segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

ADOLESCENTES FORA DE MODA - I

A MODA – UM MAL NECESSÁRIO?
Falar para adolescentes é sempre um desafio – e um privilégio. Falar sobre moda com adolescentes é correr o risco de querer parecer descolado e, no fim, ficar parecendo apenas deslocado. É por isso que não vou passar nem perto das tendências cada vez mais velozes que os adolescentes adotam como a mais quente novidade última semana para que, logo mais, seja a mais recente novidade ultrapassada.
ADOLESCENTES CRISTÃOS: = OU ≠
Sobre moda, há ainda um outro detalhe: parece que os adolescentes, especialmente as adolescentes, vivem numa competição para ver quem atrai mais a atenção, quem mostra algo a mais, num limite muito tênue entre o que é casto e o que é vulgar. A palavra da ordem é "sexy". Fora dos muros da Igreja já está tudo liberado, é tudo normal. E, entre nós, no nosso contexto de Igreja, parece haver uma certa dúvida entre o que é sexy e o que é lascivo – e quase sempre nossas adolescentes, ao caminhar neste estranho fio de navalha, acabam cometendo escorregões porque não devem ser nem sexy, nem lascivas.
No fim, com a intenção de ser diferente, acabam sendo todas iguais (pegue 1000 faces de adolescentes e verá que pelo menos 99,9% delas terá alguma foto com as mesmas roupas, a língua de fora ou os dedos em "V" ou "L", ou algo parecido). Ah! E as mesmas curtidas.
Para os meninos a situação é um pouco diferente, uma vez que os meninos não têm muito o que mostrar, afinal, bíceps e tríceps já estão à vista desde sempre. A questão é: ainda podem insinuar alguma coisa (roupas folgadas muito abaixo da linha da cintura) mas quem disse que isso atrai o olhar das meninas por muito tempo? Para eles o problema não está no que eles mostram, mas no que veem, e, em consequência disso, no que fazem.
Outras modas poderiam ser abordadas, como tecnologia, linguajar, músicas, filmes, investimento de tempo e dinheiro em coisas absolutamente passageiras, substâncias que ingerem e muito mais. Mesmo instituições seculares já estão se preocupando com isso, aliás, com pelo menos duas décadas de atraso.
UMA GERAÇÃO (QUASE) PERDIDA
De certa maneira podemos dizer que perdeu-se uma geração para a estética trash adolescente que tem enriquecido muita gente "formadora de opinião": calças muito baixas e muito largas que lhes mostra a roupa íntima de marca, camisetas enormes e tênis desamarrados com os cordões metidos nas laterais, tops ou camisetas minúsculas que habitualmente deixa descoberto grande parte do abdômen, revelando tudo o que é revelável e, inclusive, quase sempre, um pouco mais… parece uma competição para ver quem é mais atrevido ou descolado.
Você pode ficar escandalizado ou fazer pouco caso, mas o fato é que as coisas estão assim não porque tem que ser assim, mas porque é uma escolha bastante consciente que reflete o que está no coração de cada um.
QUAL A NECESSIDADE E UTILIDADE DA MODA?
MODA HUMANA
Quando observamos a mutabilidade das tendências, logo nos perguntamos: quanto tempo isto vai durar? A moda é uma indústria. Ela precisa vender – e para vender produtos ela precisa, antes de outra coisa, vender a ideia de que o comprador necessita do que ela tem para oferecer, por isso ela sempre oferta novidades (inclusive na Igreja). De certa maneira, o nascimento da "moda", uma invenção humana, lhe atribui uma efemeridade impressionante. A primeira "moda" durou menos de um dia.
Gn 3.6 Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. 7 Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si.
Analisando a primeira aparição da moda como invenção humana:
· Não foi feita para durar – folhas de figueira murcham, secam;
· Era um traje sumário – cobria apenas as suas áreas pudicas;
· Não surtiu o efeito desejado – devolver-lhes a "inocência".
MODA DIVINA?
Deus não criou uma segunda moda ao providenciar vestimentas mais duráveis para o homem – ele evidenciou, através das vestimentas de peles, que eles eram incapazes de resolver o seu problema e, pior ainda, tiveram que conviver com a primeira morte em decorrência de sua desobediência.
Gn 3.21 Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.
Evidentemente a lição não foi aprendida – e a humanidade continuou a tentar cobrir-se (ou não) de diversas maneiras sem, no entanto, encontrar uma fórmula satisfatória. Mesmo entre grupos que praticamente não se vestem há referenciais simbólicos quanto à moda. Tecidos, metais, pedras, tudo tem sido usado – e o resultado ainda é efêmero, passageiro, a ponto de a bíblia entrar na história para dizer qual é o adereço que a mulher deve usar:
I Pe 3.3 Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; 4 seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus. 5 Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido.
MODA ESCRAVIZA
A moda escraviza e empobrece quando, apenas aparentemente, dá a sensação de satisfação, de abastança. Ou alguém realmente precisa de 10 pares de sapatos? De mais outro tanto de sandálias? E a "montoeira" de roupas que vamos juntando em armários e gavetas, muitas das quais usamos uma vez a cada ano? E a troca de celular a cada novo lançamento de um gadget, app ou acessório?
Ap 3:17 …pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
Quantas coisas realmente boas deixamos de usufruir apenas para estar na moda, apenas para exibição aos olhos de outras pessoas que, quase sempre, querem que sejamos iguais a eles ou deseja ser igual a nós? Em ambos casos, é sempre o mesmo sintoma de insegurança que levou Adão e Eva a esconderem-se sob as árvores ao perceberem que não estavam mais de acordo com o padrão eterno.
Gn 3:8 Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.
MODA SATISFAZ?
E sabe qual a novidade? Ainda não encontramos uma "moda" satisfatória porque ela simplesmente não existe. Embora Deus tenha dito como os sacerdotes deveriam vestir-se especificamente no templo, ele não determina as vestes dos seus adoradores para todas as épocas e lugares.
Ex 28.40 Para os filhos de Arão farás túnicas, e cintos, e tiaras; fá-los-ás para glória e ornamento. 41 E, com isso, vestirás Arão, teu irmão, bem como seus filhos; e os ungirás, e consagrarás, e santificarás, para que me oficiem como sacerdotes. 42 Faze-lhes também calções de linho, para cobrirem a pele nua; irão da cintura às coxas. 43 E estarão sobre Arão e sobre seus filhos, quando entrarem na tenda da congregação ou quando se chegarem ao altar para ministrar no santuário, para que não levem iniqüidade e morram; isto será estatuto perpétuo para ele e para sua posteridade depois dele.
O objetivo é que os sacerdotes fossem facilmente reconhecidos dentre a multidão e, também, que suas vestes gloriosas apontassem para a glória daquele que era adorado. O fato de não existir uma moda satisfatória não quer dizer que não exista uma norma bíblica para isso:
I Co 14:40 Tudo, porém, seja feito com decência e ordem.
MODA CRISTÃ?
Existe uma moda cristã? Não creio. Existe, sim, uma maneira de se vestir, ornamentar e se postar decentemente de acordo com os padrões culturais vigentes à luz da Escritura. Há 50 anos era impensável um pregador sem terno e gravata – herança cultural dos nossos primeiros pastores, anglo-americanos. Hoje é cada vez mais rara a exigência de tal indumentária, embora seja sempre de bom tom usá-la quando se vai pregar como visitante.
Bermudas e chinelos eram incabíveis na mente de qualquer cristão, especialmente protestante, até meados dos anos 80. Havia até um dito que todo mundo deveria ter ao menos duas roupas: a do dia-a-dia e a de ver Deus (isto é, de ir para a Igreja).
UM PRINCÍPIO CRISTÃO
Qual é o princípio, então? Para "ver Deus" devemos nos vestir com o melhor, com o mais adequado. Devemos calçar o melhor, o mais adequado. Não há justificativa para ser "relaxado" no culto ao Senhor todo poderoso e ser cuidadoso numa audiência com um magistrado civil. Há instituições mais respeitadas hoje do que o culto – uma audiência, em um fórum, por exemplo. Mas, acima e antes de qualquer outra coisa, devemos ter um coração verdadeiramente circuncidado, isto é, transformado, santificado pelo amor do pai.
Mesmo fazendo tudo "certinho", é preciso ter um coração verdadeiramente convertido:

Ez 44:7 Porquanto introduzistes estrangeiros, incircuncisos de coração e incircuncisos de carne, para estarem no meu santuário, para o profanarem em minha casa, quando ofereceis o meu pão, a gordura e o sangue; violastes a minha aliança com todas as vossas abominações. 

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