A IGREJA E A PREGAÇÃO DA PALAVRA: NECESSIDADES
DA IGREJA ATUAL
Pretendo destacar algumas das necessidades da Igreja atual,
sem ser, entretanto, exaustivo, reconhecendo que outras ficarão sem ser
mencionadas.
A PREGAÇÃO
A Igreja precisa clamar em alto e bom som para que a Palavra
de Deus seja pregada, mas pregada com absoluta fidelidade – sem se importar com
os custos disto em dias de "politicamente correto". O que precisa ser
correta é a pregação da Palavra, que não esconde a verdade, antes coloca-a
claramente aos ouvintes (mesmo que estes não queiram ser confrontados em seus
pecados). Por isso, parte dessa marca não é somente a sincera pregação, mas a
correspondente escuta da mesma. Na Igreja a Palavra deve ser acolhida, quando
pregada na linha apostólica e com sinceridade, de modo manso e obediente,
porque o assunto de que trata é nada menos que a salvação de almas (Tg 1.21).
A OBEDIÊNCIA
Assim, coma pregação da Palavra temos também que tratar do
acolhimento da Palavra de Deus. Se a comunidade não acolhe a pregação da
Palavra de Deus, é porque esta já está suficientemente afastada do Senhor para
poder ouvir-lhe a voz. Devemos insistir que a pregação da Palavra de Deus
envolve o falar e o ouvir, e ouvir a voz de Deus significa praticar o que ele
está dizendo pois a comunicação de Deus aos homens é, sempre, de caráter
prático e proposicional. Neste sentido, diz-nos A.W. Blackwood[1]:
"A pregação é a verdade divina pronunciada por uma personalidade
escolhida, a fim de satisfazer a necessidade humana". E, ainda,
"...a pregação significa interpretar a vida
hoje, à luz das Escrituras, de modo que as necessidades do ouvinte sejam
satisfeitas agora, e o ouvinte seja
orientado na realização da vontade de Deus amanhã".
A VERDADE
Não cabe ao ministro forçar a eficiência da pregação através
de gestos teatrais, melodramáticos ou cômicos. A tradição reformada nos lembra,
acertadamente, que o único intérprete fiel da Palavra de Deus é o Espírito
Santo – e é ele quem aplica a graciosa Palavra de Deus ao coração dos cristãos,
levando-os a praticá-la e não só ouvi-la (Tg 1.22).
A SUBMISSÃO
A pregação da Palavra lembra-nos que deve haver submissão de
ambos os lados. O ministro não pode exigir de seus ouvintes submissão à vontade
de Deus – ou ao que ele ensina de púlpito – se esta não é a verdade de Deus.
Deus não vai agir no coração dos crentes, capacitando-os à obedecer a uma
mentira, mesmo que uma mentira eficiente e repetidamente exposta.
O PREGADOR
O ministro deve ser submisso à vontade de Deus, falando a
Palavra de Deus. Pregar somente o que Deus quer significa confiar que Deus
opera, pela Palavra, através do Espírito Santo, mesmo no mais impenitente
pecador. Paulo registra que mesmo o "maior dos pecadores" pode ser
alcançado pela Palavra de Deus – para servir, inclusive, de modelo aos demais
crentes.
A CONGREGAÇÃO
A Igreja, se realmente é a Igreja de Cristo, deve (e
desejará) ser submissa à Palavra do seu Senhor. Cristo diz-nos que as suas
ovelhas ouvem a sua voz (Jo 10.27), obedecem (Jo 15.14) e ensinam (Mt 28.19-20).
Certamente que a verdadeira Igreja de Cristo atende quando a Palavra de Cristo
é pregada e denuncia abertamente quando falsos conceitos sejam proclamados de
seus púlpitos. Ao mesmo tempo qualquer palavra que não seja de Cristo é
alegremente ouvida por aqueles que não são de Cristo.
Chega-se à conclusão triste e inescapável que a Igreja
contemporânea (com notáveis) não demonstra de forma clara ser portadora destas
marcas, lutando para permanecer fiel a Deus contra pressões, externas e
internas, muito fortes.
É preciso se realmente temente a Deus para resistir, lutando
para que esta marca não seja apagada pelas exigências do mundo contemporâneo,
pós moderno, que prega e exige um relativismo tolerante, tanto moral quanto
espiritual, mas que ao mesmo tempo tenta impor um abandono dos pressupostos
bíblicos. Os ministros precisam priorizar a pregação fiel da Palavra de Deus e
não a leitura ou exposição de belas (e muitas vezes vazias de significado e
poder) homilias, recheadas de técnicas, floreios, marketing e psicologia.
Entretanto, a Igreja não deve desanimar porque é o Senhor
quem santifica a sua Igreja. É ele, também, quem a preserva. Como mestres, os
ministros evangélicos devem se esmerar no ensino, pois esta é a ferramenta que
Deus lhes deu para combater a chaga que ameaça a Igreja.
O desafio imposto não é criar uma nova Igreja, nem um novo
tipo de cristãos, como propõem muitos movimentos que surgem de tempos em
tempos. São modismos, aspectos de uma cultura mutável que podem originar uma
coisa totalmente diferente do verdadeiro cristianismo bíblico. O desafio que é
colocado diante do povo de Deus é perseverar em fidelidade a Deus, conhecendo a
sua Palavra, obedecendo-a e assim honrando aquele que disse que passariam os
céus e a terra, mas as suas palavras permaneceriam eternamente.
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