segunda-feira, 11 de novembro de 2019

DEUS CHAMA OS SEUS ESCOLHIDOS APESAR DO QUE ELES NÃO SÃO

Entre os coríntios crentes certamente havia pessoas instruídas, entretanto, eles não eram considerados como os homens sábios de seu tempo. Se olhassem todo o cristianismo nascente, certamente poucos rivalizariam com o próprio Paulo em conhecimento. Entretanto, o que nós vemos é Paulo lembrar-lhes que não havia muitos filósofos entre eles. Não era nestes que o Senhor estava interessado.
Não fazia parte do plano de Deus criar uma nova escola filosófica, nem homens confiantes na sua própria cultura (Rm 3.27). A percepção de Paulo era de que os homens haviam rejeitado a sabedoria de Deus, e, autodeclarando-se sábios, tornaram-se loucos. Em lugar do criador resolveram adorar a criaturas ou, ainda, a si mesmos e seus ídolos ideológicos (Rm 1.22). Era isso o que os coríntios estavam valorizando. E o que isso havia feito por eles antes do ingresso de Paulo entre eles?
A resposta é nada. Então, o conhecimento que eles estavam valorizando agora também nada poderia fazer a favor deles, e, pior, estava agindo contra eles pois os levava a contendas sem fim. O evangelho foi aceito pelos simples não porque era ineficiente com os sábios, pelo contrário, porque foi oculto aos sábios e revelado aos pequeninos (Lc 10.21). A palavra diz que assim foi porque foi do agrado de Deus, foi assim que Deus quis fazer porque ele não necessita em nada da sabedoria humana, tola e ineficaz. Deus usou para sua glória os que não tinham nada a oferecer, o que só enfatiza ainda mais a sua graça e poder.

NÃO SÃO CONTADOS ENTRE OS PODEROSOS

Embora houvesse convertidos na “casa de César” é certo que não havia muitos homens cristãos ocupando altos cargos neste tempo, especialmente porque os oficiais e governantes deveriam prestar o tão combatido culto ao imperador (1Jo 4:2). Lembremos que mesmo um governador romano era inferior à autoridade de Jesus.
Comparemos a autoridade de Jesus (Mt 28.18) com a autoridade derivada que Pôncio Pilatos possuía (Jo 19.10- 11). Qualquer cristão convertido deveria abandonar seus postos de poder, passando a ser considerados como se fossem a escória do mundo, peregrinos e forasteiros na terra. A valorização dos poderosos, e a divisão da Igreja em partidos, especialmente os “fortes”, pode indicar que alguns deles achavam que não haveria mal algum em curvar-se ante o culto imperial, permanecer no poder e ter condições de ajudar os cristãos - como se eles já não tivessem o auxílio necessário por intermédio do Espírito Santo.
O poder que importava e que ainda importa para os cristãos é o poder que vem de Deus, o poder do Espírito. E é por isso que Paulo lembra aos coríntios que, quando entre eles (1Co 2.4-5). Nenhum poderoso em Corinto podia chamar para si a autenticação de suas palavras e atos como possuindo autoridade vinda do próprio Deus. Paulo o fazia. E não podia ser questionado, nem por aqueles que estavam assumindo pertencerem a outros grupos.

NÃO SÃO CONTADOS ENTRE OS DE NOBRE NASCIMENTO

O cristianismo floresceu entre os homens comuns do séc. I. Libertos, senhores e escravos compunham um numeroso grupo social que não dispunha de privilégios - que, aliás, Paulo possuía (At 22:27-28) mas ao qual não dava qualquer valor (Fp 3.8: Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo).
Dinheiro podia comprar cidadania romana, mas jamais poderia comprar o acesso a Deus ou as bênçãos espirituais em Cristo Jesus (At 8:20), pelo contrário, o dinheiro pode ser uma terrível armadilha que engana quem o tem e quem se aproveita das migalhas que caem da mesa.
Mas de que servia ter o título de cidadão romano e não ter o nome escrito no livro da vida. De que adiantava aos coríntios valorizarem os nobres romanos, que os prendiam e perseguiam, e ter a nobreza de serem declarados filhos de Deus? Na verdade a nobreza de nascimento se apresentava como um empecilho à fé, uma vez que os nobres, tanto gregos quanto romanos, se julgavam descendentes de deuses ou semideuses, ou de fundadores das cidades a quem chamavam “heróis”, e os adoravam como os modernos romanos adoram seus santos. Tinham seu próprio culto familiar, ao seu heroico antepassado. Deixar de cultuar o herói e o antepassado significa a abandonar a família, perder o direito familiar, deixar de ser cidadão e passar a ser considerado um estranho em sua própria casa. Como esperar que alguém assim abandonasse tudo por Cristo, um obscuro galileu morto na Palestina? Houve alguns, é verdade, mas foram poucos, e eram menos ainda nos dias do apóstolo Paulo.
Após lembrar quem os coríntios não eram, isto é, nem sábios, nem poderosos nem nobres, e, mais especificamente, a quem Deus tinha preferido preterir, Paulo passa a mostrar-lhes quem eles realmente são. E o quadro não é nada animador se olharmos das perspectivas do mundo circundante porque o apóstolo lhes diz que, eles, os chamados, são loucos, fracos e insignificantes.

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