terça-feira, 15 de julho de 2014

NÃO TIRE FÉRIAS DE DEUS

II Cr 33.1-19
Manassés era filho do rei Ezequias - um dos reis dos quais as Escrituras dizem ter sido um bom rei, apesar de ter cometido falhas que desagradaram a Deus. Apesar dos erros de Ezequias, podemos afirmar que ele teve oportunidade de aprender sobre quem era o Deus de Israel, sobre seus grandes e poderosos feitos. Entretanto, ele preferiu não fazer o que era agradável a Deus, e seguir seus próprios caminhos (Pv 14:12 - Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte).
O texto sagrado afirma que Manassés fez o que era mau perante o Senhor:
* seguiu as abominações dos gentios (Dt 32:16 - Com deuses estranhos o provocaram a zelos, com abominações o irritaram);
* edificou altos, lugares de cultos aos deuses gentios (Ez 16:16 - Tomaste dos teus vestidos e fizeste lugares altos adornados de diversas cores, nos quais te prostituíste; tais coisas nunca se deram e jamais se darão);
* levantou altares aos baalins (Jz 2:11 - Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o SENHOR; pois serviram aos baalins);
* fez postes-ídolos (Jz 3:7 - Os filhos de Israel fizeram o que era mau perante o SENHOR e se esqueceram do SENHOR, seu Deus; e renderam culto aos baalins e ao poste-ídolo);
* se prostrou e serviu aos astros (Dt 4:19 - Guarda-te não levantes os olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas, a saber, todo o exército dos céus, sejas seduzido a inclinar-te perante eles e dês culto àqueles, coisas que o SENHOR, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus);
* profanou a casa do Senhor edificando altares pagãos (Ex 34:12-14 - Abstém-te de fazer aliança com os moradores da terra para onde vais, para que te não sejam por cilada. Mas derribareis os seus altares, quebrareis as suas colunas e cortareis os seus postes-ídolos [porque não adorarás outro deus; pois o nome do SENHOR é Zeloso; sim, Deus zeloso é ele]);
* queimou seus filhos como oferta aos deuses pagãos (Dt 18:10 - Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro);
* era adivinho (vd. Dt 18.10);
* era agoureiro (vd. Dt 18.10);
* era feiticeiro (vd. Dt 18.10);
* era necromante (Dt 18:11 - nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos);
* colocou uma imagem de escultura na casa de Deus (Lv 26:1 - Não fareis para vós outros ídolos, nem vos levantareis imagem de escultura nem coluna, nem poreis pedra com figuras na vossa terra, para vos inclinardes a ela; porque eu sou o SENHOR, vosso Deus);
* conduziu o povo ao erro e negou-se a ouvir (obedecer) ao Senhor (Lv 26:18 - Se ainda assim com isto não me ouvirdes, tornarei a castigar-vos sete vezes mais por causa dos vossos pecados);
* era sanguinário (II Rs 21:16 - Além disso, Manassés derramou muitíssimo sangue inocente, até encher Jerusalém de um ao outro extremo, afora o seu pecado, com que fez pecar a Judá, praticando o que era mau perante o SENHOR).

O BOM USO DA MEMÓRIA
De imediato somos tentados a pensar: como alguém pode cometer tantos pecados, tendo sido instruído aos pés de um rei piedoso, tendo nascido como fruto da graça de Deus que deu mais tempo para que seu pai o gerasse, 3 anos que ele foi milagrosamente curado pelo Senhor quando adoeceu e orou ao Senhor (II Rs 20:2-3 - Então, virou Ezequias o rosto para a parede e orou ao SENHOR, dizendo: Lembra-te, SENHOR, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração, e fiz o que era reto aos teus olhos; e chorou muitíssimo) nos dias do profeta Isaías (II Rs 20.5-6 - Volta e dize a Ezequias, príncipe do meu povo: Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; eis que eu te curarei; ao terceiro dia, subirás à Casa do SENHOR. Acrescentarei aos teus dias quinze anos e das mãos do rei da Assíria te livrarei, a ti e a esta cidade; e defenderei esta cidade por amor de mim e por amor de Davi, meu servo).
Talvez nenhum homem tenha merecido mais o nome que tinha do que Manassés - seu nome significa esquecimento (Gn 41:51 - José ao primogênito chamou de Manassés, pois disse: Deus me fez esquecer de todos os meus trabalhos e de toda a casa de meu pai). Diferente dos reis pagãos, Manassés não podia dizer: “Eu não sabia”. Aliás, nem mesmo os pagãos podem dizer isso (Rm 2:14-15 - Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se). Mas Manassés era um caso pior. Ele sabia, e ainda assim rejeitava. Ele trocou a verdade de Deus pela mentira que agradava seu coração (Rm 1:25 - ...pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!).
A história de Manassés nos instrui que:

NÃO DEVEMOS NOS ESQUECER DE DEUS
O grande problema do rei Manassés é que, embora tendo conhecimento dos acertos de Davi, e também dos terríveis erros  de Acabe e sua ímpia esposa Jezabel ele preferiu se esquecer de Deus, da Sua fidelidade e das inúmeras vezes que o Senhor havia mostrado que só o Senhor é Deus, e que os baalins não eram nada (I Rs 18:36-39 - No devido tempo, para se apresentar a oferta de manjares, aproximou-se o profeta Elias e disse: Ó SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo e que, segundo a tua palavra, fiz todas estas coisas. Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo saiba que tu, SENHOR, és Deus e que a ti fizeste retroceder o coração deles. Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego. O que vendo todo o povo, caiu de rosto em terra e disse: O SENHOR é Deus! O SENHOR é Deus!).
Não pensemos que esquecer signifique apenas não lembrar - é pior que isso. A bíblia fala do povo de Deus se esquecendo do Senhor com um sentido muito mais terrível, indicando conhecimento, mas falta de consideração. É pura e simples rejeição (Os 4:6 - O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos).
Nestes dias, nos dias do rei chamado esquecimento, Isaías advertira constantemente a Israel para não se esquecer do Senhor (Is 46:9 - Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim), e Israel sabia que havia transgredido, exatamente como fizera nos dias dos juízes (Jz 6:13 - Respondeu-lhe Gideão: Ai, senhor meu! Se o SENHOR é conosco, por que nos sobreveio tudo isto? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o SENHOR subir do Egito? Porém, agora, o SENHOR nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas). O tempo passara, mas Deus continuava o mesmo, e o coração de Israel também.
Ninguém precisava dizer para Manassés do que ele estava se esquecendo - porque ele não tinha amnésia, o problema dele era rejeição, abandono... Ele havia tomado, conscientemente, a decisão de não fazer o bem (Tg 4:17 - Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando). Ele escolhera o mal e sabia o que merecia das mãos do Senhor (Dt 30:15-18 - Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal; se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o SENHOR, teu Deus, andes nos seus caminhos, e guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o SENHOR, teu Deus, te abençoará na terra à qual passas para possuí-la. Porém, se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido, e te inclinares a outros deuses, e os servires, então, hoje, te declaro que, certamente, perecerás; não permanecerás longo tempo na terra à qual vais, passando o Jordão, para a possuíres).
O julgamento de Deus sobre Manassés é terrível (II Rs 21.11 - Visto que Manassés, rei de Judá, cometeu estas abominações, fazendo pior que tudo que fizeram os amorreus antes dele, e também a Judá fez pecar com os ídolos dele), mas não é muito distante do que é dito sobre aqueles que, tendo conhecimento da graça de Deus em Cristo Jesus, preferem viver como se nunca a houvessem experimentado (Hb 10:29 - De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?).
Não precisamos nos perguntar sobre como Deus vê um cristão que não pensa como discípulo de Cristo, que não anda como discípulo de Cristo, que não adora como discípulo de Cristo. Já sabemos a resposta: Deus considera o abandono como uma forma de prostituição (Jz 2.12 - Deixaram o SENHOR, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o SENHOR à ira) mesmo que não se edifique deuses de ouro e prata, mas adora-se os deuses do coração, o ego, a cultura, algo como a carreira ou alguém. Era este o diagnóstico apresentado para os erros do povo nos dias dos juízes (Jz 21:25 - Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto).
Não é preciso dizer para um crente de verdade, que tem o Espírito de Deus lembrando-lhe que é um filho de Deus (Rm 8:16 - O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus) que o Senhor não aprova seu abandono, seus atos maus, sua negligência, sua preguiça, sua falta de testemunho, sua covardia. Da mesma maneira que Deus não aprovou o esquecimento de Manassés, também não aprova o esquecimento de um crente no século XXI porque ele não mudou e continua olhando para nós com os mesmos olhos, com o mesmo padrão... Se agirmos como Manassés, esquecendo-nos de servir ao Senhor, então, podemos ter certeza que o Senhor terá o mesmo sentimento que teve para com Manassés.
A primeira lição que aprendemos com Manassés é que não podemos nos esquecer de Deus - isto vale para qualquer um, de qualquer idade. À partir daqui veremos que este esquecimento inevitavelmente resultará em consequências desastrosas. A segunda lição que aprendemos com Manassés é que:

APOSTASIA TEM CONSEQUÊNCIAS
11 Pelo que o SENHOR trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da Assíria, os quais prenderam Manassés com ganchos, amarraram-no com cadeias e o levaram à Babilônia.
Usamos a palavra esquecimento para traduzir uma mais séria, mais profunda e mais dolorida: apostasia. Na vida de Manassés podemos ver que o julgamento de Deus sobre ele foi expresso de duas maneiras bastante duras. É verdade que Deus já havia previsto o cativeiro através do profeta Isaías (Is 6:11 - Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada, e o SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo. Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco) mas os feitos de Manassés superaram tudo o que já havia acontecido antes, e sua apostasia trouxe consequências funestas.
O esquecimento de Manassés não poderia ficar sem consequências (Os 8:14 - Porque Israel se esqueceu do seu Criador e edificou palácios, e Judá multiplicou cidades fortes; mas eu enviarei fogo contra as suas cidades, fogo que consumirá os seus palácios). A bíblia considera a atitude de Manassés como um ultraje ao Senhor (Hb 10:29 - De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?).
A primeira das consequências refere-se a ele próprio. Foi feito cativo - teve seu corpo perfurado por ganchos e foi levado amarrado para a Babilônia. Mas foi vivo - sua vida foi preservada. É bom lembrar que tudo que lhe ocorreu ainda expressa, de alguma forma, a misericórdia de Deus. Os assírios eram conhecidos por sua crueldade no trato com os inimigos vencidos. Conta-se que um rei, percebendo que seria vencido, fez um trato com os assírios: ele se renderia desde que o sangue de seu povo não fosse derramado. E assim foi - todos foram enterrados vivos.
Seu pecado, sua apostasia, sua rebelião levou-o não apenas a ser rejeitado por Deus como sobre si e sobre seu povo trouxe a ira de Deus. Diferente do que costumamos pensar, não foi o poderio militar dos assírios que lhe abriu a porta para entrar em Israel. É muito comum culpar os homens ou o diabo pelos males que surgem, mas a Palavra de Deus diz que foi o Senhor quem fez ir sobre eles o pior, o mais cruel dos povos da antiguidade (II Cr 33.11 - Pelo que o SENHOR trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da Assíria, os quais prenderam Manassés com ganchos, amarraram-no com cadeias e o levaram à Babilônia). Deus havia advertido que seria assim quando fez Israel entrar na terra prometida (Is 1:20 - Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse).
Como esperar que um povo seja abençoado se seu líder máximo os conduz para longe da fonte das bênçãos (Tg 1:17 - Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança)? Como esperar que um povo seja abençoado se não observa a instrução que Deus lhes dá (Dt 13:1-3 - Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma). Se esta instrução valia para profetas, evidentemente também tinha valor para os seus reis e sacerdotes e era aplicável ao caso de  Manassés.
A segunda das consequências sofrida por causa dos atos de Manassés foi em relação a sua descendência. Manassés teve um filho, que reinou em seu lugar. Seu nome era Amom. O que dele é dito não é nada elogioso: ele perseverou nos maus caminhos que seu pai havia escolhido (II Rs 21.19-22 - Tinha Amom vinte e dois anos de idade quando começou a reinar e reinou dois anos em Jerusalém. Sua mãe se chamava Mesulemete e era filha de Haruz, de Jotbá. Fez o que era mau perante o SENHOR, como fizera Manassés, seu pai. Andou em todo o caminho em que andara seu pai, serviu os ídolos a que ele servira e os adorou. Assim, abandonou ele o SENHOR, Deus de seus pais, e não andou no caminho do SENHOR).
Porque Amom escolheu o caminho dos baalins? Evidentemente foi influenciado por seu pai. Tornou-se rei e preferiu o culto licencioso aos baalins ao culto formal, ordeiro e santo que era prestado ao Senhor Deus. Sabemos que servir ao Senhor exige dedicação, renúncia... Mesmo com influências positivas já não é fácil um filho seguir o caminho dos pais (Pv 22.6 - Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele) quanto mais com abundantes exemplos para o mau. É fácil imaginar Amom vendo seu pai dirigir o opulento e luxurioso culto a Baal. Assumindo o trono aos 22 anos era natural que ele se inclinasse para aquilo que agrada aos seus instintos. Isto não tira a culpa de Amom, mas demonstra a influência que um mau pai pode ter para seus filhos.
É desnecessário observar que os males que vieram sobre Manassés e seu filho (mesmo após um período de bons exemplos) também podem sobrevir sobre qualquer família na qual um pai resolva, durante o período formativo de seu filho, dar-lhe somente maus exemplos. Não está fácil educar filhos no contexto cultural desfavorável em que vivemos. Já temos que enfrentar a TV, a internet, os amigos - mas certamente fica ainda mais difícil se os promotores dos maus exemplos forem os próprios pais. Já pensou, pai, se você for a principal influência para que seu filho seja um apóstata?

ACERTE SUA VIDA COM DEUS
12 Ele, angustiado, suplicou deveras ao SENHOR, seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais; 13 fez-lhe oração, e Deus se tornou favorável para com ele, atendeu-lhe a súplica e o fez voltar para Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o SENHOR era Deus.
 Após ser preso, encadeado, deportado, finalmente Manassés sentiu que sua independência juvenil era uma grande bobagem. Para sua alegria ele logo descobre que Deus é fiel, mesmo quando nós lhe somos infiéis (II Tm 2:13 - se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo). Deus havia prometido que se seu povo se arrependesse dos seus pecados, voltando-se para ele, encontraria perdão (Is 55:7 - Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar) e restauração (Jr 32:37 - Eis que eu os congregarei de todas as terras, para onde os lancei na minha ira, no meu furor e na minha grande indignação; tornarei a trazê-los a este lugar e farei que nele habitem seguramente).
Manassés, embora tenha se esquecido de Deus (lembremos que esquecimento aqui significa rejeição, falta de interesse, desprezo) lembrou-se do que Deus havia feito com seu pai quando ele tinha apenas 7 anos. Deus havia lhe dito que ele deveria colocar em ordem a sua casa (isto é, a sua vida) porque em breve seria chamado à presença do criador (Ec 11.9 - Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas).
Já era algo completamente fora do normal Manassés ainda estar vivo nas mãos dos assírios - Deus lhe dava provas da sua graça apesar de ele ainda estar afundado no seu pecado de rebelião, pecado tão tenebroso quanto a feitiçaria (I Sm 15:23 - Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei) que era punida com a mais dura pena aplicada em Israel (Ex 22:18 - A feiticeira não deixarás viver). E Manassés era rebelde, obstinado, idólatra e feiticeiro. Como manter no trono um rei assim?
E o Deus todo poderoso age: ou tirava o feiticeiro do trono ou o feiticeiro do rei. O que era mais fácil? Tirar o feiticeiro do trono? Tirar o feiticeiro do rei? Qualquer exército poderia fazer a primeira parte - e Deus usa os assírios para isso (Is 10:5 - Ai da Assíria, cetro da minha ira! A vara em sua mão é o instrumento do meu furor). O propósito de Deus era maior que isso. E ele o faria acontecer (Sl 81:13 - Ah! Se o meu povo me escutasse, se Israel andasse nos meus caminhos!).
Já tirar o feiticeiro do rei era mais difícil. Isto implicava em mudança de orientação do coração, mudança de vida (Ez 36:26 - Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne). Isso só Deus poderia fazer. E o Senhor faz exatamente isto. Leva Manassés a um momento de humilhação, arrependimento e concerto de vida com Deus (II Cr 7:14 - ...se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra). Manassés cumpriu as condições estabelecidas por Deus. Ele se humilhou, orou, e quando Deus o atendeu ele mostrou que realmente havia se arrependido (At 26:20 - ...mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento).
Mas, antes de concluir, quero lembrar-lhe alguns pormenores desta história familiar. Ezequias teve tempo para se arrepender. Deus lhe mandou o profeta Isaías - arrependeu-se mediante o aviso da palavra, muito se humilhou, orou ao Senhor e foi atendido. Manassés, contra todos os prognósticos, também teve tempo de se arrepender - Deus lhe mandou os grilhões assírios. Ele foi humilhado, orou ao Senhor e foi atendido. Mas há um terceiro personagem, chamado Amom. Filho de Manassés, viu a humilhação de seu pai - não sabemos se também ele foi enviado ao exílio, mas o fato é que viu seu país ser invadido, suas cidades destruídas, seu povo massacrado, seu pai aprisionado e humilhado. Viu o arrependimento de Manassés e a inesperada restauração que Deus lhe concedeu - e aos 22 anos assume o trono.
Seria de esperar que ele tivesse aprendido com seu avô e com seu pai. Havia abundantes registros disponíveis nos livros dos videntes e dos reis. Mas ele preferiu cometer as mesmas bobagens que aprendera com seu pai antes da humilhação.
Amom fez o que era mau aos olhos do Senhor - abandonou ao Senhor, escolheu o mesmo caminho de seu pai e não andou no caminho do Senhor. Mas não teve a mesma oportunidade - foi morto no segundo ano de seu reinado (II Rs 21.23 - Os servos do rei Amom conspiraram contra ele e o mataram em sua própria casa). Amom, filho de Manassés, que aprendeu com Manassés a andar longe do Senhor, não teve tempo de se arrepender. É tolice fazer pouco caso de Deus (Gl 6:7 - Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará). A família real vinha plantando rebeldia - só poderia, inevitavelmente, colher tragédia de suas malignas sementes. Plantaram corrupção, rebeldia, se esqueceram de Deus e conduziram o povo para longe do Senhor - não poderiam escapar indefinidamente da ira do Senhor.
A Palavra de Deus, porém, afirma que o Senhor não tem prazer na morte do ímpio (Ez 18:23 - Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? - diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?). Por isso ele enviou os seus profetas, por isso ele enviou Jesus e, por isso Jesus ainda não voltou (II Pe 3:9 - Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento).
Ezequias ouviu um aviso através do profeta Isaías. Você ouviu o aviso através da pregação da Palavra. Manassés foi humilhado nas mãos dos assírios. Você pode se colocar diante do Senhor e admitir que tem andado nos caminhos dos homens e não no de Deus. Você não precisa esperar as duras consequências de se esquecer do Senhor.

QUERO TRAZER À MEMÓRIA
Diante do que acabamos de aprender sobre Manassés, lembro-me da palavra de Deus que nos diz do que devemos nos lembrar (Lm 3:21 - Quero trazer à memória o que me pode dar esperança). Num contexto de desolação após o reinado de Manassés e Amom, o profeta Jeremias diz que, diferente de Manassés, o rei esquecido e que se esqueceu de instruir seu filho, ele quer se lembrar somente do Deus que é a sua fonte de esperança.
Que há muita coisa fora do lugar, não resta dúvida. A ordem de Deus para que coloquemos em ordem a nossa casa permanece válida porque há coisas fora de lugar, há coisas erradas, há coisas que precisam ser corrigidas, há coisas que precisam ser abandonadas, há altares que precisam ser derrubados, casas que precisam ser purificadas e um templo a ser restaurado.
A primeira coisa que precisamos lembrar é que Deus diz: Se o meu povo, que se chama pelo meu nome... O que está errado com o povo de Deus? O que o povo de Deus deve fazer?
Em seguida, quero trazer à memória o caminho da esperança - e ele não passa pelos sacrifícios de tolos (Ec 5:1 - Guarda o pé, quando entrares na Casa de Deus; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal). Mais que sacrifícios, ele quer conhecimento e obediência (I Sm 15:22 - Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros).
A segunda coisa que precisamos lembrar é que, mesmo povo de Deus, podemos incorrer em erros - e, caídos, precisamos ser levantados pela graça de Deus. O caminho da esperança passa pela conversão: ...[se o meu povo] se humilhar, orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos... É por isso que ele nos chama graciosamente (Is 55.6-7 - Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar).
Há mais um passo a ser dado. Deus é gracioso, e se deixa achar por quem o busca de todo o coração (Jr 29:13 - Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração). Esta busca tem que ser feita no tempo oportuno (II Co 6:2 - ...porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação) antes que o tempo da oportunidade tenha cessado (Pv 1.28-31 - Então, me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão de achar. Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do SENHOR; não quiseram o meu conselho e desprezaram toda a minha repreensão. Portanto, comerão do fruto do seu procedimento e dos seus próprios conselhos se fartarão).
A terceira coisa que precisamos lembrar é que o caminho da graça, do arrependimento, da obediência passa inapelavelmente também pela ação graciosa e redentora de Deus. Ele promete: “Eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. A promessa de restauração de Deus é para aqueles que se arrependeram, que buscaram ao Senhor, que oraram e se humilharam, exatamente como Ezequias e Manassés.
Resta ainda observar que o caminho do Senhor, no final, é um caminho onde o crente é abençoado pelo Senhor. Enfermidade ou inimigos se tornaram apenas aspectos de um longo e negro vale pelo qual o Senhor conduziu seus filhos. Mas, mesmo no vale da sombra da morte, ele os conduziu. Observe que tanto Ezequias (II Cr 32:33 - Descansou Ezequias com seus pais, e o sepultaram na subida para os sepulcros dos filhos de Davi; e todo o Judá e os habitantes de Jerusalém lhe prestaram honras na sua morte; e Manassés, seu filho, reinou em seu lugar) quanto Manassés (II Cr 33:20 - Assim, Manassés descansou com seus pais e foi sepultado na sua própria casa; e Amom, seu filho, reinou em seu lugar) descansaram em paz por causa de sua humildade diante do Senhor. Mas não Amom (I Cr 33.23-24 - Mas não se humilhou perante o SENHOR, como Manassés, seu pai, se humilhara; antes, Amom se tornou mais e mais culpável. Conspiraram contra ele os seus servos e o mataram em sua casa). Não houve glória, não houve descanso, não houve paz para o ímpio (Is 48:22 - Para os perversos, todavia, não há paz, diz o SENHOR).
A quarta coisa que observamos que somente para o justo há verdadeira paz. Pode ser maltratado, perseguido, mas, humilhado pelo Senhor e diante do Senhor, será levantado e honrado (Lc 14:11 - Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado).

O QUE FAZER
Só tenho uma resposta. Se você tem sido como Manassés, tem se esquecido do seu Deus, tem andado como se ele não existisse, tem feito pouco caso de sua presença e de sua Palavra, só lhe resta uma coisa a fazer: arrepender-se. Humilhar-se como fez Ezequias. Humilhar-se como fez Manassés. Reconhecer que o Senhor é Deus e abandonar os ídolos que você tem cultivado no seu coração, porque tudo o que ocupa o lugar que é do Senhor é um ídolo, é um adultério espiritual, é uma forma de apostasia.
O Senhor disse que seu povo precisa se arrepender - precisa se converter a Deus e praticar obras que mostrem este arrependimento. Nas palavras de Isaías, contemporâneo de Manassés, precisa de uma purificação pessoal (Is 1:16-17 - Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas).
Colocando isto de outra maneira, é como se Deus estivesse dizendo para você, aqui e agora: muda de vida. Muda sua vida. Conserte sua vida. Você está avisado. Já viu os exemplos de Ezequias, Manassés e Amom. Não se esqueça de Deus, porque isto não fica impune. Arrependa-se e retorne, e Deus será compassivo contigo.
Que tal você fazer como Ezequias - virar para a parede, tirar os olhos de tudo o mais que o cerca, de todos os atrativos do mundo, de seus ídolos do coração e humilhar-se na presença de Deus?
Que tal você se humilhar perante o Senhor sem precisar passar pela humilhação de perder tudo como aconteceu com Manassés antes de se arrepender e reconhecer que só o Senhor é verdadeiro Deus?
Que tal você buscar ao Senhor antes que sejas como Amom - pois o Senhor garante que chegará o dia em que será buscado, mas não será achado (Pv 1.28 - Então, me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão de achar). Talvez você esteja pensando: é, eu preciso consertar minha vida para buscar a Deus - eu tenho que te dizer que estás errado: você tem que buscar a Deus para ele consertar sua vida, te dando não um monte de regrinhas, mas um novo coração (Ez 36:26 - Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne).

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