segunda-feira, 14 de novembro de 2016

PODE OU NÃO PODE

É bastante provável que você já tenha ouvido falar de uma tal "lei de crente". Antes de conhecer a Cristo, e de me tornar membro da Igreja, eu ouvia falar desta tal lei de crente e me antipatizava com ela. Tinha alguns amigos e amigas que para muitas coisas diziam "não posso", "minha Igreja não permite" e frases semelhantes.
Muitos amigos não jogavam futebol porque seus pastores e líderes definiam a prática esportiva como porfia, isto é, como disputa onde as pessoas se enganavam [dribles, cobranças de pênaltis - lembro do caso de um pastor, presbiteriano, que perguntou ao adversário onde ele iria chutar um pênalti, mas o chutador jogou a bola no outro lado, e o pastor indignado, pegou a bola e foi embora acusando o rapaz de ter mentido - o que aconteceu, mas ele, na verdade, queria uma vantagem indevida] e havia até o gracejo de que Jesus não gosta de futebol porque ele falava "parábola", mandou tirar a trave porque o juiz é iníquo.
Além disso, havia as proibições a respeito de roupas, alimentos [chiclete era item satânico, pois fazia as pessoas ficarem parecendo bovinos ruminando], adornos [jóias, batom, maquiagem usados como "chamarizes"], ambientes, participação em eventos, inclusive cívicos. Alguns colegas chegavam ao ponto de negarem-se a cantar o hino nacional porque homenageava a "pátria amada, idolatrada".
Mas, afinal, o que é permitido e o que é proibido aos crentes? O que a Igreja realmente proíbe? Para ilustrar a resposta, certa vez um senhor perguntou a um pastor se, tornando-se parte da Igreja, a Igreja lhe proibiria fumar. A resposta que ele recebeu foi: "Não, se você estiver na Igreja a Igreja não vai proibir você de fumar, mas quando você fizer parte da Igreja de Cristo o fumo não será mais parte essencial de sua vida. Se o Espírito Santo não te libertar, não adianta a Igreja proibir".
Uma coisa é inconteste: o estilo de vida dos crentes de 20, 30 anos atrás era muito mais sóbrio e também muito mais restritivo. Observe que usei a palavra sóbrio, e não a palavra "santo", porque santidade não é um reflexo do pode ou não pode, como, aliás, Paulo nos adverte sobre a hipocrisia das proibições legalistas como se isso produzisse santidade [I Tm 4].
Aquele estilo de vida afastava muita gente da Igreja - e, embora eu estranhasse, hoje não acho isso ruim. O temor de ser rotulado afastava da Igreja aqueles que não eram verdadeiramente convertidos [embora muitos que não fossem verdadeiramente convertidos tenham aderido a Igreja do mesmo jeito]. Se aconteceu no período em que a Igreja era perseguida e os cristãos punidos com a morte, porque não aconteceria no séc. XX?
Afinal, o que pode e o que não pode? Ora, cristão, você pode tudo o que for lícito e glorifique a Deus. Tomar uma cervejinha com amigos glorifica a Deus? Ir a uma festa onde é flagrante o objetivo de expor, digamos, dotes naturais [alguns adquiridos em clínicas estéticas], glorifica a Deus? Andar em companhias e lugares espúrios onde a prática do pecado é natural glorifica a Deus?
Sabe aquela coisa de pode ou não pode? Sabe a tal da lei de crente? Pois é: ela não existe, o que existe é a lei de Deus:
Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus [I Co 10:31].
...do coração do pastor.

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