sábado, 10 de março de 2018

O QUE É A IGREJA, II


Boletim dominical da Igreja Presbiteriana em Paragominas, 25 de fevereiro de 2018.
Aprendemos em Atos 2.42-47 que a Igreja primitiva tinha uma característica muito importante: ela era uma cultuadora. Mas isto não é tudo. Ela tinha mais algumas características importantes que fizeram dela o que ela foi: uma Igreja que impactou o seu mundo e cujo exemplo e poder impacta o mundo ainda hoje.
Este impacto ocorrido no primeiro século se prolongou séculos afora porque aquela Igreja era uma Igreja ensinadora. Como Igreja eles aprendiam a Palavra de Deus quando ouviam atentamente a palavra dos apóstolos e nela perseveravam.
Mesmo quando a atenção da Igreja foi chamada para outras emergências (e eram emergências que não podiam ser, sob nenhuma hipótese, desprezadas) o foco foi mantido, a ponto de os apóstolos afirmarem que eles próprios deviam se dedicar à oração, meditação e ensino da Palavra de Deus, enquanto outros,  necessariamente cheios do Espírito Santo, cuidariam da assistência social e outros aspectos. Este é um dado importante - se a Igreja de Cristo quer saber como deve ser para ser mesmo a Igreja de Cristo ela não pode descuidar, mantendo-se fundamentada na doutrina dos apóstolos e dos profetas. Os apóstolos nos ensinam sobre prioridades.
Mas, se continuarmos buscando conhecer melhor esta Igreja não será nada difícil percebemos que este ensino, além de formal, era também relacional. Para a edificação da Igreja é suficiente oferecer teoria, teologia, ´por melhor que ela seja. A Igreja aprendia com a vida comunitária, os membros aprendiam uns com os outros. Isto pode ser afirmado se olharmos para Barnabé, o cipriota filho da exortação. Tendo feito um negócio imobiliário entregou o dinheiro para a administração da Igreja e isto foi notado pelos demais membros da comunidade. Certamente outros se sentiram motivados por seu exemplo, e sabemos que na Igreja não havia necessitados. Barnabé nos ensina sobre liberalidade.
Continuando conhecendo esta Igreja logo percebemos que também aprendemos com os erros que podem ferir a Igreja. Mesmo numa Igreja tão cheia de vida, tão cheia do Espírito, os problemas caudados pelo enganoso coração humano não deixam de mostrar sua face negra. Enquanto Barnabé era visto como membro exemplar da comunidade, um casal desejou o mesmo tipo de reconhecimento. Resolveu imitar a Barnabé em quase tudo, menos no essencial: a correta disposição de coração para a prática da verdade, fosse qual fosse o custo. O resultado não foi nada bom, e com Ananias e Safira aprendemos sobre os benefícios da integridade.
Por fim, ainda acompanhando os primeiros dias da Igreja, encontramos pessoas cujos nomes desconhecemos, mas que estavam prontas para servirem à Igreja, para arrumarem as coisas quando algo desse errado. Eles tiveram a disposição para enterrarem Ananias e, algum tempo depois, Safira. Não sabemos seus nomes, talvez entre eles estivessem alguns dos que foram escolhidos para o diaconato. Não era um trabalho fácil, nem agradável, mas era necessário. Na Igreja Deus sempre coloca muitas pessoas assim, que servem à Igreja anonimamente por anos a fio. Com estas pessoas anônimas aprendemos sobre uma benção cada vez mais rara na Igreja, mas, graças ao bom Deus, ainda presente: disponibilidade.
Posso continuar mais um pouco e observar que a Igreja primitiva não deixava de louvar a Deus com hinos e com cânticos espirituais - e com salmos (sim, sei que há um debate se estas três palavras não se referem à mesma coisa, entretanto, aparentemente Rm 11, por exemplo, é um cântico cristão e a opinião mais aceita é que Paulo está falando de coisas diferentes mas com o mesmo objetivo: o louvor do Senhor). A Igreja cantava os salmos, o hinário de Israel. Mas a Igreja também tinha seus hinos, dos quais talvez tenhamos pequenas menções nas cartas paulinas. E os alegres cristãos também compunham seus cânticos para adorarem ao Senhor Jesus. Enquanto a Igreja louvava a Deus o Senhor ia acrescentando dia a dia os que iam sendo salvos. Com isto podemos aprender sobre criatividade.
Vamos concluir? No meio de tudo isto a Igreja achava tempo para cumprir o propósito fundamental da sua existência, isto é, glorificar a Deus. E enquanto glorificava a Deus Ele aumentava o número dos adoradores, estabelecendo um círculo virtuoso com mais culto, com mais adoração, com mais ensino formal e relacional.
Apesar de estarmos separados da Igreja Primitiva por tantos séculos, devemos lembrar que somos a mesma Igreja, com o mesmo Deus, o mesmo Espírito, o mesmo batismo e a mesma fé. Que nós sejamos motivados pelo Espírito de Deus para sermos uma Igreja assim, a Igreja que o Senhor quer que a sua Igreja seja.

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