domingo, 27 de novembro de 2016

É AQUI A CASA DE DEUS

Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia. [Gn 28:16]
Este episódio da historia de Jacó ilustra perfeitamente o que tem acontecido em nossas Igrejas e que tem tido um efeito desastroso nos atos de culto do povo de Deus: a perda da sensibilidade para com as "coisas sagradas".
Antes de prosseguir, não pense que, por coisa sagradas, eu esteja me referindo ao 'microfone da Igreja' que só pode ser usado para culto, ou 'violão consagrado', ou 'edifício consagrado'...
Não é nada disso! Por coisas sagradas quero que você entenda a sensibilidade para a presença de Deus. Bom, de novo, tenho que me explicar: por 'sensibilidade' não quero dizer arrepios, frenesis ou coisas semelhantes muito comum nos meios pseudopentecostistas.
Sensibilidade para a presença de Deus é uma característica que os crentes verdadeiros possuem e que, de uma maneira especial e espiritual, os crentes reconhecem que, verdadeiramente, Deus se faz presente em situações que requerem uma alegre seriedade e santa reverência, e por isso seus corações são conduzidos a cultuar a esse Deus.
Dito isto, voltemos ao problema inicial: muitos crentes já perderam a percepção da presença de Deus. Poderíamos olhar para este problema buscando as causas, os sintomas e as consequências. Vamos, então, pensar rapidamente sobre cada um destes aspectos.
AS CAUSAS
Porque está acontecendo esta perda de sensibilidade? Será que o homem do sec. XXI é menos espiritual que os homens de séculos anteriores? Absolutamente, não há distinção alguma no coração dos homens de acordo com a época em que vivem. Há, sim, disposições de coração contrárias a Deus que se manifestam de maneiras diferentes em cada época. E a nossa época é causada pela junção da informalidade com o agnosticismo. Muitos crentes até "admitem" a presença de Deus em algum lugar, ou na Igreja, mas, como esta presença não é perceptível pelos meios ordinários, como visão, audição e tato, ela deixa de ser considerada real e passa a ser considerada ideal, possível ou imaginária. É este o conceito de espiritualidade por trás da atitude de muitos membros das nossas Igrejas.
OS SINTOMAS
Esta percepção de Deus como apenas ideal ou possível leva a um relacionamento mais distante com Deus, como o de Jacó para quem o SENHOR era o Deus de seu pai [Gn 26.24] - somente mais tarde ele o reconheceria como o seu próprio Deus [Gn 28.21]. Assim, Deus é, para muitos, o Deus da Igreja, o Deus do pastor, o Deus dos seus pais, o Deus da namorada mas não o seu Deus pessoal. E o pior é que pode haver uma Igreja inteira que esteja contaminada por esta visão e, no fim, todos baseiem sua fé religiosa na "do outro" e não haja ninguém que considere Deus como o seu Deus pessoal, o Deus com quem se relaciona de forma vivaz, o Deus que fala ao seu coração e a quem sente prazer em obedecer.
AS CONSEQUÊNCIAS
O que fazer com um Deus impessoal, um Deus cuja presença não é considerada? A mesma coisa que Jacó fez. Ele chegou em beith-El e simplesmente resolveu tirar um cochilo, tomando uma pedra e fazendo-a de travesseiro. Ele poderia ter feito qualquer outra coisa habitual, normal e corriqueira da vida de um homem, especialmente um homem que passara o dia inteiro fugindo o mais rápido possível para o mais longe possível da face de seu irmão. Ele fez exatamente o que muitos fazem hoje no momento que deveria ser dedicado ao reconhecimento da presença de Deus e prestação de reverente adoração: dormem, conversam, namoram, comem, passeiam... Tudo, tudo menos reverente adoração.
Este mal tem cura? Ora, sem sombra de dúvida para todo mal que o homem inventar Deus já preparou uma cura, até porque o homem não é capaz de inventar nenhum mal novo mas apenas reciclar a idéia e apresentá-la sob nova roupagem.
A única solução para este problema da religiosidade tradicional e, até, de grande conhecimento, é a conversão pessoal [Mt 18.3] e o novo nascimento [Jo 3.3]. Observe que estas duas exigências não foram feitas a gentios, mas a judeus, criados, educados e altamente familiarizados com a religião de Israel - porém, sem o conhecimento verdadeiro, pessoal, do Deus verdadeiro. Até discípulos próximos de Jesus não tiveram esta sensibilidade, como atesta o pedido de Filipe [Jo 14.8].
Como está a sua percepção do sagrado? Esta é, de fato, para você, a casa de Deus?

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