segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

VALE OU NÃO VALE?

…ou síndrome de ética seletiva.IMG0092A

Neste domingo, na casa de amigos [Helson, Ivete, Thiago e Marcela], pouco antes de ir para o culto na IP Morumbi, assisti parte do jogo São Paulo [1] x [2] Santos. Não sou sãopaulino nem santista, tampouco quero tripudiar sobre a derrota do primeiro para o segundo – o campeonato bairrista, digo, paulista, pouco me importa. O jogo foi bom, gostoso de assistir, e, acho que ganhou quem jogou melhor. Mas não é  este o ponto. Quero comentar sobre um fato acontecido fora do jogo.

O primeiro gol do Santos, marcado pelo jovem Neymar sobre o já consagrado Rogério Ceni [que considero um goleiro medíocre que cobra bem faltas – há quem o ache um bom goleiro, mas a opinião é minha]. Ao fazer a cobrança do pênalty Neymar deu uma paradinha e Rogério, desobedecendo duas vezes à regra [antecipar-se à cobrança e adiantando-se, como sempre faz] pulou precipitada e atabalhadamente para o lado direito do seu gol, e logo depois Neymar tocou a bola para o gol, do lado esquerdo. Particularmente sou contra o uso deste artifício, que tem sido usado diversas vezes inclusive pelo próprio Rogério.

O goleiro tricolor, humilhado pelo jovem que tem praticamente a metade de sua idade, ao ser entrevistado no intervalo sobre a cobrança, disse que "esse menino deve aproveitar bem essa situação, pois este lance ladino só é permitido no Brasil". Mau perdedor, ao invés de valorizar a habilidade do cobrador santista, Rogério preferiu atacar um privilégio [uma permissão injusta, mas ainda assim permitida] que ele usou constantemente diversas vezes.

Esta é uma atitude muito comum nas mais diversas áreas. A isto eu chamo de ética seletiva. Se a lei me dá uma liberdade ou uma vantagem, faço uso dela. Ninguém pode me condenar. Se outro faz, então ele está sendo injusto. Posso constatar isto em todas as áreas do viver quotidiano. O ponto máximo a que isto chegou é na política brasileira: se dá pra roubar sem ser pego, se todo mundo tira uma porçãozinha pra si, então, porque não eu?

Os antigos diziam que Rogério fez uso de um direito que é facultado a todos os perdedores: o jus sperneandis, isto é, o direito de chorar.

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