sexta-feira, 11 de abril de 2014

A IGREJA E A PREGAÇÃO DA PALAVRA: NECESSIDADES DA IGREJA ATUAL

A IGREJA E A PREGAÇÃO DA PALAVRA: NECESSIDADES DA IGREJA ATUAL

Pretendo destacar algumas das necessidades da Igreja atual, sem ser, entretanto, exaustivo, reconhecendo que outras ficarão sem ser mencionadas.

A PREGAÇÃO

A Igreja precisa clamar em alto e bom som para que a Palavra de Deus seja pregada, mas pregada com absoluta fidelidade – sem se importar com os custos disto em dias de "politicamente correto". O que precisa ser correta é a pregação da Palavra, que não esconde a verdade, antes coloca-a claramente aos ouvintes (mesmo que estes não queiram ser confrontados em seus pecados). Por isso, parte dessa marca não é somente a sincera pregação, mas a correspondente escuta da mesma. Na Igreja a Palavra deve ser acolhida, quando pregada na linha apostólica e com sinceridade, de modo manso e obediente, porque o assunto de que trata é nada menos que a salvação de almas (Tg 1.21).

A OBEDIÊNCIA

Assim, coma pregação da Palavra temos também que tratar do acolhimento da Palavra de Deus. Se a comunidade não acolhe a pregação da Palavra de Deus, é porque esta já está suficientemente afastada do Senhor para poder ouvir-lhe a voz. Devemos insistir que a pregação da Palavra de Deus envolve o falar e o ouvir, e ouvir a voz de Deus significa praticar o que ele está dizendo pois a comunicação de Deus aos homens é, sempre, de caráter prático e proposicional. Neste sentido, diz-nos A.W. Blackwood[1]: "A pregação é a verdade divina pronunciada por uma personalidade escolhida, a fim de satisfazer a necessidade humana". E, ainda,
"...a pregação significa interpretar a vida hoje, à luz das Escrituras, de modo que as necessidades do ouvinte sejam satisfeitas agora, e o ouvinte seja orientado na realização da vontade de Deus amanhã".

A VERDADE

Não cabe ao ministro forçar a eficiência da pregação através de gestos teatrais, melodramáticos ou cômicos. A tradição reformada nos lembra, acertadamente, que o único intérprete fiel da Palavra de Deus é o Espírito Santo – e é ele quem aplica a graciosa Palavra de Deus ao coração dos cristãos, levando-os a praticá-la e não só ouvi-la (Tg 1.22).

A SUBMISSÃO

A pregação da Palavra lembra-nos que deve haver submissão de ambos os lados. O ministro não pode exigir de seus ouvintes submissão à vontade de Deus – ou ao que ele ensina de púlpito – se esta não é a verdade de Deus. Deus não vai agir no coração dos crentes, capacitando-os à obedecer a uma mentira, mesmo que uma mentira eficiente e repetidamente exposta.

O PREGADOR

O ministro deve ser submisso à vontade de Deus, falando a Palavra de Deus. Pregar somente o que Deus quer significa confiar que Deus opera, pela Palavra, através do Espírito Santo, mesmo no mais impenitente pecador. Paulo registra que mesmo o "maior dos pecadores" pode ser alcançado pela Palavra de Deus – para servir, inclusive, de modelo aos demais crentes.

A CONGREGAÇÃO

A Igreja, se realmente é a Igreja de Cristo, deve (e desejará) ser submissa à Palavra do seu Senhor. Cristo diz-nos que as suas ovelhas ouvem a sua voz (Jo 10.27), obedecem (Jo 15.14) e ensinam (Mt 28.19-20). Certamente que a verdadeira Igreja de Cristo atende quando a Palavra de Cristo é pregada e denuncia abertamente quando falsos conceitos sejam proclamados de seus púlpitos. Ao mesmo tempo qualquer palavra que não seja de Cristo é alegremente ouvida por aqueles que não são de Cristo.
Chega-se à conclusão triste e inescapável que a Igreja contemporânea (com notáveis) não demonstra de forma clara ser portadora destas marcas, lutando para permanecer fiel a Deus contra pressões, externas e internas, muito fortes.
É preciso se realmente temente a Deus para resistir, lutando para que esta marca não seja apagada pelas exigências do mundo contemporâneo, pós moderno, que prega e exige um relativismo tolerante, tanto moral quanto espiritual, mas que ao mesmo tempo tenta impor um abandono dos pressupostos bíblicos. Os ministros precisam priorizar a pregação fiel da Palavra de Deus e não a leitura ou exposição de belas (e muitas vezes vazias de significado e poder) homilias, recheadas de técnicas, floreios, marketing e psicologia.
Entretanto, a Igreja não deve desanimar porque é o Senhor quem santifica a sua Igreja. É ele, também, quem a preserva. Como mestres, os ministros evangélicos devem se esmerar no ensino, pois esta é a ferramenta que Deus lhes deu para combater a chaga que ameaça a Igreja.
O desafio imposto não é criar uma nova Igreja, nem um novo tipo de cristãos, como propõem muitos movimentos que surgem de tempos em tempos. São modismos, aspectos de uma cultura mutável que podem originar uma coisa totalmente diferente do verdadeiro cristianismo bíblico. O desafio que é colocado diante do povo de Deus é perseverar em fidelidade a Deus, conhecendo a sua Palavra, obedecendo-a e assim honrando aquele que disse que passariam os céus e a terra, mas as suas palavras permaneceriam eternamente.



[1]  (ELWELL, p. 171, grifo meu)

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