Cl 1.21-23
Há
alguns anos acompanho minha primogênita em viagens, primeiro a Curitiba, depois
a Goiânia, e em várias destas viagens tivemos que levá-la para realizar alguns
exames por contraste de imagem. Exames nem sempre agradáveis, especialmente
para ela. Em pelo menos um destes exames os médicos fazem-na tomar um
'contraste', isto é, um produto que, quando visto através dos aparelhos, realça
alguns aspectos que precisam ser melhor observados. Não pretendo entrar em
minudencias técnicas sobre os exames, apenas chamar sua atenção para o fato de
que, quando queremos melhor visualizar alguma coisa, nós nos aproveitamos de
comparações, de contrastes.
Fazemos
isto com produtos que pretendemos comprar no supermercado escolhendo que
características comparar – este é mais cheiroso, mas este é mais concentrado.
Fazemos isto comparando atletas – fulano é mais rápido, mas beltrano é mais
preciso. Fazemos isso com carros dizendo que aquele é mais forte, enquanto aqueloutro
é mais econômico.
A
bíblia também está cheia de comparações, colocando os homens em duas categorias:
o bom e o mau, o justo e o ímpio, o crente e o incrédulo. Não há mais ou menos
bom, não há mais ou menos justo nem mais ou menos crente. Mesmo os que possuem
pequena fé são crentes – e mesmo alguns que possuam muitas obras continuam
sendo incrédulos e não podem agradar a Deus (Hb 11:6).
Paulo
também nos apresenta o homem sob dois pontos de vista: os reconciliados ou os
inimigos. Após apresentar Cristo de maneira magistral como aquele que revela
Deus e que, sendo divino, reconcilia o pecador com Ele mesmo, o foco volta para
os colossenses – os holofotes são lançados sobre nós. Somos chamados para olhar
para Deus e em seguida olhar para nós mesmos, como Isaías havia feito séculos
antes (Is 6:5).
Diante desta exigência de uma comparação, vamos conhecer os dois estados
possíveis um pouco melhor.
NÃO HÁ MEIO TERMO
Uma
característica importante sobre Deus que precisamos inculcar em nossa mente é
que ele é Deus zeloso e ciumento (Dt
4:24),
Deus que não abre mão de sua glória e que não divide o que é seu com mais
ninguém (Is 48:11).
Jesus
a firma enfaticamente que não é possível servir a dois senhores (Mt 6:24). Não nos enganemos pensando que podemos servir
a dois senhores, mas servir a Deus um pouco mais e assim aborrecer o inimigo. O
fato é que o inimigo sempre aceita ser 'parte' da adoração, porque assim já
está roubando a glória que é devida somente a Deus (Lc 4:8).
Idolatria
e espiritismo podem andar juntos. Materialismo e ciência podem andar juntos.
Idolatria e materialismo podem andar juntos. Falsos cristianismos podem andar
juntos – até com espiritualismo, como budismo e outras formas de esoterismo.
Mas o verdadeiro cristianismo se apresenta com exclusivismo porque o Senhor não
aceita meia adoração (Jr 24:7).
Alguma
dúvida quanto a isto? Então, examinemos as palavras do Senhor Jesus que são
absolutamente diretas e impossível dizer isso de maneira mais clara (Lc 11:23). Seguindo o nosso raciocínio até
o momento, quem não foi liberto por Cristo é um ignóbil escravo do pecado e,
portanto, do diabo. Isso é duro demais? Não, é apenas claro o suficiente – é
apenas o contraste entre o que pertence à luz e o que pertence às trevas (Jo 3.20). Ainda não foi claro o suficiente? Então, eis mais uma clara
afirmação da Palavra de Deus sobre o assunto: mediante o evangelho os olhos dos
homens são abertos e eles podem sair das trevas para a luz, da escravidão a
satanás para serem tornados filhos de Deus (At 26:18).
QUEM NÓS ÉRAMOS: ESTRANHOS
(DE FORA)
Quem
somos? Se a pergunta anterior era quem é Cristo para nós, agora a pergunta não
é: quem somos nós para Cristo, mas quem somos nós, afinal? Precisamos nos
conhecer, precisamos saber quem somos para conhecer as nossas debilidades e procurar
corrigir ou sermos corrigidos (Mt 3:3).
Para
que o homem se reconheça Paulo faz uma análise a partir de uma dimensão da qual
nenhum homem pode escapar: o tempo. De imediato, ele aborda a questão do
passado. A pergunta que Paulo responde é: quem éramos? E a resposta é que,
antes de sermos encontrados por Cristo estávamos perdidos, tanto no sentido de
sem direção como no de sem esperança (Lc
19:10) éramos
estranhos às promessas de Deus, à sua aliança para a vida (Ef 2:12). Não havia qualquer
intimidade entre nós e Deus por que não o conhecíamos e não o temíamos (Sl 25:14).
Como
se isto não fosse suficiente, não bastando ser de fora, alienado e sem
intimidade alguma, éramos, também, inimigos, agindo de modo a merecer, com
justiça, a ira de Deus (Ef 2:3).
Se amigos do Senhor são aqueles que fazem o que ele manda, obviamente quem
desconhece sua vontade e não a cumpre não é seu amigo, está de outro lado, como
opositor, inimigo (Lc 11:23).
Esta
inimizade se manifesta de duas maneiras: a primeira é no entendimento, na
mente, nos pensamentos contrários à vontade de Deus, com raciocínios nulos e
pervertidos, preferindo a mentira ao invés da verdade revelada (Rm 1:18). Os sentimentos são contaminados
e no lugar do amor e louvor que são devidos a Deus vamos encontrar rebeldia e
tolice (Sl 10:4).
Mas
o que o homem é em seu pensamento naturalmente se expressa em ações (Pv 23:7). E é através de ações que esta
rebeldia mental se manifesta ao não darem a Deus a glória e a gratidão devidas
(Rm 1.21) e acabam indo além, ofendendo-o
com grosseira idolatria, mesmo que mal disfarçada em roupagens cada vez mais
civilizadas, mas ainda assim, idolatria (Rm
1.23).
QUEM FOMOS
TORNADOS: RECONCILIADOS (DE DENTRO DE CASA)
Do
que éramos Paulo chama a atenção para o que fomos tornados pela vontade de Deus
(Jo 1:13) que, em Cristo, nos chama e nos dá o poder
de sermos feitos seus filhos (Jo 1:12). A mudança é enfatizada por Paulo, contrastando o outrora com o agora. Já sabemos quem éramos, outrora. Agora, o que somos?
Reconciliados,
restabelecidos a um relacionamento de comunhão. Se antes estávamos sem Deus no
mundo agora quem foi reconciliado tem Deus, tem um pai celeste, tem uma nova
família, faz parte de um novo povo (Tt
2:14). O principal aspecto que
Paulo ressalta é que fomos reconciliados no corpo da sua carne, isto é, fomos
reconciliados somente porque Cristo se entregou por nós na cruz. A metáfora
usada na ceia “isto é o meu corpo” só poderia servir de tipo se houvesse a
realidade – e a realidade foi Cristo pregado naquela cruz.
Ninguém
podia leva-lo para aquele lugar se ele não quisesse – e sua oração ao pai
mostra isso com absoluta clareza. Ele pede que, se fosse possível, ele não
provasse daquele sofrimento, mas prevalecia a vontade do pai (Mt 26:39) porque ele sabia qual era a sua missão, ele
não veio para cumprir a sua própria vontade, caso ela fosse diferente da
vontade do pai (Jo 4:34) – o que, na
verdade não podia ser porque ele afirma que ele e o pai são um (Jo 10:30).
A
reconciliação só poderia feita mediante a morte de Cristo na cruz. A morte
entrou no mundo pela desobediência de um homem, a morte deveria sair do mundo
pela obediência perfeita de um homem – e ele foi obediente, obediente até a
morte (Fp 2:8).
Sua
vida – e sua morte- morte tinha um propósito (Mc 10:45) – apresentar-nos perante Deus, para nos colocar diante
dele, santificados nele (I Co 1:2),
sem carregar a culpa porque Cristo as levou sobre si na cruz e sem poder ser
repreendido por quem quer que fosse, porque em Cristo todas as coisas foram
feitas novas (II Co 5:17).
CARACTERÍSTICAS
PRESENTES NA VIDA DOS RECONCILIADOS
Mas
como saber se você já foi reconciliado com Deus? É bem verdade que a realidade
da reconciliação é comunicada ao coração dos crentes através do Espírito de
Deus ao nosso espirito (Rm 8:16). Mas ainda assim encontramos pessoas que
ainda não conseguem ouvir com clareza o testemunho interno do Espírito – e
ficam procurando evidências externas desta realidade.
Deus,
em sua imensa graça, não deixou de nos dar estes sinais externos – eles, por si
só, não produzem justificação, não produzem reconciliação com Deus (Cl 2:23). Todavia, estes sinais externos são reflexos,
acompanham a transformação interior e torna possível reconhecer quem é nascido
de novo, quem foi reconciliado com Deus (Mt
7:20).
Paulo
nos apresenta três sinais de que alguém realmente foi reconciliado com Deus.
Ele as introduz com uma condicional: se,
na verdade, se ao menos... estes sinais são obrigatórios na vida de um cristão
que foi reconciliado com Deus por intermédio do sangue de Cristo na cruz do
calvário.
O
primeiro sinal é perseverança na fé.
Pode parecer óbvio demais, mas só um reconciliado com Deus através de Cristo
pode permanecer na fé. Somente pode permanecer na fé quem foi reconciliado com
Deus. O poder para permanecer é fruto da reconciliação, mas é, também, um sinal
desta reconciliação. Quem abandona a fé o faz porque nunca foi, realmente
reconciliado (Hb 10:39).
Pode até ter se encantado com a doutrina, com a Igreja, mas nunca nasceu de
novo, são como as sementes lançadas à beira do caminho e em terreno pedregoso (Lc 8.12-14).
O
segundo sinal é a firmeza na fé, é
permanecer firme e inabalável mesmo no dia mau (Ef 6:13). Cristãos de bonança não são
incomuns. Cristãos em busca das bênçãos de Deus são muito numerosos. Cristãos
em busca do Deus das bênçãos também. Mas cristãos que estão dispostos a tudo
sofrer, inclusive até ao sangue, por amor de Cristo não são tão facilmente
encontráveis (Hb 12:4). Mas são estes que são os verdadeiros
cristãos – somente aos vencedores é concedida a coroa da vida prometida (Tg 1:12).
O
terceiro sinal é a esperança no genuíno
evangelho porquê de nada adianta ter esperança em uma falsa promessa. Paulo
estranha a atitude dos crentes da Galácia que estavam deixando o verdadeiro
evangelho para abraçarem um caminho que, embora parecesse correto, não era o
evangelho de Cristo (Gl 1:6). Os
colossenses foram instruídos no evangelho por Epafras e deveriam continuar
esperando de acordo com o evangelho que ouviram e nem mesmo ministro algum do
evangelho, como Epafras e Paulo, ou um anjo tinha o direito de pregar outro
evangelho (Gl 1:8).
VOCÊ PRECISA SABER
SE FOI RECONCILIADO
Ninguém
poderia esperar alcançar as promessas do evangelho abandonando este mesmo
evangelho, que é pregado não para deleite dos ouvidos, mas para restauração de
vidas, transformação de caráter, para dar ao pecador nova vida. Por mais
eloquente, por mais bonito, por mais organizada a exposição das Escrituras ela
não é apenas isso – ela é a mensagem de Deus às suas criaturas. Ela é o chamado
do rei aos seus súditos.
Como
você pode saber se você foi reconciliado? Lembre-se de quem você era, de como
você agia antes de conhecer o evangelho, antes de tomar a decisão de andar lado
a lado com este povo que se chama pelo nome de Cristo. Lembre-se das obras
infrutíferas das trevas nas quais estava o seu deleite, onde você encontrava o
seu prazer. Lembre-se de suas companhias, conversações e atitudes. E então,
responda: algo mudou?
Olhe
para você mesmo e se pergunte: o que eu sou agora? Sou um filho da luz
praticando as obras da luz? Vivo para glorificar a Cristo com o meu viver, não
importando de sou marido ou esposa, funcionário ou patrão – seja o que for,
tenho sido verdadeiramente um emissário deste ministério de reconciliação (II Co 5:20)?
Identifique
os sinais de que você realmente é um filho de Deus, nascido de novo e
reconciliado por Deus pela graça revelada na cruz de Cristo. Você é
perseverante, firme e mantém sua esperança mesmo que todos os sinais externos
digam para você desistir (Hc 3.17-18).
O QUE FAZER PARA
SER RECONCILIADO
Acredito
que muitos dos que estão aqui vieram porque já conhecem estas coisas, porque
sabem que foram reconciliados ou, pelo menos, já ouviram tantas vezes falar
sobre esta tal de reconciliação que sabem tudo – embora talvez não tenham a
experiência real da intimidade com Deus (Sl
25:14).
Se
você entrou aqui não por saber destas coisas, mas para saber destas coisas,
esta palavra é para você – Deus, o todo poderoso apresentando uma santa
convocação para que você renuncie à rebeldia e inimizade e se torne um filho do
seu amor. Sim, aquele que tem sido ofendido por seus pecados, que tem sido
rejeitado por você quando você transgride sua lei, quando você prefere as
mentiras dos homens, suas próprias impressões e desejos em lugar de atender à
vontade do Senhor te oferece, gratuitamente, a reconciliação. Aquele que tem
poder de lançar sua alma no inferno (Lc
12:5) não apenas te estende a mão
reconciliadora mas faz dela uma mão abençoadora, te fazendo assentar em lugares
celestiais com Cristo Jesus.
Como
ser reconciliado? Receba o oferecimento de perdão (Lc 23:34), atenda ao oferecimento para a vida eterna (Lc 23:43) e tenha seus pecados inteiramente pagos por Cristo, o filho de
Deus (Jo 19:30).
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