sexta-feira, 11 de abril de 2014

O QUE É A IGREJA – CONCEITO E DEFINIÇÃO

O QUE É A IGREJA – CONCEITO E DEFINIÇÃO

Diz-nos Sproul que
"...a Igreja na terra sempre é o que Agostinho chamou de 'um corpo misturado' e por isso é necessário distinguir entre a Igreja visível e a Igreja invisível. Na Igreja visível [que consiste em todos os que fazem uma profissão de fé, são batizados e matriculados como membros de uma Igreja institucional] Jesus indicou que haveria tanto joio quanto trigo. Embora a Igreja seja 'santa' nesta era sempre haverá uma presença profana em seu meio – nem todos que honram a Cristo com seus lábios o honram com o coração. Como só Deus pode ler o coração, o verdadeiro eleito é por ele facilmente identificável – mas também é, de alguma forma, visível a nós. É a tarefa do eleito tornar a Igreja invisível visível"[1].
Como o nosso objetivo é tratar das marcas da verdadeira Igreja de Cristo, é necessário que definamos qual é a "verdadeira Igreja de Cristo". O que entendemos por "verdadeira"? E por "Igreja de Cristo"? Tais conceitos precisam ser aclarados antes de uma dissertação sobre as suas marcas. Vejamos, então, qual a identidade da Igreja.

A IDENTIDADE DA IGREJA

Para os católicos romanos a unidade da Igreja só existe sob o governo do papa, o 'legítimo representante de Cristo sobre a face da terra', na verdade, mais que representante, ele é tido pelos fiéis como se fora um substituto [o vigário do filho de Deus]. O papa é, para os romanistas, o cabeça visível do Cabeça invisível. Quem não está sob o papado não pode ser considerado membro do corpo de Cristo, uma vez que não está sob o cabeça. Mais detalhes sobre isso será visto quando se tratar da concepção católico-romana de Igreja.
A Reforma Protestante trouxe ao primeiro plano a verdade de que a essência da Igreja não é sua organização externa, mas a comunidade dos santos, aqueles que creem e são santificados em Cristo, e que estão ligados a ele, sendo ele a sua cabeça. O movimento reformador não é uma 'luta por ninharias, mas pelas doutrinas cardeais da salvação'[2]. Diz-nos a confissão Belga:
"Cremos e professamos uma só Igreja católica ou universal, que é uma santa congregação de verdadeiros crentes cristãos, todos esperando a sua salvação em Jesus Cristo, sendo lavados por seu sangue, santificados e selados pelo Espírito Santo"[3].
A segunda Confissão Helvética expressa a mesma verdade, dizendo que a Igreja é:
"...esta santa congregação é uma reunião dos que são salvos, e que fora dela não há salvação – que ninguém, de qualquer condição ou qualidade que seja, deve permanecer separado para valer-se de sua própria pessoa, senão que todos estão obrigados a ela, e a ela reunir-se, mantendo a unidade da Igreja, submetendo-se a seus ensinamentos e disciplina, inclinando-se sob o jugo de Jesus Cristo, e servindo à edificação dos irmãos, segundo os dons que Deus lhes tem dado, como membros entre si de um mesmo corpo"[4].
E acrescenta que ela é:
"Uma assembleia dos fiéis, convocada e reunida do mundo, uma comunhão de todos os santos, isto é, daqueles que verdadeiramente conhecem e retamente adoram e servem o verdadeiro Deus em Jesus Cristo, o Salvador, pela palavra do Espírito Santo, e que pela fé participam de todos os benefícios gratuitamente oferecidos mediante Cristo"[5].
A CFW, definindo a Igreja do ponto de vista da eleição, diz que:
"A Igreja católica ou universal, que é invisível, consta do numero total dos eleitos que já foram, dos que agora são e dos que ainda serão reunidos em um só corpo sob Cristo, sua cabeça; ela é a esposa, o corpo, a plenitude daquele que cumpre todo em todas as coisas"[6].
A Igreja não é um clube onde pessoas de diversas opiniões e desejos se reúnem por algum tempo porque concordam em alguma coisa, pelo contrário, ela é um organismo que compartilha uma única vida: a vida de Cristo.

DEFINIÇÃO DE IGREJA

Podemos definir Igreja, concordando com a definição dada pelo Rev. Hermisten, como sendo
"A comunidade de pecadores regenerados, que, pelo dom da fé, concedido pelo Espírito Santo, foram justificados, respondendo positivamente ao chamado divino, o qual fora decretado na eternidade e efetuado no tempo, e agora vivem em santificação, proclamando, quer com sua vida, quer com suas palavras, o evangelho da graça de Deus, até que Cristo venha"[7].
Surge, então, a necessidade de definir quantas igrejas existem. Como já ficou claro na proposição acima, entendemos que existe apenas uma Igreja: a Igreja do Senhor Jesus Cristo, conforme nos ensina o apóstolo Paulo em sua carta aos efésios , quando diz no capítulo 4, versos 1 a 7:
"Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos, e a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo" [PAULO, apóstolo, Ef 4.1-7].
O apóstolo Paulo deixa bastante claro que há somente uma Igreja: a Igreja do nosso Senhor Jesus Cristo, e é por isto que ele fala da Igreja como 'um corpo', 'um edifício'.
[1]  [SPROUL, Op.Cit.]
[2] [PALMER, Op.Cit.]
[3]  [SANZ [tradutor], Art. XXVII.]
[4] [SANZ [tradutor], cap. XVIII]
[5]  [SANZ [tradutor], Op.Cit. cap. XVII]
[6] [CFW, XXV]
[7]  [COSTA, Op.Cit. p. 5]

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