quarta-feira, 6 de agosto de 2014

LOUVOR COMO FRUTO DA CONFIANÇA EM CRISTO GLORIFICADO [me aventurando em Apocalipse]

DEVEMOS CONFIAR E LOUVAR PORQUE DEUS, NOSSO GOVERNANTE SUPREMO PROVIDENCIA PARA QUE O CRENTE NÃO FIQUE SEM CONSOLO ATRAVÉS DE CRISTO, DIGNO DE ABRIR O LIVRO E SER LOUVADO POR TODOS OS CRISTÃOS.

Tem o cristão alguma razão para perder a esperança? Tem o cristão alguma razão quando fica inseguro quanto ao futuro? O apóstolo Paulo afirma que, independente das circunstancias que tenha que enfrentar, ele tinha segurança por que estava certo em quem cria (II Tm 1.12). Séculos antes de João ter a visão que relata em seu livro, outro homem teve o privilégio de ter uma visão do trono, não um trono qualquer ou vazio, como estava o trono de Israel, mas o trono do Rei dos Reis, e, embora caindo por terra temeroso por sua existência, foi alvo da graça de Deus e, na sequência, Deus lhe afirmou que, apesar de todo o sofrimento que seu povo experimentava e ainda experimentaria, ainda assim o Senhor jamais deixaria o trono vazio.
E foi justamente em um período de angústia e perseguição, exilado em uma ilha-presídio inóspita, que o discípulo amado (justamente o discípulo amado, que, do nosso ponto de vista deveria ter sido o mais protegido, embora o nosso caminho seja diferente do caminho do Senhor) teve as visões que descreve no livro de apocalipse.
Dado o contexto de perseguição em que a Igreja vivia, era necessário que João transmitisse a mensagem do Senhor para a Igreja de uma maneira que a mesma entendesse e que os inimigos da fé ficassem confusos. Por isso o simbolismo tão acentuado do seu livro. Não nos aprofundaremos em esclarecer o que os símbolos usados por João significam ao mesmo tempo em que buscaremos compreender o que, de fato, os discípulos de Jesus receberiam do Senhor como mensagem para fortalecer a sua fé em dias tão difíceis.
Ap 5.1-14
1 Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos.
2 Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?
3 Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; 4 e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele.
5 Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.
6 Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra.
7 Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; 8 e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, 9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação 10 e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.
11 Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, 12 proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.
13 Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.
14 E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.
 É natural que, num contexto de perseguição, a difícil pergunta, cheia de angústia, seja mais uma vez feita, como nos dias de Isaías e Jeremias: Onde está Deus? Onde está o Senhor nosso Deus? Provavelmente muitos cristãos tinham esta pergunta em seu coração, e talvez chegassem mesmo a verbalizá-la. Onde está Deus?
João oferece como resposta uma contundente declaração sobre quem e Deus é onde ele está. Havia guerras, havia perseguição, havia mortes e enfermidades, mas nada disso indicava que Deus havia se ausentado e abandonado os seus. No capítulo anterior João descreve Deus e o seu trono celeste. Deus continua no trono. Deus continua reinando. Deus não abre mão de seu soberano governo.
Mas, se Deus está mesmo governando, como os cristãos podem experimentar este governo? De que maneira este governo influencia a vida diária dos cristãos? São respostas para perguntas como essas que o capítulo 5 do livro de apocalipse nos fornece.
DEUS, NOSSO GOVERNANTE SUPREMO...
Como introdução deste capítulo João afirma que o trono não está vazio. Ele afirma explicitamente que o nosso Senhor exerce o seu governo com eterno poder. E, exercendo o seu poder, apresenta-se com um decreto em forma de rolo, escrito por dentro e por fora, selado com sete selos, isto é, o que estava escrito por fora identificava o autor e a razão de existir do rolo, mas só podia ser lido se os selos fossem rompidos - João afirma que o rolo estava completa ou perfeitamente selado. Estava escrito por dentro e por fora - nada poderia lhe ser acrescentado. Embora usualmente os selos antigos fossem feitos de material que poderia ser facilmente rompido, como uma fita colada com cera e marcada com um símbolo através de um anel ou um pequeno rolo de metal, a ênfase não está no selo, mas na autoria do mesmo, isto é, ele pertencia àquele que se assentava no trono, e, ao mesmo tempo, na dignidade daquele que o leria.
Nenhum ser, por mais forte que fosse, ousaria infringir uma determinação do Senhor em seu santo trono - e é justamente isto o que mostra a proclamação, isto é, a convocação feita através do anjo forte: Quem é digno de abrir o livro e lhe desatar os sete selos? Não se trata de força ou habilidade - trata-se de dignidade, algo que só é conferido ao SENHOR e ao Cordeiro neste livro.
De imediato era possível perceber que não há nenhum ser que, por si mesmo, consiga opor-se ao poder do Senhor. Nem mesmo os césares que perseguiam a Igreja, nem satanás e seus servos malignos, ninguém estava em condições de desafiar o governo de Deus. Ele não está guerreando... João mostra-o sereno, governando à partir do seu trono sublime nos altos céus. Por mais incomodo que os poderes do mundo e satanás pareçam, eles exercem apenas uma espécie de poder debaixo da permissão de Deus.
À primeira vista, o fato de haver um livro selado, nas mãos de Deus, poderia causar desespero, fruto da curiosidade por saber o que nele estava escrito e ao mesmo tempo da impossibilidade de alcançar tal conhecimento. Sabemos que o rolo refere-se à manifestação da vontade de Deus, o plano completo de Deus para o mundo e para suas criaturas, e isto envolve, sem dúvida, a salvação do seu povo. É a completitude do mistério que estava sendo revelado, mencionado por Paulo e por Pedro, aos quais os anjos anelam perscrutar. Mas não podem, não possuem poder para abrir o rolo. E é justamente isto o que João relata. Quem, em todo o céu e em toda a terra, estaria habilitado a romper o selo e abrir o livro? Havia alguém no céu capaz de fazer isso? A triste e humilhante resposta é não. E na terra? Mais uma vez a resposta é não.
Mais desesperador ainda era saber que, mais do que abrir, não havia ninguém que fosse digno sequer de olhar para o livro. O que havia lá? Como saber? João precisava saber. Ele queria saber. Ele queria, desesperadamente, saber. E, por isso, ele chora. E chora copiosamente. A repetição de que ninguém podia abrir o livro é explicada não pela força, mas pela falta de dignidade, de merecimento. E duas vezes é dito que ninguém podia sequer olhar para ele. A ênfase é necessária, porque olhar pode indicar também fazer uma leitura, compreender - e os decretos de Deus eram para conhecimento exclusivo seu, e daquele a quem ele quisesse, no tempo determinado, revelar.
...PROVIDENCIA PARA QUE O CRENTE NÃO FIQUE SEM CONSOLO...
João chorava porque sabia que naquele rolo encontrava-se a completitude da história redentiva de Deus, do que Deus pretendia fazer com seu povo. Mas, se não havia ninguém que tivesse dignidade para descobrir seu conteúdo, a história redentiva não chegaria ao fim - e a criação continuaria sofrendo o cativeiro do pecado.
Todavia, a Escritura nos mostra que nosso Deus é Deus que consola o seu povo, usa seus emissários para trazer consolo e conforto àqueles que choram. E ele efetivamente o faz. Diferente do pseudocristianismo moderno, onde os desejos do coração dos homens se resumem a coisas que a graça comum oferece a justos e ímpios, o conforto que João recebe, o conforto que João transmite aos crentes não é algo que possa ser encontrado em qualquer lugar. João afirma que um dos anciãos lhe chama a atenção. Diz-lhe para parar de olhar para as impossibilidades dos homens ou dos anjos. Diz para tirar os olhos da criação e mantê-los no criador. Diz para ele que há uma pessoa digna - aquele para quem  devemos olhar firmemente, aquele de quem ele próprio, João, afirma que vem a fé.
Diz-lhe o ancião para lembrar-se daquele que venceu a morte, daquele que ressurgiu de entre os mortos e de quem já havia sido dito possuir a aprovação do Senhor. Cristo é razão da nossa esperança. E é isto que o ancião lembra a João. Há um ser digno de abrir o selo, e o ancião passa a descrevê-lo:
· Ele é o leão da tribo de Judá, aquele que, segundo a profecia de Jacó, seria rei sobre as nações;
· Ele é a raiz da tribo de Davi, o descendente que e assentaria eternamente no trono, cujo reinado não terá fim;
Estes títulos identificam quem é digno de abrir o selo, mas na sequencia o ancião diz porque ele é digno: porque ele venceu. Ele não foi derrotado, ele é o vencedor, aquele que sai vencendo e para vencer. Esta é a grande notícia. Jesus venceu. Quem está nele também é vencedor. Em Cristo o crente é mais que vencedor. Perseguido e preso? Açoitado e morto? Porém, ainda vencedor. Os cristãos são desafiados a serem vencedores e perseverantes - e Jesus afirma ter vencido pelos seus. Jesus venceu o diabo. Venceu o mundo. Venceu a morte. É digno de abrir o selo, e este é o conforto dado ao coração de João e que ele transmite aos irmãos - a história do sofrimento terá fim nas mãos de Jesus.
...ATRAVÉS DE CRISTO, DIGNO DE ABRIR O LIVRO E SER LOUVADO...
Ninguém poderia fazer o cordeiro iria fazer por um motivo simples: porque ninguém é como ele, ninguém fez o que ele fez. João afirma que, sem saber de onde surgiu, mas evidentemente ainda não fora visto por ele, havia de pé, ao lado do trono, entre os seres e os anciãos um cordeiro “como tendo sido morto”, referindo-se, provavelmente, à ferimentos e a sangue, mas, ao mesmo tempo, já não estando mais morto uma vez que está de pé, tendo, portanto, vida em si mesmo. A descrição não é de um cordeiro normal, mas a ênfase em sete chifres, sete olhos refere-se a poder e conhecimento perfeitos. E é este cordeiro que é recebido de maneira grandiosa. Somente ele é digno de abrir o rolo. Somente ele é capaz de quebrar seus sete selos. Somente ele, e mais ninguém, porque ele não é uma mera criatura, é o criador. É o Senhor dos céus e da terra, o Senhor da vida, o Senhor dos senhores, o rei dos reis.
A dignidade de Jesus não é apenas teórica - ela é prática, ela se manifesta em atos concretos e irrefutáveis . E o cordeiro, que fora morto, toma o livro da mão direita daquele que governa o destino do universo - o pai cede o governo ao filho, embora continue governando com ele. Aquilo que Deus havia dito a respeito de Jesus, “este é o meu filho amado, em quem me comprazo” agora é provado da maneira mais gloriosa, mais completa que se podia imaginar. Se ele havia dito isto perante poucas testemunhas, agora o céu e a terra eram testemunhas da aprovação inconteste de Deus.
O mesmo que agira na criação, o mesmo que agira na redenção, agora age na glória. Ele toma o livro da mão direita do SENHOR - e o livro lhe é entregue. De imediato os quatro seres viventes e os vinte e quaro anciãos prostram-se diante do cordeiro - não do leão, não da raiz de Davi, mas daquele que redimiu o seu povo mediante a sua obra expiatória. Foi pelo sangue do cordeiro que o povo de Deus foi liberto. Foi o sangue do cordeiro que pagou o preço dos pecados do seu povo.
Aqueles que eram grandes, estavam diante do trono de Deus, agora adoram o cordeiro, atribuindo-lhe perfeições divinas: santidade, eternidade. Glorificam-no, honram-no e rendem-lhe ações de graças. Se às vezes nos impressionamos com louvores do povo de Deus, muito mais impressionante deve ter sido este louvor celeste ao cordeiro que venceu. Louvam ao Cordeiro com a mais forte ênfase, com toda a dedicação possíveis. Ninguém mais era capaz de tomar o rolo da mão de Deus. Ninguém mais era capaz de descerrar o plano de Deus para o universo - somente ele, somente o cordeiro. Ninguém mais era digno de abrir o selo e, abrindo-o, ninguém mais era digno da adoração dos anjos e homens - e estes se prostram em adoração perante o Cordeiro que venceu e revelará o conteúdo do rolo, pondo, fim, assim à história da redenção de todo o seu povo, à triste história do pecado e do cativeiro da criação, transformando aqueles a quem salvou de filhos da ira para filhos do amor, levando-os para seu reino e separando-os para a regência sobre a terra.
Mas o louvor não cessa - não são apenas os seres e os anciãos, mas milhões de milhões e milhares de milhares de milhares de anjos que continuam exaltando o cordeiro como digno por causa da sua obra, da sua vitória sobre a morte. O que já era impressionante se torna inimaginável. Cristo é louvado por milhões de milhões e milhares de milhares - um número incontável de adoradores. Poderíamos pensar: alguém que tem tanto louvor não precisa de mais nada. Evidente que não precisa, mas quer. E seu querer não pode ser frustrado.
E assim João retrata o louvor dos anciãos, dos quatro seres, da multidão de anjos e, finalmente, da sua criação: toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há: todos louvaram, não apenas ao Cordeiro, mas também àquele que está assentado no trono. É o louvor completo, perfeito, eterno - que só acontece em virtude de Cristo ser digno de abrir o rolo.
...POR TODOS OS CRISTÃOS.
Diante de um quadro de tal magnitude, com o testemunho de João a respeito da glória, do poder e da honra que Cristo possui, os cristãos podiam viver em seu tempo sem temer as perseguições ou os perseguidores. Podiam, como Paulo, confiar naquele em quem eles criam e, se necessário fosse resistir até ao sangue, deveriam fazê-lo alegremente dando a todos a razão da esperança que carregavam no coração: o seu Deus reina, o seu salvador é digno de ser louvado e o imperador não é divino e não deve receber honra alguma - somente a Cristo é que se deve dar louvor.
Nenhum louvor que podemos prestar a Deus deve ser visto como se fora um favor - ele já tem muito mais do que podemos fazer, mas, ainda assim, ele providenciou um meio para que, resgatados em Cristo, libertos do pecado, comprados para sermos reino de sacerdotes.
Mas, ao mesmo tempo, cada ato de louvor do cristão, mesmo em meio à perseguição, deve ser visto como uma expressão do temor e gratidão por aquele que foi morto e reviveu, que tomou o rolo e abriu o selo, que descerrou o destino dos homens e das nações.
Podemos confiar, e continuar louvando a Deus porque cadeias e tribulações concorrem para o nosso bem. Podemos confiar quando tudo vai bem, mas não podemos deixar de confiar quanto tudo não nos parece bem, mas, com certeza, está sob o pleno controle de Deus. O Senhor continua assentado no trono. O destino das nações está em suas mãos e ninguém pode usurpar o seu governo.
Somente Cristo recebeu autoridade para reger as nações. Somente ele é digno de reinar eternamente. Podemos e devemos louvá-lo já, hoje, aqui e agora.
Ele é grande rei sobre toda a terra. Ele é o rei dos reis, o Senhor dos senhores. Ele é digno de nossa adoração. Ele é digno do nosso louvor. Ele é digno de que não apenas nós, mas toda a terra, e isto vai efetivamente acontecer, se prostre diante dele. A ele, pois, a honra, a glória e o louvor.

Temos razão, sim, para termos esperança. Temos, sim, razão para não nos sentirmos inseguros quanto ao futuro, porque ele está nas mãos do Senhor que nos amou. 

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