Certo filósofo certa vez afirmou que a morte de um
ser humano não é apenas uma perda para os familiares e amigos, mas é a
diminuição da humanidade e, por conseguinte, da sua própria humanidade.
Foi-me concedido conviver com a Srª. Deselina em
diversas ocasiões em trabalhos da Sociedade Auxiliadora Feminina, e, por menos
de um ano, como seu pastor. Ovelha que não deu trabalho, trabalhadora
incansável e, já enferma, sonhando e trabalhando pelo desenvolvimento do trabalho
feminino entre as mulheres presbiterianas. Lembro com clareza da sua última
exortação, como presidente da federação, as mulheres de Ourilândia e Tucumã:
"Há muito para ser feito, e nós não podemos deixar de fazer nossa parte,
cada uma fazendo um pouquinho, com firmeza, e teremos um grande trabalho
realizado". Agora, a lutadora descansou. Até o último momento sonhando com
permanecer entre nós para trabalhar para o Senhor. Lutou árdua e bravamente
parra permanecer como canal de benção para os demais servos de Deus – dias
árduos, de luta, aprendizado e principalmente, confiança em Deus.
Perde a Igreja Presbiteriana do Brasil – perde a Igreja
Presbiteriana em Xinguara. Perde a família "de Paula". Perde, por
conseguinte, a nossa humanidade. Descansou, Deselina... aquela que parecia
incansável, agora descansa no seio do Pai. Foi chamada pelo Senhor através de
uma enfermidade que venceu seu corpo, mas não dobrou seu Espírito.
Sua morte, embora deixando um vazio e a dor da
saudade no coração dos que a conheceram e amaram, não deve ser motivo de
tristeza para nós, pois a nossa esperança não se limita apenas a esta vida (I Co 5.19).
Entre nós ficam a mãe, irmãos, filho e demais
familiares e amigos. Ficam sem seu labor, sem sua atividade incessante. Mas
lembremos – para ela foi a realização da jornada mais desejada, a realização da
bem-aventurança eterna, pois estar com Cristo é incomparavelmente melhor (Fp 1.23).
Recordo-me de nossa última grande conversa, 50
minutos, por telefone. Sua voz fraca e ao mesmo tempo suas palavras fortes e
confiantes: "Sei que Jesus morreu por mim, não tenho medo, sei que ele me
toma em seus braços e posso confiar tranquilamente".
Mulher
aguerrida, que sabia lutar pelo que queria, mas que só encontrou a vitória real
quando se rendeu ao rei dos reis, senhor dos senhores, Jesus, com quem se
encontra agora.
Não pretendemos lembrar de Deselina como uma mulher
perfeita – sua família, seus irmãos em Cristo e seus amigos sabem que ela não
foi e se entristeceria se tivesse ciência de que assim o fizéssemos. Mas
lembremo-nos que ela tomou a atitude correta: ela colocou-se aos pés do Senhor
Jesus, reconhecendo-o como seu Senhor e salvador, e recebeu como presente de
Deus a vida eterna. Aos que ficam, amigos, irmãos, familiares, trago palavras não
de lamento, mas de certeza da vitória alcançada. Diz-nos as Escrituras:
"preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos" [Sl
116.15]. Que, como pediu Paulo aos Coríntios [I Co 1.11], seu exemplo
seja imitado no que ela imitou a Cristo.
Justificada
em Cristo, santificada pela fé, glorificada por nele crer. Até breve, não resta
mais lutas, agora, apenas e eternamente, a felicidade eterna. Foi promovida à
eternidade a serva que, hoje, ouviu do Senhor as doces palavras: "Vinde,
benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo" (Mt 25.34).
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