sexta-feira, 18 de abril de 2014

PERSONAGENS: OS 12 E COMPLICADOS FILHOS DE JACÓ

OS 12 FILHOS DE JACÓ
No intervalo entre a sua fuga de Canaã com medo de Esaú e o retorno, décadas depois, Jacó casou-se com Lia e Raquel, e cada uma dessas lhe deu por concubina uma de suas escravas. A serva de Lia chamava-se Zilpa, e a de Raquel era Bila.
Em nenhum momento a poligamia é defendida nas Escrituras, aliás, o primeiro polígamo foi Lameque, filho de Metusael, filho de Meujael, filho de Irade, filho de Enoque, filho de Caim. Lameque casou-se com Ada e Zilá (Gn 4.19). Todas as famílias polígamas encontradas nas Escrituras apresentam algum padrão de problemas (Abraão - Gn 21.8-10; Elcana).
Mas a prática estava enraizada na cultura oriental - os filhos dos homens (Caim) já haviam se misturado com os filhos de Deus (Sete) antes do dilúvio,  e ninguém via como problema quebrar o mandamento monogâmico (Gn 2.23-24).
Isto nos leva a concluir que uma prática socialmente aceita pode não refletir de maneira alguma a vontade de Deus, pois ele nunca pretendeu que os homens tivessem concubinas ou mais de uma esposa (Mt 19:4-5), bem como também nunca pretendeu que os casamentos se dissolvessem (Mt 19.6) e permitiu certas práticas porque estava educando o homem (Mt 19.7-8).
Podemos agradecer a Deus por, pelos séculos, usar homens para fazer sua obra apesar da natureza e práticas pecaminosas deles.
As leis previam que filhos extramaritais não seriam legitimados, mas o concubinato (que não dava direitos de esposa às servas) era tido como um meio legítimo de perpetuar o nome da família, que era transmitido patriarcalmente (os casamentos eram muito próximos consanguineamente - o que talvez explique o alto índice de infertilidade que encontramos nos primeiros textos bíblicos).
Jacó teve, então, doze filhos. Vejamos o gráfico comparativo de acordo com a ordem de nascimento e as suas respectivas mães:
Desta maneira, Rubem, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali Issacar, Zebulom (além da filha, Diná) eram todos filhos legítimos (de acordo com a lei) de Lia. Já Gade, Aser, José e Benjamin eram filhos de Raquel. Estes darão origem e nome às doze tribos de Israel, com uma importante mudança pois a tribo de Levi foi separada para o sacerdócio e os filhos de José (Efraim e Manassés) darão nome às respectivas tribos, ficando assim: Ruben, Simeão, Levi (Manassés), Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José (Efraim) e Benjamim.
Parece que era uma característica dos patriarcas não aprenderem com os erros cometidos por seus pais. Isaque cometeu o mesmo erro (Gn 26.7) que seu pai (Gn 12.13) a respeito do parentesco com suas respectivas esposas. Isaque cometeu o erro de favorecer um de seus filhos, gerando animosidade em seu lar, pois o desfavorecido contava com o favor da sua mãe (Gn 25.28).
Assim, Jacó, que era o preterido por seu pai, agora cometia o erro de ser parcial com José, que já contava com o favor de Deus, recebendo visões e revelações. Alguns episódios vão acirrar os ânimos entre os irmãos:
1. Quando Jacó busca o favor de Esaú o último dos filhos a ser enviado com a mãe foi Raquel (Gn 33.2);
2. José contava ao seu pai o que os seus irmãos faziam, com destaque para os filhos de Zilpa e Bila (Gn 37:2);
3. Jacó demonstra sua preferencia por Jacó fazendo-lhe uma roupa especial (Gn 37.3);
4. José teve um sonho em que os feixes colhidos por seus irmãos se inclinavam para o seu, um sinal de suserania - lembremos que José era o 11 no direito de primogenitura (Gn 37.8);
5. O segundo sonho de José, em que o sol, a lua e as estrelas se inclinavam perante ele (Gn 37.9-11).
Em uma de suas inspeções dedo-duro José saiu para ver o que seus irmãos mais velhos estavam fazendo com os rebanhos no campo, e estes, vendo ali uma oportunidade, conspiraram matá-lo (Gn 37.18-20). Rúben, o primogênito, num senso de responsabilidade, resolve intervir para que ele não seja morto (Gn 37.21-22)
Tomando-lhe a roupa com o intento de usá-la para justificar seu desaparecimento perante o pai, lançam-no numa cisterna vazia, e se assentam, despreocupadamente, para comer pão (Gn 37.25 - cp. com a figura do Salmo 1). Lembremos que os mercadores eram filhos do filho rejeitado de Abraão, por isso chamados de ismaelitas, e moravam na terra de Midiã, por isso eram chamados de midianitas.
Os mercadores levavam todo tipo de mercadoria, inclusive escravos, para o Egito - Judá, também filho da rejeitada Lia, propõe que vendam o irmão pois assim não precisariam mata-lo e ao mesmo tempo se livrariam dele (Gn 37.26-28).
Por motivo não revelado Ruben não estava presente nesta negociação, ao chegar, imagina que os irmãos o tivesse matado (Gn 37.29), mas logo é informado do grande negócio e se acabam imaginando um estratagema para enganar o pai, que passa, de filho rejeitado e enganador do pai a enganado pelos filhos a quem rejeitara (Gn 37.31-32 - observe a ênfase em “teu filho” e não “nosso irmão”.)
Depois, midianitas venderam-no como escravo a Potifar (o capitão da guarda do faraó egípcio). Que crime terrível! Pense em como aqueles homens eram sem coração e impiedosos o suficiente para vender seu próprio irmão.
Eles já haviam demonstrado sua dureza de coração quando Siquém,  habitante de Canaã (Gn 33.18), se enamorou e acabou abusando de Diná (Gn 33.2). 
Siquém era descendente de Cam (Gn 10.15-18), portanto, de uma linhagem que não deveria se misturar com a família de Jacó. O problema que detectamos, aqui, mais uma vez, é o perigo de se misturar com aqueles que não são parte do povo de Deus. A proximidade é um grande perigo.
Quando os filhos de Jacó tomam conhecimento do fato ficam irados (Gn 34.7) e quando Hamor, pai de Siquém, propõe casamento eles aproveitam a oportunidade para, dolosamente, se vingarem (Gn 34.13-14) e, depois de circuncidá-los, aproveitam-se do período de convalescença para mata-los (Gn 34.25).
Apesar da indignidade destes homens, Deus não estava dormindo e, por sua graça, usa até mesmo os atos maus dos homens que ele escolheu para glorificar o seu nome. A maldade de seu coração foi u meio escolhido por Deus para, usando as circunstancias (Rm 8.28), executar seu plano de salvar o seu povo de uma grande fome que ele enviaria sobre a terra (Gn 45.4-8) e usar o Egito como símbolo de libertação e das provas da messianidade de Jesus (Mt 2.15).

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