, o homem natural, ainda repreende o herdeiro da benção por não confiar em seu Deus (Gn 33.8-9).
Se fôssemos julgar Jacó jamais o escolheríamos para ser o canal das bênçãos de Deus. Mas Deus não vê como o homem (I Sm 16.7). Jacó é como todos os homens (Mt 7.2): nenhum merece a bênção de Deus – mas Deus a promete e a dá a indignos. Isto está de acordo com o ensino da Palavra. Jacó foi escolhido pela graça de Deus, não por qualquer forma de dignidade nele próprio (Rm 9.11-13). Jacó era, em suma, igualzinho a qualquer um de nós (Ef 2.8), pois todos somos, igualmente, pecadores (Rm 3.23). Enquanto Esaú mostra o potencial de um homem natural, Jacó evidencia a transformação efetuada pela ação de Deus na vida de pecadores. 

Nenhum comentário:

FAÇA DESTE BLOG SUA PÁGINA INICIAL