Ao
escrever para a Igreja em Filipos, uma Igreja pela qual Paulo parece nutrir um
amor especial, tanto pelas circunstâncias de seu nascimento quanto pelo seu
desenvolvimento, o apóstolo demonstra um interesse especial e um desejo: que
aquela Igreja fosse uma Igreja alegre. Por 10 vezes Paulo fala de alegria para
os irmãos de Filipos – uma alegria que ultrapassava a capacidade de
entendimento de qualquer pessoa.
Mas,
depois de orientações doutrinárias, exortações à fidelidade Paulo trata de um
problema que o afligia, que o preocupava e que poderia impedir aquela Igreja de
ser uma Igreja realmente alegre: ele havia sido informado ou havia detectado
uma dissensão, que não sabemos se era iniciante ou consolidada, entre duas
irmãs que tinham grande relevância no trabalho local e, também, no ministério
do apóstolo.
2 Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordemente, no
Senhor. 3 A ti, fiel companheiro de jugo, também peço que as
auxilies, pois juntas se esforçaram comigo no evangelho, também com Clemente e
com os demais cooperadores meus, cujos nomes se encontram no Livro da Vida. 4
Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos. 5 Seja a
vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. 6
Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante
de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. 7
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a
vossa mente em Cristo Jesus. 8 Finalmente, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro,
tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum
louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. 9 O que
também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e
o Deus da paz será convosco.
Fp 4.2-9
O PROBLEMA
2-3
2
Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordemente, no Senhor. 3 A ti, fiel companheiro de
jugo, também peço que as auxilies, pois juntas se esforçaram comigo no
evangelho, também com Clemente e com os demais cooperadores meus, cujos nomes
se encontram no Livro da Vida.
Quem
eram Evódia e Síntique? Irmãs em Cristo. Duas mulheres que creram no Senhor
Jesus e serviam-no devotamente em Filipos. Evódia e Síntique haviam auxiliado
Paulo em sem ministério naquela cidade. Juntas se esforçaram para ajudar Paulo.
Estavam lado a lado e o trabalho progrediu. Paulo diz que ambas trabalharam, ao
mesmo tempo, junto com ele em favor do evangelho. Mesmo depois que Paulo seguiu
sua viagem elas continuaram ajudando, agora a Clemente bem como com todos os
outros que vieram sem distinção se eram apóstolos ou evangelistas – elas
cooperavam com o evangelho, com a propagação do evangelho, e quem quer que
fosse o proclamador elas estavam dispostas a ajudar, provavelmente tantos que
Paulo julgou melhor não mencioná-los individualmente, mas atesta que eram do
Senhor, pois seus nomes estavam escritos no livro da vida do cordeiro (Ap 3:5).
Paulo
começa esta seção colocando-se ao lado de ambas – não manda a Evódia, nem dá
qualquer ordem a Síntique embora ele pudesse ordenar qualquer coisa a ambas,
pois sua autoridade apostólica o permitia. Mas ele prefere colocar-se ao lado
de ambas e rogar, exortando-as a fazerem o que era-lhes dever, embora elas
pudessem achar penoso. Ele não toma partido, coloca-se ao lado de ambas e lhes
diz para pensarem concordemente naquilo que contribuía para a obra do Senhor. O
que diz a uma diz à outra.
Não
precisavam ambas gostar da mesma comida… nem das mesmas cores ou do mesmo tipo
de roupas… uma podia gostar da vida no campo e outra preferir a cidade. Mas não
podiam deixar de concordar no Senhor. Deveriam continuar a trabalharem juntas,
ao mesmo tempo, com harmonia e com o mesmo alvo e o mesmo amor… e por algum
motivo já não estavam mais fazendo isso. E é evidente que tanto elas quanto
Paulo sabiam que uma casa dividida não pode prosperar (Mt 12:25). A palavra chave desta introdução é cooperação – e ele
próprio pede a ajuda de um companheiro não nomeado, mas que ele sabia ser
inteiramente confiável, no sentido de que se coloque inteiramente à disposição
das irmãs, como se fora um escravo conquistado em uma guerra (sullambanw).
Porque
Evódia e Síntique deveriam pensar concordemente no Senhor? Porque tanto elas
quanto aqueles a quem elas auxiliaram tinham o nome escrito no mesmo lugar: o
livro da vida, a seleção feita por Deus para adorarem-no eternamente (Ap 13:8).
E é
por terem o nome no mesmo lugar, o livro da vida, pertencerem ao mesmo Senhor,
Jesus Cristo, que a Igreja, assim como Evódia e Síntique, acabaria
experimentando algumas bênçãos dados pelo Senhor.
EM COMUNHÃO COM O SENHOR VOCÊ PODE
EXPERIMENTAR
4
ALEGRIA
4
Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
Diferente
de uma simples euforia, Paulo apresenta mais que um desejo que a Igreja seja
alegre – ele coloca a alegria como um imperativo para aqueles que estavam
mortos em seus pecados (Cl 2:13) e foram restaurados à vida numa situação de honra e glória,
todavia, sem méritos pessoais (Ef 2:6). Talvez você tenha um conceito equivocado de alegria – um
conceito humanista e absolutamente efêmero. Talvez você considere alegria o que
é, na verdade, euforia. Ou você considera alegria algumas das coisas que vou
enumerar agora:
i.
Você considera alegria encontrar-se em uma praça com todos zombando de
você enquanto você só lhes faz o bem (Lc
23:35) – Jesus tinha profunda alegria nisso (Is 53:11);
ii.
Você considera alegria ser algo de mentiras e calúnias por pessoas a
quem você nunca vez mal (Mt 5:11).
Se isso acontece com você, você vê nisso motivo de grande alegria (Mt 5.12)?
iii.
Você considera motivo de alegria e gratidão a Deus ser preso e apanhar
simplesmente porque você afirma uma verdade que, para os interesses de muitos,
é inconveniente, isto é, você se alegra por ser perseguido ao não ser
politicamente correto (At 5:41)?
Poderia
citar outros episódios que retratam a mesma coisa: Jesus e seus discípulos
sendo perseguidos, mas basta mais um texto para mostrar que a alegria cristã é
diferente da euforia. A alegria permanece mesmo num contexto adverso (Mt 5:12) enquanto a euforia, mesmo por
motivos justos, é absolutamente passageira – uma conquista profissional, uma
vitória do time de futebol para o qual torce (não vou dizer "seu
time" porque certamente você não tem
time algum), uma experiência bonita e inusitada, como o canto de um pássaro
na janela… euforia também pode ser conseguida de maneira ilícita, como uso de
bebidas ou drogas – mas, seja lícita ou ilícita, a euforia é absolutamente
passageira e não é a mesma coisa que alegria.
Diferente
da alegria passageira, a alegria no Senhor é constante e crescente (Sl 32:11). O Sl 32 propõe ao crente
alegrar-se no Senhor, e ainda regozijar-se, e, ainda exultar. A alegria sem
Deus é euforia, cansaço, enfado, e, muitas vezes, tristemente, arrependimento e
até mesmo morte. Você pode dizer que tem esta alegria? Uma alegria que
independe das circunstâncias e que se completa mesmo diante de ameaças,
inclusive de uma condenação à morte (Fp
2:17).
5
MODERAÇÃO
5
Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.
Como
um cristão deve ser conhecido? É fato que dos líderes da Igreja é exigido que
sejam moderados, cordatos. E dos demais crentes? A liderança da Igreja deve ser
diferente dos membros em que sentido? Para mim, a única resposta aceitável é:
em maturidade na vida cristã. Ufa! Pode dizer um membro mais inadvertido. A
questão é que a diferença não é em essência, pois todos temos um mesmo pai e
somos habitação de um mesmo Espírito (Ef
4:6). Quando dizemos que a diferença está em maturidade quer dizer que
alguns crentes já amadureceram na fé mais que outros – e às vezes, estes outros
estão doentes e não se desenvolvem, sendo superados por aqueles aos quais
deveriam servir de modelo (Hb 5:12).
Mas
mesmo aqueles que não se desenvolveram continuam
tendo a mesma essência dada por Deus – foram feitos filhos de Deus, receberam o
Espírito de Deus e deveriam, na mesma medida, mostrar o fruto do Espírito
enquanto, paulatinamente, fazem enfraquecer as demonstrações de carnalidade em
seu ser (Rm 8:13).
O
fruto do Espírito que se manifesta em uma atitude de moderação, de trato justo
e equânime para com todos, em todas as situações, indistintamente. Paulo diz
que esta moderação cristã deve ser expressa visivelmente para com todos os
homens (anqrwpoj) porque, se os cristãos são
nascidos de Deus, então, devem possuir uma nova natureza, uma natureza que
expresse este conhecimento (ginoskw). Assim como a boca
expressa o que temos no coração (Lc 6:45)
assim também aquele que é nascido de Deus também expressa esta nova natureza em
ações práticas (I Jo 3:9)
glorificando a seu pai de maneira que todos vejam e sintam-se envergonhados do
que fazem e, querendo ou não, tenham que glorificar a Deus que demonstrou seu
poder de santificar aqueles que nele cressem (I Pe 2:12).
E é
justamente por causa da visitação do Senhor, já presente nos crentes por serem
a habitação do Espírito (I Co 3:17), o Senhor está perto de todos os
que o invocam (Sl 145:18) mas, também,
por causa do dia em que o Senhor retornará para glorificar os seus – e, embora
muitos julguem demorada, sua volta é iminente (II Pe 3:9).
Mas
uma coisa é certa, a afirmação de que "perto está o Senhor" indica
que a presença espiritual e a volta gloriosa do Senhor Jesus acontecerá.
6
CONFIANÇA
6 Não
andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de
Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
Outro
benefício que desfrutamos ao vivermos no Senhor, e para o Senhor, em comunhão
com o pai, com o filho e com a Igreja do Senhor mediante o Espírito é o fim da
ansiedade. Paulo descreve ansiedade (merimnaw) como um "incômodo
cuidado do que pode vir, sem que se saiba o que ou quando, olhando para
fora". Porque andar ansioso se temos o Senhor como pastor (Sl 23:1) e, se, mesmo que não estejamos
vendo para onde estamos indo, ainda assim devemos ir, por fé (II Co 5:7) confiantes que chegaremos ao
vale verdejante ainda que antes passemos pelo vale sombrio e sem vida (Sl 23:4).
Este
Senhor que sabe por onde e para onde está nos levando diz-nos para não andarmos
ansiosos, pelo contrário, para lançarmos sobre ele a nossa ansiedade (I Pe 5:7). Não apenas as pequenas e
corriqueiras ansiedades, ou, por outro lado, não apenas as grandes e
insolúveis, mas simplesmente todas as
nossas ansiedades, todas as ansiedades de toda e qualquer natureza (paj). Ao invés de guardar a
ansiedade no coração, o que só faz aumentar a própria ansiedade pelo
desconforto que ela causa, devemos coloca-las, como em exposição (gnorizw) diante de Deus.
Paulo
prescreve a maneira correta, que é orar (proseuxh) através das petições, dos
pedidos suplicantes (aithma), como sendo um verdadeiro
indigente, totalmente incapaz e imerecedor. Paulo exclui duas coisas sobre a
maneira de termos nossa ansiedade satisfeita:
i.
A primeira é que não devemos e não podemos nos julgar merecedores da
atenção de Deus, porque, por nossa própria natureza e méritos, não passávamos
de filhos da ira (Ef 2:3), portanto,
sem determinações, exigências, negociações, promessas ou rituais.
ii.
A segunda está na conclusão do verso, em que ele afirma que a
verdadeira confiança em Deus exclui toda a dúvida ou toda a lamentação. Nossas
orações e súplicas devem expressas através de agradecimentos (euxaristia), apenas gratidão no
coração por já ter recebido tudo o que era necessário para uma vida piedosa (II Pe 1:3).
7
PAZ
7 E a
paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa
mente em Cristo Jesus.
Esta
confiança em Deus produz no coração do crente uma segurança e felicidade da
alma em harmonia com Deus, uma paz (eirhnh) que tem origem em Deus,
que é tão grande quanto o amor de Deus, tão permanente quanto o caráter de
Deus, tão superior (uperexw) em autoridade e
hierarquia, acima de todo o bem estar que pode ser possível imaginar.
A
paz de Deus está acima de toda capacidade de compreensão humana simplesmente
porque não sabemos o que é ter paz. Nós somos tão amigos da guerra, da
inimizade, da animosidade que, se morássemos sozinhos, éramos bem capazes de
ainda fugir de casa… o homem está em guerra… guerra consigo mesmo, com seus
anseios, com seus desejos, com suas próprias inconsistências… guerra com o
irmão e com o próximo, guerra para manter o que tem, guerra para obter o que
não tem, guerra para ter o que precisa e para ter o que o outro tem, ainda que
não precise… guerra, principalmente, com Deus – e esta é uma guerra inglória, a
menos que o próprio Deus anuncie que é hora de estabelecer a paz (Ef 2:17).
Esta
paz que o Senhor nos anuncia, num pacto onde ele se coloca como nosso de e
fonte de todas as bênçãos é uma paz que excede a toda e qualquer forma de
percepção ou compreensão, que está além do julgamento intelectual de uma mente
(nouj) que ainda carrega as
marcas do pecado, impedindo-a de ver com clareza as grandezas de Deus.
Mas
isto não será assim pra sempre. As mentes humanas podem ser renovadas (Rm 12:2) e podem começar a perceber as
bondades de Deus expressas em todas as coisas, algo que é impossível para a
mente corrompida do homem sem a renovação do Espírito Santo (Tt 1:15). Esta transformação se
completará no dia do Senhor, quando o propósito (frourew) de Deus se cumprir.
Até
este dia podemos ter certeza que, como um pastor guarda suas ovelhas, como o
guarda cuida da cidade, assim também ele guardará o nosso tesouro depositado em
suas mãos, isto é, a nossa própria vida, toda a nossa vida. É este Deus de paz,
que estabelece e mantem a paz conosco, que diz-nos que ninguém pode
arrebatar-nos de suas mãos (Jo 10:29).
Ele vai guardar a mente, isto é, a maneira de pensar, de interpretar e de tomar
decisões dos cristãos – e não apenas isso, vai guardar também o seu coração,
dando-lhes um novo querer, um novo desejo e uma nova disposição para realizar
coisas novas (Fp 2:13).
Ele
promete guardar o nosso coração, o centro da nossa vida espiritual e física (kardia), todas as nossas disposições,
mas também renovar e fortalecer as percepções mentais (noema), os propósitos a serem
estabelecidos – e este tesouro será guardado em Cristo Jesus. Não há lugar mais
seguro em todo o universo. Qualquer lugar que você pensar pode ser fruto de
roubo, ou de desgaste – mas não quando estiver sob os cuidados do Senhor do
universo (Lc 12.33-34).
8
BOA CONSCIÊNCIA
8
Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o
que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama,
se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso
pensamento.
A caminho da conclusão Paulo
chama a atenção para que, à partir daquele momento, ou tendo como base tudo o
que ele havia dito (loipon) que um crente no Senhor
Jesus tem – alegria, vida justa, confiança em Deus e paz com o Senhor eles
deveriam ter uma vida que se caracterizasse com justeza de medidas, isto é,
tudo o que eles intentassem fazer, já que tinham agora a mente de Cristo (I Co 2:16), deveriam ter como medida a resposta
para as seguintes perguntas:
·
É digno de alguém que ama e é amado (agatoj) por Deus? O cristão
não é um alienado no mundo – sua cidade não é deste mundo (Hb 11:16), entretanto, enquanto aguarda esta nova cidade ele ainda
é responsável por amar ao seu próximo, expressando, assim, o amor de Deus (Tg 2:8), e deve fazer isso com ações
concretas, usando palavras se preciso (I
Jo 3:18);
·
É digno de alguém que ama a verdade (alhkhj) e busca ser
verdadeiro? O homem de Deus, o cidadão dos céus, é alguém para quem a verdade
não é um conceito filosófico abstrato, mas um estilo de vida (Sl 15:2) com aquele que é a própria
verdade (Jo 14:6);
·
É digno de ser honrado (semnoj) e exaltado para a glória do Senhor?
Tudo o que dignifique o testemunho de um crente exalta ao seu Senhor, pois, na
verdade, somos suas testemunhas (Is
43:10) e é através de seu povo que sua vontade e verdade são conhecidas e
proclamadas (Is 43:12).
·
É digno de alguém que ama a justiça (dikaioj), foi justificado e
quer ser justo? O amor a si mesmo, o desejo de ter para si é a causa de muitas
injustiças – mas o amor ao próximo e o amor a Deus é um eficaz antídoto para a
injustiça (Mt 22.37-40). Mas o
crente não deve viver à procura de sua própria glória (Jo 7:18);
·
É digno de alguém que foi lavado e purificado (agnoj) pelo sangue de Jesus
Cristo? Ninguém é puro por si mesmo (Pv
30:12), mas o crente é lavado, é purificado pelo seu Senhor (Sf 3:9) e assim possam agradar a Deus
com seu serviço (Tt 1:15). Eles
agradam porque são purificados servindo, não por alguma eficácia específica de
seu serviço;
·
É digno de receber aprovação por todos (prosfilhj), até mesmo por
inimigos do evangelho? As obras dos crentes não buscam a aprovação dos homens –
mas eles as verão, e, por verem tais obras, serão envergonhados em seu fútil
procedimento (I Pe 1:18) ao mesmo
tempo que terão que glorificar ao Senhor por sua justiça e por seu poder
manifesto na vida dos seus santos (Mt
5:16);
·
É digno de ser feito e proclamado por todos (oufhmoj), sem trazer
vergonha para o evangelho ou para os que creem no Senhor? Os filhos das trevas
fazem suas obras na escuridão (Jo 3:20),
mas não é assim com os filhos da luz, cujas obras devem ser praticadas à vista
de todos, para que todos vejam e glorifiquem ao Senhor (Lc 12:3).
O
crente no Senhor, com a mente renovada em Cristo, vai buscar fazer o mesmo que
seu Senhor fez – andar por toda parte fazendo o bem (At 10:38) e amando como ele amou (Jo 13:34), tendo uma vida virtuosa (areth) e que resulte em louvor (epainoj) ao Senhor (Cl 3.23-24).
A
mente renovada em Cristo tem estas coisas em seus pensamentos, em suas
deliberações, orientando suas decisões (logizomai). Não é uma questão de
sentimentos ou impressões apenas, mas de uma decisão tomada à partir da nova
forma de pensar que toma conta do coração e mente do cristão (logizomai).
9
TESTEMUNHO
9 O
que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso
praticai; e o Deus da paz será convosco.
Depois
de tudo isto, é possível perguntar: e daí? E daí que não há mais desculpas para
agir diferente. Aquele que sabe o que deve fazer, e não faz, peca por
desobediência e negligência, por rebeldia (Tg
4:17).
Não
se trata de um mero aprendizado intelectual, mas de um aprendizado usual,
prático (manqanw), repetitivo, como aprender
a dirigir. Quando estamos aprendendo olhamos para onde está a alavanca das
marchas, pensamos em como colocar uma marcha – direita, acima, abaixo, etc… (de
vez em quando esquecemos de pôr o pé na embreagem) mas, depois de alguns
milhares de kms a mão desce diretamente até a alavanca, as marchas são passadas
uma a uma sem dificuldade ou raciocínios conscientes… assim também é o estilo
de vida que Paulo espera dos filipenses: que eles continuem a viver para glória
de Deus, em comunhão, alegremente, moderada e confiantemente, em paz com Deus e
tendo a mente purificada.
Aprender
é interiorizar, é tornar parte de si mesmo aquilo que lhe foi ministrado. E
Paulo afirma que os colossenses já haviam aprendido. Não era para ser como
muitos que nunca aprendem com este sentido, porque sabem, possuem conhecimento mas não há qualquer influência em sua
vida, na prática (II Tm 3:7).
Os
filipenses receberam o evangelho para pertencerem ao evangelho, receberam-no
para tornarem-se parte dele (paralambanw). Eles receberam o
evangelho (Mt 10:40) – eles
verdadeiramente receberam o Senhor que é, também ele, a boa nova de salvação.
Receberam o presente de Deus (Jo 1:12)
e agora este presente é a norma de suas vidas.
Ninguém
pode receber a Cristo apenas intelectualmente – porque é impossível segui-lo
sem carregar a sua cruz (Lc 9:23).
Paulo
ainda lhes diz que eles ouviram com entendimento – não se trata apenas de uso
da faculdade auditiva, mas que eles ouviram (akouw) atentamente, buscando
compreender as razões e, também, as implicações do que Paulo lhes ensinava – e
o próprio Paulo foi um modelo posto diante de seus olhos, na prisão ou nas
casas. Eles tiveram a oportunidade de examinar por si mesmos, eles viram (eidw) na vida do apóstolo, os
efeitos da fé em Cristo Jesus.
E
para que tudo isto? Para praticar. Aprender por aprender, ouvir por ouvir, ver
por ver não os levaria a lugar algum, não lhes traria benefício algum. É como
aprender sobre todas as técnicas sobre natação e nunca nadar – quando o navio
afundar, afunda-se junto. Também não basta nadar apenas um pouquinho, tem que
nadar até o resgate chegar (prassw). A fé cristã não é um
amontoado de teses, teorias e doutrinas. A fé cristã é uma força para a vida,
para esta vida e para a eternidade. É a atuação do Espírito que vivifica no
coração de mortos que se tornam praticantes da verdade, da justiça, do amor e
de todo o fruto do Espírito (Gl 5. 22-23).
O
que ganhamos com tudo isto? É muito bom saber vai dormir em segurança. Saber
que não será perturbado bom assaltantes nem por situações inconvenientes. Mas
mesmo os mais rígidos sistemas de segurança falham – e ninguém está em plena
paz dependendo de coisas que homens podem criar porque o que os homens podem
criar eles, eventualmente, podem destruir. Sua família lhe dá segurança? Ela
pode ser destruída. Suas propriedades lhe dão alguma sensação de segurança? Elas
podem ser perdidas. Seu patrimônio lhe faz sentir seguro? Uma simples canetada
de um governante pode te tirar tudo, ou a invasão de um ladrão. Sua saúde, seu
corpo lhe dão a sensação de força e poder? A pergunta é: até quando? Força e
beleza não duram para sempre – e depois, como será?
É
bom repetir: o que ganhamos com tudo isto? Simplesmente teremos o Deus todo
poderoso nos guardando, ele próprio nos dará a felicidade da alma, nos encherá
o coração da certeza de seu gracioso cuidado. Você quer mais que isso?
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