segunda-feira, 28 de julho de 2014

UMA IGREJA DIFERENTE: A IGREJA DE DEUS

23 Uma vez soltos, procuraram os irmãos e lhes contaram quantas coisas lhes haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos.
24 Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; 25 que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?
26 Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido; 27 porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, 28 para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram; 29 agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, 30 enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus.
31 Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.
At 4.23-31

O que esperamos encontrar quando procuramos uma Igreja? O que você espera encontrar quando sai de casa e se dirige a uma instituição que chama a si mesma de Igreja do Senhor Jesus Cristo? O que você espera encontrar, nesta noite, ao entrar nesta Igreja Presbiteriana?
É provável que não tenha sido algum convite feito através de um carro de som? Também não foi a promessa de algum milagre para sua vida, ou a presença de algum “grande servo de Deus” - ainda que eu não entenda um milagre oferecido em praça pública mas entregue somente na Igreja em dia e hora marcado, e somente em uma determinada Igreja. Também é menos inteligível ainda a frase contraditória sobre um grande servo, porque, se é grande, não é servo, e, se é verdadeiramente servo, não pode ser grande.
Espero que sua busca seja por um encontro verdadeiro com o Deus verdadeiro. Aqui você não ouvirá falsas promessas, nem promessas verdadeiras que não podem ser cumpridas.
No entanto, eu gostaria que você encontrasse uma Igreja que se parecesse com a Igreja descrita no livro de Atos. Antes que você pense nos eventos extraordinários, milagres, revelações, curas eu quero lhe falar de uma outra característica desta Igreja que é fundamental. É claro que os sinais foram feitos por Deus através dos apóstolos e que demonstravam que a mensagem sobre um Jesus ressurreto, vivo, glorificado era uma mensagem real sobre um Deus real, e não mais um dos muitos mitos que eram contados por todas as partes do mundo greco-romano (At 3:16).
Que característica é esta? Apesar da presença dos sinais não foram os sinais que tornaram a Igreja forte. Não foram os sinais que funcionaram como o cimento que uniu os cristãos e impressionou o mundo. A mensagem da cruz era que, em Cristo, o mundo estava reconciliado com Deus (II Co 5.18-19).
Ora, se o mundo estava reconciliado com Deus, era natural que aqueles que, do mundo, foram chamados para Cristo não fossem mais uma multidão de estrangeiros, mas uma nova comunidade (Ef 2.14-16).
Quando olhamos para o que a bíblia nos diz a respeito desta Igreja, logo identificamos uma Igreja que tinha tudo em comum (At 2:44), que abria mão do próprio conforto para que os irmãos estivessem assistidos (At 2.45) e procuravam estar sempre juntos (At 2.46) para louvar a Deus que a cada dia trazia parra o seio da Igreja novos irmãos (At 2.47).
Quero ser pastor e parte de uma igreja diferente da maioria das Igrejas que vemos atualmente. Quero que você conheça o meu sonho de Igreja, o meu modelo de Igreja - e se Deus falar ao seu coração, se for isto o que você está procurando, se for este o anseio do seu coração após ouvir a Palavra, então, quero te convidar a andar comigo neste propósito (Hb 4:7).
VOCÊ PRECISA SER UMA IGREJA ONDE AS PESSOAS TÊM GENUÍNO INTERESSE PELA HISTÓRIA PESSOAL DE CADA UM
Pedro e João haviam estado presos - foram interrogados, ameaçados, proibidos de falarem sobre a redenção em Jesus, foram ameaçados e, finalmente, foram libertos porque não havia do que acusá-los. A primeira ação de Pedro e João foi procurarem os irmãos - compartilharem sua experiência que não deve ter sido das mais agradáveis. Foram levados presos - ninguém gosta de ser preso. Foram ameaçados pelas maiores autoridades de seu povo - as mesmas autoridades que haviam decidido e levado a cabo a morte de Jesus, com o concurso dos romanos.
Não entenda que a Igreja existe para ser algo parecido como um grupo de autoajuda onde cada um conta o que lhe aconteceu, trocam conselhos e cada um segue a sua vida como bem entender. Não é isso - mas ela é uma comunidade de pessoas que, embora de diferentes famílias, de origem e historias bem diferentes, foram tornadas um em Cristo Jesus (Ef 2:14).
Todos temos algum tipo de diferença em nossa história, e isto deve contribuir não para afastar pessoas, como costuma acontecer, mas para que elas se completem, se compreendam. Paulo diz isto de maneira magistral ao afirmar que as nossas dores, nossas experiências com Deus em meio às lutas servem de instrumento de consolo para os sofredores (II Co 1:4).
Na Igreja vamos encontrar pessoas que nasceram e cresceram dentro dos muros santos, e certamente tem experiências maravilhosas para contar a respeito de seu relacionamento com Deus, podendo habilmente instruir os novos na fé a andarem na presença do Senhor. Certa vez ouvi um tolo afirmar que somente quem já andou em meio à desgraça do pecado e foi liberto pode falar com autoridade sobre a liberdade que Jesus Cristo dá através da sua Palavra (Jo 8:32).
Isto é uma tolice por dois motivos: em primeiro lugar mesmo o filho de crente é um pecador, tem experiência com o pecado e também tem que clamar como Paulo fez pela libertação que Deus dá (Rm 7:24). O segundo motivo pelo qual isto é uma tolice é porque ninguém precisa experimentar dar um tiro na própria cabeça para saber que isto pode ser mortal.
Por outro lado, na Igreja também existem pessoas com histórias tristes, que, de alguma forma, foram escravas do pecado e foram libertas (Gl 5:1). Conhecem a graça transformadora de Cristo (I Tm 1:15-16) e podem testemunhar dela. Mais ainda, podem advertir os incautos sobre os perigos que eles próprios conhecem - mas que, muitas vezes, aqueles que cresceram protegidos dentro dos muros da Igreja não conhecem, não reconhecem nem podem se precaver.
O importante não é como você chega na Igreja - mas de que maneira sua chegada vai contribuir para a edificação do corpo e, também, de que maneira o corpo vai contribuir para seu próprio fortalecimento. Todos chegamos com fardos, mesmo os que já estão dentro da Igreja. Os fardos dos costumes, das tradições, dos mandamentos humanos, da religiosidade vazia, das andanças sem direção, de escolhas religiosas equivocadas, de idolatria e misticismo, de escolhas pessoais que deram errado, de relacionamentos quebrados, de dores do corpo e da alma, de sofrimento moral e espiritual.
Você traz sua história, e com os demais, constrói a história da Igreja da qual você faz parte. Sua história é importante. Suas lutas são importantes, as lições que Deus lhe deu são de extrema importância porque nada acontece por acaso, o Senhor tem diante dele todos os nossos dias, certos e determinados (Sl 139:16) porque Deus, em tudo, tem um propósito (Ec 3:1) que resulta em vermos cumprida sua vontade para benção daqueles a quem ele ama (Rm 8:28).
Você já sabe qual o propósito de Deus em sua vida? É lamentável que muitos não saibam, e, pior ainda, é lamentável que muitos frequentem uma Igreja há dias, meses, até mesmo anos ou décadas e ainda não saibam. Porque? Porque não há outro jeito de saber senão se aproximando dele, e, lembre-se: a morte de Jesus foi para criar um povo (Tt 2:14), gente que anda junto, que adora junto com alegria (Sl 100:2), que serve a Deus e se auxilia mutuamente (Gl 6:2).
VOCÊ PRECISA SER UMA IGREJA ONDE AS PESSOAS RECONHECEMA SOBERANIA DE DEUS EM SUA PRÓPRIA HISTÓRIA
É profundamente edificante observar como os servos de Deus do passado lidavam com as dificuldades de viverem sua fé. Pedro, o mesmo Pedro que esteve preso e foi ameaçado pelo sinédrio, exprime com clareza cristalina o que ele sentia, e o que muitos outros cristãos sentiam diante da oposição do mundo (I Pe 4:13). Eles certamente se lembravam das palavras de Jesus (Lc 21:12) e sabiam que outros irmãos também viviam o mesmo tipo de experiência (I Pe 5:9).
O relato bíblico mostra que os cristãos tinham uma visão muito clara da soberania de Deus. Eles entendiam que os eventos relativos à traição de Judas (Jo 17:12), o abandono por parte dos discípulos (Mt 26:31) ao julgamento injusto e ilegal imposto a Jesus (Mt 26:60-61), sua morte e tudo o mais que houve naqueles dias eram a expressão da vontade soberana de Deus. Eles viam Deus como o criador de todas as coisas - diferente da visão que prevalecia entre os incrédulos gnósticos e diferente da visão dos pseudocientistas e deístas evolucionistas do séc. XXI.
Na sua história havia um propósito (v. 28), assim como na história de cada um que está aqui neste momento. Você não viveu o que viveu por acaso. Você não passou pelas experiências que passou por um mero acaso. Você não está aqui por acaso. Tudo o que lhe aconteceu, tudo o que lhe acontece e tudo o que lhe acontecerá concorre para que você esteja pronto para, conhecendo a Deus, conhecendo o seu propósito, entender que ele é o Deus soberano que dirige todas as coisas, inclusive a sua vida.
O apóstolo Paulo exemplifica isto de maneira muito clara. Ele fora um dos expoentes religiosos entre o seu povo (Gl 1:14), respeitado (At 22:20) mas, ao mesmo tempo, e justamente por causa disto, entendeu mais tarde que Deus o estava preparando para ser, a despeito da sua carreira triste como perseguidor da Igreja (I Tm 1:13) um modelo para todos aqueles que viessem a crer em Cristo Jesus (I Tm 1:16).
Os cristãos não lamentavam o que passavam naqueles dias - eles louvaram a Deus porque sabiam que Deus estava no controle, que Deus conduzia suas vidas, que Deus conduzia sua nação e seu destino estava nas mãos daquele que é poderoso para guarda-los de quaisquer males (II Tm 1:12).
Se você tem aprendido a espernear, a reclamar, a rejeitar, a declarar, a amarrar é porque tem aprendido no lugar errado. Aprendemos da bíblia que a verdadeira Igreja é aquela que recebe das mãos do Senhor o que ele tem preparado (Jó 2:10) porque sabe que é o melhor para o seu destino final (Tg 1:17).
VOCÊ PRECISA SER UMA IGREJA ONDE AS PESSOAS ADOREM A DEUS CHEIAS DO ESPÍRITO SANTO
A Igreja do Senhor glorificou a Deus em sua soberania, poder e sabedoria. Sua atitude, mesmo diante das adversidades, era continuar glorificando a Deus. É impressionante, por exemplo, a atitude dos apóstolos Paulo e Silas. Presos e açoitados não apenas injusta mas, também, ilegalmente, ainda assim não havia amargura ou tristeza, mesmo na prisão (At 16:25).
Como isso seria possível? A atitude normal de alguém que estivesse passando pelas mesmas situações de Pedro, João, Paulo e Silas seria levantar a voz, clamar por direitos, por um advogado, pela comissão nacional de direitos humanos, pela mamãe ou algo semelhante... A atitude dos cristãos em Jerusalém, e a de Paulo em Filipos, é uma só: orar a Deus, adorar a Deus, cantar louvores ao Senhor, confiando que ele responderá a oração do seu povo (Sl 141:2).
Mesmo em meio às tormentas, em meio às dificuldades e ansiedades, cabe-nos buscar o Senhor e expressar nossos anseios diante dele (Fp 4:6). Por duas vezes Jesus diz-nos para não andarmos ansiosos por uma série de coisas, como comer, beber, corpo ou vestimenta e exorta-nos a não andar ansioso nem mesmo pela própria vida.
A Igreja de Cristo, que se apresenta perante ele, cheia do Espírito não apenas passa pelas dificuldades, mas cresce em meio as dificuldades, e, fortalecida pelo Espírito de Deus enchem-se de intrepidez para fazer exatamente aquilo que os homens haviam proibido: anunciar a Palavra de Deus porque para eles importava muito mais obedecerem a Deus do que aos homens (At 5:29).
O que significa ser cheio do Espírito Santo? Significa receber poder para testemunhar do Senhor em qualquer lugar e circunstância (At 1:8), diante de quem quer que seja confiando somente no poder persuasivo do Espírito Santo e não na sabedoria dos homens (Mt 10:19-20).
Ser cheio do Espírito significa não retribuir ao mal com o mal, antes, ser cheio do fruto do Espírito e demonstrar bondade, amor, longanimidade em situações nas quais a maioria das pessoas reagiria com dureza ou ira (Sl 37:8).
Ser cheio do Espírito Santo significa que, independente das circunstancias, o cristão reconhece que o Senhor não o desampara, não o abandona, e está sempre ao seu lado, reconhecendo-o em seus caminhos (Sl 145:17) e percebendo seu cuidado amoroso e constante (Sl 23:4).
VOCÊ PRECISA SABER ONDE ENCONTRAR UMA IGREJA ASSIM
Há algumas coisas que você precisa saber antes de sair buscando uma igreja perfeita.
A primeira é que não existe nenhuma igreja perfeita aqui, antes do retorno do Senhor Jesus. Igreja perfeita só na glória, até lá vamos nos deparar com várias Igrejas que apresentam maior ou menor grau de imperfeição.
A segunda é que, enquanto você olhar para as imperfeições você não usufruirá das bênçãos de pertencer a uma Igreja que caminha para perto do Senhor, que se auxilia mutuamente, que ama, que, às vezes, se fere mas também que trata e é instrumento de Deus para sarar as dores da alma, como solidão, desamparo, tristeza, angústias, repreendendo o pecador e confortando o arrependido.
A terceira é que os nossos olhos não devem estar postos nos homens como a razão da nossa esperança ou nosso modelo último. Ainda que haja homens e mulheres que nos sirvam de modelo (I Tm 1:16) e padrão (I Tm 4:12), nosso alvo maior é Jesus (Cl 3:10).
A quarta é que não devemos imitar ninguém cegamente, mas apenas naquilo que eles imitam a Cristo (I Co 11:1).
A última e mais importante: não use ninguém como desculpa para seus pecados, para sua indisposição em obedecer a Deus - você não obedece por causa de sua própria rebeldia - e você também colherá exatamente aquilo que escolher colher. Se escolher o caminho do bem, receberá bênçãos (Ez 18:20), mas se escolher o caminho da rebeldia, colherá exatamente aquilo que objetiva (Is 1:20).
VOCÊ PRECISA TOMAR UMA ATITUDE
Nosso boletim desta semana abordou uma questão muito importante - queremos ter uma Igreja, queremos fazer parte de uma Igreja mas, muitas vezes, nos esquecemos que precisamos, antes de mais nada, ser Igreja.
É possível alguém fazer parte de uma comunidade de crentes mas, mesmo assim, após longos anos perceber que nunca foi, realmente, Igreja (I Jo 2.19).
É possível até acreditar e pregar o verdadeiro evangelho e, no fim das contas, jamais ter conhecido, de fato, o evangelho que é o próprio Senhor Jesus Cristo (Fp 1:17).
Não pretendo sequer me deter em denunciar os falsos mestres, os mestres da mentira, muitos que a bíblia chama acertadamente de ministros de satanás (II Co 11:14-15) que não querem outra coisa além de perverterem o evangelho (Gl 1:6-7).
Todavia, uma vez que você conhece o evangelho, conhece a graça do Senhor Jesus, então, você não pode ficar procurando uma Igreja que lhe agrade, porque você vai encontrar muitos que vão dizer exatamente o que seus ouvidos querem ouvir (II Tm 4:3).
O que você precisa é ser Igreja. É crer no Senhor Jesus mesmo que isto signifique desconsiderar tudo o que você acreditava e desejava antes (Fp 3:8). Mesmo que isto signifique, e realmente significa, começar tudo de novo, como se fosse uma criança aprendendo a dar os primeiros passos (Mc 10:15), a comer os primeiros alimentos (I Pe 2:2).
O Senhor Jesus nos diz que precisamos nascer de novo (Jo 3:3). Ele não vai apagar da sua mente suas experiências, suas alegrias e tristezas, mas vai dar a você uma nova direção, um novo princípio de vida, e tudo se fará novo, nova luz será lançada sobre sua vida, seus caminhos serão iluminados e tudo fará sentido. Você não sofrerá amnésia, você receberá perdão que vem da certeza de que o Senhor não lhe cobrará o passado, o tempo do desconhecimento, da ignorância (At 17:30), mas andará contigo em novidade de vida (Rm 6:4).
Quero desafiar você a tomar uma decisão hoje, agora... Não deixe para amanhã. Já mencionamos aqui neste lugar a história de Ezequias e Manassés. Ezequias obteve graça antes do sofrer... Manassés obteve graça no sofrimento... Mas Amom, filho de Manassés, sofreu sem obter graça.
Está cansado e sobrecarregado? Vem, ele te dá descanso (Mt 11:28). Está sem ânimo? O Senhor multiplica suas forças (Is 40:29). Está com sede e fome? Ele te sacia (Sl 90:14). Sente-se como morto espiritualmente? O Senhor vivifica (Ef 2:1).

Mas vem! Vem agora! Vem. Este é o tempo sobremodo oportuno, o tempo que o Senhor se dispõe a socorrer-te (II Co 6:2). Vem, antes que o tempo se vá (Pv 1:28-30).

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