quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

P. 102. PELO QUE ORAMOS NA SEGUNDA PETIÇÃO

R. Na segunda petição, que é: "Venha o Teu reino", pedimos que o reino de Satanás seja destruído e que o reino da graça seja adiantado; que nós e os outros a ele sejamos guiados e nele guardados, e que cedo venha o reino da glória.
Sl 68.1; Jo 12.31; Mt 9.37-38; 2Ts 3.1; Rm 10.1; Ap 22.20
Se a tarefa primordial do crente é santificar o nome do Senhor, isto é, como seu embaixador, honrá-lo em terra estranha, em reino que não é o seu, onde habita sem, no entanto, ser seu morador permanente (Hb 13.14 - Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir) ele, ao mesmo tempo, não está contente com este reino, não o ama (I Jo 2.15 - Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele), não pertence a ele e almeja outro reino que já começou a ser instaurado (Jo 18.36 - Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui).

EMBAIXADORES EM TERRITÓRIO HOSTIL

Como Josué e os espias, o crente está em território hostil – mas não deve ser hostil para com os homens naturais. Como Josué e Calebe ganharam a Raabe, ou como Paulo, deve tudo fazer para ganhar alguns para o reino de Cristo (I Co 9.22 - Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns).
Como soldados em batalha não devem se envolver em negócios deste mundo como se este mundo fosse duradouro (II Tm 2.4 - Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou), embora se utilizando dos tesouros deste mundo para fazer o que é bom e justo (Lc 16.9 - E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos).

UM REINO JÁ E AINDA NÃO

Nossa oração é para que o reino de Deus venha, num reconhecimento de que ele ainda não está totalmente instaurado, nem mesmo em nós (Lc 17.21 - Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós). Parece contraditório ver Jesus falar que o reino de Deus é chegado (Mt 12.28 - Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós) mas que ainda está próximo (Mc 1.15 - …dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho).
Entretanto, não há nenhum problema em entendermos isto do ponto de vista inaugural e profético. Como a luz da aurora indica que a noite terminou (Pv 4:18 - Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito), assim também a vinda de Cristo indica que o reino de Deus já chegou.
Entretanto, podemos dizer que o reino ainda não está completamente instaurado pois o Senhor ainda tem eleitos que deseja ver entrar em seu reino (Mt 28.19-20 - Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século) e aguarda o tempo determinado por sua exclusiva vontade e autoridade (At 1.7 - Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade) quando o último dos eleitos conheça a Jesus e seja salvo de seus pecados (II Pe 3.9 - Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento) e a alegria de Cristo em ver sua obra completada em seus efeitos seja plena (Is 53.11 - Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si).

VIVENDO NO MUNDO, ALMEJANDO O REINO

Jesus conta várias parábolas sobre o reino de Deus, e em todas elas um fator se faz presente: ele começa pequeno, aparentemente insignificante (Mt 4:19 - E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens) que vai crescendo rapidamente (At 2.46-47 - Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos).
Assim, cremos que o reino de Deus já está instalado entre nós, embora ainda devamos orar para que ele chegue à completitude. Para isso não podemos deixar de semeá-lo, de expandi-lo com nossa fidelidade, buscando, nós mesmos, cumprir a sua vontade (Hb 10.9 - então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo).
Jesus afirma que o reino dos céus é chegado com sua presença e poder (Lc 11.20 - Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente, é chegado o reino de Deus sobre vós) e, também, com a pregação do evangelho (Mt 24:14 - E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim) e consequente interiorização deste reino (Rm 14:17 - Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo). O reino não é um estado político, mas a habitação do Espírito nos crentes (Lc 17:21 - Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós).

VIVENDO COMO CIDADÃOS DO REINO

A oração do crente deve ser no sentido de usufruir do reino celeste – já, aqui, embora não podendo fazer isso em sua plenitude, porque ainda há coisas que não aconteceram porque assim é da vontade do Pai. Erra quem vive como se o reino de Deus fosse uma coisa utópica, num futuro longínquo ou simplesmente a interrupção brusca da história. Ele já chegou como atestam as palavras de Jesus. Erra, também, quem acredita que o reino de Deus pode ser experimentado antes do dia final. A atitude cristã correta é ser cristão, discípulo de Cristo e se embaixador mesmo no meio de uma geração que nada quer com o criador (Jo 17:15 - Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal), conhecendo a sua vontade e praticando-a (Mt 5:16 - Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus), testemunhando ao mundo que é possível viver como cidadão do reino mesmo em terras inimigas.

A IGREJA: EMBAIXADAS DO REINO

É verdade que os cristãos não dispõem de um território como um país, mas, como povo (Tt 2.14 - …o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras) dispõem das embaixadas que servem de abrigo para os que estão espalhados entre as nações (Ap 7.9 - Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos). Estas embaixadas são as Igrejas onde os filhos de Deus se congregam (Hb 10.25 - Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima) como parte de um ministério inexistente nas nações mundanas (II Co 5.18 - Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação).
A Igreja fiel é, então, a principal demonstração da presença do reino de Deus já presente neste mundo, onde suas leis podem ser lidas e obedecidas (Cl 4.16 - E, uma vez lida esta epístola perante vós, providenciai por que seja também lida na igreja dos laodicenses[1]; e a dos de Laodicéia, lede-a igualmente perante vós).

O FIM DO IMPÉRIO DAS TREVAS

Desejar o reino de Deus significa, também, ver satanás destronado de seu governo sobre parte da humanidade e sobre o sistema que rege este mundo. Satanás é o dominador por usurpação, contra o qual estamos postos (Ef 6:12- …porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes).
O contrate que temos diante de nós é o de um império de trevas e um reino de amor (Cl 1.13 - Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor). Amar o "mundo" é servir ao seu regente (Jo 8:44 - Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira), deixar de amá-lo será visto por ele como traição (I Jo 2.15 - Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele).

DESTRONADO E ENCARCERADO: A CRIAÇÃO REDIMIDA

Mas, no fim, seu reino será destruído, seu império arrasado, ele próprio encarcerado e flagelado (Mt 25:41 - Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos) e os filhos de Deus herdarão o mundo (Sl 37:29 - Os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre) – um mundo que, hoje, geme aguardando a sua restauração (Rm 8.19-22 - A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora).



[1] A carta paulina perdida, apostólica sim, mas não canônica.

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