6 Agora, porém, com o regresso de Timóteo, vindo do
vosso meio, trazendo-nos boas notícias da vossa fé e do vosso amor, e, ainda,
de que sempre guardais grata lembrança de nós, desejando muito ver-nos, como,
aliás, também nós a vós outros,
7 sim, irmãos, por isso, fomos consolados acerca de
vós, pela vossa fé, apesar de todas as nossas privações e tribulação,
8 porque, agora, vivemos, se é que estais firmados no Senhor.
9 Pois que ações de graças podemos
tributar a Deus no tocante a vós outros, por toda a alegria com que nos regozijamos por vossa
causa, diante do nosso Deus,
10 orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver
pessoalmente e reparar as deficiências da vossa fé?
I Ts 3.6-10
Paulo
havia enviado Timóteo para fazer uma visita à Igreja dos tessalonicenses,
preocupado e em busca de informações sobre como eles estavam vivendo a sua fé
tão recentemente abraçada, tão violentamente perseguida (I Ts 1:6) e tão abruptamente privados de
seu pastor. Para sua alegria as notícias são boas: eles estão vivendo a sua
nova vida demonstrando sua fé através de obras que evidenciam-nas perante
todos; eles continuavam amando-se mutuamente e amando aos demais homens
mostrando-lhes o caminho da salvação; e, apesar das perseguições, se mantinham
firmes em sua viva esperança.
Se não tomarmos cuidado podemos incorrer num enorme erro:
pensar que a Igreja era perfeita, que ali não havia qualquer espécie de
necessidade de melhoria (Fp 3:12). Não é assim que a Igreja de Cristo se vê, embora haja hereges que
tenham afirmado que a própria perfeição.
Perfeita só a Igreja no momento da sua glorificação (Ef 5:27). Perfeita a
Igreja só é, agora, como Deus a vê em Cristo. Vejamos como Paulo vê a Igreja
que era sua filha, fruto do seu labor, pela graça de Deus operando nele. A
chegada de Timóteo trouxe notícias de uma Igreja viva, operosa, amorosa,
esperançosa. Mas uma Igreja que ainda precisava crescer espiritualmente, que
precisava conhecer mais sobre a sua fé, sobre a doutrina e sobre como viver
para glorificar a Deus (I Ts 3:10).
ALEGRE-SE COM O
QUE VOCÊ CONHECE DA IGREJA
I Ts 3:6 - Agora, porém, com o regresso de Timóteo, vindo do
vosso meio, trazendo-nos boas notícias da vossa fé e do vosso amor, e, ainda,
de que sempre guardais grata lembrança de nós, desejando muito ver-nos, como,
aliás, também nós a vós outros...
A Palavra de Deus diz que é bom, que é agradável a comunhão
dos irmãos (Sl 133:1). Todos nós
guardamos boas recordações do convívio festivo com os nossos amigos e
familiares. Paulo recebeu por intermédio de Timóteo boas notícias que alegraram
o seu coração, como já temos visto repetidamente; ele se alegra com as notícias
de sua fé e do seu amor, mas também com as lembranças pessoais compartilhadas.
Eles eram lembrados não como transtornadores do mundo (At 17:6) ou culpados de serem, agora,
perseguidos. Pelo contrário, eles queriam que Paulo estivesse novamente entre
eles, lhes ensinasse mais, lhes exortasse sobre como viver ainda mais
abundantemente para a glória de Deus.
Quais as recordações que você costuma guardar de sua
Igreja? Como você se sente, como fica o seu coração quando você se lembra da
Igreja? Como fica seu coração quando você se lembra que está chegando a hora de
fazer o que Paulo não podia fazer naquele momento: encontrar-se com os irmãos?
Você se sente ansioso (Sl 122:1) ou despreza a comunhão (Hb 10:25)?
Deve haver algo terrivelmente errado com a vida da Igreja
se ela despreza a comunhão - a Igreja é gente, é pecador tornado santo, é
pecador tornado crente, chamado para pertencer a Jesus Cristo (Rm 1:6), com um destino: serem santos (Rm 1:7), para serem uma comunidade, um novo povo
(Tt 2:14).
Deve haver algo de muito errado com a Igreja quando em
pensar em ir congregar é motivo de desânimo, é visto como uma obrigação a ser
cumprida semanalmente e para a qual vai o mais tarde possível, e de onde se sai
ainda mais rapidamente. É para se pensar em onde está o problema quando o
crente precisa ser “convidado para o culto”.
Paulo tinha alegria em pensar na Igreja, tinha alegria em
pensar em estar com a Igreja porque ali estavam seus irmãos, homens e mulheres
que foram igualmente salvos por Jesus Cristo. Nas Igrejas havia pessoas que se
desentendiam e eram exortadas a mudar (Fp 4:2), havia pessoas
que precisavam ser corrigidas por pensarem errado sobre a obra e pessoa de
Cristo.
Mas ainda era o corpo de Cristo (Cl 3:15), ainda estavam unidos pelo mesmo
Espírito (I Co 12:11).
E isto era motivo de alegria para Paulo (Fp 2:2) porque sem dúvidas era motivo de alegria
para o Senhor a quem Paulo fazia todo o empenho por imitar (I Co 11:1).
LOUVE A DEUS POR
SUA IGREJA
I Ts 3:7-8 - ...sim, irmãos, por isso, fomos consolados acerca de
vós, pela vossa fé, apesar de todas as nossas privações e tribulação, 8 porque, agora,
vivemos, se é que estais firmados no Senhor.
Você conhece bem a sua Igreja? Se você conhece sabe de suas
lutas, de suas dificuldades, dos planos, anseios e até mesmo suas frustrações e
problemas. Não há Igreja sem problemas, internos ou externos, materiais,
relacionais e até espirituais. O que você faz? Você pode reclamar, ou pode
murmurar, ou pode criticar, ou pode até fazer como a maioria faz, começa com
uma sensação de inadequação, depois de desânimo e esfriamento e que culmina com
afastamento e em alguns casos em apostasia final e definitiva (Hb 12:3).
Mas o que realmente importa não é o que os outros estão
fazendo, mas o que você deve fazer. Diante de tantas opções possíveis só tem
uma que você pode escolher; e não é desanimar, esfriar, afastar, apostatar
porque isto sim é chamar sobre si mesmo terrível maldição (Hb 10:29). A única opção
que você pode considerar é a de viver em comunhão com a Igreja do Senhor (I Jo 1:3-4) e louvar a Deus por sua Igreja, pela
Igreja que ele comprou por preço altíssimo: o sangue de seu unigênito Jesus
Cristo (At 20:28). É
louvar a Deus pela Igreja que ele estabeleceu mediante a pregação da Palavra da
verdade.
O que o Senhor nos ensina através desta palavra é que o
crente deve agradecer a Deus por fazer parte de um povo especial, de uma nação
separada e santificada, de uma família especial, a família da fé, a família de
Jesus, a família de Deus.
O que você tem feito? Você já agradeceu a Deus por sua
Igreja? Pelo seu pastor? Pelos seus presbíteros? Pelos seus diáconos? Você os
ajuda em seu ministério sendo-lhe submisso (Hb 13:17).
Pelos seus irmãos e irmãs apesar de ver neles as mesmas falhas que existem em
você (Lc 6:42).
Como você se sentira se domingo que vem você saísse de casa
e a Igreja já não estivesse aqui? Como se sentira se Deus tirasse de você o seu
pastor, especialmente se você não tem dado graças por ele? E se o mesmo
acontecesse com os presbíteros de cujas decisões e trabalho você às vezes
discorda e reclama? E se não tivesse mais os diáconos que você acha que não
cuidam da Igreja como deveriam?
E se você viesse a Igreja e os irmãos com os quais você não
tem buscado a necessária comunhão não estivessem mais aqui? Agora esqueça todos
estes ‘ofícios’ e se lembre que eles todos são seus irmãos. Você louva a Deus
por eles ou preferiria que eles lhe fossem tirados?
Não é fácil, não é? Bom, então a boa notícia é: não é fácil
mesmo. Se fosse fácil o Senhor não mandaria que você
fizesse. Ele não te mandaria amar seus irmãos (Jo 13:34) e nem mesmo mandaria amar e fazer o bem
aos inimigos da fé, que perseguem os crentes por serem de Jesus (Mt 5:44). Mas ele mandou. E o que tem de boa
notícia nisso? Tem que ele enviou o seu Espírito para te auxiliar a cumprir
seus mandamentos, efetuando em você o querer e o realizar (Fp 2:13) para que você cumpra sua vontade que é
sempre boa, perfeita e agradável (Rm 12:2).
ANSEIE PELA
COMUNHÃO DOS SANTOS QUE ESTÃO NA SUA IGREJA
I Ts 3:9 - Pois que ações
de graças podemos tributar a Deus no tocante a vós outros, por toda a alegria com que nos regozijamos por vossa
causa, diante do nosso Deus,
O ensino das Escrituras é que o amor deve ser de verdade,
sem fingimento (I Tm 1:5). O Senhor provou o seu amor pelo seu povo e ensinou a seu
povo a exercitar o mutualidade do amor como ele próprio o amou (Jo 13:34). A mais eficaz prova de que se conhece a
Deus é o exercício do amor: a Deus, aos irmãos e ao próximo. E isto foi visto
na Igreja que serviu de modelo para Paulo e que também modelou o comportamento
dos tessalonicenses, a Igreja de Jerusalém.
A comunhão dos santos era tão importante que eles
perseveravam diariamente no templo (At 2:46), e quando não esteavam no templo exercitavam a fé de casa
em casa e nem mesmo a prisão foi suficiente para impedir os cristãos de
ansiarem por esta união, como vemos no exemplo de Pedro que, liberto da prisão,
foi imediatamente para o local onde a Igreja estava reunida.
Aqui aprendemos uma segunda atitude esperada e determinada
por Deus para você: independente das situações que se apresentem, independente
de quais sejam os seus planos o maior anseio do seu coração deve ser estar em
comunhão com os irmãos (Rm 15.22-24).
Certamente o lugar onde a Igreja estava reunida seria o
primeiro lugar onde Pedro seria procurado (At 12:12), mas mesmo assim foi para lá que ele
foi; Paulo sabia que poderia ser morto se fosse para Tessalônica mas desejava
ir para lá; Paulo sabia que seria preso em Jerusalém e foi para junto dos
irmãos em Jerusalém que ele foi (Rm 15:25), e ficou anos preso por causa disso para o progresso da
fé (At 21:10-11).
Você se importaria se, por algum motivo, fosse impedido de
ir à Igreja por causa do trabalho que você tanto se empenha, ou pelo amor ao
qual você tanto se dedica, ou por uma enfermidade, ou ainda por uma
determinação de alguma lei (Sl 42:4)? Será que você só passaria a valorizar o privilégio de
congregar com os santos que há na terra (Sl 16:3) se ele lhe fosse tirado, como você faz, por exemplo,
reclamando tanto da obrigatoriedade de votar e certamente ficaria profundamente
indignado se ele lhe fosse retirado.
Congregue, meu irmão, anseie pela comunhão dos santos.
Congregue, minha irmã. Deleite-se neste maravilhoso privilégio que o Senhor tem
dado a você.
ORE POR
SUA IGREJA
I Ts 3:10 - ... orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver
pessoalmente e reparar as deficiências da vossa fé?
Você pode agradecer a Deus por sua Igreja, ou, mais que
isso, você deve agradecer a Deus por sua Igreja porque foi esta e não outra a
Igreja que Deus lhe deu como Paulo fazia em relação aos tessalonicenses (II Ts 2:13). Não adianta ficar pensando em como
seria se você estivesse na Igreja daqui ou dacolá... Com o pastor Sicrano ou
Beltrano, ou com os presbíteros Pafúncio ou Nostrôncio. Esta é a Igreja que
Deus te deu, é nesta Igreja que Deus lhe plantou, é nela que você deve
congregar e frutificar, experimentando o compartilhamento dos dons que Deus deu
e o conforto pela companhia mútua (Rm 1:11-12).
Mas aqui aprendemos também que há mais uma coisa que você
deve fazer, e não é reclamar, não é murmurar e tampouco é boicotar suas
atividades. Você deve orar incessantemente no Espírito, deve interceder por sua
Igreja como algo mais que uma mera instituição (e ela é uma instituição), mas
muito mais do que isso, porque ela deve ser vista e vivida como uma comunhão de
irmãos que consideram a presença uns dos outros como uma bênção (Sl 133:1).
Ore por seus pastores, ele são seus irmãos em Cristo e não
apenas ocupantes de um cargo, a Igreja não é uma empresa, é um corpo, o corpo
de Cristo e somos membros uns dos outros (Ef 4:25) e devemos nos ajudar mutuamente porque este é o desejo do
Senhor (Gl
6:2). Ore por seus presbíteros, eles são seus
irmãos e não apenas cargos nem apenas governantes; ore por seus diáconos, eles
são seus irmãos e não empregados da Igreja (Gl 5:13).
Ore pelos membros da Igreja, eles são seus irmãos, são o
corpo de Cristo e você é parte deste corpo, e quando uma parte do corpo sofre,
todo o corpo sofre (I Co 12:26). Se você não se importa com o sofrimento do corpo então
isto é uma indicação de que você não é parte deste corpo.
Ore por sua Igreja. Ore por seus irmãos em Cristo. Ore com
alegria e não por obrigação, ore porque você quer o bem do povo de Deus, ore
pela paz do povo de Deus (Sl 122:6). Paulo diz que ele
orava dia e noite, com o máximo empenho, e fazia isso por uma Igreja que não
era perfeita.
CONCLUSÃO
Talvez você esteja esperando a sua Igreja ser uma
Igreja perfeita para, então, dar graças a Deus por ela. Não há mal em desejar
que sua Igreja seja perfeita, mas o que você não pode é se recusar a louvar a
Deus porque ela é imperfeita.
Ou, talvez, você esteja esperando a Igreja alcançar
a perfeição para passar a congregar - a notícia que talvez você não goste é
que, se você esperar isso, você nunca vai congregar. Talvez esteja esperando o
pastor perfeito atendendo a todas as suas necessidades e desejos - bom, ele já
veio, e o mataram. E ele vai voltar, mas só para os que já fizerem parte do seu
corpo, a Igreja, e não para os que estiverem fora dela; talvez espere um
conselho que tome decisões inspiradas como as do concílio de Jerusalém e todos
aceitem unanimemente e alegremente; talvez espere sua Igreja ter diáconos como
Estevão e, então, e quando usa Igreja for como a de Tessalônica, passar a
congregar. Ou talvez você esteja esperando que a pessoa que você considera mais
importante no mundo seja perfeita e então passe a congregar - tenho que te
dizer, no entanto, que você não é e não será perfeito (Ec 7:20) a não ser que seja aperfeiçoado em
Cristo Jesus.
Ou, talvez, você espere que sua Igreja tenha uma vida tão
harmoniosa como a descrita em At 2 para então passar a orar por ela, ou, quem
sabe, esteja esperando que uma perseguição se levante, que seu pastor seja
preso, que um presbítero e um diáconos sejam mortos para passar a orar por sua
Igreja. O problema é que você não tem o direito de esperar por uma Igreja
perfeita porque ela simplesmente não vai ser uma Igreja perfeita antes da volta
do Senhor Jesus, e aí já não haverá mais necessidade disso - e não haverá mais
tempo para você congregar nela, já será tarde demais (Pv 1.24-30). Outra realidade terá sido inaugurada,
mas, até lá você não deve se omitir.
Você deve ser parte da Igreja, parte de uma Igreja
imperfeita, parte de uma Igreja que tem deficiências em sua fé e mesmo assim
tem uma fé operosa; parte de uma Igreja que ainda tem um coração que precisa de
mandamento para amar e mesmo assim expressa um amor abnegado e você também pode
ser parte de uma Igreja que, mesmo vacilando às vezes, possuiu uma firme
esperança no Senhor Jesus e suas promessas.
O que você precisa é entender que você deve ser parte de
uma Igreja que é exatamente como você é mesmo assim segue adiante, ferida,
perseguida, titubeante às vezes, mas operosa, amorosa, esperançosa.
E ela será menos operosa, menos amorosa, menos firme se
você criticar ao invés de louvar, cruzar os braços e se ausentar ao invés de
amar a comunhão e a abandonar ao invés de interceder por ela.
E ela será tão operosa, tão amorosa, tão firme quanto você
for. Será tão operosa quanto você estiver disposto a viver a sua fé... Será tão
amorosa quanto você estiver disposto a amar ao seu próximo e até ao seu
inimigo. Será tão firme quanto você guardar firme a confissão da sua fé.
Eu poderia dizer: não seja cego para com as falhas da
Igreja, e isto seria verdadeiro. Mas eu tenho que dizer para não ser cego às
deficiências da sua Igreja, da Igreja que você é mais do que da instituição da
qual você faz parte. vamos corrigir isso, à partir de agora e para a qual tem
um mandamento, que também é para você: santificai-vos (Js 3:5) e sede perfeitos (Mt 5:48).
Vamos ser Igreja. Vamos ser Igreja de Cristo. Vamos ser
Igreja em busca da comunhão, da oração, do amor. Vamos ser genuína Igreja de
Cristo.