quinta-feira, 22 de março de 2018

"MAS", O QUE MESMO?


Boletim dominical da Igreja Presbiteriana de Paragominas, 18 de março de 2018

Quem me conhece, quem já conviveu comigo na Igreja sabe que eu já afirmei mais de uma vez que esta é a palavra que eu mais gosto na bíblia.
Antes de prosseguir, esclareço: é óbvio que nenhum nome é mais importante, no céu ou na terra, do que o de Jesus, nome acima de todo nome, nome poderoso para salvar pecadores como eu e você.

Outras palavras também são doces ao ouvido, como “vinde”, “amor”, mas gosto especialmente de “mas”. Não “mais”, como se buscasse sempre algum acréscimo ao que o Senhor já tem dado. Vou explicar, e, talvez, você, mesmo tendo outras palavras preferidas, venha a sentir o mesmo prazer que eu sinto muitas vezes ao ler “mas” nas Escrituras.

Gosto desta palavra. Muitas vezes ela aparece nas Escrituras para mostrar, após o homem colocar-se num estado de total perdição e condenação, a misteriosa e maravilhosa graça de Deus que, não apenas não precisa de nós, mas é ofendido constantemente com nossa rebeldia e transgressões. Vou analisar rapidamente alguns exemplos das aparições de mas nas Escrituras.

A primeira aparição digna de nota nestas minhas considerações está em Gn 2.18, na forma de uma graciosa advertência para que o homem não perdesse a benção maravilhosa de habitar no Éden. Deus poderia ter deixado o homem totalmente livre e solto, sem lhe advertir do impedimento quanto àquela determinada árvore. Mas Deus o chamou, disse-lhe onde estava e qual a árvore de que não poderia comer - a primeira aparição sob destaque apresenta-nos o cuidado protetor de Deus em nosso favor.

Uma segunda aparição da palavra mas que tenho muito prazer em ler é quando o Senhor contempla o resultado da transgressão do homem em sua lide diária, afirmando que muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra (Sl 34.19). Se o primeiro destaque fala sobre a ação protetora e previdente de Deus, aqui temos o Senhor dizendo que, mesmo o caído, que o teme, conta com seu favor. Não é bíblico esperarmos que um justo não passe por aflições - o ensino do Senhor é que o Senhor de todas o livra. “Mas”, aqui, aponta para Deus e diz ao homem que não o desampara em suas aflições.

A terceira aparição da palavra “mas” que quero destacar aparece para demostrar a justiça de Deus. Somos informados que não há um único homem sobre a terra que não peque, e, então, o Sl 37.9 diz que os malfeitores serão exterminados. Motivo de angústia? Certamente para os malfeitores mas não para os que creem no Senhor, porque a palavrinha mas introduz uma centelha de esperança afirmando que “os que esperam no Senhor possuirão a terra”.

A quarta ocorrência de “mas” em nosso texto em português é encontrada numa sentença interessante do apóstolo João: ele diz que Jesus veio para os que eram seus, isto é, para o povo que foi preparado para esperar o Messias, e eles o rejeitaram, não o receberam. Entretanto (mas) todos quantos o receberam foram agraciados com a dádiva da filiação divina porque creram no seu nome e nasceram de novo.

A quinta aparição de “mas” que pretendo destacar é num dos versos mais conhecidos das Escrituras, onde o apóstolo João afirma que Deus amou o mundo, enviou seu Filho para livrar o mundo da morte. O Filho veio para que o pecador, nele crendo, não morra, mas receba, como uma graça de Deus, a vida eterna. João não se contém e insiste dizendo que a vinda do Filho, naquele instante, não foi para julgamento, mas para salvação. Naquele momento, porque chegará o dia em que ele virá como juiz de toda a terra, para retribuir a cada um segundo as suas obras.

E isto nos leva a mais um “mas”, uma sonora advertência. Ao mesmo tempo que anuncia a graça redentora em Cristo Jesus, João também lembra aos seus leitores que aqueles que se mantiverem rebeldes contra o Filho de modo algum verão a vida, mas sobre eles permanece a justa ira de Deus.

O problema da palavra permanece é que ela indica algo que está posto sobre o homem e do qual ele não pode livrar, uma vez que é um pecador e o salário do pecado é a morte. Todavia, mais uma vez a palavra mas indica a ação de Deus em fazer o que é impossível ao homem, morto em seus delitos e pecados: Paulo diz que o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus (Rm 3.23).

Mas, porque tudo isto? A resposta de Deus inclui mais uma vez, a adversativa mas: Paulo afirma que estávamos mortos em nossos delitos e pecados, mas Deus, por causa do grande amor com que nos amou, nos deu vida em Cristo Jesus.

É ou não é uma palavrinha admirável, despercebida mas que dezenas de vezes é usada por Deus para mostrar sua intervenção em nosso favor?

Nenhum comentário:

FAÇA DESTE BLOG SUA PÁGINA INICIAL