domingo, 11 de março de 2018

O ESTRANHO VERBO “IR”


Boletim dominical da Igreja Presbiteriana de Paragominas, 11 de março de 2018
Costumávamos conversar na época de seminário sobre as dificuldades que tínhamos especialmente com a língua grega. Era muito estranho, uma palavra começava de um jeito e suas declinações e derivações eram tão diferentes que somente conhecendo a língua e suas sutilezas era possível perceber a relação. Mas a língua portuguesa também nos apresenta particularidades, ambiguidades e esquisitices.
Para citar apenas um exemplo: “pois não!” quer dizer sim, e “pois sim” quer dizer não. Mas por estes dias estava refletindo sobre o estranho verbo “ir”. Estranho ou não, quero te convidar para observar alguns usos deste verbo nas Escrituras - e alguns usos que a Igreja faz dele hoje.
Vinde!
Gosto desta forma verbal, quando Deus, do alto de sua majestade, usa o imperativo, com o direito que tem, para chamar suas criaturas, que lhe devem prestar total e irrestrita obediência. Mas o que mais me deleita no caráter de Deus é que ele usa o vinde com o propósito de abençoar o seu povo. É com o “vinde” que ele chama o povo para arrazoar com ele, para, ao final, receber o perdão dos seus pecados se tão somente derem ouvidos à sua voz (Is 1.19). Outra vez, vinde, chamando os sedentos e famintos para, sem dinheiro e sem preço, serem por ele saciados e alimentados. E, ainda uma vez neste curto texto, vinde, intimando o cansado e sobrecarregado para se aliviado e encontrar descanso e doce senhorio nele. Vinde!
Vou!
O Senhor também usa o verbo ir para mostrar sua ação. Não é um imperativo, mas é um exercício de sua vontade. Depois de ensinar e fazer o que estava escrito a seu respeito, ele reuniu seus discípulos e disse-lhes “vou para o Pai” (Jo 16.28), mas não se tratava de um abandono, muito pelo contrário, porque ele já havia dito para onde ia e o que ia fazer: ele ia completar a sua obra preparando o lugar para os seus na “casa do seu Pai” (Jo 14.2)
Ide!
Mas isto não é tudo. Ele também diz ide! Novamente o imperativo, novamente com o intuito de trazer benção para o seu povo. O ide, ao invés de ser um peso para o povo de Deus, na verdade é um refrigério, porque, quanto o povo de Deus cumpre o ide, outros são agregados a este povo, e então aumenta o nome de andarilhos do Senhor, indo por toda a parte anunciando as grandezas de Deus. Quando o povo de Deus obedece o ide, ele ganha novos irmãos, a família aumenta, a seara, que é grande e está pronta, tem mais trabalhadores - e a festa é mais animada, o regozijo é maior.
E a Igreja? Como a Igreja conjuga este verbo? Estará ele sendo conjugado corretamente?
VAI!
Uma das formas que a Igreja tem achado para lidar com o verbo ir é dizendo que alguém tem que ir. Falamos há algum tempo em nossa Igreja que os discípulos de Jesus tem que abrir mão do comodismo, da acomodação, do bem estar pessoal e ir, porque Jesus disse para ir. Mas é mais fácil comissionar alguém para que ele vá em nosso lugar, numa espécie de terceirização da grande comissão. Devemos lembrar que foi “indo” por todos os cantos, anunciando a redenção em Cristo Jesus que a mensagem de salvação se espalhou pelo mundo e atingiu milhões de pecadores, dentre os quais nós também podemos ser contados. Erramos se trocamos o ide pelo .
VENHA!
Outra forma é simplesmente dizer às pessoas para que elas se reúnam em determinados lugares conosco, como se isto fosse ser Igreja. Na reunião há evangelização, há ensino, há adoração. É uma forma de identificação do povo de Deus como povo de Deus, do povo com seu Deus e dos irmãos como congregação de santos, onde, sim, devemos ter todo o nosso prazer, mas é preciso mais do que simplesmente convidar embora seja preciso convidar, sim.
Como a Igreja deve, então, conjugar o verbo ir?
VAMOS!
Sim, como diz o salmista, é com alegria que devemos dizer uns aos outros: vamos! Vamos à casa do Senhor, vamos servir ao Senhor, vamos andar com o Senhor, vamos congregar e nos estimularmos mutuamente ao amor e às boas obras. Às vezes um vamos pode ser o que está faltando para algum irmão se decidir a ir. Pode ser o que alguém está esperando para sair da sua zona de conforto e ter uma mudança radical em sua vida. Pode ser que um simples vamos (quem sabe com a necessidade de você carregar alguém de alguma maneira) que vai fazer toda a diferença até mesmo na sua vida. Que tal, então, dizermos uns aos outros: Vamos!

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