terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O PRESBITÉRIO DOS MEUS SONHOS

O PRESBITÉRIO DOS MEUS SONHOS
Nos meus poucos anos de ministério (se contar o período de seminário são 12) tenho vivido experiências boas e também ruins, muitas destas onde elas menos deveriam ocorrer – nos encontros de líderes das Igrejas. Desde que uma jovem disse-me uma frase desafiadora (e não quero aqui elevá-la à categoria de profetisa) tenho dito ao Senhor sempre que ele me chama para uma tarefa – estou pronto, capacita-me e sustenta-me. E ele não tem me decepcionado (penso que, muito mais vezes do que gostaria, tem acontecido o inverso).
Mas, nas alegrias ou nas lutas, não deixo de sonhar com uma igreja melhor. Passo a apresentar-lhes o meu sonho – e a minha oração a Deus para conduza a sua Igreja neste projeto. É obvio que eu não sonho com uma Igreja perfeita aqui – é impossível enquanto o pecado não se tornar apenas um evento negro na história da humanidade. A Igreja perfeita tem um pastor também perfeito – e não há homens perfeitos. A Igreja perfeita só será vista quando toda a Igreja militante for finalmente promovida a Igreja triunfante – quando os ímpios não mais puderem se misturar com os santos. E quando os santos não mais cederem às tentações (humanas, mundanas e satânicas).
Sonho com uma Igreja onde todos intentem a mesma coisa, acima de tudo e de todos os seus interesses: glorificarem o nome de Deus. Esta Igreja, enquanto caminha rumo à estatura de varão perfeito, conhece algumas verdades que são verdadeiramente fundamentais para o cristianismo verdadeiro – antigo ou moderno, porque este é, sempre, um só, apesar de seus vários matizes (é óbvio que não reconheço como cristianismo movimentos heréticos).
A primeira e fundamental realidade conhecida pelos cristãos é sobre o perdão dos pecados. Ainda que tendo que enfrentar, diuturnamente, o pecado como uma força maléfica – interna e externa – os cristãos se sabem não mais escravizados ao pecado. Foram deles libertos pela obra mediadora e redentora do Senhor Jesus – o advogado que nos assiste em nossas fraquezas, que é o autor e o consumador da nossa fé. Por crerem nele (aceitam-no intelectual, emocional e especialmente espiritualmente) como seu Senhor e salvador pessoal, sabem que o pecado, que precisa ser combatido com toda a diligência pode ser vencido – numa atitude constante de renúncia a si mesmo e de servidão a Cristo, o Senhor. Atitudes como iras, discórdias, bebedices, maledicências, porfias e outras mais, descritas em diversos textos bíblicos (Mc 7.21-22; Gl 5.19-21; Ef 4.30; Cl 3.8) podem ser acidentais, mas não podem ser essenciais para o verdadeiro cristão, que não tem mais o direito de escolher o mal pois foi comprado por justo preço.
A segunda e fundamental realidade para este cristianismo é o conhecimento do Senhor, do eterno e terno Senhor – e é nele, e por meio dele que temos a vitória sobre o mundo e sobre o maligno. É por causa do nome do Senhor e salvador Jesus Cristo que podemos dizer que somos mais do que vencedores, nome que está acima de todo nome, rei invicto e vencedor. Não se trata de mero conhecimento intelectual, mas de uma experiência viva e constante. Muito já sofreu a igreja com um escolasticismo (sob qualquer que seja o disfarce) dissociado da piedade, embora, por outro lado, a piedade necessite de conhecimento do e sobre o Senhor da Igreja. Estes cristãos conhecem a Deus não apenas como Senhor, mas também como seu pai, vivem em sua casa, recebem do seu mantimento, conhecem e observam os seus mandamentos sempre benéficos.
Nesta Igreja todos são igualmente úteis, abençoados e abençoadores – jovens e idosos, homens e mulheres, independente de condição social ou origem nacional. Todos com responsabilidades – diferentes, mas responsabilidades. Todos com igual disposição para o serviço, para o ministério em quaisquer áreas para as quais forem chamados. Sua força não provém do conhecimento teórico nem da antiguidade no serviço – provém da obediência à palavra e da comunhão com o Senhor, seu Deus, seu pai, seu mantenedor.
Se cada membro da Igreja foi chamado para lutar por esta Igreja – luta que não é contra carne, nem contra sangue, embora muito sangue tenha sido derramado, real ou figurativamente por aqueles que, em erro, pensavam lutar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos, muito mais os pastores que foram colocados como superintendentes do rebanho, devendo atender por eles como modelo, como exemplo. O adágio "tal povo, tal líder", na Igreja muitas vezes é invertido: "tal líder, tal povo". É o pastor quem, sabiamente ou imprudentemente, conduz o rebanho que lhes foi confiado – e muitas vezes vemos rebanhos sofrendo por imprudência (ou falta de sabedoria) de seus pastores.
Como evitar tais erros? Como ter uma Igreja que conhece ao seu Deus e a ele serve espiritual e verdadeiramente – a primeira e mais importante premissa é: nós, os pastores, devemos ser os primeiros a viver na mais completa dependência de Deus. Nossos projetos, conhecimentos, experiências e ideologias devem ser depostas, cativas, aos pés de Cristo. Lembro, por fim, as palavras do Senhor: "a ele ouvi". Somos chamados a buscar manter a unidade da fé no Senhor Jesus. Não precisamos criar nenhuma unidade ideológica ou estrutural – precisamos, unidos, servir a Cristo.

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