O QUE É
A IGREJA – CONCEITO E DEFINIÇÃO
Diz-nos
Sproul que
"...a Igreja
na terra sempre é o que Agostinho chamou de 'um corpo misturado' e por isso é
necessário distinguir entre a Igreja visível e a Igreja invisível. Na Igreja
visível [que consiste em todos os que fazem uma profissão de fé, são batizados
e matriculados como membros de uma Igreja institucional] Jesus indicou que
haveria tanto joio quanto trigo. Embora a Igreja seja 'santa' nesta era sempre haverá
uma presença profana em seu meio – nem todos que honram a Cristo com seus
lábios o honram com o coração. Como só Deus pode ler o coração, o verdadeiro
eleito é por ele facilmente identificável – mas também é, de alguma forma,
visível a nós. É a tarefa do eleito tornar a Igreja invisível visível"[1].
Como o nosso
objetivo é tratar das marcas da verdadeira Igreja de Cristo, é necessário que
definamos qual é a "verdadeira Igreja de Cristo". O que entendemos
por "verdadeira"? E por "Igreja de Cristo"? Tais conceitos
precisam ser aclarados antes de uma dissertação sobre as suas marcas. Vejamos,
então, qual a identidade da Igreja.
A
IDENTIDADE DA IGREJA
Para os
católicos romanos a unidade da Igreja só existe sob o governo do papa, o
'legítimo representante de Cristo sobre a face da terra', na verdade, mais que
representante, ele é tido pelos fiéis como se fora um substituto [o vigário do
filho de Deus]. O papa é, para os romanistas, o cabeça visível do Cabeça
invisível. Quem não está sob o papado não pode ser considerado membro do corpo
de Cristo, uma vez que não está sob o cabeça. Mais detalhes sobre isso será
visto quando se tratar da concepção católico-romana de Igreja.
A Reforma
Protestante trouxe ao primeiro plano a verdade de que a essência da Igreja não
é sua organização externa, mas a comunidade dos santos, aqueles que creem e são
santificados em Cristo, e que estão ligados a ele, sendo ele a sua cabeça. O
movimento reformador não é uma 'luta por ninharias, mas pelas doutrinas
cardeais da salvação'[2].
Diz-nos a confissão Belga:
"Cremos e
professamos uma só Igreja católica ou universal, que é uma santa congregação de
verdadeiros crentes cristãos, todos esperando a sua salvação em Jesus Cristo,
sendo lavados por seu sangue, santificados e selados pelo Espírito Santo"[3].
A segunda
Confissão Helvética expressa a mesma verdade, dizendo que a Igreja é:
"...esta
santa congregação é uma reunião dos que são salvos, e que fora dela não há
salvação – que ninguém, de qualquer condição ou qualidade que seja, deve
permanecer separado para valer-se de sua própria pessoa, senão que todos estão
obrigados a ela, e a ela reunir-se, mantendo a unidade da Igreja, submetendo-se
a seus ensinamentos e disciplina, inclinando-se sob o jugo de Jesus Cristo, e
servindo à edificação dos irmãos, segundo os dons que Deus lhes tem dado, como
membros entre si de um mesmo corpo"[4].
E acrescenta que
ela é:
"Uma
assembleia dos fiéis, convocada e reunida do mundo, uma comunhão de todos os
santos, isto é, daqueles que verdadeiramente conhecem e retamente adoram e
servem o verdadeiro Deus em Jesus Cristo, o Salvador, pela palavra do Espírito
Santo, e que pela fé participam de todos os benefícios gratuitamente oferecidos
mediante Cristo"[5].
A CFW, definindo
a Igreja do ponto de vista da eleição, diz que:
"A Igreja
católica ou universal, que é invisível, consta do numero total dos eleitos que
já foram, dos que agora são e dos que ainda serão reunidos em um só corpo sob
Cristo, sua cabeça; ela é a esposa, o corpo, a plenitude daquele que cumpre
todo em todas as coisas"[6].
A Igreja não é
um clube onde pessoas de diversas opiniões e desejos se reúnem por algum tempo
porque concordam em alguma coisa, pelo contrário, ela é um organismo que
compartilha uma única vida: a vida de Cristo.
DEFINIÇÃO
DE IGREJA
Podemos definir
Igreja, concordando com a definição dada pelo Rev. Hermisten, como sendo
"A
comunidade de pecadores regenerados, que, pelo dom da fé, concedido pelo
Espírito Santo, foram justificados, respondendo positivamente ao chamado
divino, o qual fora decretado na eternidade e efetuado no tempo, e agora vivem
em santificação, proclamando, quer com sua vida, quer com suas palavras, o
evangelho da graça de Deus, até que Cristo venha"[7].
Surge, então, a
necessidade de definir quantas igrejas existem. Como já ficou claro na
proposição acima, entendemos que existe apenas uma Igreja: a Igreja do Senhor Jesus Cristo, conforme nos ensina o
apóstolo Paulo em sua carta aos efésios , quando diz no capítulo 4, versos 1 a
7:
"Rogo-vos,
pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que
fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade,
suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por
preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um
Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um
só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, age por meio de todos e está em todos, e a graça foi concedida a cada um
de nós segundo a proporção do dom de Cristo" [PAULO, apóstolo, Ef 4.1-7].
O apóstolo Paulo
deixa bastante claro que há somente uma Igreja: a Igreja do nosso Senhor Jesus
Cristo, e é por isto que ele fala da Igreja como 'um corpo', 'um edifício'.
[1] [SPROUL, Op.Cit.]
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