aos meus meninos
Chegou a hora de
nos despedirmos. De coração, gostaria de não dizer-lhes adeus. Prefiro um
"até logo", na expectativa de que os caminhos da fé nos permitam
outros reencontros. Mas não é sem um nó na garganta e uma sensação de pesar que
me despeço de vocês, por ora.
Meninos e
meninas, me permitam chamá-los de "meus meninos". Peço licença para,
junto com estes meninos e meninas, adolescentes, incluir alguns outros, alguns
que não podem ser contados entre os que ainda não chegaram aos dezoito, alguns que
já chegaram e passaram dos oitenta, mas que, de coração, considero meus meninos
– independente se são homens ou mulheres. Adolescentes, jovens, homens e
mulheres que, num momento de extrema liberdade, peço: permitam-me chamá-los de
meus meninos. Externo a minha gratidão a Deus por tê-los conhecido e, mesmo com
as minhas muitas limitações, tê-los pastoreado, se bem que houve momentos que
eram vocês que pastoreavam o meu coração. Obrigado, muito obrigado.
Em dias de
ferrenha luta vocês foram gigantes, fizeram a diferença, e, mesmo com pouca
idade demonstraram possuir mais maturidade, mais que papo, foram, de fato,
cabeças. Vocês tem cabeça, erguida e altiva, mas sem estarem contaminados com o
vírus do orgulho, da arrogância e da prepotência, como tanto se viu.
Resistiram com
decência a ataques indecentes, brincaram de se animar mutuamente, mesmo por
telefone, em suas incessantes trocas de mensagens, enquanto recebiam
ameaçadores telefonemas e absurdas pressões. Visitaram para edificar, para
animar, a pé, de bicicleta no causticante sol que assola o Tocantins. Sem ar
condicionado, com vento no rosto mas não na cabeça, cheios de amor e não de
amargura no coração.
Com humildade
ensinaram o que deveriam ainda estar aprendendo, ensinaram a quem não queria
aprender. Sim, ensinaram a quem não queria aprender, pois os que, já devendo
ser mestres pelo tempo decorrido de congregação, muitas vezes tempo maior do
que o de vida que vocês, meus meninos, têm. Mesmo com suas gafes adolescentes
foram mestres, pois não se deram a frases estudadas com o intuito de causar
dano – causavam danos apenas no mau humor, com uma infinidade de risos.
Serviram com
humildade e alegria, e foram grandes, enquanto muitos que por muito tempo foram
considerados grandes se apequenaram na mesquinharia de máscaras de piedade que
caíram revelando interesses inconfessáveis, e, por inconfessáveis,
imperdoáveis.
Gigantes que
desafiaram, abaixando a cabeça não por medo, mas em devota oração, vozes
truculentas e mentirosas que lhes profetizaram fracasso – falsos profetas,
falsas profecias, arautos de uma mensagem do próprio ventre e, por não serem
verdadeiros, mostrando a identidade de seu pai e se revelaram mentirosos.
Vocês, meus
meninos, foram grandes quando aqueles que se achavam os maiorais se apequenaram
– foram firmes quando muitos foram apenas omissos, e a omissão não é outra
coisa senão o apoio ao mal. Permaneceram inabaláveis em seus postos quando
muitos preferiam passar para outras partes, ferindo assim o corpo.
Foram exemplares
frente a tantos maus exemplos, colunas e baluartes da Igreja que resistiram ao
dia mal e a maus todos os dias.
Cuidai-vos,
outros virão, talvez lobos que se reaproximarão, travestidos novamente de
ovelhas, tudo farão para fazê-los, com seus jogos e seduções, esquecer-se do
que foi aprendido – exemplares de maus exemplos buscarão com sagaz hipocrisia
minar vossa virtude. Atentai, observai a história e não vos deixai iludir por
palavras e sorrisos, por lobos e raposas, pois os tais, quando lhes mostram os
dentes, não é por gentileza, mas por desejo de sangue. Lobos e raposas podem
vestir-se e maquiar-se de cordeiros, mas não podem mudar a sua natureza.
Talvez esperassem
ouvir, no fim, um lamento, mas não, não lamento deixá-los, nem por um momento.
Lamentaria se vocês não estivessem prontos, mas estão. Não se desviem, nem se
deixem desviar. Já resistiram bravamente, já resistiram e venceram a oposição –
cuidai agora de perigos ainda maiores, os perigos da sedução. Sois fortes,
tendes vencido o maligno. Sois fiéis, vossa já é a coroa da vida – não deixem
que sorrisos sedutores e fala macia vos roubem o que é vosso pela graça de
Cristo.
2 comentários:
Do coração do pastor..
Lindo, pastor! Deus é bom!
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