quinta-feira, 28 de agosto de 2014

SÉRIE PERSONAGENS: ANA, DE AMARGURADA A ABENÇOADA

Recentemente publicamos lições que se referiram a mulheres da Bíblia – Noemi e Rute, que fazem parte da linhagem davídica, da tribo de Judá. Agora vamos conhecer uma terceira mulher, Ana, cujo nome significa "graça", sendo parte da linhagem sacerdotal, levítica. Embora não tenham se conhecido, elas viveram num período próximo, e suas histórias convergiam para que seus descendentes fossem de grande importância na vida um do outro – Samuel e Davi. O descendente de Rute consolidaria o período dos reis, enquanto o de Ana faria a transição entre os juízes e os reis. Ana é, sem dúvida, uma das muitas mulheres que merecem o epíteto de "mulher virtuosa" da Bíblia. Viveu por volta da segunda metade do séc. XII a.C. na cidade de Ramá, a 18km de Siló, nas proximidades de Betel.
Mas, mesmo sendo uma mulher virtuosa, Ana era, provavelmente, como muitas pessoas que conhecemos: possuem quase tudo o que poderiam desejar para a felicidade e se apegam ao que não tem para se fazerem infelizes: cônjuge amoroso – mas que sabia mas não entendia a razão de sua angústia, boas condições financeiras, com casa, comida, roupas, segurança (I Sm 1.24). Ficava especialmente afligida todo ano quando iam a Siló, para adorar o Senhor. A tristeza de Ana era aumentada pelo fato de que, embora seu marido a amasse, ele havia tomado outra esposa e com ela havia tido filhos e filhas (I Sm 1:4).
Penina sabia que Elcana amava Ana (I Sm 1:5 - A Ana, porém, dava porção dupla, porque ele a amava, ainda mesmo que o SENHOR a houvesse deixado estéril) e que se casara com ela para garantir que possuiria filhos, e, por isso, vingava-se irritando-a com a sua desdita (I Sm 1:6), tida como maldição entre os hebreus antigos, havendo, inclusive, uma tradição que permitia o divórcio caso a mulher não concebesse ao cabo de 10 anos.
Não sabemos depois de quantos anos de casamento, mas alguns já se haviam passado (I Sm 1.7) e a dor de Ana crescia a ponto de, além de não comer, sentir-se verdadeiramente desesperada e procurar auxílio onde ela sabia que poderia encontrar – no Senhor (Sl 113.9).
Na sua amargura Ana orou ao Senhor e chorou abundantemente (I Sm 1.10). Como a oração era em lugar público, com o passar do tempo ela acabou sendo notada pelo sacerdote Eli, que sem querer, faz com que aquela mulher temente a Deus, de coração dedicado ao Senhor sofra mais uma agressão, tendo-a por embriagada (I Sm 1.14).
Em nossos dias isso daria afastamento da Igreja, ou denúncia eclesiástica, danos morais, muito falatório e queixumes – mas não seria essa a atitude de Ana, da crente Ana. Ela, ofendida, manteve-se equilibrada, buscou não a reparação mas o conserto (Mt 18:15), esclareceu devidamente a situação (I Sm 1.15-16) e acabou abençoada (I Sm 1.17).
Ana nos é apresentada como exemplo de resiliência no sofrimento, humildade diante de Deus e equilíbrio diante da ofensa.
Mas não é apenas isso. No dia seguinte retornam para Ramá, bem perto de Siló, e, após algumas horas de viagem, Ana, Elcana, Penina e os filhos voltaram para casa. Elcana coabitou com Ana e ela ficou grávida (I Sm 1.19-20), dando ao menino o nome de Samuel (o Senhor ouve).
Elcana não se opõe a consagração do menino, algo normal entre os levitas, especialmente pelo fato de que Samuel não era seu primogênito, nem ele poderia favorece-lo por mais que amasse Ana (Dt 21.15-16). Samuel receberia educação especial, como nazireu, sendo colocado a serviço no templo quando fosse desmamado – e foi entregue com no mínimo dois, mas, mais provavelmente 3 anos (I Sm 1.24).
Pode nos parecer estranho e desumano, mas Samuel fora pedido para ser dado, veio para ser entregue, e isso agradou ao Senhor. O pedido de Ana fora feito com a promessa de que Samuel seria do Senhor – e o mesmo Senhor que ouve e atende também ouve e cobra (Jó 22:27). Precisamos entender que Deus nunca nos dá algo que não possamos lhe dar de volta. Qualquer coisa que consideremos nosso e que neguemos ao Senhor torna-se objeto de idolatria no coração, ocupará o lugar de Deus em nossos sentimentos. Nada é mais importante do que Deus (Jó 1:21).
Isso é uma preciosa lição para nossa geração não aprendeu a cumprir seus compromissos, especialmente os compromissos eclesiásticos e espirituais.
Mesmo depois de ter cumprido a sua promessa de entrega-lo, e, ainda mais, depois de ter tido mais outros filhos (I Sm 2.21) na continuou a contribuir para o bem estar do menino (I Sm 2.19).
Concluímos destacando três atitudes de Ana que devem ser imitadas pelos crentes de todos os tempos, e em todos os lugares.
FIDELIDADE
O que Ana prometeu, ela cumpriu (I Sm 1.25). Tendo, agora, apenas um filho, entregou tudo o que tinha. Nada reteve para si além da plena benção da realização de seu maior desejo. Ela queria ser mãe, se tornara mãe. Estava livre das chacotas de Penina, podia experimentar o amor de seu marido sem a amargura que lhe corroía a alma (I Sm 2.20). Observe que Penina não é mais mencionada e a benção é dada ao casal, e não apenas a Ana. Isto é importante porque Elcana também se afligia com sua dor (I Sm 1. 8).
TESTEMUNHO
Ana não apenas entregou o menino, mas fez questão de, anos depois (no mínimo dois), ao entregá-lo faz questão de lembrar ao homem de Deus que aquele menino é resposta de oração, é fruto da sua súplica perante o Senhor e compartilha que a benção dada por intermédio Eli de fato se tornou uma realidade – e ali estava a prova, literalmente, o testemunho vivo de uma benção tão ardentemente suplicada (I Sm 1.26-28)
LOUVOR

Sua fidelidade e testemunho, sua abnegação ao entregar o único filho (até então, e ela não tinha garantias de que teria outros – e só os teve depois de cumprir o prometido) resulta num alegre cântico de louvor ao Senhor (I Sm 2.1-2). Deus transformou o desprezo que a angustiava em louvor pelas bênçãos derramadas.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

PARA MELHOR CULTUARMOS A DEUS

O que você vai ler agora não é o que que muitos chamam de "lei de crente". Ele não tem por objetivo proibir nada. Não é o "Manual de Culto da Igreja Presbiteriana em Xinguara". Pelo contrário. Queremos que todos aproveitem ao máximo as orientações, e, assim, possam participar do culto ao Senhor sem quaisquer tipos de constrangimentos – à vontade e em espírito e em verdade.
Antes de prosseguir, porém, é preciso que estabeleçamos que a nossa orientação básica provém da Palavra de Deus, em textos como Jo 4.23-34 (Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade) e Sl 119.4 (Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca). Para melhor cultuarmos a Deus devemos pensar em
ANTES
Prepare-se em casa, tome cuidado para que todos os tipos de contratempos sejam evitados. Cuidado com a TV, telefone, seja precavido e comece a preparar-se com tempo suficiente para eventuais atrasos - se eles não ocorrerem você ganha tempo para confraternizar com os irmãos antes do culto. Evite as causas de irritações, correrias e reclamações que geralmente ocorrem quando estamos com pressa.
Invista um pouco do seu tempo pensando no que vai vestir para o culto. Isto evita dois problemas: a correria de última hora, as mudanças por algum motivo - um botão, uma mancha e, também evita o uso de roupas inconvenientes ou desconfortáveis. Vista-se de maneira adequada, sóbria, respeitosa e saia já no espírito de adoração, orando pelo culto. Lembre-se que o culto não é um desfile de moda, adereços ou atributos físicos.
Ao chegar estacione o carro com cuidado, em lugar seguro ou coloque a moto no pátio, guarde ou trave o capacete, desligue o celular (ou coloque no modo silencioso se houver uma real necessidade - e nada de joguinhos, mensageiros, comunidades, postagens - se você tem um smartphone, use-o, no máximo para gravar, fotografar - mas jamais para fins inapropriados durante o culto) e jogue fora a goma de mascar - nos vasilhames apropriados.
DURANTE
Entre na Igreja antes do início do culto, buscando comunhão com o Senhor no silêncio e na oração, intercedendo pelos dirigentes, pregador, cantores, músicos e, especialmente, pelos adoradores e visitantes. Participe ativamente dos atos do culto, honrando e glorificando a Deus com cânticos, leitura da Palavra, orações e ações de graças.
Evite ruídos e movimentos que perturbem os atos de culto ou prejudiquem a edificação do povo de Deus. Não mude de lugar ou saia durante o culto, exceto por motivo real e inadiável.
 Se você não conseguiu chegar mais cedo para conversar com os irmãos, deixe para fazê-lo após o culto. Conversar durante o culto é não apenas deselegante como irreverente - embora não tenhamos mais a noção de templo como um lugar, ao mesmo tempo cremos que o Senhor está presente no meio do seu povo, e, se realmente cremos que ele está presente, é dele que deve ser toda a nossa atenção. Lembranças específicas: CASAIS, lembrem-se que é hora de culto e não de namoro. CRIANÇAS, fiquem com seus pais e PAIS mostrem a seus filhos como se procede na casa de Deus.
DEPOIS
Após o culto, nos momentos de confraternização, expresse aquilo "do que está cheio o coração" (Lc 6.45). Falar mal de irmãos? Ou criticar o pregador, o dirigente da liturgia ou os músicos?
Que tal fazer aquele comentário abençoado que desejava fazer durante a pregação quando sentiu-se tocado? Ou então expressar admiração e louvor ao Deus que adoramos, gratidão pelas bênçãos recebidas, o prazer de conviver com a família da fé, o partilhar amizade com os visitantes que estiverem conosco no culto?
Também é útil identificar os visitantes, fazê-los saber da sua alegria por tê-los em nossa casa, que é casa de oração ao Senhor e que, pela graça de Deus, também pode vir a ser a casa daqueles que nos visitam - e que muitas vezes ficam menos tempo após o culto que os membros mais antigos. Divida seu tempo - um para os visitantes e amigos e depois para os irmãos em Cristo.

Cuidemos, pois, para que a nossa atitude seja expressão do culto que prestamos ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Afinal, somos nós o "templo do Espírito" (I Co 6.19).

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

SÉRIE PERSONAGENS - RUTE, A COMPANHIA QUE SE ABRIGOU AOS PÉS DO SENHOR

SÉRIE PERSONAGENS: RUTE

A história de Rute (re’üth - companhia feminina, companheira) está ambientada no período dos Juízes, aproximadamente 1200 anos antes de Cristo, mais ou menos nos dias do sacerdote Eli. Nos escritos judaicos é dito que Rute era uma princesa moabita imbuída de elevados ideais, não estava satisfeita com a idolatria de seu próprio povo e quando chegou a oportunidade, abriu mão do privilégio da realeza em sua terra, aceitando uma vida de pobreza entre um povo que ela admirava.
É uma história que começa errado, com desobediências, e termina de uma maneira maravilhosa por causa da graça de Deus.
Israel enfrentava uma crise causada pela opressão cananéia, com pouca produção de alimentos e o que ainda era produzido era, muitas vezes, objeto de saque. Na tentativa de fugir ao juízo de Deus sobre a desobediência do povo (Jz 3:7). Elimeleque, um homem de Belém (o mishnáh diz que ele era um rico mercador), cujo nome significa Deus é meu rei (o que parece uma evidente ironia pois ele não demonstra preocupação alguma com a vontade de Deus), tomou sua mulher, Noemi e seus filhos Malom e Quiliom (cujos nomes são cananeus, significando, respectivamente, fraqueza, doença e definhamento, tristeza porque provavelmente nasceram no tempo de provação, de fome em Belém - seus nomes também demonstram a forte influência que o relacionamento com os povos estrangeiros exercia sobre o povo de Deus).
Elimeleque é um retrato fiel de Israel - um povo que fazia o que bem lhe parecia (Jz 21:25). E sem querer, ele também acaba tipificando Israel como agente do mandato de Deus - seu relacionamento com os cananeus resultam em morte para ele e seus filhos, rejeição por parte das nações e, eventualmente, a conversão de um incrédulo.
UMA SÁBIA ESCOLHA
Após a morte de seu marido (Malom) Rute foi orientada por Noemi a retornar para sua família porque seria impossível ela herdar os bens da família uma vez que não havia como cumprir o levirato (um irmão do morto tomava a viúva como sua esposa, e o filho deste costume era considerado filho do morto). Quando ouve a insistente orientação para retornar para os seus (Rt 1.8) Rute responde junto com a outra viúva cananéia que não voltariam (Rt 1.10), mas, mesmo depois que Orfa muda de idéia (Rt 1.14), ela permanece firme (Rt 1.16-17).
A história de Rute mostra que Deus é poderoso e misericordioso, transformando o mal em bem, como fez com José (Gn 50:20). Aparentemente o tempo da crise já havia passado, e Noemi e Rute retornam a Belém no tempo da sega da cevada (Rt 1.22).
Apesar do uso que é feito do verso 17 (em declarações de amor, noivados e casamentos) ali temos o relato de uma conversão ou de uma profissão de fé: o ponto fundamental é: o teu povo e o meu povo e o teu Deus é o meu Deus. Ela não declara que será uma hebréia, mas que já se sente uma, já se sente parte do povo de Deus com todas as implicações que isso pode ter. Por isso para ela é impossível voltar para Moabe, seu estilo de vida e seus ídolos, assim como é impossível a um verdadeiro convertido voltar à uma vida de pecados (I Jo 3.6). Orfa pôde voltar para Moabe porque não fora, realmente, convertida - ela escolhe o caminho que lhe era mais fácil temendo a rejeição dos israelitas. Fora casada com um hebreu, mas não convertida (II Pe 2.22). Houve mudança em seu estado civil, mas não em seu coração.
Rute e Noemi viviam uma situação precária - não podiam requerer as terras pertencentes a Elimeleque. Noemi tinha receio de que Rute, sendo moabita, sofresse alguma forma de rejeição em virtude da ordem para não tomar esposa entre os povos da terra (Dt 23.3), especialmente amonitas e moabitas, filhos de Ló, o que, talvez, explique a sua insistência para que elas não a acompanhassem (Ex 34.15-16).
UMA DISPOSIÇÃO HUMILDE
Certamente Rute havia tomado conhecimento dos dispositivos da lei que permitiam aos estrangeiros, órfãos e viúvas colherem os grãos que caíam dos feixes juntados pelos trabalhadores (Lv 19.9-10) e, ainda, os cantos dos campos, próximos aos caminhos (Lv 23.22), o que explica o fato de Jesus colher trigo nos campos e não poder ser acusado de furto (Lc 6:1).
Todavia, este era o período dos juízes - cada um fazia o que bem lhe parecia e provavelmente alguns preferiam aumentar a renda do que atender ao mandato do Senhor (nada muito diferente de trabalhar demais, ou usar o dia do Senhor para interesses pecuniários e não repouso ou exercícios devocionais).
Este dispositivo se aplicava a qualquer tipo de colheita (Dt 24:19-21).
Rute demonstra alguma preocupação em relação a isto, a ponto de deixar escapar a expectativa de não poder rebuscar (Rt 2.2).
A PROVIDÊNCIA DIVINA
Deus demonstra a sua providência de uma maneira geral (Mt 5:45 - para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos) mas o faz de maneira particular na vida dos seus eleitos. Desta maneira, procurando rebuscar nos campos em colheita Rute acaba indo colher nas terras de Boaz, membro da mesma família que Malom (Rt 2.3 - Ela se foi, chegou ao campo e apanhava após os segadores; por casualidade entrou na parte que pertencia a Boaz, o qual era da família de Elimeleque).
Por alguma razão Boaz identifica, em meio aos segadores, aquela jovem - Belém era uma pequena aldeia, habitada por basicamente uma família, logo, qualquer pessoa estranha seria percebida facilmente. Inquirindo aos seus ceifeiros sobre quem era ela, recebe como resposta que era uma estrangeira, ao mesmo tempo sua aparentada e muito esforçada (Rt 2.6-7).
Boaz procura saber mais sobre Rute (Rt 2.11) e, com o intento de atender às necessidades de suas parentes, Boaz vai até Rute e lhe dá permissão para colher quanto necessitasse e não apenas recolher as sobras, como era comum. Também lhe permite beber água junto com os trabalhadores (Rt 2.8-9).
De uma maneira discreta Rute pede que Boaz a tome por serva (Rt 2.13 - Disse ela: Tu me favoreces muito, senhor meu, pois me consolaste e falaste ao coração de tua serva, não sendo eu nem ainda como uma das tuas servas) e é tratada como alguém da família (Rt 2.14 - À hora de comer, Boaz lhe disse: Achega-te para aqui, e come do pão, e molha no vinho o teu bocado. Ela se assentou ao lado dos segadores, e ele lhe deu grãos tostados de cereais; ela comeu e se fartou, e ainda lhe sobejou) dispondo para que ela pudesse ter com fartura para atender a Noemi.
SABEDORIA PARA ACEITAR CONSELHOS
Surpresa com a eficiência de Rute, que chegou em casa com aproximadamente 22lt de cevada, Noemi procura saber quem é o proprietário da terra onde Rute colheu, e, ao descobrir que é Boaz, identifica-o como homem de bom coração e um dos parentes com direito a tomar posse das terras de Elimeleque (Rt 2.20).
Noemi percebe que a boa vontade de Boaz poderia, também, tornar-se em benção para o que ainda restava de sua família. O marido de Rute fora o filho primogênito de Elimeleque - tendo, portanto, o direito de herança. Morto ele, um parente chegado poderia tomar Rute por esposa e assim ela e Noemi teriam a propriedade como fonte de renda.
SOB A ALIANÇA PROVIDENCIAL
Noemi resolveu fazer uso da lei do levirato (Dt 25.5-6) e instrui Rute sobre o que fazer (Rt 3.1-4). Era uma atitude ousada e corajosa, de pedir proteção legal a Boaz, mas ao mesmo tempo muito arriscada, pois se ela fosse surpreendida por um servo poderia ser tida como uma aventureira ou prostituta.
Ao acordar, e ser advertido sobre seus deveres (Rt 3:9) Boaz entendeu claramente a mensagem: alguém tinha que ser o resgatador de Rute e Noemi, mas a família estava deixando de cumprir este papel social. Ele aceita a atitude de Rute como uma repreensão velada (Rt 3.10) e, em virtude do bom testemunho dela, resolve agir para resolver o problema (Rt 3.11), aparentemente desejando ser o resgatador mas sabendo que a lei precisa ser cumprida e que nao era dele a prioridade (Rt 3.12).
HONRADA ENTRE OS SEUS
Ao amanhecer Boaz toma providências, convida os anciãos belemitas para uma reunião pública no “fórum” da época (Rt 4.1-2) para resolver a questão da posse da propriedade de Noemi, bem como o levirato de  Malom. O belemita se interessa pela propriedade, mas ao ser informado do levirato preferiu abrir mão (Rt 4.6). A maneira como ele responde não deixa claro se a questão era uma divisão posterior de herança ou se relacionava às mulheres - Rute e a sua esposa.
Então Boaz recebe o direito de efetuar a compra da herança - pagando-o a Noemi e casando-se com Rute o valor dispendido ficava sob sua guarda (Rt 4.9-10). É um curioso caso de casamento sem noiva que dá certo.
Rute gerou um filho, que foi considerado filho de Noemi, a quem deram o nome de Obede (Rt 4.17).

 LIÇÕES PRECIOSAS
Elimeleque buscou descanso e prosperidade longe de Deus - encontrou a morte (Pv 14:12);
Rute buscou amparo no meio do povo de Deus - e encontrou descanso e amparo (Mt 11:28).
Noemi saiu feliz de casa, com família e bens (Lc 15.13);
Noemi voltou carente e o povo não lhe deu hospitalidade, como o filho pródigo (Lc 15.28);
Rute e Noemi precisaram de um resgatador (Rm 3:25).
RUTE, UM EXEMPLO A SER SEGUIDO
Uma mulher segundo o coração de Deus:
· Devotada ao seu esposo (Rt 1.8: 8 - ...disse-lhes Noemi: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o SENHOR use convosco de benevolência, como vós usastes com os que morreram e comigo);
· Devotada à sua família (Rt 1.16 - Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus);
· Devotada a Deus (Rt 1.17 - Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti).
Lembremos que não foi a disposição de Elimeleque ou de Malom que tornaram Rute uma benção - mas a graça de Deus em fazer uma moabita uma crente devotada.

EDIFIQUE A SUA IGREJA

Nos quatro últimos boletins da IPB em Xinguara falamos sobre o dever de cada cristão de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para não destruir a própria Igreja. Já nos basta enfrentar o mundo e os ataques de satanás para, ainda, termos que lutar entre nós numa batalha inglória, pois só resulta em dores para o corpo de Cristo (Gl 5.15).
Como fazer, então, para ser agente de edificação da própria Igreja? A resposta passa por alguns passos. Vamos ao primeiro deles:
ENTENDA O QUE É IGREJA
Tenho conhecimento de que grande parte dos problemas enfrentados por igrejas se dá porque muitos cristãos não entenderam corretamente o conceito de Igreja. Lamentavelmente sempre há aqueles que entendem a igreja como uma instituição - uma organização eclesiástica dependente ou não de outras organizações eclesiásticas. E, em organizações invariavelmente há uma forma de organização. Sei que fui redundante, mas é isso mesmo: toda instituição necessita ter alguma forma de estrutura hierárquica - e onde esta estrutura se faz presente, logo o vírus primum peccatum se faz presente: o desejo de ser como Deus. De exercer domínio e controle além do que foi outorgado pelo Senhor.
O que é, então, a Igreja? Se ela não é a organização, ela também não é o prédio onde as pessoas se reúnem, e pelo qual também já houve, há e haverá, lamentavelmente, tantas disputas em tribunais dentro e fora da Igreja. A igreja não é composta de propriedades, mas é, ela própria, propriedade exclusiva do Senhor Jesus (Tt 2.14).
Não repetirei a pergunta, apenas direi que a Igreja é a comunidade daqueles que foram eleitos por Deus, que eram inimigos de Deus, estranhos às promessas (Ef 2.12), que viviam sem Deus no mundo mas foram escolhidos pela boa vontade de Deus para serem retirados do império das trevas e transportados para o reino do filho do seu amor (Cl 1.13).
A Igreja é composta de pessoas. A Igreja é formada de homens e mulheres que creram no Senhor Jesus e decidiram entregar a sua vida em plena confiança. Como fazer, então, para edificar a sua Igreja?
Você só conseguirá edificar a sua Igreja se você for, realmente, edificado como Igreja. Se você estiver, realmente, ligado à videira não lhe faltará vitalidade para ser uma benção, um agente de edificação na Igreja do Senhor Jesus da qual você é uma parte importante - importante a ponto de Jesus morrer por você, embora você não tenha feito nada para merecer e não possa fazer nada para retribuir.
Porém, é necessário destacar que há um grande perigo aqui: é o de orgulhar-se de ser Igreja. É verdade que é uma grande benção ser parte do corpo de Cristo, ser Igreja do Senhor - porém, é evidente que isto não é fruto de méritos nossos, mas unicamente da graça do Senhor. Você é parte dela por graça, pela vontade de Deus. Ninguém se torna parte da Igreja por árvore genealógica, porque é filho ou neto de alguém. Os filhos de Abraão são os que nascem pela fé, e não os que nasceram pela vontade da carne (Jo 1.13).
O que você pode fazer para edificar sua Igreja? Seja Igreja. É obvio que a denominação é importante, que a instituição é importante, pois ela ajuda a identificar as pessoas em uma comunidade de cristãos, que se reúne sob o mesmo propósito, para estudar a mesma palavra e adorar ao mesmo Deus de uma mesma forma.
Seja igreja do Senhor amando ao seu próximo como a si mesmo, pois este é um mandamento do nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 13.34) e uma prova de que o crente realmente ama ao seu Senhor.
Seja Igreja do Senhor carregando as cargas dos sofredores, pois só assim é possível cumprir o mandamento do Senhor (Gl 6.2) sem a preocupação com regrinhas tolas, mandamentos de homens (Tt 1.14), rudimentos do mundo (Cl 2.8) que muitos chamam de “lei de crente’ e que não passam de uma nova forma de legalismo (Cl 2.20).
Seja Igreja do Senhor servindo ao Senhor com alegria (Sl 100.2), sem murmurações ou contendas (Fp 2.14). Seja Igreja Deus Senhor vivendo a fé de maneira comunitária, com os irmãos que o Senhor lhe deu para serem seus companheiros na caminhada cristã.


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A ORAÇÃO NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER

A ASSEMBLÉIA DE WESTMINSTER
Apesar do desprezo que muitos sentem pelos símbolos de fé como documentos frios, antiquados, desatualizados, eles não apenas expressam um momento vívido da história da Igreja mas também a sua fé. Devemos lembrar que eles foram preparados para atender às demandas de uma Igreja que lutava pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 1.3 - Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos) e precisavam definir que fé era essa em meio à oposição romanista e um número muito grande de opções religiosas, mais ou menos extremistas, que se apresentavam.
Para ajudar a resolver o problema do país, que era uma mistura de política, economia e religião, o parlamento inglês convocou 121 teólogos ingleses, 20 membros da câmara dos comuns e 10 membros da câmara dos Lordes, além de 6 representantes da Igreja escocesa (4 pastores e dois presbíteros, estes últimos sem direito a voto) para uma reunião na abadia de Westminster, e durante 5 anos e meio, com 1163 reuniões plenas, com outras centenas de reuniões de comissões e subcomissões, eles buscaram um consenso sobre a melhor maneira de definir a sua fé. Isto foi feito num ambiente de devoção, a ponto de haver orações que duravam mais de 2h - e também não havia trabalhos aos domingos, dedicados aos cultos.
É curioso que, embora orando tanto, eles tenham dedicado muito pouco a falar da oração propriamente dita, e a explicação mais factível para isto talvez seja porque eles acreditavam que a oração era parte inerente do culto, não sendo possível, para nenhum deles, pensar num culto sem oração. Julgaram não ser necessário definir o que era consensual - mesmo com os muitos movimentos heréticos e idólatras existentes no período.
A CONFISSÃO E A ORAÇÃO
As poucas menções à oração na CFW encontram-se nos caps. XIV, da fé salvadora, e XXI, que trata do culto religioso e do domingo e XXXIV, do Espírito Santo [este, entretanto, um adendo posterior à CFW original].

CAPÍTULO XIV: DA FÉ SALVADORA
I. A graça da fé, pela qual os eleitos são habilitados a crer para a salvação das suas almas, é a obra que o Espírito de Cristo faz nos corações deles, e é ordinariamente operada pelo ministério da palavra; por esse ministério, bem como pela administração dos sacramentos e pela oração, ela é aumentada e fortalecida.
Hb 10:39; II Co 4:13; Ef 1:17-20, e 2:8; Mt 28:19-20; Rm 10:14, 17: I Co 1:21; I Pe 2:2; Rm 1:16-17; Lu 22:19; Jo 6:54-56; Rm 6:11; Lc 17:5, e 22:32.

A primeira menção à oração na CFW é tratando-a em conexão com a fé salvadora. Que conexão é esta? Primeiro, vamos definir o que não é a oração neste capítulo: A oração não é fonte de salvação, ou, dita de outra maneira, ela não produz a fé salvadora - ela não é apresentada aqui nem mesmo como um subproduto da salvação. Para os crentes reunidos em Westminster a oração encontra-se mais em conexão com o ministério da Igreja e a devoção pessoal dos crentes.
O salvo, pela graça de Deus (Ef 2.5-7 - e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus) em virtude da obra de Cristo (I Pe 3.18 - Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito) que é aplicada aos perdidos através do Espírito de Cristo (Rm 8.9 - Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele) testificando aos eleitos que eles são filhos de Deus (Rm 8.16 - O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus) mediante a prédica da Palavra (Rm 10.17 - E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo) é, ainda, por ela alimentado. Entretanto, não apenas a pregação da Palavra é alimento para o Espírito do crente (I Pe 2.2 - ...desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação) mas também os sacramentos e a oração.
OS SACRAMENTOS E A ORAÇÃO
Podemos deduzir a importância de ambos nos relatos feitos no livro de Atos sobre a vida da Igreja primitiva, Igreja que nos serve de modelo porque organizada pelos apóstolos aos quais o Senhor prometeu fazer lembrar todas as coisas que ele próprio lhes ensinara (Jo 14.26 - ...mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito).
Mesmo o apóstolo Paulo, considerado por ele mesmo como “nascido fora do tempo” (I Co 15.8 - e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo) declara que a Igreja era instruída segundo o ensino recebido de Cristo (Gl 1.12 - porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo), os quais ele passava fielmente à Igreja (I Co 4.17 - Por esta causa, vos mandei Timóteo, que é meu filho amado e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus, como, por toda parte, ensino em cada igreja; 11.23 - Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 15.3-4 - Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras).
A Igreja primitiva tinha um estilo de vida no qual a doutrina, os sacramentos e a oração eram uma constante, eram a própria vida/culto da Igreja (At 2.42 - E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações), tanto no templo como nas casas (At 2.46 - Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração).
Podemos entender que estes três elementos, a despeito da primazia da Palavra que gera a vida, são colocados por Deus como meios de graça, isto é, canais pelos quais a graça de Deus é insuflada no coração dos crentes para que eles não apenas cresçam, se fortaleçam e estejam prontos para resistirem firmes contra o diabo (Tg 4.7 - Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós) e as ameaças externas (I Pe 5.9 - ... resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo), exatamente como o Senhor Jesus fez ao ser tentado pelo diabo mesmo estando faminto (Mt 4.4 - Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus).
Para fortalecer e também para solucionar o problema de fraqueza espiritual dos salvos, o Senhor oferece três alimentos, três meios de graça: a palavra, a comunhão - mormente através dos sacramentos - e a oração, mediante a qual até mesmo a nossa incapacidade e fraqueza pode ser exposta diante do Senhor (Fp 4.6 - Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças) para que ele nos fortaleça (Lc 17.5 - Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé).
O que fazer quando temos facilidade em orar? Orar. O que fazer quando estamos com dificuldade para orar? Orar. O que fazer quando não quisermos orar? Orar para ter vontade de orar.

CAPÍTULO XXI: DO CULTO RELIGIOSO E DO DOMINGO
III. A oração com ações de graças, sendo uma parte especial do culto religioso, é por Deus exigida de todos os homens; e, para que seja aceita, deve ser feita em o nome do Filho, pelo auxílio do seu Espírito, segundo a sua vontade, e isto com inteligência, reverência, humildade, fervor, fé, amor e perseverança. Se for vocal, deve ser proferida em uma língua conhecida dos circunstantes.
Fl 4:6; I Tm 2:1; Cl 4:2; Sl 65:2, e 67:3; I Ts 5:17-18; Jo 14:13-14; I Pe 2:5; Rom 8:26; Ef 6:8; Jo 5:14; Sl 47:7; Hb 12:28; Gn 18:27; Tg 5:16; Ef 6:18; I Co 14:14.

A segunda menção à oração na CFW é em sua relação com o culto. Ela é considerada uma parte especial, para não dizer essencial, do culto, a ponto de ser mencionada pelo Senhor Jesus como algo que efetivamente deve acontecer (Mt 6.5 - E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa) e ter sido motivo de ensino particular aos apóstolos a pedido deles (Lc 11.1 - De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos).
Entendemos que o culto cristão é constituído basicamente da Palavra, das orações e cânticos, e da consagração (incluindo aqui tanto os sacramentos quanto pessoas e ofertas). Os teólogos de Westminster consideraram-na uma parte especial do culto religioso - sem restringi-la ao culto público (Mt 6.6 - Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará), apresentando, porém, na sequência, algumas condições que devem ser observadas especialmente quando a mesma for feita em público.
A primeira característica, conforme a CFW, de uma oração que pode ser aceita é ser feita em nome do Filho (Jo 15.16 - Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda) porque só há um mediador entre Deus e os homens (I Tm 2.5 - Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem). Por duas vezes, e em conexão com as disputas teológicas com o romanismo, a CFW rejeita a oração que envolva mortos. Como o costume romano orar aos mortos, os protestantes afirmam que a oração deve ser feita exclusivamente em o nome do Filho, excluindo Maria ou quaisquer outros vultos da história cristã pregressa ou futura.
A segunda característica é que esta oração deve ser feita pelo auxílio do Espírito Santo (Rm 8.26 - Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis) - mais uma vez exclui práticas antropocêntricas ou idólatras, que insistem em exigir a intercessão de criaturas ao invés de dirigirem-se diretamente ao criador (Rm 1.25 - ...pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!).
Pedir a intercessão de Maria, anjos ou santos, ou mesmo de “grandes” pastores ou missionários, implica em rejeitar a habitação interna do Espírito Santo, que é, em verdade, o próprio Deus enviado como nosso ajudador, enviado pelo Pai em nome de Jesus (Jo 14.26 - ...mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito) e ao mesmo tempo por Jesus, da parte do Pai (Jo 15.26 - Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim). Em momento algum as Escrituras admitem a intermediação de quem quer que seja - e a única tentativa feita foi frustrada em absoluto (Jo 2.3-4 - Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho. Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora).
A terceira característica é que deve ser feita segundo a vontade de Deus (I Jo 5.14 - E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve) e não com o esbanjamento próprio que é dos homens (Tg 4.3 - ...pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres). Já fomos advertidos que não sabemos orar como convém - e para tanto precisamos da intercessão do Espírito (Rm 8.26 - Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis).
Mesmo quando a nossa oração é sincera ela pode ser, lamentavelmente, feita contra a vontade de Deus (Jr 17.9 - Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?). Como poderíamos, então, esperar que uma oração que contrarie a vontade de Deus seja atendida por ele, uma vez que o Senhor nos ensinou a orar pedindo que venha o seu reino e seja feita a sua vontade (Mt 6.10 - ...venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu).
É óbvio que podemos e devemos orar por coisas boas e santas, como paz e prosperidade (Sl 122.6 - Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam), mas mesmo a guerra e a penúria em Jerusalém cooperaram para o estabelecimento da vontade de Deus (Is 6.13 - Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco).
Oportunamente abordaremos a orientação da CFW para que as orações, segundo a vontade de Deus, sejam inteligentes, reverentes, humildes, fervorosas, crentes, amorosas e perseverantes. Cada um destes tópicos será abordado individualmente.
Em complemento, a CFW estabelece uma quarta característica específica para o culto público: a oração precisa ser proferida em uma língua conhecida dos circunstantes, de maneira que os presentes entendam e sejam abençoados pelas orações mútuas - e se houver alguém de outra nacionalidade, sempre que possível, deve haver alguém que faça a interpretação, isto é, a tradução. Antes que indaguemos se eles estariam se referindo a língua de anjos, devemos nos lembrar que a preocupação deles era com a Igreja romana e a missa em latim, que, mesmo àquela época, já estava se tornando uma língua morta, uma língua literária e ao alcance de um número cada vez menor de doutos (I Co 14.16 - E, se tu bendisseres apenas em espírito, como dirá o indouto o amém depois da tua ação de graças? Visto que não entende o que dizes).
Em conexão com o nosso tempo, e como resposta às tais “línguas estranhas” ou de “anjos” (que sempre aparecem falando em uma língua inteligível para os ouvintes - hebraico, aramaico, grego) é necessário observar que o apóstolo Paulo, que falava diversas línguas, inclusive as usadas pelos anjos (I Co 14.18 - Dou graças a Deus, porque falo em outras línguas mais do que todos vós), afirma preferir proferir poucas palavras inteligíveis (cinco) do que uma multidão delas (dez mil) que ninguém entenda (I Co 14.19 - Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua).
Evidentemente Paulo pregava aos gentios num idioma que lhes fosse conhecido, enquanto suas devoções provavelmente fossem em uma de suas duas línguas maternas (grego ou aramaico), estabelecendo ainda uma ressalva: ele nada aproveitaria se, por exemplo, orasse em mandarim ou coreano, sem, entretanto, entendê-lo (I Co 14.13-14 - Pelo que, o que fala em outra língua deve orar para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera).
Finalmente, quando Paulo menciona as “línguas de anjos” ele está argumentando ad absurdum, isto é, ele está dizendo que ninguém conhece toda a ciência, nem todos os mistérios, nem possui fé a ponto de transportar montes nem fala línguas angélicas (I Co 13.1-2 - Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei).
IV. A oração deve ser feita por coisas lícitas e por todas as classes de homens que existem atualmente ou que existirão no futuro; mas não pelos mortos, nem por aqueles que se saiba terem cometido o pecado para a morte.
Mt 26:42; I Tm 2:1-2; Jo 17:20; II Sm 7:29, e 12:21-23; Lv 16:25-26; I Jo 5: 16.

Quais as razões lícitas para uma oração? Porque devemos orar? Devemos orar por tudo o que nos pedem? Mesmo que não concordemos? Como podemos orar por um ímpio que deseja, por exemplo, ser eleito para um cargo público ou passar em um concurso?
Existem muitas coisas que podemos considerar lícitas, e colocá-las em nossas orações. Por exemplo, o bem da nossa cidade, dos governantes, dos perseguidores, pela conversão dos pecadores, pelo crescimento da comunhão da Igreja através de maior intimidade entre os irmãos e da chegada de novos convertidos, pela saúde de justos e injustos, pela prosperidade material e espiritual.
Todas as situações lícitas, todas as pessoas, mesmo as mais ímpias, devem ser alvo das nossas amorosas e perseverantes orações. Acima de tudo isto, porém, deve estar o desejo pelo reino de Deus (Mt 6.33 - ...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas), como orientou Jesus (Lc 11.2 - Então, ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino).
Em caso de incerteza sobre qual seja a vontade de Deus devemos colocar tudo sob o escrutínio do Senhor (Sl 139.23-24 - Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno) e confiarmos em seu reto julgamento (Jr 11.20 - Mas, ó SENHOR dos Exércitos, justo Juiz, que provas o mais íntimo do coração, veja eu a tua vingança sobre eles; pois a ti revelei a minha causa) e em seu desígnio amoroso para com aqueles que o amam e nele esperam (Rm 8.28 - Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito) e nos dará tudo quanto precisamos (II Pe 1.3 - Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude), inclusive sabedoria (Tg 1.5 - Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida).
Devemos orar por amigos e inimigos (Mt 5.44-46 - Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?), mas somente aqueles que estão vivos e, ainda, por eventuais filhos que estão porvir (I Sm 1.27 - Por este menino orava eu; e o SENHOR me concedeu a petição que eu lhe fizera), porque, em relação aos mortos, nenhuma tentativa deve ser feita (Sl 49.8 - Pois a redenção da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre) pelo simples motivo de que isto não produz efeito algum (Sl 146.4 - Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios) por haver uma separação final entre justos e injustos que nenhuma ação humana pode desfazer (Lc 16.25-26 - Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos. E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós).
E quanto aos que cometeram pecado para a morte (Mt 12.31 - Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada)? Estes devem ser colocados sob o julgamento de Deus (I Tm 1.20 - E dentre esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem), confiantes de que o Senhor dá a cada um segundo as suas obras (Sl 28.4 - Paga-lhes segundo as suas obras, segundo a malícia dos seus atos; dá-lhes conforme a obra de suas mãos, retribui-lhes o que merecem).
Não cabe a nós decidirmos quem cometeu tal pecado, entretanto, não é necessário investir tempo orando por aqueles que, tendo conhecimento, preferem falar mal do Senhor e de sua obra, deixando de glorificá-lo e dando a satanás o mérito de edificar, que, evidentemente, ele não tem (Jo 10.10 - O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância).
VI. Agora, sob o Evangelho, nem a oração, nem qualquer outro ato do culto religioso é restrito a um certo lugar, nem se torna mais aceito por causa do lugar em que se ofereça ou para o qual se dirija, mas, Deus deve ser adorado em todo o lugar, em espírito e verdade - tanto em famílias diariamente e em secreto, estando cada um sozinho, como também mais solenemente em assembléias públicas, que não devem ser descuidosas, nem voluntariamente desprezadas nem abandonadas, sempre que Deus, pela sua providência, proporciona ocasião.
Jo 5:21; Ml 1:11; I Tm 2:8; Jo 4:23-24; Jr 10: 25; Jó 1:5; II Sm 6:18-20; Dt 6:6-7; Mt 6: 11, e 6:6; Is 56:7; Hb 10:25; Pv 5:34; At 2:42.

Tendo Cristo como único mediador, sendo ele Senhor do céu e terra, é evidente que ele não estabeleceria limitações para a oração. O tempo da pedagogia da lei já passou (Gl 3.25 - Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio) e algo como o tempo judaico não tem mais razão de existir (I Rs 8.30 - Ouve, pois, a súplica do teu servo e do teu povo de Israel, quando orarem neste lugar; ouve no céu, lugar da tua habitação; ouve e perdoa).
Cristo estabeleceu o fim das restrições ao lugar de oração ao dialogar com uma mulher que acreditava que havia lugares mais ou menos santificados para tal fim - como no passado ainda hoje a templolatria (Jr 7.4 - Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este) permanece enraizada no coração dos homens (Jo 4:21 - Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai).
Não é o local da oração que a torna mais ou menos aceitável a Deus - mas a correta disposição do coração, a integridade do adorador. Temos orações aceitas e rejeitadas no templo (Lc 18.14 - Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado), bem como houve oração atendida fora do templo. Ezequias orou em casa (II Rs 20.1-5) e Jonas no ventre de um peixe (Jn 2:1 - Então, Jonas, do ventre do peixe, orou ao SENHOR, seu Deus,). Jesus orou em uma casa (Mc 14:23 - A seguir, tomou Jesus um cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos; e todos beberam dele), em um cemitério (Jo 11.41- Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste), jardim (Marcos 14:35 - E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora) e até no patíbulo (Lucas 23:46 - Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou).
Podemos resumir o ensino sobre a inexistência de restrições quanto ao lugar de oração com a determinação de Paulo, ensinando o jovem pastor Timóteo, para que os homens orassem em todo lugar (I Tm 2:8 - Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade).
A CFW também oferece uma resposta à indagação ímpia de alguns: se posso orar em qualquer lugar, para que me serve a Igreja? Porque ímpia? É ímpia porque despreza a comunhão (Cl 3:15 - Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos). É ímpia porque despreza o expresso desejo de Jesus (Jo 17:11 - Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós). E é ímpia porque desobedece às ordens claras das Escrituras (Hb 10.25 - Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima).
O ensino da CFW é que o culto, a adoração, a oração deve ser tanto (i) em família, diariamente, (ii) estando cada um (da família ou da Igreja) sozinho como também mais solenemente em assembleias públicas que não devem ser descuidosas nem voluntariamente desprezadas nem abandonadas, porque cada reunião da Igreja é providenciada pelo próprio Deus.

CAPÍTULO XXXIV: DO ESPIRITO SANTO
III. O Espírito Santo, o qual o Pai prontamente dá a todos os que Lho pedirem, é o único agente eficaz na aplicação da redenção. Ele convence os homens do pecado, leva-os ao arrependimento, regenera-os pela sua graça e persuade-os e habilita-os a abraçar a Jesus Cristo pela fé. Ele une todos os crentes a Cristo, habita neles como seu Consolador e Santificador, dá-lhes o espírito de adoção e de oração, e cumpre neles todos os graciosos ofícios pelos quais eles são santificados e selados até o dia da redenção.
Lc 11:13; At 1:5; At 5:32; Jo 16:8; At 2:37,38; Tt 3:4-7; At 8:29,37; I Co 12:13 e 3:16,17; Rm 8:15; Ef 4:30.

Embora a seção sobre o Espírito Santo não faça parte do texto original da Assembleia de Westminster, ele, entretanto, tem sido aceito como fiel ao ensino das Escrituras, e, desta maneira, vamos analisar a última menção à oração na CFW. O Espírito Santo, como agente da redenção, habita nos crentes e dá-lhes um novo principio de vida baseado no entendimento (Pv 1.23 - Atentai para a minha repreensão; eis que derramarei copiosamente para vós outros o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras) e na obediência à vontade revelada de Deus (Ez 36:27 - Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis).
Esta habitação do Espírito se revela no crente à partir da percepção de que ele não é mais filho da ira (Ef 2:3 - ...entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais) mas foi tornado filho de Deus (Rm 8:14 - Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus) porque, nascido do Espírito (Jo 3:6 - O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito) foi capacitado a crer no Senhor Jesus (Jo 1:12 - Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome) e por isso pode clamar a Deus como seu verdadeiro pai (Rm 8:15 - Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai).
E esta certeza de que tem Deus por pai que leva o cristão a busca-lo em oração (Lc 11.13 - Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?). Ele sabe que Deus é, verdadeiramente, pai, tanto pelas palavras de Jesus (Mt 5.44-45 - Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos) quanto pelo eterno propósito de Deus (Ef 3:11 - ...segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor) que trata seu povo como filhos (Is 43:6 - Direi ao Norte: entrega! E ao Sul: não retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra), demonstrando amor e disciplina sempre que necessário (Ap 3:19 - Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te).
É por causa deste Espírito de adoção que podemos, em oração, dizer que, sem sombra de dúvida, temos Deus por Pai - e não por uma mera confiança legalista ou genealógica (Mt 3:9 - ...e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão).

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